quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

COLÉGIO DISTRITAL EM RIO PARDO

II ª Parte

DIRETORIA DO COLÉGIO DISTRITAL

Rio Pardo, 17 de novembro de 1902.

Prédio na Rua Andrade Neves esquina Júlio de Castilho, centro.
Ilutre Cidadão Franco Rodrigues Ferreira M.D.
Intendente do município de Rio Pardo

Convidado por V. Sa. Para apresentar o orçamento dos utensílios e material de ensino necessário a este Colégio durante o ano de 1903, tenho a honra de vo-lo enviar, esperando que vosso patriotismo inspirado e o amor ao bem público encontrarão em minhas humildes, mas sinceras palavras, a verdade nua, singela, incontestável; e, portanto não regateareis esforços para amparar uma instituição que até politicamente desempenhará em breve, um papel importantíssimo no vosso município para argumentar o triumpho de nossos comuns aspirações.
No aludido orçamento figuram não só aqueles objetos indispensáveis ao ensino como também não deixei de falar no fabrico de móveis com diferentes dimensões; visto que estes se revestem dessa lacuna, prejudicial ao desenvolvimento físico das crianças, as quais poderão adquirir deslocamento na espinha pelo motivo de assentar-se em bancos mais altos ou mais baixos de que devem.
Muito preocupa meu espírito o diminuto tamanho das salas onde funcionam as aulas, porque não comportam o numero de alunos que atualmente tem. A frente do edifício já é imprópria para as lições da manhã porque os raios do sol penetram até a outra parede, obrigando os alunos a inquietarem-se com a luz mui forte.
As destinadas para as aulas elementares, que devam ser as melhores estão em mui piores condições higiênicas por terem uma única abertura. A pedagogia manda que a luz deva estar na razão de 1:10, isto é, para cada dez metros de superfície da sala deve ter um metro de abertura na parede para janela. Pois até nesse ponto as saletas das aulas elementares estão em desarmonia, porque precisariam duas janelas. Quando os dias são nublados tornam-se essas divisões do edifício mui escuras. Chama vossa particular atenção para o que vou dizer-vos, por ser de muito maior gravidade e responsabilidade para nós: - Todos os pedagogistas estão de acordo com isto: cada aluno precisa de 30 metros cúbicos de ar puro numa hora; donde se conclui que uma sala para 25 discípulos precisa 750 ms. Daquele indispensável elemento da vida animal; ora, tendo cada aula um volume inferir a 125 metros cúbicos, é claro que a saúde das crianças sofrerá, preparando suas delicadas naturezas para as graves moléstias do aparelho respiratório.
 A lei do ensino moderno tendo por base a preparação do indivíduo para a vida intelectual, moral e física, é indubitável que em um, corpo doente não pode vicejar um ensinamento intelectual e moral.
Como o governo do Estado não pode tomar medidas atinentes( relativo )a remediar os males, que acabo de indicar-vos, (aquisição de edifícios próprios) e sim as administrações locais, cabe, pois, a estas a execução desse fácil problema.
 Na Exposição Pedagógica do Rio de Janeiro, viu-se que em muitos países com a República Argentina, Estados Unidos, França, Portugal e outros a legislação do ensino prescreve regras higiênicas e pedagógicas, que são observadas em todas as escolas, marcando por exemplo o espaço necessário para cada menino, o numero de janelas e sua colocação, o numero de alunos proporcional as dimensões da sala, os metros de altura que deve ser o edifício, os utensílios que deve ser cada escola e outras cautelas a bem da educação física das crianças.
São de eminente pedagogista Conselheiro Leoncio de Carvalho atual Reitor da Universidade Livre e Popular do Rio de Janeiro as palavras que seguem: “Por melhor que sejam os professores, os programas, os métodos de ensino, não preencherão o seu fim, se lhes falharem os  edifícios e materiais escolares.
Em casas estreitas, mal situadas e desprovidas de luz e ar não se pode atender convenientemente a Educação física dos alunos. Sem mapas globos, instrumentos e aparelhos apropriados é impossível o ensino intuitivo, cuja superioridade todos insuficientes e impraticáveis o ensino intuitivo, cuja superioridade todos reconhecem. Obrigados a servirem-se de bancos e de mesas insuficientes e anti-higiênicos, constroem os meninos defeitos e enfermidade que tornam disforme seu corpo e abatem as forças do seu espírito. É pelas casas e pelo material das escolas, observa hipeau?, que melhor se a juíza dos sentimentos de um povo a respeito da educação.”
Sendo V. S. responsável pela escolha do edifício, que deve ser higiênico e eu pelo ensino dos alunos, cabe-nos, portanto, o patriótico e imperioso, dever de prevenir-nos de futuros males.
                                                           Saúde e fraternidade
                                                                                         Baltazar dos Santos Paz
,                                                                                              Diretor
FONTE: C G 115  p. 211 a 213 1902. AHMRP



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