segunda-feira, 20 de novembro de 2017

FATO CURIOSO SOBRE O DESLIGAMENTO - GETÚLIO VARGAS

Fato curioso registrado pela escritora rio-pardense, a professora Marina de Quadros Resende, "menciona em seu livro que por ocasião  do desligamento de Getúlio Vargas e mais seus companheiros, a Escola formou e os desligados, a caminho da estação ferroviária que os levaria presos
para Porto Alegre, desfilou frente aos que ali permaneciam, e que Getúlio, ao passar defronte ao delator de seus colegas, jogou-lhe com um pé uma de suas botinas, razão de haver chegado a Porto Alegre com um dos pés descalços."

FONTE: Escolas Militares de Rio Pardo, Claudio M. Bento e Giorgis, 2005.

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

TRAJETÓRIA DE GETÚLIO VARGAS


1883 - Nasce em São Borja, Rio Grande do Sul
1897 - Seu pai, Manoel do Nascimento Vargas, envia-o para Ouro Preto,MG, para estudar
1898 - Ingressa no 6º Batalhão de Infantaria, sediado em São Borja
1900/1902 - Frequenta a Escola Preparatória e de Tática do Rio Pardo
19903/1907 - Cursa a Faculdade de Direito, em Porto Alegre
1909 - Inicia na vida política como deputado estadual pelo PRR
1912 - Reeleito deputado estadual, renuncia a seguir ao mandato por se desentender com Borges de Medeiros
1917 - Elege-se deputado estadual
1922 - Elege-se deputado federal
1926 - Torna-se ministro da Fazenda de Washington Luís
1927 - Vence as eleições para o governo do Estado
1928/1930 - Preside o Rio Grande do Sul
1930 - Derrotado nas eleições para presidente da República, assume como chefe de uma revolução
1930/1934 - Chefia o Governo Provisório
1934 - É eleito presidente da República pela Assembléia Constituinte para um mandato de quatro anos
1937 - Instaura o Estado Novo, que vai até 1945, quando é deposto por um movimento militar
1946 - É eleito senador constituinte e deputado
1950 - Elege-se presidente da República
1954- Suicida-se com um tiro

FONTE: Uma luz para a história do Rio Grande- Rio Pardo 200 anos - Cultura, arte e memória, 103, 2010.



sábado, 11 de novembro de 2017

GETÚLIO VARGAS NA ESCOLA TÁTICA DE RIO PARDO

Em 27 de março de 1900 Getúlio Vargas ingressou na Escola Tática de Rio Pardo, destinada ao preparo dos candidatos ao ingresso na Escola Militar do Rio de Janeiro.
Sua vida escolar foi elogiável, visto que destacava-se entre os primeiros em matérias como português, francês, geografia, aritmética e álgebra. O mesmo não acontecia com inglês e desenho linear, nas quais apresentava algumas dificuldades. Frequentou a Escola durante 2 anos e meio, ao lado de colegas como Eurico Gaspar Dutra, Ildefonso Soares Pinto, Manoel de Cerqueira Daltro Filho e muitos outros nomes que posteriormente se destacaram na vida política brasileira. Mas a sua convicção em alargar a experiência do oficialato viria a sofrer uma ruptura marcada por um conflito de indisciplina militar, falta grave em instituições desta natureza. Esse acontecimento se deu no ano de 1902, denunciando um sério atrito entre um grupo de alunos e um oficial.
O modo como se desenvolveram os fatos indica que existia animosidade de alunos contra o capitão Marcos Telles Ferreira. Em 3 de maio daquele ano, à noite, por ocasião da revista de recolher ocorreram as primeiras manifestações de desacato. Realizada a chamada, alguns alunos responderam por colegas ausentes. O oficial manda fazer uma nova chamada. Observa-se um barulho excessivo provocado pelas botinas no soalho, o que foi interpretado pelo capitão como ato de desconsideração. Ocorreu ainda, depois do toque de silêncio, ter um grupo de alunos, munidos de copos e canecas, descido as escadas reclamando água para beber (...).”


Referência: MEDEIROS, Laudelino. Getúlio Vargas na Escola de Rio Pardo. Revista do IHGRGS, nº 132. Porto Alegre, 1997. 

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

SOCIEDADE DA BOA HARMONIA


Ilmos Vereadores da Câmara Municipal

Os abaixo assinados, autorizados pelos indivíduos que  compõem a Sociedade da Boa Harmonia participam a Vossa  Senhoria que a Companhia Estrangeira de dançarinos na Corda e de Equilíbrios, pediu à Sociedade que lhe concedesse  o Theatro para ali fazer suas funções, oferecendo á benefício do mesmo Theatro a quarta parte do produto de cada récita.
A Sociedade negou constantemente tal concessão por receio de que não fosse ludibriada a casa oferecendo-se nela espetáculos por dinheiro, e que por isso sofresse algum insulto. Constatando, porém a Sociedade a mendigues em que existem os desgraçados expostos, e desejando a muito exercitar para com estes infelizes, a sua filantropia, lançou mão desta ocasião, avisando-a Charini, diretor da Companhia de equilíbrios que recorressem a VV. SS que lhe franqueassem o Theatro com a mesma proposta que nos fez, e nos rogamos hajão de aceitar a oferta dele porque pomos a disposição de VV. SS. O THEATRO com a Condição que a quarta parte das receitas que fizerem, reverta a benefício dos Expostos, dignando-se nomearem VV. SS. Hum Membro que vigie cautelosamente nas contas que deve prestar Charini, para que não desfrute ele da concepção do Theatro para tão pudozo fim, e fiquem iludidas os sentimentos benéficos da Sociedade da Boa Harmonia.
Pede  esta  a VV SS mandem  ao juiz de paz, e mesmo que essa Camara vigie que seja conservado respeito á casa  e o decoro até agora seguido nas funções particulares, evitando os abusos que se praticam nos Theatros Públicos, o que se  poderá conseguir por hum anúncio  posto na porta do Theatro. Pede mais que se faça público que a Sociedade  ofereceu o Theatro e para que fim. 



Deos Guarde a VV. SS. Rio Pardo 28 de junho de 1831.  O Coronel Felipe Neri... O Major Belchior da Costa Rebelo Correa da Silva......

FONTE: CÓDICE GERAL (CG)  Nº  21  pg. 150   Ano, 1831

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

REGISTRO DE UM TERRENO- PRAÇA DOS QUARTÉIS


Registro de um título  de terreno passado a Manoel  Thomaz do Nascimento sito no canto da Praça dos Quartéis.
 Ilmo. Snr. Marechal Governador – Diz Manoel Thomas do Nascimento  Morador  na Fronteira do Rio Pardo, que ele quer construir uma morada de Casa  em um terreno que se acha devoluto na frente da Praça dos Quartéis fazendo canto na rua da Ponte cujo terreno tem oitenta palmos de frente norte , e oitenta ditas fazendo frente a Leste com os seus fundos competentes e como as quer possuir com seus legitimos, títulos, portanto para q. seja  servido conceder-lhos Ereceberá  Merce- Informe o Tenente  Coronel  Comandante  da Fronteira do Rio Pardo Porto Alegre , 17 de junho de 1794. Estava a Rubrica do Governador  Sebastião Xavier da Veiga de Saldanha declarando se o suplicante é de número dos assinantes . Rio Pardo 28 de junho de 1794- Camara – Senhor  Tenente Coronel  Comandante= O chão que o Suplicante requer neste  requerimento está situado na Esquina que forma o lado do sul da Praça dos Quartéis com o seguimento da rua da Ponte a este  chão compete –lhe a frente de setenta palmos ao  Norte para a Praça, e cento e vinte de fundos  ao Sul que frentião a Leste  a dita rua da Ponte. Este chão é dos assinantes de maior quantia e como tal o não quiz Agostinho Pinto Ribeiro  que tão bem o pretendia; acha-se devoluto e o suplicante  tem posses para ser dos ditos assinantes . He o quanto posso informar a vossa mercê. Rio Pardo 23 de julho de 1794. José de Saldanha Capitão, Engenheiro Ilmo. Senr. Marechal Governador = O Terreno que o Suplicante requer se acha devoluto e nos ternos de V. S. lhos conferir, sendo servido, Rio Pardo 2 de outubro de 1794. Patrício José Correa da Camara  Tenente Coronel  Comandante Concedo ao Suplicante sem prejuízo de terceiros,  o terreno mencionado neste requerimento. Porto Alegre 14 de outubro de 1794 Estava a Rubrica do Governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara = Rio Pardo 10 de julho de 1849.           Secretário Feliciano  José Coelho

FONTE: TRANSCRIÇÃO DE DOCUMENTOS  LIVRO DE REGISTRO GERAL ( RG ) Nº 16 - 308, pg. 113 v./ 114  Ano: 1829/78 - AHMRP

QUARTÉIS

PEDRO CASTELO SACARELO 1941.
...Quartéis de Rio Pardo, ampliado convenientemente sob as vistas do General Gomes Freire de Andrade, em 1752, diremos que devido ao estado de agitação dos índios contra os portugueses e espanhóis na fronteira, foi grande, desde início,  o movimento de tropas vindas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para de Rio Pardo seguiram aos campos de batalha. Depois de instaladas as tropas nos Quartéis, construídos ao redor do Alto da Fortaleza e criados as enfermarias e outros prédios nas imediações dos primeiros, foram procuradas acomodações para as famílias dos oficiais e subalternos ao longo das vias de comunicação para o interior da Praça, denominada dos Quartéis, e de saída para a Fronteira; mas de maneira a serem observadas as formalidades exigidas pelo governo de Portugal, de dar sempre aos núcleos militares,  ou de povoadores civis criados a feição de Povoação nova, com suas ruas, praças e lugares para Igreja, cemitério e outros estabelecimentos públicos.
Relatos transcritos para IBGGE, pg. 05, 1941. AHMRP


FONTE: Pedro Castelo Sacarello( transcrição de um documento, pg. 05, 1941)

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

QUARTEL DE RIO PARDO

Em 1803 o Quartel de Rio Pardo tinha sob sua responsabilidade “os acontecimentos de uma vasta parte do Rio Grande”, era um órgão fiscalizador e mantenedor da ordem. Os problemas desta administração iam além das atribuições militares e enfrentavam inúmeros problemas, como a demora na entrega de cartas e ofícios, que retardavam ou impediam o cumprimento de determinações oficiais, afinal eram extensões enormes a serem vencidas. No Quartel, faltavam desde o alimento até fardas, munições e armas.
Além disto era preciso superar desde a falta de material para os trabalhos de olaria e serraria até   grandes enchentes que impediam a circulação de pessoas e cumprimento de ordens oficiais. Era difícil conseguir quem se encarregasse de transportar farinha para as Missões e para os postos avançados e faltava tudo, carne, farinha, ferramentas, panelas, mantimentos, arreios, espadas, couro, lençóis, colchões e cobertas até para o hospital militar. A fome entre os soldados das Missões era comum, escravos fugiam, ladrões de cavalos e gado assolavam os campos. Os soldos atrasavam, soldados se revoltavam ou desertavam.
Em 1804 tantas dificuldades já haviam feito surgir em Rio Pardo serrarias, olarias e caieiras, que vendiam seus produtos para as construções necessárias, como a reedificação do Hospital Militar.
Tropas espanholas e índios vagueavam pelos campos, causando conflitos e estado permanente de alerta para os militares encarregados de defender as terras conquistadas, encarregados de coibir o contrabando e vigiar o gado. O clima era de violência e insegurança e persistiam os problemas de desabastecimento: continuavam faltando munição, armas, alimentos, roupas.
Os chefes militares tinham atribuições além de suas funções regulares: “se lhes incumbiam providências variadíssimas, até em matéria de exportação e importação.” (LAYTANO, 1949, p. 20).
No ano de 1806 um ofício do Tenente-Coronel Patrício Correia da Câmara, comandante da fronteira, em Rio Pardo, mostra a interferência militar inclusive nos assuntos religiosos, ao tratar “sobre a criação da Ordem Terceira da Penitência e construção de uma capela do Senhor dos Passos; desavença dos irmãos da Ordem com os protetores da dita capela; os irmãos resolvem construir uma capela-mor”. Nesta época o Quartel do Rio Pardo intervinha na região missioneira, em territórios do atual Uruguai, em assuntos militares, econômicos e religiosos.
Os problemas do comando do Quartel se multiplicavam: captura de uma mulher casada, de um índio que assassinara um menino, atritos entre oficiais do Quartel, atraso e violação de correspondências oficiais: uma enorme anarquia entre as forças sediadas no Rio Grande do Sul! E o Quartel de Rio Pardo acabava sendo impotente para resolver os problemas devido, principalmente, às grandes distâncias. E tudo isto se somava aos problemas corriqueiros do Quartel: falta de condições para promover os necessários exercícios de cavalaria, falta de pagamento dos soldos, problemas com gêneros para alimentar as tropas, carência de operários e soldados técnicos, falta até de fardamento.
E ainda era preciso controlar os povoadores da fronteira, que abandonavam seus estabelecimentos e gado; rebelião de índios; comércio ilícito; mortes e prisões de índios por oficiais portugueses; captura de escravos fugitivos; penetração de forças espanholas e portuguesas em territórios contrários. A insegurança era alarmante.
No ano seguinte o Quartel ainda teve de administrar o extenso território e mais a fronteira castelhana, diante da eminência de uma guerra entre Portugal e França aliada à Espanha. Faltavam oficiais no Quartel, o contrabando e os furtos eram freqüentes, faltavam cavalas e espadas e o armamento disponível era precário. E esta situação ainda permaneceu por algum tempo, apesar de já ter sido criada administrativamente a Vila de Rio Pardo.

REFERÊNCIA
LAYTANO, Dante de. O quartel de Rio Pardo, Regimento de Dragões e conquista das Missões. Pequena memória de história militar capitaria[1]. 1807 – 1819. Porto Alegre: separata dos Anais da Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 1949. 31 páginas.






[1] Imposto, que se paga por cabeça. (http://www.dicionarioweb.com.br/capita%C3%A7%C3%A3o/); impor capitação (exigir imposto). (http://www.dicionarioinformal.com.br/capitar/