segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A QUESTÃO MILITAR EM RIO PARDO


QUESTÃO MILITAR foi uma sucessão de conflitos ocorridos entre 1884 e 1887, causados pelos embates entre oficiais do Exército Brasileiro, que estava se organizando, e a monarquia, conduzindo a uma grave crise política que culminou com o fortalecimento da campanha republicana.
A causa imediata foram as declarações do Tenente-Coronel Antônio de Sena Madureira, oficial de prestígio e amigo do Imperador, que em 1883 se opôs ao Projeto de Lei que obrigava os militares a contribuírem para o seu montepio. Por sua atitude, Sena Madureira foi punido.
No ano seguinte Sena Madureira, então comandante da Escola de Tiro do Rio de Janeiro, convidou o jangadeiro abolicionista Francisco José do Nascimento, que se recusara a transportar escravos em Fortaleza, a visitar a sua Escola. Sofreu nova punição: transferência para a Escola Preparatória de Rio Pardo, no Rio Grande do Sul. Esta punição gerou polêmica e os militares foram proibidos de discutir suas questões através da Imprensa. O Comandante das Armas do Rio Grande do Sul, General Deodoro da Fonseca, recusou-se a cumprir ordens e foi chamado de volta à Corte.
Em agosto de 1885 o Coronel Cunha Matos descobriu um caso de corrupção no Piauí e pediu o afastamento do oficial envolvido. Foi criticado no plenário da Câmara de Deputados e na Imprensa por um deputado que ainda o acusou de conduta covarde na Guerra do Paraguai. Cunha Matos defendeu-se pela Imprensa e foi punido. No Rio Grande do Sul, Sena Madureira também se manifestou pela imprensa, publicando artigo no jornal A Federação. Em setembro 1886 Júlio de Castilhos publicou o artigo “Arbítrio e inépcia” no jornal A Federação, criticando o tratamento que a Coroa dava aos militares.
Em outubro de 1886 alunos da Escola Militar da Praia Vermelha apoiaram o General Deodoro da Fonseca. Sena Madureira pediu exoneração do comando da Escola Militar de Rio Pardo, Deodoro foi exonerado do cargo no Rio Grande do Sul e transferido para o Rio de Janeiro. Viajaram juntos e foram recebidos como heróis pelos cadetes da Escola Militar do Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1887. Em maio D. Pedro II demitiu o Ministro Alfredo Chaves e perdoou os três militares envolvidos.
Nos dois anos seguintes a crise evoluiu. Em 1888 a abolição definitiva da escravidão no Brasil complicou ainda mais a situação política do país. Até que, em 15 de novembro de 1889, um grupo de militares liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca derrubou o gabinete do Visconde de Ouro Preto e implantou a República.

REFERÊNCIAS:

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

SOLDADO CONDECORADO - MAJESTADE IMPERIAL



LRGC nº 12/297         pg.45      1824/25

Registro de um documento pertencente a Antonio Alves de Oliveira soldado de Milícias desta Vila
Francisco Antonio de Borba Cavaleiro na Ordem de São Bento de Aviz condecorado com a medalha das Campanhas do Sul Coronel Chefe do Primeiro Regimento de Cavalaria Miliciana por sua Majestade Imperial. Extra?- Por despacho do Ilustríssimo e Senhor General das Armas  desta Província datado a cinco de janeiro do presente ano, tem baixa do Serviço Nacional, e Imperial  o soldado da primeira Companhia do sobredito Regimento Antonio  Alvez de Oliveira e para constar passei o presente escusa por mim feita e assinada. Quartel em Rio Pardo doze de fevereiro de mil oito centos e vinte e quatro- Francisco Antonio de Borba= Nada mais se encontra no dito documento registrei do próprio a que me reporto eu Feliciano Joze Coelho Escrivão da Camara que o Escrevi e assinei. 
? = Duvida na escrita.  

FONTE: Pesquisa no AHMRP, LRGC  nº 12/297         pg.45      1824/25


                                                                               

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

MARCOS DA ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA DE RIO PARDO


1) Os sucessivos desmembramentos de território
                Quando foi oficialmente criada, em 1809, a Vila de Rio Pardo tinha uma área de 156.803 km², correspondendo a mais da metade do Rio Grande do Sul. Dentro deste vasto território já existiam muitos povoados em organização, que eram administrados pela Câmara de Vereadores de Rio Pardo. Aos poucos, estes povoados foram se organizando e desenvolvendo e, em 1819 começaram os desmembramentos do território de Rio Pardo, com a emancipação de Cachoeira do Sul que levou áreas dos atuais municípios de Alegrete, Santa Maria, Caçapava do Sul, São Gabriel e Santana do Livramento. Em 1833 foi a vez de São Borja e Cruz Alta, o que retirou de Rio Pardo o controle da fronteira norte - noroeste. Em 1849, Encruzilhada do Sul seguiu o exemplo das anteriores. A área de Rio Pardo ficou reduzida a cerca de 4.500 km² e, mesmo permanecendo ainda como centro econômico, político, cultural e militar, estes desmembramentos aos poucos foram tirando a sua importância. Deixou de ser fronteira, com o surgimento de novos pontos de partida para ocupação e desenvolvimento de produção econômica; perdeu arrecadação de impostos, multas, aluguéis de prédios públicos, pedágios, licenças; perdeu também autonomia financeira, ficando sujeito à aprovação de verbas pela Assembleia Provincial.
2) Transformações técnicas provocadas pela alteração nos modais de transporte
                Com a inauguração do trecho da estrada de ferro Porto Alegre-Santa Maria, passando por Rio Pardo (1885), o escoamento da produção municipal ficou mais fácil, mas, em compensação, tirou quase todo o movimento do porto do Jacuí.  A extensa região que até então era abastecida pelo entreposto comercial de Rio Pardo passou a exportar diretamente para Porto Alegre, beneficiando principalmente as localidades que não se situavam perto de rios navegáveis. Aos poucos, o porto de Rio Pardo passou a ser servido apenas por pequenos vapores que faziam o trajeto Rio Pardo – Porto Alegre.
                Outra transformação importante foi a introdução do barco a vapor. A partir de sua utilização, os maiores comerciantes e redistribuidores da Campanha e dos Campos de Cima da Serra passaram a fazer suas compras diretamente em Porto Alegre, deixando Rio Pardo fora do esquema, o que colaborou para a perda de sua condição de entreposto comercial.
3) Perda da função militar
                Rio Pardo nasceu com função militar. O núcleo populacional começou a desenvolver-se ao redor do Forte Jesus Maria José, com a proteção que o Regimento dos Dragões proporcionava. No período da consolidação do domínio português no Rio Grande do Sul, quando houve o enfrentamento com os índios missioneiros (1754-1756) e depois com os espanhóis (1762, 1773 e 1777), o Forte de Rio Pardo consolidou a posse portuguesa, resistindo a todas as investidas e passando à Histórica com o título de “Tranqueira Invicta”. No início do século XIX, com o estabelecimento definitivo das fronteiras portuguesas, o Forte Jesus Maria José perdeu sua importância estratégica. Entre 1858 e 1911 a cidade ainda foi sede de várias Escolas Militares. Mas o declínio da função militar aconteceu em 1928, com a retirada do 7º Batalhão de Caçadores, encerrando um período de longas tradições militares.
4) Inserção de diferentes grupos étnicos (alemães)
                A colonização alemã iniciada no Vale dos Sinos em 1824 e a ligação daquela região com os Campos de Cima da Serra prejudicaram o fornecimento de mercadorias que Rio Pardo fazia para aquelas áreas. A produção colonial de alimentos e produtos manufaturados cresceu rapidamente e colaborou para tirar a importância do entreposto comercial de Rio Pardo.
5) Falta de investimentos na industrialização e manutenção do modelo agropecuarista
                Apesar de sua origem militar, entre os séculos XVIII e XIX Rio Pardo destacou-se como um importante entreposto comercial.  Situado na margem esquerda do rio Jacuí, era um ponto central de chegada e redistribuição de mercadorias para boa parte do território da Província. Porém, muitos comerciantes que lucravam com este comércio vinham de outros locais, como Porto Alegre e Rio de Janeiro, e não tinham interesse em investir em Rio Pardo.  Quando os negócios começaram a diminuir, passaram a procurar outros lugares para aplicar seus lucros, ou, talvez, para adquirir terras e escravos.  Assim, não se formou uma burguesia comercial local, o que significa que o lucro do comércio não era investido aqui.
                A pecuária continuava sendo a atividade econômica mais importante, praticada de forma extensiva, com emprego de poucos trabalhadores, livres ou escravos. Os grande proprietário de terras preocupavam-se exclusivamente com as duas criações, sem investir na agricultura, obrigando os habitantes da Vila a comprar de fora os alimentos necessários.

6) Hegemonia e poder das oligarquias rurais que determinaram as diretrizes políticas do Município
                Os grupos que dominavam a vida política local, formados por pecuaristas latifundiários, militares e comerciantes não foram capazes de perceber as mudanças econômicas necessárias para manter o desenvolvimento da cidade. Havia apenas preocupação em melhorar as igrejas, o calçamento de ruas, o cais do porto, abrir ou conservar estradas manter o comércio, mas nada foi feito para desenvolver a produção artesanal e manufatureira, nem a agricultura.
               
REFERÊNCIAS
REZENDE, M. Q. Rio Pardo – História, Recordações e Lendas. 2. Ed.  Rio Pardo: 1987.
SCHNEIDER, L. C. Rio Pardo: Evolução urbana e patrimônio arquitetônico-urbanístico. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005.
SILVEIRA, E. L. D. .  Transformações na organização espacial do município de Rio Pardo. Santa Maria: 2009. (Dissertação de Mestrado - Universidade de Santa Maria)
VOGT, O.;  SILVEIRA, R. L. L. (Org.) Vale do Rio Pardo: (re)conhecendo a região. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

FÉ NA DOUTRINA DA IGREJA CRISTÃ PRIMITIVA OPERA CENTENAS DE CURAS EM JOÃO RODRIGUES


A reportagem teve oportunidade de assistir quarta-feira última, na localidade de João Rodrigues, 6º distrito do município de Rio Pardo, os festejos comemorativos da passagem do 4º aniversário da fundação, ali, do Templo São Pedro, que é uma ramificação da Igreja Cristã Primitiva, que tem sua sede em Porto Alegre.
O professor Julio Ugarte y Ugarte, que proporcionou aos jornalistas esta viagem a João Rodrigues, não revela em sua simplicidade exterior a força psíquica de que é portador. E o que o repórter pode ver e assistir em João Rodrigues foi o bastante para formar um juízo seguro sobre a atividade espiritual ali orientada e desenvolvida.
A chegada do trem a João Rodrigues foi uma demonstração de reconhecimento de várias centenas de fiéis, que ali aguardavam o seu Mestre. Ao descer do carro, o Professor Ugarte foi cercado por uma compacta multidão de homens e senhoras de todas as idades, bem como por uma infinidade de meninos e meninas, desejosos todos de abraçá-lo em primeiro lugar e, a todos, o Mestre de Igreja Cristã Primitiva respondia com uma palavra de carinho.
Logo após a saída do trem, as quinhentas pessoas que ali se achavam seguiram para a residência do senhor Manoel Nunes, fazendeiro radicado em João Rodrigues há mais de 40 anos e considerado como o pioneiro da localidade. Por todo o trajeto da estrada até a casa do senhor João Manoel Nunes, distante meio quilômetro, mais ou menos, da gare da Viação Férrea, o Professor Ugarte ia recebendo manifestações dos moradores, que aguardavam sua passagem defronte suas residências.
Como teve início a Doutrina em João Rodrigues
A família Nunes recepcionou a comitiva à sombra do arvoredo, defronte à residência, onde foi servido um churrasco a mais de 400 pessoas, iniciando os festejos que assinalavam mais um ano de existência do Templo São Pedro, construído modestamente ao lado da casa.
A preferência que o Professor Ugarte deu a João Rodrigues para difundir a sua doutrina nasceu do interesse que a família manifestou nesse sentido, quando teve salva a sua filha d. Carolina, que vivia sob uma depressão nervosa impressionante.  Em sinal de reconhecimento, o senhor Manoel resolveu mandar construir o templo ao lado de sua casa e, desde então, a doutrina da Igreja Cristã Primitiva começou a ser difundida em João Rodrigues, atraindo a atenção de centenas de moradores de outros municípios.
Desde essa época, segundo afirma o comerciante Aparício Oliveira Cunha, João Rodrigues teve um impulso em seu desenvolvimento. Foram construídas diversas casas de material e o núcleo da povoação tomou maior incremento. Desenvolveram-se as lavouras de arroz, foi instalada uma olaria e iniciadas outras obras.
As Curas Verificadas em João Rodrigues
Houve ampla demonstração de agradecimentos ao Professor Ugarte pelas suas extraordinárias curas psíquicas. E, uma a uma, foram desfilando ante os olhos do repórter as pessoas que afirmavam estar libertas dos males que as afligiam, fazendo questão de dar o nome e citar o mal de quem eram portadoras e, no geral, afirmando: "Com a fé e obediência a Deus, eu fiquei completamente curado".
Ramiro Marques Pinto tivera grave problema de coração; Bertolina Dorneles da Silva estava desenganada mas com "fé e a vontade de Deus" ficou completamente curada; Maria Isabel Alves e Maria José de Oliveira sofriam do coração e ficaram boas; João Francisco Micheles não podia caminhar e "Hoje, meu amigo, tenho vontade de correr"; Juvenal Fagundes ficou curado de ataques que o deixavam “como morto"; Paulo da Silva Bastos, com o sistema nervoso completamente abalado, também ficou curado. E o depoimentos se seguiram, todos relatando curas: Necinda Falero, Vanina Michel, Angelina Fagundes, Constância Pereira de Oliveira, Pedro Coelho da Silva, Amaro Teixeira de Souza, Valdomiro Menezes Ferreira, Maria Elisa Freitas, Zilda Menezes Ferreira, Orfila Teixeira Nunes, Alcina Nunes, menino Larmatine, filho de Aparício Oliveira da Cunha, Egino Teixeira Nunes, Francisco Silveira de Freitas, Onofre José Dorneles, Erotildes Pedreira, Homero de Figueiredo Menezes, Natalina Garcia Nunes, esposa de Florindo Teixeira Nunes, residente em Ramiz Galvão, e Laura de Freitas Nunes, esposa do sr. Estevam Teixeira Nunes. A maioria dos casos acima, que representam uma parte dos que passaram pelas mãos do Professor Ugarte, são de moléstias, em geral, do sistema nervoso, cujo mal desapareceu por meio da força psíquica do Mestre daquela Doutrina.
REFERÊNCIA
Publicado no Correio do Povo em 13 de fevereiro de 1944. (Adaptado)

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

CARTA DE ALFORRIA



*A Carta de Alforria consistia num documento que o proprietário de terra concedia ao seu escravo depois de receber certa quantia por ele. Era uma espécie de atestado de liberdade do escravo, onde o patrão abria mão da posse do escravo. Existiam as cartas GRATUITAS, mas estas abdicavam a posse do escravo em troca de ele ser agora um trabalhador do seu senhor, dessa vez assalariado e com horários pré-definidos.
Observando a rica documentação do AHMRP, me deparei com uma Carta de Alforria que, me chamou atenção, Liberdade à um escravo menor, mas só apos seus donos falecer . Um documento  que poderá servir para quem estuda a escravidão no Brasil.


Registro de huma Carta de Alforria de hum Mulato por nome Antonio Escravo que foi de Joze Vicente Rodrigues
Digo eu Joze Vicente Rodrigues que entre os mais bens que possuo he bem assim hum escravo Mulato de menor  idade por nome Antonio aquém concedo de hoje em diante a sua liberdade como Liberto esta, com a condição de que so poderá gozar da mesma depois de meu falecimento, e de minha mulher Angelica  Francisca Roza no valor de cincoenta mil reis, e por ser verdade o referido, e para que naquele tempo goze os privilégios de Liberto concedido pelas Leis  de Sua Magestade Imperial pedi e requery a Feliciano Joze Coelho que este por mim fizesse e como testemunha assinasse, por eu não saber ler nem Escrever, e? assigney com o sinal, que uso, que hé huma Cruze na presença de duas testemunhas abaixo assinadas. Rio Pardo doze de Dezembro de mil oito centos e vinte três sinal de Joze Vicente Rodrigues,/a cravasse hua cruz entremeio de dito nome/ Feliciano JozeCoelho= Anacleto Nunes Neto=Reconheço verdadeiro o sinal retro por ser feito em minha presença e as firmas retro do que dou fé. Rio Pardo desaseis de Dezembro de mil oitocentos e vinte e três =Estava o signal publico e Claro? em testemunho de verdade o Tabelião Duarte Silveira Gomes= O Capitão Thomas de Aquino Figueiredo Neves, juiz de fora pela ley e das cizas? Nesta Vila e seu Termo=Faço saber que Joze Vicente Rodrigues morador no Serro do Roque deu Liberdade a hum seu Escravo de nome Antonio de menor de idade pela quantia de de sincoenta mil reis de que pagou de Ciza dois mil e quinhentos reis que ficão carregado ao Thesoureiro da mesma denominado? Goarda-mor  Manoel Pereira Guimaraes no Livro competente, e de como recebeo assignou com o dito Juiz. Rio Pardo vinte e três de Março de mil oito centos e vinte e quatro, eu Feliciano Joze Coelho Escrivão  da Camara que o Escrevy e assignei= Figueiredo= Manoel Antonio Pereira Guimaraes= Feliciano  Joze Coelho. E não contenha mais Cousa alguma em dita Carta que a quis fielmente registrey aqual nada farto?. Rio Pardo vinte e quatro de Março de mil oito centos evinte e quatro, Eu Escrivão da Camara o Escrevy e assigney= Feliciano Joze Coelho.
 Obs.: caligrafia conforme a época, a ?? são quando não tive certeza da escrita.

 FONTE: LIVRO DE REGISTRO GERAL( LRGC) Nº 12 1824/25, nº antigo 297, Pg. 59 e 59v. e pesquisa internet.



terça-feira, 11 de dezembro de 2018

FREDERICO ERNESTO WUNDERLICH I

                                 

Friedrich Ernst Wunderrlich nasceu em Neckanitz, Reino da Saxônia, Alemanha, aos 12 de fevereiro de 1863.
Filho legítimo de Gotthelf Traugott Wunderlich pastor de ovelhas, e de Johanna Wilhelmine Wunderlich.
Veio para o Brasil em 1889, trouxe a carteira de molineiro, mas não encontrou logo, serviço nesta profissão. Trabalhou, então como limpador de chaminés, na firma Bromberg e Cia em Porto Alegre.Tornou-se amigo e conseguiu prestígio junto aos proprietários pelo seu trabalho honroso e pela sua inteligência. Em 1893, estabeleceu-se por conta própria em Vila Thereza (Santa Cruz) como sócio em uma serraria de madeira e dois engenhos descascadores de arroz, dos quais mais tarde adquiriu as partes. Passou a trabalhar sozinho em seu novo negócio, prosperou e seus produtos obtiveram consagração oficial, sendo premiados na Exposição Estadual do Rio Grande do Sul, em 1901, com uma medalha de ouro. Mais tarde, transfere-se para Rio Pardo, no Alto da Fortaleza com outro engenho, em 1905.
Homem ativo e muito empreendedor, além do beneficiamento da venda do arroz, plantava com o cunhado, por conta própria, sem financiamento Bancário.
Em 1910, contratou com a Intendência para instalar o fornecimento de energia e luz elétrica pública e privada. A inauguração da usina ocorreu em 24 de setembro de 1911. Com a mudança para Rio Pardo, vende o engenho em Santa Thereza e constrói aqui sua moradia em 1911. Foi grande entusiasta do transporte fluvial, foi pioneiro na irrigação mecânica e na trilha de arroz, que até então era feito em eiras. Adquiriu também a fazenda Gavião, onde explorou a pecuária.
Faleceu em 1927, deixando um excelente Patrimônio Histórico–Cultural para sua família, valores éticos, morais e bons exemplos à comunidade Rio-pardense. 

FONTE: Texto elaborado com dados da Família, sobre Famílias Ilustres de Rio Pardo.

Local onde foi instalada usina, na Fortaleza.

                                                                 Casa da Família

BIAGIO TARANTINO- 115 ANOS DE NASCIMENTO

Biagio Tarantino nasceu em Rio Pardo, 08 de dezembro de 1903. Filho de Nunziato Tarantino e de Capitulina Soares Tarantino. Casou-se com Eva Hilda da Luz e tiveram 8 filhos. Faleceu em 12 de março de 1976, aos 72 anos.
Trabalhou com seu pai no Hotel do pai, depois quando casou, mudou-se para Cachoeira do Sul e lá foi barbeiro. Quando o pai faleceu, ele assumiu o Hotel e voltou para sua cidade Natal. Tempos mais tarde foi funcionário Público. Diretor Cultural de Rio Pardo, então criou os dois Museus Barão de Santo Ângelo,e o Primeiro Museu de Arte Sacra do Rio Grande do Sul. A Biblioteca Pública e o Arquivo Histórico Municipal. Incrementou a Semana Santa trazendo as imagens Sacras da Igreja São Francisco para Rua, durante a procissão de Corpus Cristi. Durante a Semana Santa promoveu outras atividades como o chamamento de Artistas Plásticos de todo o Rio Grande do Sul e de outros Estados, pois fazia parte como  membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado, Historiador, Jornalista..." Foi uma pessoa admirável exemplo de raro Amor a terra Natal, lutou durante toda sua vida à defesa do Patrimônio Histórico de Rio Pardo."
 Homem integro, ético, lutador e defensor do Patrimônio, Homem família amoroso e acolhedor.
Biagio lutou com todas as suas forças para que não retirassem as pedras históricas e irregulares da Rua da Ladeira. Graças à sua atuação, o calçamento da Rua da Ladeira foi tombado no final da década de 50. E ainda hoje podemos conhecer o trabalho dos escravos que fizeram esse calçamento no século passado.
Muito seu Biagio fez por Rio Pardo durante todo sua vida. Divulgava a Arquitetura Colonial existente, suas raridades, seu sonho era ver sua cidade ser reconhecida a nível nacional e ser uma CIDADE HISTÓRICA, pois potencial tinha e tem para crescer economicamente e culturalmente. 
Biagio  na Igreja S. Francisco, imagens Sacras

No inicio dos anos 70, foi criado a Feira de Artes Plásticas. Artistas de todo o Rio Grande eram convidados durante a Semana Santa para virem a Rio Pardo ver e pintar as belezas da cidade histórica. Após o trabalho realizado eram expostos e vendidos tornando-se assim um trabalho auto sustentável. 

FONTE: Texto com base em pesquisas no AHM,fotos cedidas por Raimundo Panatieri.

Diretor do Museu Barão de Santo Ângelo

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

HISTÓRIA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA


A paróquia Nossa Senhora da Candelária, de Candelária, está localizada na região do Vale do Rio Pardo, região central da Diocese. Pertence à Comarca Eclesiástica de Candelária. 
Em 1822 uma sesmaria, que abrangia todo território da atual cidade de Candelária, foi concedida a José F. da Silveira. Posteriormente, diversas sesmarias foram distribuídas por toda região, sendo, pois, os sesmeiros os prováveis pioneiros da colonização.
No ano de 1862, João Kochenborger e Jacob Welch se instalaram em Candelária, sendo eles oficialmente considerados como os primeiros moradores de Candelária. O terceiro imigrante, que chegou um pouco mais tarde, foi Chistiano Goelzer.
A comunidade Evangélica Luterana foi fundada em 1865 e os primeiros terrenos começaram a ser vendidos em 1866. O povoado, naquele tempo, era chamado Germânia.
Antes mesmo de 1875, conta a História que, estando a Princesa Isabel e o seu marido, o Conde D’Eu, em visita a Rio Pardo[1], uma comissão de candelarienses ter-lhe-ia solicitado apoio para a criação da freguesia de São João do Botucaraí. Conta também a História que, sendo a Princesa Isabel devota de Nossa Senhora da Candelária, pedira aos candelarienses que dessem este nome a paróquia. Em 09/05/1876, era pois, oficialmente criada a paróquia Nossa Senhora da Candelária. No mesmo ano, há comentários, já se teria construído uma capela. Em 1880, dizem que com moedas de ouro dadas pela Princesa, foi construída uma nova Igreja. A paróquia era administrada pelos padres de Rio Pardo e Santa Cruz, pois somente em 12/08/1900 foi provida de pároco, na pessoa do Pe. Guilherme Mueller. O Pe. Mueller ficou por 17 anos e durante 10 anos, novamente, a paróquia foi atendida pelos padres de Santa Cruz do Sul.




[1] A visita da Princesa Isabel e Conde D’Eu ao Rio Grande do Sul aconteceu em 1885.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

DIVISÃO ADMINISTRATIVA DE RIO PARDO


O município de Rio Pardo foi criado em 1809, simultaneamente com os de Porto Alegre, Rio Grande e Santo Antônio da Patrulha. Primitivamente habitado por índios Tapes, teve sua origem no Tratado de Madrid. Em 1752 foi construído o Forte Jesus-Maria-José. Para reforçar a defesa dessa fortificação, que já sofrera ataque dos indígenas, foi enviado em 1754, de Rio Grande, um contingente do “Regimento de Dragões”, permanecendo na cidade por mais de oitenta anos. Índios e espanhóis continuaram atacando a fortaleza e o local, mas os Dragões acabaram por vencê-los. Assim, Rio Pardo teve fundação essencialmente militar. O primeiro núcleo populacional foi constituído pelos militares e suas famílias e, posteriormente, chegaram os primeiros colonos açorianos.
Formação Administrativa
Criação da Vila, com nome de Rio Pardo, por alvará de 27-04-1809. Instalada em 20-05-1811.
Pelo ato municipal nº 53 (10-01-1898), foram criados os distritos Candelária, Capivari, Couto, Cruz Alta, Rincão Del Rei, Pedreiras da Aroeira.
Em 1911,6 distritos:Rio Pardo,Candelária,Capivari,Couto,Cruz Alta,Rincão Del Rei,Pedreiras da Aroeira.
Ato municipal nº 4 (20-07-1925) distrito de Candelária é elevado à categoria de município.
Ato municipal nº 130 (06-08-1927) cria o distrito de João Rodrigues.
Ato municipal nº 134 (26-11-1929) extingue distrito de Couto, e seu território é anexado à sede.
Ato municipal nº 2 (24-12-1930) cria distrito de Garcia Ferraz.
Ato municipal nº 9 ( 14-01-1931) recria o distrito de Couto.
Divisão administrativa de 1933: município constituído de 8 distritos: Rio Pardo, Capivari, Couto, Cruz Alta, Pedreiras das Aroeiras, João Rodrigues, Rincão Del Rei e Garcia Ferraz.
Em divisões territoriais datadas de 31-12-1936 e 31-12-1937, o município é constituído de 8 distritos: Rio Pardo, Couto, Rincão Del Rei, Cruz Alta, Capivari, João Rodrigues, Garcia Ferraz e Pederneiras (ex-Pedreiras da Aroeiras).
Pelo decreto estadual nº 7199, de 31-03-1938, o distrito de Couto passou a denominar-se Passo do Sobrado. Mesmo decreto extingue o distrito de Garcia Ferraz e seu território anexado a Capivari.
No período 1939-1943, o município é constituído de Rio Pardo (zonas: Rio Pardo, Pederneiras, Bexiga (ex-Cruz Alta), Capivari, Passo do Sobrado (ex-Couto), Rincão Del Rei e João Rodrigues).
Decreto-lei nº 720 (29-12-1944): distrito de Capivari tomou o nome de Capivarita, distrito de João Rodrigues é extinto, sendo seu território anexado ao distrito de Rincão del Rei.
No período 1944-1948, município é composto dos distritos: Rio Pardo (zonas: Rio Pardo, Pederneiras, Bexiga, Capivarita (ex-Capivari), Passo do Sobrado e Rincão Del Rei.
Divisão territorial de 01-07-1950-5 distritos:Rio Pardo,Bexiga,Capivarita,Passo do Sobrado,Rincão Del Rei.
Lei municipal nº 11 (11-08-1959): criado o distrito de Albardão (ex-povoado).
Divisão territorial de 01-07-1960: 6 distritos: Rio Pardo, Albardão, Bexiga, Capivarita, Passo do Sobrado e Rincão Del Rei.
Lei municipal nº 5 (10-05-1984) alterada pela lei municipal nº 28 (29-06-1985), cria distritos de João Rodrigues, com terras desmembradas de Rincão Del Rei; Iruí, Passo do Adão e Pantano Grande, desmembrados do extinto distrito de Capivatita.
Lei estadual nº 8488 (15-12-1987) desmembra do município de Rio Pardo distrito de Pantano Grande, elevado à categoria de município com área do extinto distrito de Capivarita.
Em 1988, o município é constituído de 8 distritos: Rio Pardo, Albardão, Bexiga, Iruí, João Rodrigues, Passo do Sobrado, Passo do Adão, Rincão Del Rei.
Lei estadual nº 9545 (20-03-1992)desmembra o distrito de Passo do Sobrado (elevado  município).
Lei nº 38 (13-09-1993) cria o distrito de Passo de Areia.
Divisão territorial de 1999: município é constituído de 8 distritos: Rio Pardo, Albardão, Bexiga, Iruí, João Rodrigues, Passo da Areia, Passo do Adão, Rincão Del Rei. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2007.
Alteração toponímica distrital: Couto para Passo do Sobrado, alterado pelo decreto estadual nº 7199, de 31-03-1938.

REFERÊNCIA: http://www.biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/dtbs/riograndedosul/riopardo.pdf

domingo, 2 de dezembro de 2018

RIO PARDO (NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DE)


Sobre a margem direita do rio Jacuí, na foz do rio Pardo, e na latitude sul de 29°59’ e longitude oeste do meridiano do Observatório do Rio de Janeiro de 9°11’31” acha-se situada a cidade do Rio Pardo, cabeça de comarca e uma das mais antigas povoações da província; foi outrora um dos pontos mais florescentes, porém presentemente está em decadente estado.
As suas ruas são alinhadas e algumas calçadas, e tem três templos, dos quais o principal é a Igreja do Rosário.
O termo do Rio Pardo foi dividido pela Lei Provincial nº 573 de 23 de abril  de 1864 em sete distritos, denominados: 1º da Cidade; 2º do Couto; 3º de Santa Cruz; 4º da Cruz Alta; 5º da Costa da Serra; 6º do Iruí; e 7º do Capivari.
A cidade tem 900 habitantes, tendo o município 9,984 habitantes e a comarca 39,352, sendo destes 30,885 livres e 9,467 escravos.
O município prospera, graças às colônias alemãs que se têm fundado nele, e que prometem em pouco tempo fazer a cidade tornar a ganhar a importância comercial que outrora teve. Seu terreno é abundante de ferro, ágatas, quartzo, ametista e caulim, de que se fabrica a porcelana.
A instrução primária é dada por quatro escolas públicas, duas do sexo masculino e duas do feminino, e todas criadas pela Lei Provincial n. 44, de 12 de maio de 1846.
O seu porto é visitado duas vezes semanalmente pelos vapores da Companhia Jacuí, que são substituídos nos tempos de secas por lanchões ou canoas, indos os vapores unicamente até Taquari, onde baldeiam os passageiros e a carga para os lanchões.
Teve origem do forte de Jesus Maria José feito pelos portugueses em 1751 para defesa das provisões e armazéns do exército, e para cobrir a fronteira do Rio Pardo quando procediam à demarcação de limites em virtude do Tratado de Limites de 13 de janeiro de 1750. Porém só em 1769 se estabeleceram ali as primeiras famílias, que edificaram a Igreja com a invocação de Nossa Senhora do Rosário. Foi elevada à categoria de vila por Ordem Régia de 7 de Outubro de 1809 e à de Cidade pela Lei Provincial nº 3, de 31 de março de 1846.

REFERÊNCIA: SILVA, Domingos de Araujo e. Diccionario Historico e Geographico da Provincia de São Pedro ou Rio Grande do Sul. – Contendo a Historia e a descripção da Provincia. Rio de Janeiro: Casa dos Editores Eduardo e Henrique Laemmert, 1865.
OBS: Autor informa que encerrou o trabalho de pesquisa em 31 de dezembro de 1864.