quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

FUTEBOL EM RIO PARDO

IIª parte

A Rua da sua localização, na época era chamada Rua da Cacimba, uma denominação evidentemente folclórica, como se vê e cuja ou historiadores da antiga Rio Pardo por certo tem a definição. Atualmente seu nome é o mesmo do patrono daquele educandário (Ernesto Alves). Talvez já tivesse essa denominação mesmo quando era popularmente conhecido como Rua da Cacimba, e que eu não tenho condições de afirmar, hoje, o prédio já não mais existe e eu nem sei se aquela esquina foi ocupada com alguma outra edificação. Era um prédio antigo que por volta de 1933 ou 1934 alguma de suas paredes internas começou a apresentar rachaduras, e por força dessa situação, previdentemente foi providenciada a sua mudança.
Tiro de Guerra
Como a essa altura o Colégio N S do Rosário ou Colégio dos Padres já
Colégio N S do Rosário- padres Casa Criança
estivesse encerrado suas atividades, foi para aquele local que o Elementar se transferiu. A mudança me recorda bem, foi feita em grande parte pelos próprios alunos, nos quais eu me incluía. Pois agremiação de futebol do Elementar que seria o adversário do time do Colégio dos Padres, surgiu em 1927, e com a sua criação abriu-se a perspectiva de um clássico colegial na cidade e, em consequência, uma nova motivação por parte do torcedor, que passou a dividir também suas preferências entre o estabelecimento publico e o particular. As duas equipes, mescladas de infantis e juvenis, de um modo geral, faziam as preliminares dos jogos principais que eram disputados pelo Atlético e o time dos militares, que por serem as únicas existentes na cidade, repetiam os encontros com certa frequência, até se extinguirem definitivamente lá pelos idos de 1928.
terra, E esse adversário finalmente apareceu, através do colégio Ernesto Alves, ou Colégio Elementar como era chamado. Ao contrário do Colégio dos Padres, em que a organização do time partiu dos professores, no Ernesto Alves a iniciativa foi dos próprios alunos, já que o corpo docente elementarista era todo de sexo feminino, não dispondo, portanto, daquelas condições essenciais para tratar de um esporte que era e continua sendo eminentemente masculino. O Colégio Elementar que eu conheci, ficava bem localizado próximo do Colégio dos Padres. Não sei se antes ocupou outro qualquer prédio, mas o que eu conheci e até integrei o seu corpo de alunos, se situava do outro lado da Praça Protásio Alves ou Praça da Matriz como era chamada.
A Rua da sua localização, na época era chamada Rua da Cacimba, uma denominação evidentemente folclórica, como se vê e cuja ou historiadores da antiga Rio Pardo por certo tem a definição. Atualmente seu nome é o mesmo do patrono daquele educandário (Ernesto Alves). Talvez já tivesse essa denominação mesmo quando era popularmente conhecido como Rua da Cacimba, e que eu não tenho condições de afirmar, hoje, o prédio já não mais existe e eu nem sei se aquela esquina foi ocupada com alguma outra edificação. Era um prédio antigo que por volta de 1933 ou 1934 alguma de suas paredes internas começou a apresentar rachaduras, e por força dessa situação, previdentemente foi providenciada a sua mudança. Como a essa altura o Colégio N S do Rosário ou Colégio dos Padres já estivesse encerrado suas atividades, foi para aquele local que o Elementar se transferiu. A mudança me recorda bem, foi feita em grande parte pelos próprios alunos, nos quais eu me incluía. Pois agremiação de futebol do Elementar que seria o adversário do time do Colégio dos Padres, surgiu em 1927, e com a sua criação abriu-se a perspectiva de um clássico colegial na cidade e, em consequência, uma nova motivação por parte do torcedor, que passou a dividir também suas preferências entre o estabelecimento publico e o particular. As duas equipes, mescladas de infantis e juvenis, de um modo geral, faziam as preliminares dos jogos principais que eram disputados pelo Atlético e o time dos militares, que por serem as únicas existentes na cidade, repetiam os encontros com certa frequência, até se extinguirem definitivamente lá pelos idos de 1928.

OCTACILIO FONTANA

FONTE:Jornal a Folha 1980, AHMRP.

FUTEBOL EM RIO PARDO


Futebol e ralação com a Educação.
Praça Protásio Alves

Pois através do entusiasmo dos próprios Irmãos maristas nasceu no Educandário uma agremiação de futebol. A princípio sem outros clubes da mesma categoria para servirem como adversários, as disputas ficavam limitadas no setor interno do colégio. Duas ou três equipes eram formadas com o aproveitamento dos alunos que variam de 14  até os 18 e 19 anos, e através da supervisão de um dos professores, a meninada ia aperfeiçoando o seu futebol. Por força desse aperfeiçoamento, diversos jogadores foram aproveitados por agremiações que surgiram alguns anos mais tarde, como o Americano F.C. e o 24 de outubro, sobre os quais estarei me reportando em próximas etapas. Oscar Barros, Henrique Eustachio, Duduce, foram alguns dos integrantes do time do colégio N. S. do Rosário e que posteriormente foram incorporados aos 24 de outubro e ao America. Alias, sobre o Duduce, que estará presente também na sequencia dessas narrativas, eu aproveito para acrescentar que apesar das excelentes referencias que possuía como bom goleiro há quem diga que seu irmão Lourenço, também pertencente ao time do colégio, e prematuramente desaparecido, foi melhor que ele. Mas retomando as atividades da equipe do N S do Rosário, durante mais ou menos um ano a rotina se manteve sem maiores alterações. A falta de adversários determinava manutenção de torneios internos, que evidentemente com o tempo iam se tornando desinteressantes. A situação, portanto, estava a exigir urgentemente um adversário da mesma categoria, sem o que, todo o esforço dos Maristas para a organização do seu departamento de futebol poderia  cair por terra, E esse adversário finalmente apareceu, através do colégio Ernesto Alves, ou Colégio Elementar como era chamado. Ao contrário do Colégio dos Padres, em que a organização do time partiu dos professores, no Ernesto Alves a iniciativa foi dos próprios alunos, já que o corpo docente elementarista era todo de sexo feminino, não dispondo, portanto, daquelas condições essenciais para tratar de um esporte que era e continua sendo eminentemente masculino. O Colégio Elementar que eu conheci, ficava bem localizado próximo do Colégio dos Padres. Não sei se antes ocupou outro qualquer prédio, mas o que eu conheci e até integrei o seu corpo de alunos, se situava do outro lado da Praça Protásio Alves ou Praça da Matriz como era chamada.
Octacilio Fontana
Colégio dos Padres- Casa da Criança

 FONTE: Jornal  "a Folha", 1980. AHMRP
 

FUTEBOL X COLÉGIOS



Casa na Rua Ernesto Alves esquina Moinho de Vento próxima da Brigada Militar -Não existe mais o prédio

Breve História do futebol em Rio Pardo 

Do Colégio N. S Rosário e do Ernesto Alves me ocuparei um pouco mais a partir de agora, porque eles me fornecem os primeiros subsídios para que possa entrar no terreno do futebol a partir de 1926. Foi nesse ano 1926, que o Colégio dos padres iniciou suas atividades em Rio Pardo, localizando-se onde hoje esta instalada a Casa da Criança ou Instituto Medianeira. Era destinado exclusivamente a alunos de sexo masculino, e o ensino que ministrava através dos Irmãos Maristas era de excelente qualidade. A mais rígida disciplina eram uma das exigências e os professores cônscios das responsabilidades que assumiram perante os pais desses alunos, nas saídas das aulas os conduziam em fila até determinados pontos da cidade, mais próximos das residências de cada um. Foi também através do Colégio dos Padres que surgiu o primeiro TIRO DE GUERRA (e a expressão vale para aqueles que não viveram aquele tempo) era uma ramificação do EXÉRCITO destinado a facilitar a obtenção do Certificado de RESERVISTA aos jovens que, por qualquer motivo não desejassem ser incorporados no Exército. Eram poucas as cidades atingidas por esse privilégio e Rio Pardo estava entre elas. Não havia a obrigatoriedade dos alunos do Colégio pertencerem ao Tiro, mas aqueles que se incorporaram ao mesmo, PAGAVAM uma mensalidade, recebiam instrução militar que era ministrado por um Sargento do 13º R. C.  e após cumprido o tempo de oito meses, recebiam o DOCUMENTO que os classificava como reservistas de segunda categoria  um bom número de cidadãos que ainda hoje residem em Rio Pardo pertenceu a essa INSTITUIÇÃO MILITAR, e ainda há alguns anos atrás grande parte desses reservistas, talvez até a maioria deles, esteve participando de uma festa de congraçamento, festejando os cinquenta anos de incorporação  e do cumprimento com o serviço militar. OCTACILIO FONTANA

FONTE: Jornais de Rio Pardo, 1980. AHMRP. 

COLÉGIO DISTRITAL EM RIO PARDO

Iª Parte
Antiga Prefeitura

Acha-se funcionando com regular frequência de alunos de ambos os sexos o colégio distrital desta cidade, instalada no dia 07 de setembro próximo passado.
Usando da autorização que me concede a lei do orçamento vigente no artigo 17 de suas disposições gerais, apliquei: ao aluguel de uma casa para estabelecer-se esse colégio o rendimento do prédio municipal, que se acha ocupado pelo contingente do 25º batalhão de infantaria ao serviço da Escola Preparatória e de Tática. A casa acha-se alugada por conta do município desde 1º de Janeiro do corrente ano, porque, havendo nesta cidade pouquíssimas casas de aluguel que se prestem ao fim indicado, julguei conveniente tomar essa casa em aluguel, quando se achava proveniente mente desocupada, para evitar dificuldades na obtenção de edifício apropriado, quando houvesse de instalar-se e funcionar o aludido colégio.
O exemplo de outros municípios do Estado, adquiri por conta do Cofre Municipal a mobília e mais objetos necessários ao colégio, dependendo com essa aquisição e com a pintura e caiação da casa, etc., a quantia de 1.439.550. Além desta despesa, terá de ser paga a de 300.000 rs. A aproximadamente, proveniente de objetos que ainda faltam ao colégio e que mandei comprar na capital do Estado.
Espero que as indicadas providenciem tomadas para o funcionamento de um estabelecimento de ensino onde se acham já matriculados 70 alunos e que indubitavelmente trará a população do município imprecáveis benefícios, mereceram vossa aprovação.
... Conforme a Lei Orgânica do Município...

Rio Pardo, 17 de novembro de 1902  Franco Rodrigues Ferreira Intendente

C G 115 P. 204   1902

Projeto de Orçamento da receita e despesa do Município para o ano de 1903.

Doc. p. 206 v. 207, 208,212.


Relação de material de ensino indispensável ao Colégio Distrital de Rio Pardo durante o ano letivo de 1902

Seis classes de assento e encosto unidos com seguinte altura:
Três com 40 centímetros de altura no assento e 80 na parte superior;
Três com 44 de altura até ao assento e 84 na parte superior;
Estes objetos devem ser lustrados e convém serem feitos aqui na cidade a fim de obedecerem a um plano que esteja mais em harmonia para o fim a que estão destinados. 120$000
Um quadro negro com armação              20$000
Uma coleção de sólidos geométricas        20$000
Uma coleção de traslados caligráficos      24$000
Uma col.     Mapas de Zoologia Física e Anatomia     60$000
Seis mapas de Geografia Física e Política                 90$000
Um aparelho simples para exercício de Ginástica       20$000
Um relógio                                                            25$000
Um carrinho                                                          20$000
Um termômetro                                                     10$000
Um barômetro                                 
Uma bússula
Fornecimento de livros aos alunos pobres               100$000

Prêmios para recompensar as boas ações o comportamento a aplicação dos alunos 100$000

                              TOTAL:                                                               609$000
Documentos importantes pela descrição dos objetos usados na época, na Educação, diferentes da tecnologia de hoje.

FONTE: Arquivo Histórico Rio Pardo, Códice Geral- nº 115



COLÉGIO DISTRITAL EM RIO PARDO

II ª Parte

DIRETORIA DO COLÉGIO DISTRITAL

Rio Pardo, 17 de novembro de 1902.

Prédio na Rua Andrade Neves esquina Júlio de Castilho, centro.
Ilutre Cidadão Franco Rodrigues Ferreira M.D.
Intendente do município de Rio Pardo

Convidado por V. Sa. Para apresentar o orçamento dos utensílios e material de ensino necessário a este Colégio durante o ano de 1903, tenho a honra de vo-lo enviar, esperando que vosso patriotismo inspirado e o amor ao bem público encontrarão em minhas humildes, mas sinceras palavras, a verdade nua, singela, incontestável; e, portanto não regateareis esforços para amparar uma instituição que até politicamente desempenhará em breve, um papel importantíssimo no vosso município para argumentar o triumpho de nossos comuns aspirações.
No aludido orçamento figuram não só aqueles objetos indispensáveis ao ensino como também não deixei de falar no fabrico de móveis com diferentes dimensões; visto que estes se revestem dessa lacuna, prejudicial ao desenvolvimento físico das crianças, as quais poderão adquirir deslocamento na espinha pelo motivo de assentar-se em bancos mais altos ou mais baixos de que devem.
Muito preocupa meu espírito o diminuto tamanho das salas onde funcionam as aulas, porque não comportam o numero de alunos que atualmente tem. A frente do edifício já é imprópria para as lições da manhã porque os raios do sol penetram até a outra parede, obrigando os alunos a inquietarem-se com a luz mui forte.
As destinadas para as aulas elementares, que devam ser as melhores estão em mui piores condições higiênicas por terem uma única abertura. A pedagogia manda que a luz deva estar na razão de 1:10, isto é, para cada dez metros de superfície da sala deve ter um metro de abertura na parede para janela. Pois até nesse ponto as saletas das aulas elementares estão em desarmonia, porque precisariam duas janelas. Quando os dias são nublados tornam-se essas divisões do edifício mui escuras. Chama vossa particular atenção para o que vou dizer-vos, por ser de muito maior gravidade e responsabilidade para nós: - Todos os pedagogistas estão de acordo com isto: cada aluno precisa de 30 metros cúbicos de ar puro numa hora; donde se conclui que uma sala para 25 discípulos precisa 750 ms. Daquele indispensável elemento da vida animal; ora, tendo cada aula um volume inferir a 125 metros cúbicos, é claro que a saúde das crianças sofrerá, preparando suas delicadas naturezas para as graves moléstias do aparelho respiratório.
 A lei do ensino moderno tendo por base a preparação do indivíduo para a vida intelectual, moral e física, é indubitável que em um, corpo doente não pode vicejar um ensinamento intelectual e moral.
Como o governo do Estado não pode tomar medidas atinentes( relativo )a remediar os males, que acabo de indicar-vos, (aquisição de edifícios próprios) e sim as administrações locais, cabe, pois, a estas a execução desse fácil problema.
 Na Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, viu-se que em muitos países com a República Argentina, Estados Unidos, França, Portugal e outros a legislação do ensino prescreve regras higiênicas e pedagógicas, que são observadas em todas as escolas, marcando por exemplo o espaço necessário para cada menino, o numero de janelas e sua colocação, o numero de alunos proporcional as dimensões da sala, os metros de altura que deve ser o edifício, os utensílios que deve ser cada escola e outras cautelas a bem da educação física das crianças.
São de eminente pedagogista Conselheiro Leoncio de Carvalho atual Reitor da Universidade Livre e Popular do Rio de Janeiro as palavras que seguem: “Por melhor que sejam os professores, os programas, os métodos de ensino, não preencherão o seu fim, se lhes falharem os  edifícios e materiais escolares.
Em casas estreitas, mal situadas e desprovidas de luz e ar não se pode atender convenientemente a Educação física dos alunos. Sem mapas globos, instrumentos e aparelhos apropriados é impossível o ensino intuitivo, cuja superioridade todos insuficientes e impraticáveis o ensino intuitivo, cuja superioridade todos reconhecem. Obrigados a servirem-se de bancos e de mesas insuficientes e anti-higiênicos, constroem os meninos defeitos e enfermidade que tornam disforme seu corpo e abatem as forças do seu espírito. É pelas casas e pelo material das escolas, observa hipeau?, que melhor se a juíza dos sentimentos de um povo a respeito da educação.”
Sendo V. S. responsável pela escolha do edifício, que deve ser higiênico e eu pelo ensino dos alunos, cabe-nos, portanto, o patriótico e imperioso, dever de prevenir-nos de futuros males.
                                                           Saúde e fraternidade
                                                                                         Baltazar dos Santos Paz
,                                                                                              Diretor
FONTE: C G 115  p. 211 a 213 1902. AHMRP



sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

GOVERNANTES DE RIO PARDO II


                                                    
PREFEITOS DE RIO PARDO

1930 a 1934          Juarez Pereira Rêgo
1934 a 1936     José Antônio Pereira Rêgo (Ficou só 3 anos e renunciou e assumiu o Ernesto Wunderlich)
1936 a 1947          Ernesto Protásio Wunderlich
1947 a 1951          Manoel Alfeu de Borba
1952 a 1954          Faustino Teixeira de Oliveira (3 anos)
1955                    Antonio Olinto Meurer  (Era o presidente da Camara e assume a prefeitura)
1956 a 1959          Fernando Wunderlich
1960 a 1963          Antonio Olinto Meurer 
1964 a 1966          Roberto Geraldo Coelho Silva (Renuncia e assume seu vice Azuil)
1966 a 1968          Azuil Cintra ( vice assume a Prefeitura)
1969 a 1973          Lauro de Quadros Custódio
1973 a 1977          Nelson Natálio Rodembuch
1977 a 1981          Fernando Wunderlich
1981 a 1983          Paulo Cesar Begnis
1983 a 1988          Bertholdo Affonso Pritsch (Houve uma mudança na legislação ficou 5 a.)
1989 a 1992          Paulo Cesar Begnis
1993 a 1996          Denis Colossi
1997 a 2000          Bertholdo Affonso Pritsch
2001 a 2004          Edivilson Meurer Brum
2005 -                 Edivilson M Brum - Assumiu a 2ª vez a Prefeitura e foi caçado em março, assume o 2º colocado Joni Rocha)
2005 a 2008        Joni Lisboa da Rocha
2009 a 2012         Joni Lisboa da Rocha
2013 a 2016         Fernando Henrique Schwanke
2017 a 2020         Rafael Reis Barros

 FONTE: Marina de Quadros Rezende e informações recentes de Jornais.

GOVERNANTES DE RIO PARDO


Intendência Municipal de Rio Pardo 1892/1930.


Com advento Republicano em 1889 e com a instalação da Intendência Municipal em substituição da Câmara Municipal do período imperial brasileiro, o governo municipal de Rio Pardo ficou ao exercício de um Conselho Municipal composto por sete membros e de um intendente, ambos eleitos de quatros em quatro anos pelos eleitores do município. Os demais cargos eram eleitos pelo Intendente Municipal.

INTENDENTES

1892 a 1900           Francisco Alves de Azambuja
1900 a 1904           Franco Rodrigues Ferreira
1904 a 1908           Francisco Alves de Azambuja
1908 a 1916           José Antônio Pereira Rêgo (2 mandatos)
1916 a 1919           Arthur Taurino de Rezende
1919 a 1920           José Antônio Pereira Rêgo (vice)
1920 a 1924           José Antônio Pereira Rêgo
1924 a 1928           Pedro Alexandrino de Borba
1928 a 1930           Juarez Pereira Rêgo

 FONTE: Marina de Quadros Rezende. Rio Pardo, História, Recordações e Lendas, 1993. Guia de Fontes AHMRP.







quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

INSTITUTO EDUCACIONAL DE MENORES


Alguns dados importantes para entender a necessidade de se ter um Instituto Educacional de Menores.
Conforme pesquisa na internet, o Juizado de Menores a nível Federal surge no ano de 1920, com Semana de Estudos, Serviço Social de Menores. 
Em 1923 foi criado o Juízo de Menor Mello Mattos, primeiro juiz de Menores da América Latina, e criado o Primeiro documento LEGAL para a população menor de 18 anos.
O primeiro código de Menores é de 1927, que proíbe as Rodas (expostos) e o juízo privativo de Menores é de 1924.
A População carente (órfãos) era entregue aos cuidados da Igreja Católica através das Instituições. (As Santas Casas de Misericórdias). Com o objetivo de amparar as crianças desprovidas de mães solteiras. Que na época não podiam assumir publicamente a condição de mães.
No inicio do século XX surgem lutas sociais do proletariado, a greve geral de 1917 onde proíbe o trabalho aos menores de 14 anos.
O Código de Menores visava estabelecer diretrizes claras para o trato da Infância e Juventude, Trabalho Infantil, tutela, pátrio poder...
 Código de Menor Decreto nº 17.9431, de 12 de outubro de 1927. (Dados da Internet).

 ** UM POUCO DA HISTÓRIA DA CASA, DOS PROFESSORES E ALUNOS.
 No primeiro Prédio data de 1918, acredita-se que foi a data de algum conserto no prédio, pois no livro do Dante de Laytano, na p. 188 fala que o Sobrado do Feliz Retiro como era chamado, acontecia reuniões dos graduados do Regimento dos Dragões de Rio Pardo. Conclui-se que este prédio é bem mais antigo. 
 No segundo Prédio a data é de 1926, prédio mais novo e maior que "parece" ter sido construído pela necessidade de um espaço mais amplo.
Pesquisando sobre a vida no Instituto Educacional de Menores da Boa Vista "os documentos concretos mais antigos, encontrados foi de 1934, no Termo de Abertura das Atas Finais da Aula Isolada “Centenária”, por mim rubricadas Professora Emma Daí Prá auxiliar subvencionada". Professora que muito fez pelo Instituto Educacional por muitos anos. Hoje em sua homenagem temos a Rua Emma Daí Prá, ao lado do Abrigo de Menores. Boa Vista, município de Rio Pardo, 1º de dezembro de 1934.
Documento que se encontra na EEEF Amaral Lisboa
                            
O Instituto Educacional de Menores mais conhecido por Abrigo dos Menores recebia menores órfãos, abandonados e de mães solteiras. Estes meninos eram assistidos em cooperação com o Juizado de Menores desamparados em Rio Pardo. Procurando dados sobre este Educandário encontrei que o Juizado amparava órfãos e pedia ajuda aos rio-pardenses para que comprassem o que ali produziam:  verduras, galinhas, porcos e foi criado oficinas de fazer telas, de marcenaria com os meninos orientados por professores e casal cuidador. Jornal a Folha 1/9/1968.
Prédio do Abrigo sendo arrumado.
Conforme livro de Atas e de Frequência, que se encontram na EEEF Amaral Lisboa, encontrei que por muitos anos, D. LEONIDA FRANTZ trabalhou como professora no Abrigo de Menores. Ela ensinava o catecismo e, nas tardes de sábado, trabalhava na “Pequena Oficina”, organizada por ela em uma sala do prédio. Os meninos trabalhavam com marcenaria e recebiam encomendas de “chiqueirinhos” para crianças e placas de anúncios e com o dinheiro, compravam mais materiais.
Com o trabalho da horta, além de ensinar o cultivo da terra, ela iniciava o estudo do sistema métrico, calculando as medidas de áreas. Este trabalho com os meninos teve um valor significativo em sua vida, pois através dele, eles se sentiam valorizados. Este trabalho significava um resgate da cidadania destes meninos na formação humana. Muitos deles eram órfãos ou estavam em situação de abandono e então a professora era uma referência de carinho, de disciplina e de incentivo.
Conversando com alguns vizinhos da redondeza me colocaram que os alunos não saiam do pátio para brincar ou até fazer arte na comunidade. Eles viviam no abrigo e sempre vigiados até porque os cuidadores eram os responsáveis pelos menores via Juiz. Alguns eram bastante rebeldes, problemáticos, sozinhos e sem uma família que os ajudassem. Também soube que saíram dali grandes homens, que aproveitaram o que ali aprenderam e cresceram como pessoas. Hoje ainda encontramos em Rio Pardo, homens de bem que viveram no Instituto Educacional de Menores.


      Histórias de alunos:

 - Um aluno  disse que ninguém podia com o que ele aprontava com seus pais e nas ruas, por isto sua mãe colocou-o no abrigo. Ficou por pouco tempo, mas conseguiu fugir fazendo uma corda de lençóis e à noite saiu pela janela e foi embora. 

-      Paulinho França disse-me que foi aluno, no Abrigo de Menores,  era dedicado e bastante calmo e que foi parar no abrigo pela necessidade de ajuda, pois muito novo seu pai faleceu e sua mãe não tinha como sustentá-lo. Falou que muito aprendeu enquanto ali permaneceu.



FONTES:  Texto com base no livro do Dante de Laytano,1979, pesquisa na interne e relatos de ex-alunos. AHMRP

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

DOCUMENTOS NOS LEVAM AO PASSADO


Documentos  doados por pessoas que um dia  participaram desta Associação, de pessoas que fizeram história em Rio Pardo.



Regulamento da Associação de 1953.

ANTIGA ASSOCIAÇÃO RURAL DE RIO PARDO


A Associação Rural  era um lugar onde os fazendeiros negociavam suas criações. Os produtores Rurais criavam em suas fazendas e traziam para serem vendidos e abatidos gerando grandes negócios internos e também de exportação. Por muitos anos funcionou ali a Associação Rural, com grandes remates e vendas de todas as espécies de animais. Este espaço era bem grande ocupava os fundos da Brigada chegando a parte do campo do Frigorifico, pois não havia ainda a estrada da Perimetral, o campo era grande, mas muito central, a comunidade já havia crescido ficando perigoso e já pequeno o espaço, então foi trocado por outra área de terra sendo o parque Apeles de Quadros na Boa Vista.Com a chegada do Batalhão Pinheiro Machado foi usado este espaço para ali colocar a Brigada, sendo um lugar de fácil acesso.

FONTE: Neuza Quadros, dez/2019.
Rua Ernesto Alves -Antiga Associação Rural, hoje BM

SOBRADO QUE RECEBEU D. PEDRO II NA SUA 1ª VISITA


D. PEDRO II E SUA ESPOSA D. TERESA CRISTINA

Local onde foi hospedado SUAS  AUTORIDADES IMPERIAIS, na sua primeira visita a Rio Pardo em 1846.
Rua Dr. João Pessoa a esquerda  a casa do Ten. Cel. Manoel  Pedroso de Albuquerque

 Este prédio pegou fogo e pouco restou, mas foi reformado e hoje funciona as Lojas Quero Quero.

terça-feira, 19 de novembro de 2019

PRÉDIOS HISTÓRICOS DE RIO PARDO - ARRUMADOS


Lateral Solar
Alguns Prédios Históricos estão sendo arrumados para serem reutilizados por pessoas que compraram ou que encaminharam documentação para obter a cessão do prédio para ser consertado no que necessário e reutilizado, com fins culturais. O objetivo é que o próprio prédio seja autossustentável.

FONTE: Neuza Quadros, 2019.

 Solar Almirante





 
Antigo Fórum no Centro da Cidade Rio Pardo - Já está sendo reconstruído, conservando como era o Original.






Sobrado dos Quadros vai ser arrumado
Parte do Sobrado

Prédio foi comprado para ser reutilizado



quinta-feira, 14 de novembro de 2019

MULHERES SE UNEM PARA SALVAR PRÉDIO DO SEC. XVIII


PAIXÃO PELA HISTÓRIA DE RIO PARDO E
UNIÃO DE MÃOS GARANTEM A PRESERVAÇÃO DE UM PRÉDIO HISTÓRICO


A Advogada Patrícia Fontoura após ter visto um vídeo sobre o mau estado em que se encontra o Prédio do Almirante e conversando com um grupo de amigos,  no inicio deste ano de 2019, surgiu a ideia de criar  uma Associação  para  trabalhar e buscar soluções para o restauro do mesmo. Primeiramente pensaram em criar de fato a Associação, elaborando o Estatuto.Foi então o que fizeram.
"A preocupação principal da entidade é tomar iniciativas que produzam riquezas, cultura e vida social para Rio Pardo", destaca Patrícia.
O grupo procurou pessoas com conhecimento na área para traçar o trabalho de restauro. Contato com a Prefeitura Municipal, Instituto do Patrimônio e Artístico do Estado, Ministério Público Federal, para o encaminhamento de todo a documentação para obter a cessão do Solar.
A ideia é chamar a comunidade para colaborar, fazer vaquinhas, eventos e outros projetos para arrecadar recursos." O Objetivo da Aasa é restaurar o prédio em etapas, contando com apoio da iniciativa público privada, tornando-se autossustentável com atividades culturais e artísticas". As intervenções mais urgentes são  no telhado e paredes externas. A ideia é transformar o local em um centro cultural, onde "a comunidade se sinta dona do espaço".
Foi mais ou menos um ano para elaborar o projeto  e realizar os contatos e hoje, 14 de novembro de 2019, o grupo recebe das mãos do Prefeito Rafael Barros as chaves do Prédio que abrigou por muitos anos o Museu Municipal.  A Associação de Amigos do Solar do Almirante (Aasa)  foi fundada em 17 de janeiro deste ano.

FONTE: Texto com base na reportagem da Gazeta do Sul, 13/11/19. Neuza Quadros

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

ENCHENTE EM RIO PARDO 2019

Rio Jacuí com bares desaparecidos pela agua 
Enchente rio Jacui
Ponte Rio Pardo
Ponte nova Rio Pardo
Porto das Mesas no rio Jacuí
Rio Jacuí na enchente de novembro de 2019
Fotos Neuza Quadros

PRAÇA DR. PEDRO BORBA


Esta Praça localiza-se na frente da Igreja São Francisco de Rio Pardo RS.
Aqui quero mostrar como era a Praça antes de construir a caixa d'agua e depois de sua construção.
 
Prof. Neuza Quadros, 2019.

Como era a Praça Antiga

A Praça hoje

A IMPORTÂNCIA DA ARTE NA EDUCAÇÃO AFRO-BRASILEIRA

Palestra no CRC - Ney Ortiz

No dia 07 de novembro de 2019, no Centro Regional de Cultura aconteceu um evento dentro da Programação do Projeto Ponto de Cultura Rio Pardo, sobre a Importância da Arte na Educação Afro-Brasileira.
 Neste mês é dedicado a questões da importância do negro e a sua contribuição na formação da Comunidade Brasileira.
Realizou-se palestras culturais educativas com o artista plástico, teatrólogo, músico e pesquisador da cultura afro-brasileira o Sr. Ney Ortiz.
Ney Ortiz é diretor artístico da Empresa Raízes D'Africa Mundi, em Porto Alegre RS.

FONTE:  Texto e Foto Neuza Quadros, 2019.
Professores e alunos

segunda-feira, 4 de novembro de 2019

IMAGENS DA IGREJA DE SÃO FRANCISCO - 1812




A Igreja São Francisco foi inaugurada em 1812,possui importante acervo de imagens da Via Sacra em tamanho natural, com detalhes anatômicos e com expressividade fisionômica. Ao lado,  na própria Igreja temos o Museu de Arte Sacra inaugurado em 1975. Nos fundos da Igreja havia um cemitério da Irmandade da Ordem Terceira de São Francisco.

FONTE: Catálogo Secretaria Turismo, foto Neuza Quadros, 2019.

Imagens dentro da Igreja
Parte da Igreja S. Francisco

Túmulo
Foto dentro da Igreja




AÇOUGUE ENCARNADO COM AZULEJOS ANTIGOS

Flora


O açougue encarnado é um dos prédios antigos de Rio Pardo cobertos de azulejos decorados. Ele era conhecido como açougue encarnado,  onde muitas vezes comprei carne ali, na época da minha infância. Nos anos 60(1960), vivi nesta redondeza, muito brinquei na praça chamada São Francisco e ia sempre no açougue. Foi ocupado também como comércio bebidas...
 Alguns anos ficou fechado, sem atividades no prédio, atualmente esta  sendo arrumado pelo proprietário, pois o prédio estava ficando estragado e os azulejos correndo o risco de ruir.
Hoje esta sendo usado como uma loja de materiais de religiões Afro. (Flora de artigos religiosos). Localiza-se no calçadão à Rua Almirante Alexandrino. Conforme um catálogo do Inventário do Patrimônio Cultural  RS data de 1896. Este Catálogo encontra-se no AHMRP.
Frente do Açougue
FONTE: Neuza Quadros,2019

ESCOLA DE SAMBA REALEZA DA VILA - 30 ANOS


História da Escola de Samba

 A História da Escola de Samba Realeza da Vila surge no Bairro Rosário. Uns grupos de amigos, que já desfilavam no Carnaval de Rio Pardo, sentiram-se preocupados, pois a sua Antiga Escola de Samba o Black Boys (1987) se desfez, terminou e estes amigos não queriam que morresse o grupo de amigos e os carnavais do qual participavam e que na Vila realizava incríveis bailes de Carnaval. Foi então que foram incentivados a criar uma nova escola de samba. “O Presidente, o Sr. Osório Silva não tinha mais condições de comandar a escola de Samba Black Boys, conta Zélia”. Então o Sr. Osório usa estas palavras: ”o que vou fazer por vocês é dar tudo, os instrumentos, que o Black Boys tem pra vocês continuar”. Fez um pedido que o nome  Black Boys, quero que vá comigo.
O grupo de quatro amigos, Zélia, João, Amaro e Beto começa a pensar um novo nome para a instituição. Reuniram-se para fazer uma votação, houve um sorteio entre diferentes ideias e escolher o nome mais votado. De cara o nome mais votado foi Realeza da Vila. E então, a escola foi fundada em 20 de dezembro de 1989. Mantém-se ativa até hoje com muita luta e desafios. Nove títulos campeões do Carnaval de Rio Pardo. A estimativa é de 300 pessoas a desfilar a cada ano. Ao relembrar do passado da Escola, Zélia comenta que sempre esteve aliada aos assuntos que promovem reflexão. O nosso legado não é apenas um troféu, mas sim a admiração das pessoas  e a sua interpretações dos temas apresentados na Avenida Gogóia. O objetivo é plantar uma semente para o futuro, deixando um legado sobre a comunidade de Rio Pardo. Uma das lembranças mais fortes fala, de com superou a morte de seu pai em uma homenagem, traduziu o luto em um samba- enredo da Escola em 2002. Até hoje lembra alguns verso do samba: “Olha o churrasco, traz o chimarrão. Um amigo vaidoso, tricolor de coração. Vem pra curtir, vem ora jogar. Eu sou da Vila e ninguém vai me derrubar.” 

 FONTE:  Texto Neuza Quadros, conforme Jornal de Rio Pardo,2019.

PORTA ESTANDARTE E MESTRE SALA
BATERIA DA ESCOLA

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ERVA - MATE ALDEIA DE SÃO NICOLAU


2ª Parte      


O requerimento das mesmas havia sido feito ainda na época em que o conde da Figueira governava a capitania (1818-1821). Mas, entre 1834 e 1835, Elautério Rodrigues Lima  requereu uma medição e demarcação do terreno dos ervais, “vindo ele ficar Sr. de todos eles, porque se lhes mediram três léguas de matos que abrangeram todos aqueles ervais e até o mesmo que se lhe havia comprado para essa aldeia em 1825”. Havia a justificativa de que os cofres provinciais e mesmo os índios, não dispunham de recursos para pagar as despesas feitas com os engenheiros que mediam os terrenos. Apesar disso, a medição acabou sendo efetuada e os índios trabalharam nos ervais por cerca de três anos, sem que Elautério Rodrigues Lima se opusesse. Quando ele requereu a posse e o uso daquelas terras apenas para si, o vice-presidente da província mandou proceder a reivindicação daqueles ervais por meios judiciais, através da promotoria pública. Isto embargou o trabalho dos índios e atrasou a produção “por falta de meios para semelhantes despesas, e por este motivo, não se tem feito erva alguma”.
No entanto, a medição das terras dos ervais não era a única dificuldade que eles enfrentavam para manter as atividades de produção da erva-mate. Tentativas de arrendar outras terras para continuar com a produção foram frustradas, motivo pelo qual, “veem-se os naturais do Brasil, primários e senhores de tão grandes matas sem terras onde fabriquem uma arroba de erva-mate para seu consumo”, de acordo com o diretor do aldeamento. À medida que as terras  dos ervais eram vendidas ou apropriadas por particulares, políticos e militares, como veremos adiante, as condições dos guaranis de São Nicolau do Rio Pardo ficavam mais difíceis. As tentativas  de tomada de suas terras foram muitas e causaram confusões envolvendo a posse das mesmas pelos índios. Por outro lado, parecia haver outras maneiras de continuar nas atividades com a erva-mate, como nos dá indícios o relato do padre Ambros Schupp, escrito no ano de 1875 (SCHUPP,2004, p. 106). Segundo ele, a zona de planalto, ao norte de um dos afluentes do Rio Pardo, era “povoada por brasileiros, ocupado-se do cultivo de ervais(erva do Paraguai)e a fabricação da erva-mate. São conhecidos como ervateiros ou carijeiros, e o produto de seu trabalho é a erva-mate… A zona de planicie, ao sul, se mostrava prospera, pois era ocupada por alemães. O padre fez uso do clima e da geografia do terreno para estabelecer diferenças étnicas e nacionais entre pessoas com diferenças culturais, um discurso típico para uma época em que a experiência humana podia ser compreendida a partir de escalas evolucionistas ligadas a uma seleção que a própria natureza era capaz de fazer do seres humanos, daí a relação entre clima e cultura. Uma diferença entre brasileiros/ ervateiros/ carijeiros e alemães foi estabelecida tendo como parâmetro o produto da atividade agrícola `a qual se dedicavam naquele território. O uso do termo carijeiros é interessante quando levamos em conta outros usos já feitos do etnônimo carijó no passado( MONTEIRO, 1994,p. 165):
Originalmente, desde meados do século XVI, o etnônimo carijó referia-se aos guarani em geral, objeto principal tanto dos paulistas apresadores de escravos, quanto dos missionários  franciscanos  e jesuítas da América espanhola e portuguesa. Até 1640, a sociedade paulista foi marcada profundamente pela chegada de um fluxo constante de cativos guarani, provenientes sobre tudo do sertão dos Patos e do Guairá.
 Segundo John Manuel Monteiro, a introdução do termo carijó no século XVI pode estar relacionada com estratégias de padronização  de populações a partir do modelo do cativo guarani.Tais padronizações vinculadas ao uso de uma categoria étnica refletem táticas políticas e “ um processo histórico envolvendo a transformação de índios em escravos” (MONTEIRO,1994, p. 166).É claro que o contexto onde o padre Schupp fez uso do termo carijeiros era bem diferente, entretanto, pode ser que as terminologias de carijeiros e ervateiros também apontassem para a reconstituição de uma identidade indígena. Este contexto em que os índios foram vistos como “mestiços” ou “misturados” coincide com o momento em que a sua extinção e a de seus aldeamentos era tomada como inevitável, além de imprescindível para que pudesse haver o loteamento das terras para outros grupos sociais. Na pluma do padre Ambros Schupp, na zona habitada por alemães, reinavam o trabalho e o “empenho em promover a cultura”. Em contrapartida, na área habitada por indígenas, as pessoas viviam em choupanas miseráveis”(SCHUPP,2004, p. 107):
Comem quando tem alguma coisa e sabem passar fome quando de nada dispõem. Divertem-se com as carreiras e os fandangos. Em sociedade circulam a cuia e a bomba com chimarrão fervente. Não sentem necessidades religiosas, suas capelas não passam de choupanas de tábuas, através das quais assobia o vento.
A presença de guaranis no vale do Rio Pardo e o processo histórico de construção das suas identidades estiveram ligados à produção de erva-mate e a presença dos alemães. Além disso, mesmo de maneira enviesada, os índios aparecem como lavradores no cultivo da erva-ervateiros, no relato do pároco. Todavia, os guaranis se relacionaram não apenas com colonos alemães, mas como outros indígenas, como os Coroados. A zona alta à qual o padre se refere é a região da serra do Botucaraí. A picada do mesmo nome ligava a cidade de Rio Pardo à região de Passo Fundo, onde ficavam os aldeamentos de Nonoai e Guarita. Diversos tipos de contato aconteciam entre esses aldeamentos. Em 1850, por exemplo, o diretor de Nonoai e Guarita informaram ao presidente da Província que conhecia bem as vantagens que se poderia tirar dos ditos aldeamentos. Afirmou que não seriam a Companhia de Pedestres ou a de polícia que iriam impor “respeito aos índios”, mas sim quem os ensinasse “a trabalhar na lavoura e fábrica de erva-mate”. Ou seja, indígenas Coroados aprendiam a cultivar a erva justamente no momento em que as disputas de terra em São Nicolau do Rio Pardo ficaram acirradas e os guaranis praticamente haviam perdido os ervais, possibilitando contatos e trocas e saberes entre os índios de Guarita, Nonoai e São Nicolau do Rio Pardo.
Ponto importante a ser observado na formação das identidades étnicas nesse período é que grande parte das ações dos índios guaranis indicam que a reivindicação de seus direitos tenha sido feita com base no acionamento de uma identidade coletiva, a de índios aldeados (ALMEIDA, 2005, p.237). Os usos que fizeram dos espaços dos aldeamentos podem ter sido muito variados. Neste caso específico, a própria condição de “índio aldeado” pode ter se apresentado como uma possibilidade de continuar com as atividades ligadas ao cultivo e à produção da erva-mate. Tal condição pode ter sido acionada em momentos críticos como algo representativo de sua própria identidade, já que dela prescindiam para serem diferenciados dos demais “nacionais”, estrangeiros e indígenas. O que quero sugerir é que, num momento em que suas terras estavam sendo usurpadas e, por vários motivos, os índios estavam sendo impedidos de prosseguir nas atividades com a erva-mate, a condição de aldeados pode ter se apresentado como uma alternativa viável, mesmo que implicasse na ida provisória de guaranis para um aldeamento de caroados. Esses contatos não eram exatamente o que se pode chamar de uma novidade para os índios. De acordo com Jean Batista, “povoados missionais foram compostos por uma diversidade de grupos étnicos significativos na geração, desenvolvimento e complexidade daquela experiência”. (BAPTISTA, 2009, p.226).
É necessário reconhecer, ainda de acordo com o autor, a “diversidade como característica fundamental daquele processo em conjunto à avaliação de significativas transformações identitárias oriundas do contexto” (BAPTISTA, 2009, p.226).

Pés de erva com flores

FONTE: Na Fronteira do Império, política e sociedade na Rio Pardo oitocentista. Melo Karina Moreira Ribeiro da Silva e. EDUNISC, 2018, p.15/19.