1ª Parte
O TEATRO EM RIO PARDO
Em 1794, comandava a guarnição da fronteira de Rio Pardo um velho
lidador, o Tenente Coronel Patrício Corrêa da Câmara, que se notabilizara na
luta pela defesa do Rio Grande. Mas os seus serviços à terra gaúcha não haviam
ainda terminado; em 1801, com a incorporação dos Sete Povos, é que teriam um
coroamento de grande significação.
Nesse quadro histórico se emolduram das festas de 1794, descritas em
correspondência publicada pela Gazeta de Lisboa. Soldados e civis, irmanados no
burgo rio-grandense, ouviram missa, sermão e música; puseram mascaras,
praticaram equitação e acenderam fogos e luminárias; representaram comédias, e
dançaram, assistiram a touradas e corridas de cães. Uma festa grossa, em suma,
para amenizar a sua rude vida de fronteira.
Isto nos descreve o consagrado Professor, literato e historiador
Guilhermino Cesar, atualmente ocupando Cátedra na Universidade de Coimbra em um
dos seus últimos livros: Primeiros Cronistas do Rio Grande do Sul 1605-1801, à
página 178.
Da mesma, com referência ao Teatro:... “No segundo dia a noite se
encaminhou o sobredito Comandante com o povo ao Teatro, onde se representaram
por quatro noites excelentes Comédias com maravilhosas danças...”
Com a data de 1º de Novembro de 1845, Joaquim José da Silveira, inicia
o Termo de abertura e rubrica um livro de registro de sócios do “Teatro Rio-
pardense”. Doado ao Arquivo Histórico Municipal pelo saudoso conterrâneo, Desembargador
Décio Pellegrini, consta ainda na pg. 1, a “Matricula dos Sócios Fundadores,
Honorários e Prestativos”, para Camarotes e para Plateia.
Pelas 133 assinaturas verificam-se destacadas personalidades que
retratam o alto grau de cultura então existente na Sociedade Rio-pardense.
No mesmo livro estão registradas Récitas em 17 de maio, 1º de junho e
30 de agosto do ano de 1854.
Ainda no período Imperial, no final do século 19, até a década de 1920, existiu o conhecido TEATRO SETE DE SETEMBRO, vistoso prédio
com alegorias à Arte Teatral em seu frontispício e em seu interior três Ordens
de Camarotes guarnecidos de madeira torneada.
Frizas eram os Camarotes no mesmo nível da Plateia, apenas elevados por
estrados de pequena altura.
Galeria ou Geral, também conhecido por ”galinheiro” estava acima dos
Camarotes de 3ª Ordem. Suas disposições em forma de “ferradura” dava perfeita
visualização ao amplo palco.
Este Teatro estava localizado à rua Brasil,depois General Osório, hoje
Av. Almirante Alexandrino. EM 1917, PASSOU A DENOMINAR-SE TEATRO APOLO,
mais tarde Cinema e Cancha de Bolão, Depósito de Fumo, de Arroz e Secador do
mesmo, quando foi destruído por um incêndio. Cont.
FONTE: BIAGIO TARANTINO, ALMANAQUE DO CORREIO DO POVO 1970 Pg. 218 /219
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