sexta-feira, 30 de março de 2018

IGREJAS DE RIO PARDO


(1)

* NOVEMBRO 1797 – Irmãos Confrades do Senhor dos Passos da Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Rio Pardo pedem autorização para mudar Imagem do Senhor dos Passos para uma casa de sua Confraria, durante a obra da Matriz, onde a imagem estava colocada, e onde não existiam condições para tal; se propõem também os Irmãos Confrades de Nossa Senhora das Dores, que são os mesmos Confrades do Senhor dos Passos, pedem ao Governador um terreno na Rua de Santo Ângelo, que se acha há muitos anos devoluto e servindo de pasto aos animais, “onde na primitiva daquele povo tinha sido a primeira Matriz” ; governador concedeu, e irmãos querem ali construir uma Casa para recolherem a imagem do Divino Senhor.
* 31 JANEIRO 1805 – Devotos do Senhor dos Passos da Freguesia do Rio Pardo construíram “casas” para abrigar a imagem do Divino Senhor que se achava recolhida embaixo da Torre da Matriz (cujo templo fora demolido  para ser novamente reidificado) e solicitam  autorização para dizer missa nas ditas “casas” – pedido concedido – emitida Provisão para celebração da missa no oratório do Senhor dos Passos na Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Rio Pardo.
* 21 SETEMBRO 1812 – “Agostinho Joze Mendes dos Reis Vizitador  Geral das Igrejas do Continente do Sul por Sua Excelência Revendíssimo o Senhor D. Joze Caetano da Silva Coutinho Bispo do Rio de Janeiro Capelão mor de Sua Alteza (...).
Atesto, e fasso Certo que vizitando eu pessoalmente e no dia dezoito do corrente mez e anno a Capela do Senhor dos Passos novamente fabricada nesta Villa a achei decentemente ornada e com os ornamentos das Cores de que uza a Igreja e tudo o mais necessário para a celebração do Santo Sacrificio da Missa com toda a decência. Para o referido na verdade, que afirmo pelo juramento do meu Cargo. Villa de N. Snrª do Rozario do Rio Pardo, 21 de setembro de 1812”
(assinado: Agostinho Joze Mendes dos Reis)
 (Continua)

REFERÊNCIA: documento do  Arquivo Histórico de Rio Pardo,  transcrito por Raimundo Panatieri (linguagem adaptada)

quarta-feira, 28 de março de 2018

ALDEIA DE SÃO NICOLAU CASA DA ORDEM (3)


* Os moradores negros de São Nicolau tinham uma religião protestante fechada, representada por sua igreja que era chamada de Casa da Ordem. Suas crenças eram diferentes da católica, mas tinham relações com ela: credos, uso do rosário, culto à Santíssima Cruz (cruz de madeira). Usavam como cumprimento a frase “Deus Nosso Deus, Deus Salve nós”, rezavam quartos de serviço,
* Casamentos dos moradores da Aldeia eram por contrato. Batizados, casamentos e óbitos eram registrados na Casa da Ordem, por muitos anos não existiram registros na Igreja Católica.
* Tinham orações específicas para caso de doenças e epidemias. Rezavam o Reto pedindo boa colheita.
*  Provavelmente integração do povo negro da Aldeia na Festa de São Nicolau, mas não participavam das cerimônias religiosas.

CHEFE:
- Homem
- Juízas: mulheres – confeccionar os credos
- Pão – era distribuído nos retos em todos os domingos
- Com a morte do chefe deixaram de rezar o reto
- Dia do nosso Deus: 7 de Novembro

* Luto: quando perdiam um ente querido nem as crianças escapavam do luto (cor preta – 1 ano para o pai/mãe, 6 meses para irmãos, 3 meses para tios (xadrez branco e preto gola e punho preto).
* Quando morria alguém era levado ao cemitério no Santo Caixão, lá era enterrado na terra pura e o caixão voltava para a Casa da Ordem até o próximo enterro. 



REFERÊNCIA: Informações de Leonete Romilda Romano Domingues – Janeiro de 1992 e Abril de 1993. Pof. Silvia Barros


terça-feira, 27 de março de 2018

DECISÕES ERAM TOMADAS NA CASA DA ÓRDIA (2)

Cont.... 2
A participação dos negros na comunidade da Aldeia de São Nicolau é recente, mas já passa de cem anos. Antes o grupo realizava seus cultos na Casa da Órdia (Ordem). Algumas ruínas ainda existem atrás do Cemitério da Aldeia. Todas as determinações eram decididas no local, mas apenas, os homens integravam as reuniões. As mulheres somente podiam fazer parte de algumas confraternizações especiais,  como a festa que acontecia todos os anos no dia 12 de fevereiro, quando se comemorava o nascimento da primeira criança negra nascida na aldeia. Mas ainda não se descobriu algum registro para saber o nome, desta criança.
No Ano Novo também se realizava uma celebração especial em adoração a uma santa, chamada pelo grupo de Nossa Mãe, com a participação das crianças e mulheres. Leonete Domingues afirma que a santa não existe mais na comunidade e ninguém sabe o paradeiro, assim como nunca se descobriu quem representa a imagem. No dia se realizava a descida da Cruz e cada participante da celebração fazia a sua reverência.
 Conforme relatos obtidos de filhos das primeiras famílias, a Casa da Órdia foi fechada quando o último sacerdote morreu  e não passou a missão a outro. O prédio era de alvenaria, ao contrário da maioria das casas dos primeiros negros  na localidade, que era de pau-a-pique.
 O atual presidente da comunidade da Aldeia de São Nicolau, Francisco Romano dos Santos é de descendência negra. Leonete Romano Domingues também faz parte da diretoria como ministra da comunidade e secretária.

A História da capela de São Nicolau faz parte da formação e crescimento de Rio Pardo. O LOCAL INICIALMENTE FOI UM ALDEAMENTO DE ÍNDIOS QUE O Governador da Capitania, Marcelino de Figueiredo, reuniu em ranchos nos arredores da localidade. Não existem dados exatos sobre o ano da instalação, mas documentos mostram que isto ocorreu entre 1763 e 1771.

 FONTE: Gazeta do Sul, 10/11/2001. Otto Tesche. Matéria do Jornal encontra-se no Arquivo Histórico de Rio Pardo RS.

domingo, 25 de março de 2018

UM ENTARDECER

ENTARDECER NO LOCAL CHAMADO PASSO DA CAMBOTA  PASSO DA AREIA RIO PARDO

RECORDANDO CONQUISTA HISTÓRICA

COMUNIDADE LEMBRA CONQUISTA HISTÓRICA - 2001  (1)

 A Aldeia de São Nicolau, a sete quilômetros do centro de Rio Pardo, festejam um marco histórico para a comunidade negra do município. Há cem anos um grupo 24 famílias se uniu para comprar uma área de terra de 27 hectares atrás da igreja e do cemitério. Cada um contribuiu com o que pode e mais tarde os lotes da colônia foram distribuídos de forma proporcional à participação das pessoas. A propriedade ainda pertence a descendentes.
O s festejos começam às 16 horas com uma concentração comunitária no local conhecido como figueiras, próximo a igreja de São Nicolau, seguindo com uma caminhada pelas ruas do aldeamento, no Bairro Ramiz Galvão. O Bispo dom Gílio  Felício, PRIMEIRO NEGRO no Estado a receber a ordenação  e hoje atuando em Salvador (BA), preside a celebração Afro defronte ao templo às 17 horas . As comemorações se encerram à noite  com um jantar no pavilhão comunitário.
  A idéia da celebração começou após a descoberta de documentos de compra e venda da terra, que estavam em posse de Debaldina  e Marta Romana, descendentes do grupo que participou da negociação . Os papéis têm a data de 5 de janeiro de 1901, mas a professora Leonete Romano Domingues explica que a decisão de fazer a comemoração neste fim de semana se deve a proximidade com a data consagrada ao Dia  Nacional da Consciência Negra (20 de novembro).
Leonete é uma das descendentes de famílias que participaram da compra das terras.  Ela segue as pesquisas para obter mais dados e busca a ajuda de outras pessoas.  As primeiras informações ela coletou por meio de depoimentos de familiares do grupo que participou da compra. “É muito difícil encontrar algo, pois até há pouco tempo os próprios negros evitavam falar sobre o seu passado”, diz.
 UNIÃO: A professora  observa que chama a atenção o fato de que a comunidade negra no época possuía uma organização e se preocupava com o coletivo . “Pelo documento, ninguém poderia vender as terras, apenas mantê-las para seu usufruto”,  conta.  Nos primeiros documentos não consta o total pago pela área, mas numa escritura posterior aparece o valor de dois contos e 600 mil réis. O documento não previa a área de terra para cada família e a divisão ocorreu de forma verbal.
Na comunidade se tornaram conhecidas as balaieiras, as mulheres dos negros que iam até a cidade carregando verduras e frutas na cabeça para a comercialização. Leonete conta que quando faltava algo na produção em suas terras, as famílias compravam na localidade vizinha de Rincão Del Rey para vender à população urbana. Muitos na cidade ainda lembram-se das mulheres pelas ruas, com sua forma de andar para equilibrar o balaio na cabeça, as mãos para baixo, trazendo produtos frescos para a cidade. A tradição se estendeu em Rio Pardo até meados da década de 70.
A ex- diretora do Instituto Ernesto Alves, de Rio Pardo, e uma das fundadoras da Escola de Samba Embaixadores do Ritmo, Luiza Costa Ferreira, já falecida, compôs uma música homenageando as balaieiras da Aldeia. As mulheres negras que carregavam produtos na cabeça também foram várias vezes lembradas nos desfiles de carnaval da cidade.
Por causa das dificuldades de água, em época de estiagem, as mulheres também seguiam a pé com cestas de roupa na cabeça para lavar no Arroio do Couto, a 45 minutos da Aldeia. A água para abastecer as famílias em época de estiagem o grupo buscava numa fonte próxima, também carregando na cabeça. Da mesma forma levavam a lenha que obtiam no mato, amarrando a carga com cipós. Cont....

FONTE: Gazeta do Sul, 10/11/2001. Otto Tesche. Material que se encontra no AHMRP.

FREDERICO AUGUSTO HANNEMANN



(3)FINAL
... a Fazenda Abelina
Na época havia problemas com as variedades de uva cultivadas no Rio Grande do Sul, o que causava uma série de problemas, resultando num vinho de má qualidade. Porém, a produção da Abelina era exceção: “deve-se porém notar com satisfação o nome de um agricultor e industrial-modelo residente neste município: Augusto Hannemann, que procura, como todo o município sabe, com seus incansáveis esforços, aclimatar neste município a indústria vinhateira e cerícula. Hannemann é o único dos proprietários que melhor vinho tem fabricado, desenvolvendo-se no cultivo da vinha e aperfeiçoamento da indústria (...). (Idem, p. 27v.)

Os contemporâneos de Hannemann reconheciam aquelas qualidades que já haviam dado a ele o reconhecimento do pioneirismo na apicultura: seus conhecimentos científicos, associados à curiosidade e à experiência na busca de um produto de melhor qualidade. Habilidades que tornavam seus produtos conhecidos não só no município: “tem exportado em pipas, barris e engarrafado para o interior da campanha, e algumas caixas têm ido para o Rio de Janeiro, de um vinho branco, qualidade sumamente apreciada”. (Idem, p. 27v.)

Os vereadores destacavam ainda a posição de destaque da Abelina na economia local: “pela sua posição de fortuna pode conseguir montar um estabelecimento em boa ordem, único que temos visto reunir as condições exigidas para o bom fabrico do vinho: local apropriado, boas adegas, excelente prensa para extrair o suco da uva” (Idem, p. 27v.)

A produção de mel da Abelina também se tornou conhecida fora do município. Em 1881 Hannemann se fez presente na primeira mostra industrial da Província, realizada em Porto Alegre. Foram expostas “peneiras e pequenas cadeias para separar abelhas na primavera, visando maior produtividade, mel e fotos da Fazenda Abelina” (Flores, citada por Alves, 1996, p. 66)

O próprio Governo Imperial reconheceu a importante contribuição desse colono alemão para a província gaúcha, em 1884, concedendo-lhe a mercê de Cavaleiro da Ordem da Rosa.

Para os rio-pardenses nada disso era novidade. Hannemann era um homem agradável e muito sociável, e adorava receber visitas, tanto de Rio Pardo quanto de outros municípios. A Abelina era ponto de parada para os carreteiros que faziam o intenso tráfico comercial para a Serra, Missões ou Fronteira.

“A população rio-pardense, quase toda, aos domingos, nas mais variadas conduções, passava o dia nos alegres piqueniques, saboreando suculentos churrascos, cafés com as famosas cucas e milho-broto com o néctar das abelhas e os saborosos vinhos por ele elaborados, tanto de uva como de mel, este uma espécie de champanha que denominava Hidromel. Também valsas e polcas eram dançadas ao bom gosto germânico, pois tanto Hannemann como os filhos executavam instrumentos musicais.” (O Apicultor, 1967, p. 7-8)

(Profª Silvia Barros – Texto produzido em setembro de 2003 para a Associação de Apicultores de Rio Pardo)
REFERÊNCIAS
DOCUMENTAÇÃO DO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL
* Pasta contendo documentação relativa à Associação Rio-pardense de Apicultores, 1967.
* Coleção de Jornais:
- A Folha, 25/5/1969 – p. 2
- Jornal de Rio Pardo, 10/1/1954 – p. 5-6
- Jornal de Rio Pardo, 17/1/1954, p. 5
* Códices:
- Livro nº 346 – Juramento dos estrangeiros e naturalizados, a partir de 1860
- Livro nº 355 – Registros de casamento de religiões diferentes da professada pelo Estado – 1863-188, p. 11, 11v, 12v-13v, 18v-19v
- Livro nº 62 – Secretaria – 1867, p. 218
- Livro nº 375 – Registro de ofícios e editais da Câmara Municipal – 1871 -1880, p. 27-28
- Livro nº 81 – Secretaria – 1884, p. 116
* Bibliografia disponível na Biblioteca Pública Municipal
MUXFELDT, Prof. Hugo. Hannemann e Schenk. In: ALMANAQUE CORREIO DO POVO. Porto Alegre: Cia. Caldas Júnior, 1977. P. 250-251.
FLORES, Hilda Agnes Hübner. A exposição de 1881. In: ALVES, Francisco das Neves; TORRES, Luiz Henrique (org.). Ensaios de História do Rio Grande do Sul. Rio Grande: Universidade de Rio Grande, 1996.
PORTO, Aurélio et al. Diccionario Enciclopédico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Minuano Ltda, 1936. Fascículo II, Iº Vol.

quinta-feira, 22 de março de 2018

terça-feira, 20 de março de 2018

EXPOAGRO - RINCÃO DEL REI - RIO PARDO

A Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), estabelecida na Região do Vale do Rio Pardo, surgiu da iniciativa dos  agricultores que, procurando sanar uma necessidade comum, buscavam  amenizar o prejuízo causado pelo granizo em suas lavouras de fumo. Então, a entidade expandiu suas atividades e constantemente busca melhorias para o produtor rural.
Destacam-se, entre outras:
·         A produção florestal com eucalipto, que vem em prol da manutenção das matas nativas;
·         A conscientização ecológica - promovidas entre os alunos de escolas públicas e privadas, através do Projeto Verde é Vida;
·         O recolhimento de embalagens de agrotóxicos no meio rural;
·         A promoção da campanha de erradicação do trabalho infantil, através do Instituto Crescer Legal;
·         E o incentivo às culturas paralelas ao fumo, uma clara demonstração da preocupação  da Entidade com a monocultura na região.   
Há muitos anos, a entidade desenvolve, através do departamento Agro florestal, trabalhos técnicos que promovem a complementação de receita nas propriedades dos fumicultores.  Essas atividades compreendem a produção de milho, de frutas e de hortaliças, a criação de animais, a prática do reflorestamento, o desenvolvimento de experimentos diversos na área florestal e agrícola, através da promoção de reuniões técnicas e dias de campo, entre outras.
Esse trabalho é muito importante não só para a região, mas para todo  Sul do Brasil. E foi com intuito de propagar esses trabalhos e divulgar as tecnologias à disposição do produtor rural que a Afubra, com apoio de diversas entidades e empresas, resolveu promover a EXPOAGRO AFUBRA, uma exposição agropecuária que tem por finalidade mostrar  o potencial de nossa região e apresentar propostas de tecnologias, produtos e serviços.
 A Primeira Expoagro Afubra realizou-se em março de 2001 e reuniu 64 empresas expositoras, com um publico de mais ou menos 2.000 mil pessoas.

A Última Edição da Expoagro Afubra (2017), segundo organizadores, recebeu um público estimado em 80.000 mil pessoas, que renovaram conhecimentos e conheceram novas técnicas, trocaram novas experiências através de seminários, novos conhecimentos e descobertas novas e a tecnologias para ajudar  no plantio certo de culturas certas para cada lugar ou o solo certo, tudo para que o produtor rural tenha além do seu conhecimento novas técnicas para o seu sucesso e a continuação no meio rural. No ano 2017, teve como tema "A Floresta", segundo o engenheiro agrônomo Marco Antonio Dornelles, coordenador geral da Expoagro Afubra, a floresta nativa oferece renda  e ao mesmo tempo que cumpre a sua função fundamental ambiental  de proteção das nascentes, matas ciliares e abriga vários tipos de animais e vegetais.... Hoje contamos com grande número de expositores, este evento já atingiu nível Nacional.

FONTE: Gazeta do Sul, vários anos e material do AHMRP









segunda-feira, 19 de março de 2018

FREDERICO AUGUSTO HANNEMANN


(2)
A Fazenda Abelina

Quando emigrou para o Brasil, Hannemann tinha 34 anos. Já acumulava bons conhecimentos sobre apicultura, silvicultura, fruticultura e fabricação de vinhos. Na Fazenda Abelina aplicou todos esses conhecimentos, criando “um dos maiores apiários até então existentes no Brasil. Hannemann, cognominado ‘o pai das abelhas’ do Brasil, foi precursor da apicultura adiantada pois introduziu muitos melhoramentos na criação de abelhas, usando métodos próprios e processos contrários aos da  maioria dos apicultores de então. Foi o arauto da formação de colméias gigantes pela reunião de diversos enxames e como nesse processo era necessário separar as rainhas e as engaiolar, inventou a peneira de abelhas e as gaiolas de passagens, apetrechos que trazem seu nome. Embora conhecendo o sistema mobilista, não usaria em seu apiário as colméias de quadros, mas um sistema que ideiou, vantajoso para aqueles tempos (...). (Bergmann, 1954, p. 99)
Aos poucos foi adaptando suas terras para o desenvolvimento da apicultura. Cultivou flores e criou um pomar com as árvores que julgava mais apropriadas para seu objetivo: marmeleiros do Japão, caquizeiros, jaboticabeiras. Também plantou magnólias e eucaliptos. Fazia de tudo, de acordo com um planejamento prévio. Logo se deu conta de que as abelhas da espécie Apis mellifera mellifera, que trouxera da Alemanha, não se adaptavam bem ao novo ambiente. Por isso, trouxe da Itália a espécie Apis mellifera lingusta e providenciou o cruzamento das duas espécies, obtendo uma nova variedade, perfeitamente adaptada ao novo clima.
No final do século XIX Hannemann usou seus conhecimentos literários e difundiu sua experiência. Escrevia artigos para jornais e revistas especializadas do Brasil e da Alemanha, tornando conhecidas suas novas idéias, que revolucionaram os conceitos da apicultura européia e atraíram outros apicultores alemães para o sul do Brasil.
Na revista Brasinialische Bienenpflege, publicada por Emilio Schenk, em 1899, Hannemann explicava: “Para Portugal chegam os trabalhadores, vindos da Espanha para ajudar na colheita de uvas e fabricação de vinhos, por salários baixos. Assim fazem os fazendeiros alemães contratando todos os trabalhadores disponíveis, na época da colheita de cereais, para aproveitar o bom tempo. Terminada a colheita, precisa-se menos operários, pois há menos trabalho. O mesmo acontece com as abelhas, na primavera, no período forte da floração, nunca se tem abelhas demais. Porém, antes da florada e depois, precisamos menos abelhas.” (Muxfeldt, 1977, p. 250)
Descrevia o emprego dos caixilhos alemães, que favoreciam a mobilização mas eram muito caros, obrigando-o a desenvolver um método próprio. Relatava que “no meu colmeal embora tenha 150 passos de comprimento, os apicultores da escola moderna ficarão desapontados, porque nele não encontrarão nenhuma das caixas dos famosos apicultores alemães”. (Pimentel, 1954, s/p) Explicava mais: que seu processo era diferente do praticado na Alemanha porque ele, além do mel, queria a cera, produto muito valorizado na época. Defendia a importância da prática da reunião de enxames: “10 a 20, para formar famílias gigantescas. Eles conservam os favos velhos todo o tempo possível, e eu os tiro, se puder, todos os anos, porque as abelhas preferem as construções novas e nelas a prole se desenvolve melhor. Eles têm de prover os caixilhos de favos artificiais inteiros ao passo que eu só dou aos primeiros enxames tiras de favos naturais de uns 10 cm de largura e aos outros, apenas tirinhas estreitas, como início. Segui um sistema diferente dos métodos usados na Alemanha. Aqui o meio é outro. Deste modo criei meu colmeal e meu sistema de trabalho apropriado ao clima do Rio Grande do Sul.” (Pimentel, 1954, s/p)
Na Fazenda Abelina também se produzia vinho. É importante citar este fato, para se ter a real dimensão do pioneirismo de Hannemann. Em 1872 a Câmara de Vereadores de Rio Pardo informava ao Governador da Província, Dr. José Fernandes da Costa Pereira Júnior: “que o cultivo da vinha com o fim de utilizar-se no fabrico do vinho é uma forma que demanda capital, pois que este fabrico sem ser simples no seu processo requer certas acomodações e especialidades superiores às condições econômicas da maior parte dos nossos colonos, únicas dos lavradores do município que se há dedicado à indústria vinhateira (...)”. (Livro 375, 1871 a 1880, p. 27)
(Continua)

sexta-feira, 16 de março de 2018

FREDERICO AUGUSTO HANNEMANN


(1)

Frederico Augusto Hannemann nasceu em 25 de maio de 1819, em Wartenburg, Reino da Saxônia. Aos 34 anos resolveu emigrar para o Brasil, onde pretendia dedicar-se à apicultura. Integrando um grupo de 332 agricultores alemães, enfrentou uma viagem de navio de três meses para chegar ao Brasil. Desembarcou em 27 de dezembro de 1853 em Porto Alegre. Trazia consigo a esposa, Frederica Guilhermina Hannemann e a filha Cosmopolitina, nascida durante a viagem.
O destino do grupo era São Leopoldo. Porém, Hannemann não encontrou na região condições favoráveis para a criação de abelhas. Por isso permaneceu pouco tempo ali. Passou a viajar pelo interior do Estado, até que encontrou “notável proeminência de terrenos, na margem direita do rio Pardo e esquerda do Jacuí, em frente e ao norte da barra dos mesmos rios” (Sacarello, citado por Porto et al, 1936, p. 18).
Ele subira o rio Jacuí e descobrira o lugar ideal para desenvolver seu plano, localizado entre os arroios Cabral e Passo da Areia, a 10 km da sede, no município de Rio Pardo. Comprou as terras, uma área total de 180 ha, e ali construiu a casa onde viveu com a família até 1912.
Batizou sua nova propriedade com o nome de Fazenda Abelina. Ali nasceram sua filha Maria Othilia, em 14 de novembro de 1854 e seu filho Alexandre Maximiliano, em 14 de outubro de 1860. Realizou seu sonho de dedicar-se à apicultura e produzir vinho, destacando-se como produtor rural, a ponto de ser distinguido em 1884 com a concessão, pelo Governo Imperial, da “mercê de Cavaleiro da Ordem da Rosa” (Livro 81, 1884, p. 116). Nesse mesmo ano resolveu naturalizar-se e no dia 2 de julho compareceu à Câmara de Vereadores de Rio Pardo, declarando que “vinha fazer, como pelo presente termo faz as seguintes declarações: que é natural da Alemanha, de sessenta e cinco anos de idade, acatólico, casado, com filhos, que veio para o Brasil como colono no ano de mil oitocentos e cincoenta e três, que quer naturalizar-se cidadão brasileiro, fixar sua residência neste Império e tomá-lo por pátria.” (Jornal de Rio Pardo, 1954, p. 5)
No mesmo dia, prestou juramento para ser reconhecido como cidadão brasileiro naturalizado.
Frederico Augusto Hannemann morreu em 26 de julho de 1912, sendo sepultado no cemitério da Fazenda Abelina, ao lado da esposa Frederica Guilhermina, que morrera em janeiro do mesmo ano.
(Continua)

quinta-feira, 15 de março de 2018

JACINTHA SOUZA


TRECHO DE UM DOCUMENTO ESCRITO ENTRE 1866 A 1878, POR EVARISTO ALVES DE OLIVEIRA

A casa de D. Jacintha está situada no Distrito do Arroio das Pedras, distante oito milhas da cidade de Rio Pardo, sendo fundada por Jorge de Souza, que era natural da Ilha dos Açores.
Foi hum dos primeiros povoadores deste districto como o forão Matheus Simões, e João Pereira Fortes, que, guiados pela religião bem entendida lhe servião de bussola no labor da vida domestica, como invariaveis costumes a todas as reformas sociais, e por isso deixarão sanzonados frutos dessas famílias, que formam o pedestal desta Provincia; e que não invejarão aos actuaes Colonos, porque occuparão se simultaneamente na lavoura, na vida pastoril, e em expelir os bugres, e hespanhoes, onde hoje está plantado o pavilhão brasileiro.
Antonio de Souza Nunes, filho de Jorge de Souza era lavrador laborioso, e fazendeiro, e guiava seus escravos desde a idade infantil no ensino religioso, na lavoura, e na vida pastoril, e ao mesmo tempo como se devião portar para com os seus superiores, fazendo sempre essa pratica, por isso sua filha D. Hacintha tirou o fruto benéfico desse resultado, que, vivendo n’uma casa de campo exolada, foi sempre obedecida por elles, e respeitada pelas forças beligerantes dos LEGAIS, e REPUBLICANOS por espaço de dez anos da revolução nesta Provincia.
Hua força republicana de tres mil homens ali estivera acampada mais de um mês, defronte de sua casa, e não só a respeitavam, como a seus fâmulos. Os officiais, e generaes diambos os partidos lhes offerecião proteção por escrito, para que as forças sob suas influencias a respeitassem, e não fizessem o menor insulto em sua casa, mas ella recusava a todos esses offerecimentos, por que o seu partido era a caridade, curando, e cuidando aos doentes, e dar de comer a quem chegasse a sua casa com fome, sem attender a partido algum, e assim foi venerada, e respeitada por todo as as pessoas que alli chegavão.”

NOTA DA REDAÇÃO – É evidente que se trata da Revolução Farroupilha (1835-1845). Possivelmente é a mesma força que a 30-4-1838, depois de atravessar o Rio Pardo e ali abrir picadas, de Rincão Del Rei a Aldeia de São Nicolau, surpreendeu as forças legalistas em Rio Pardo, enfrentando-as e derrotando-as, no célebre combate de Barro Vermelho.

REFERÊNCIA:
Jornal de Rio Pardo – 20 de maio de 1954. Edição Especial Comemorativa do 66º aniversário da abolição da escravatura (4 folhas).

segunda-feira, 12 de março de 2018

ENGENHEIROS NO RIO GRANDE DO SUL – SÉCULO XVIII


No Sul, a Coroa portuguesa contou com a participação de engenheiros militares, como José Custódio de Sá e Faria, José Fernandes Pinto Alpoim, Michelangelo Blasco e Manoel Vieira Leão. Segundo Weimer, os quatro eram arquitetos que acompanharam Gomes Freire de Andrada na demarcação do Tratado de 1750. Os engenheiros-arquitetos representaram uma nova mentalidade na concepção e ordenação do espaço urbano, e colaboraram em importantes projetos. Todos chegaram ao posto de Brigadeiro, com excessão de Leão, que era sargento-mor.
Em sua maioria, os engenheiros dedicaram-se à arquitetura militar e religiosa. As igrejas possuíam uma posição de destaque dentro das povoações. Isso era uma decorrência das Ordenações Portuguesas. As Cartas Régias, que prescreviam a criação de vilas, além de outros critérios, sempre especificavam que deveria haver um lugar para a igreja, capaz de receber competente número de fiéis quando a população aumentasse.
Quando José Fernandes Alpoim esteve no Sul, em 1763, foi à Colônia, acompanhando o Governador Pedro José Soares de Figueiredo Sarmento, para encontrar-se com Ceballos e tratar do restabelecimento da paz em Colônia. A única obra de sua autoria no Sul é o Forte de Rio Pardo.”
 “(...) Francisco José Roscio, engenheiro militar português que atuou no Sul, Roscio fez uma brilhante carreira militar. Foi ajudante de ordens do Marechal Jacques Funck em 1767. Após desentendimentos familiares, veio ao Brasil. Construiu fortes e obras civis, a mais conhecida é a Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro. Foi comissário de demarcação de limites em 1778 e governador interino do RS entre 1801 e 1803. Durante esse período, fez os projetos das matrizes de Nossa Senhora de Rio Pardo e Nossa Senhora da Conceição de Cachoeira.”
As capelas de Torres e de São Francisco, em Rio Pardo e a capela-mor da Igreja de Taquari também são de sua autoria. São obras de qualidade realizadas nas mais adversas condições (...).” 

REFERÊNCIA: BITTENCORT, Doris Maria Machado de. Arquitetura de pedra e cal no Litoral Sul e Vale do Jacuí, nos séculos XVII e XVIII: Colônia do Sacramento, Rio Grande, Viamão e Santo Amaro. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2007.  p. 152; 188; 190.


sábado, 10 de março de 2018

FORTE JESUS MARIA JOSÉ DE RIO PARDO


De 1756 a 1759 o forte Jesus Maria José de Rio Pardo foi edificado em terra e pedra, sob a direção de Gomes Freire de Andrade e traço de José Fernandes Pinto Alpoim. Esta fortificação desempenhou importante papel dissuasório na invasão de 1774 pelo governador de Buenos Aires, General Vertiz y Salcedo. Mais do que por suas muralhas valia por sua posição dominante sobre o estratégico passo do Jacuí.
Em 1775, o general Böhn, comandante do Exército do Sul, constatou dele haver restado “o mastro, um velho armazém da época da construção e peças de ferro de alguma utilidade sem grande risco.” Foi restaurado em grande parte com pedras e prestou serviços, até 1812, quando, com a expansão da fronteira até os rios Uruguai e Jaguarão, surgiram bases avançadas em Bagé e São Borja e uma intermediária em Batovi (São Gabriel).
Existem relatos de que em 1813 parte de suas muralhas serviram para calçar ladeira que ligava o forte à Vila.
O Forte Jesus Maria José do Rio Pardo serviu de base para reconhecimento, exploração e conquista gradativa e defesa da campanha e das Missões; foi  pólo irradiador para regiões sob sua influência da “civilização castrense ou militarizada” e  sentinela avançada para dar segurança a Porto Alegre. Por nunca ter sido tomado pelos espanhóis ficou conhecido na história como a "Tranqueira Invicta".

Referência: A FORTALEZA BRASIL – Coronel Claudio Moreira Bento (Academia de História Militar Terrestre do Brasil). Disponível em: ahimtb.org.br/fortbrasil.htm#riopardo

quarta-feira, 7 de março de 2018

CEMITÉRIOS DE RIO PARDO


Segundo Dante de Laytano, em Rio Pardo os mortos eram enterrados em cemitérios existentes atrás das igrejas: na Matriz, na Capela dos Passos, na Capela de São Francisco, na Capela da Aldeia de São Nicolau e, no interior do município, nos cemitérios do distrito de Cruz Alta e das fazendas, além de sepulturas espalhadas pelos campos.
Relatório solicitado pela Câmara de Vereadores em 1845 informa a respeito de cemitérios: “não há no Município um só que ao devido respeito pelas cinzas dos finados una as qualidades higiênicas que a ciência tem mostrado necessárias. Aqui, na Vila, os Cemitérios fartos de cadáveres, com que já não podem, empestam a povoação em cujo centro se conservam. As nossas Igrejas prenham os próprios muros de catacumbas; e com prejuízo dos vivos, e com desrespeito talvez da majestade do sítio, convertem-se em amplas carneiras para se fazer de alguma renda. Tal estado não é compatível, Senhores, com o bem estar do Município, e com as ideias que convêm inspirar ao povo, ainda muito abalado e descrido por essa longa e desorganizadora luta que termina. Por isso a Comissão aponta a construção de Cemitérios em locais idôneos nesta Vila, Encruzilhada, Aldeia e Cruz Alta como um dos principais melhoramentos que o Município requer.”.

REFERÊNCIAS:
LAYTANO, Dante de. Guia Histórico de Rio Pardo, cidade tradicional do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: AGE, 1979. (Edição da Prefeitura Municipal de Rio Pardo). p .48-50; 126
Documento avulso nº 5 – Caixa nº 46 – Documentos avulsos – 1845, do acervo do Arquivo Municipal de Rio Pardo. (Documento transcrito com ajustes ortográficos)

domingo, 4 de março de 2018

RAFAEL PINTO BANDEIRA E OS GUERRILHEIROS NEGROS


Na época das invasões espanholas ao território do Rio Grande do Sul (1763-1776) a Coroa Portuguesa teve dificuldades para reforçar as tropas que ali atuavam. Uma saída para tal problema foi determinar que deveria se adotar o sistema de guerrilha nos combates: “A guerra contra o invasor será feita com pequenas patrulhas atuando dispersas, localizadas em matos nos passos dos rios e arroios. Destes locais sairão ao encontro dos invasores para surpreendê-los, causar-lhes baixas, arruinar-lhes cavalhadas, gados e suprimentos, e ainda trazê-los em contínua e persistente inquietação.”
“O horror de negros valentes que o medo não conheciam”
Nessa guerra de guerrilhas, denominada Guerra à Gaúcha, destacou-se a atuação do corpo de guerrilheiros negros comandado por Rafael Pinto Bandeira. Para enfrentar a tropa de D. Antonio Gomes, em janeiro de 1774, ele reuniu 80 escravos nas serras do Tape e do Herval – Rincão do Canguçu e da Encruzilhada. O grupo venceu as tropas espanholas provenientes das Missões, causando danos e terror, sem dar sossego ao inimigo que bateu em retirada. Enquanto isto, homens pretos, brancos e mulatos faziam limpeza nos campos de gado cavalar e vacum, deixando o exército de Vertiz sem recursos disponíveis.

REFERÊNCIA: FONSECA, Pedro Ari Veríssimo da. O negro na história do Rio Grande heroico (1725 – 1879). Passo Fundo: Projeto Passo Fundo, 2013. (p. 70-71). Disponível em: https:/books.google.co.br/books?usbn=83260389.

sábado, 3 de março de 2018

FORTE JESUS MARIA JOSÉ DO RIO PARDO


O Forte Jesus Maria José era uma simples “tranqueira”, construída numa elevação de terreno, utilizando o sistema de paliçadas e fossos.
Inicialmente deveria servir apenas como ponto de irradiação às tropas portuguesas comandadas por Gomes Freire de Andrade e encarregadas das demarcações do Tratado de Madri. Porém, a resistência dos índios missioneiros mudou a situação e ele acabou por se transformar na “Tranqueira Invicta”, responsável pela expansão e manutenção das fronteiras portuguesas no extremo sul da América.
Em 1774, já anulado o Tratado de Madri, os espanhóis atacavam o Rio Grande, planejando “internar-se pela campanha, penetrar na fronteira do Rio Pardo e apoderar-se de Viamão.
Sob o comando do General Vertiz, o inimigo acampou a uma légua do Forte Jesus Maria José. Aguardando novos recursos para levar um ataque decisivo à posição portuguesa. E foi então que ocorreu a Manobra Salvadora:
“Socorreu-se José Marcellino de um hábil estratagema, que veiu tiral-o das aperturas em que se achava.
O Governador, simulando chegar da capital, fez espalhar os soldados, vibrar os clarins, rufar os tambores e troar em successivas salvas a artilharia da Fortaleza, que, embandeirada e armada com flammulas e galhardetes, apresentava um duplo aspecto de festa e de força, destinado a infundir terror ao inimigo.
De facto, possuiu-se este de invencível pânico, em face de tanta ostentação de pujança e de esplendor, em contraste com a idéia que fazia da posição portugueza de Rio Pardo estava desmantelada e com as peças encravadas.
A realidade, porém, que Vertiz felizmente ignorava, era que a trovejante artilharia, que tanto o impressionou, não passava de umas pobres peças de ferro.
O exército hespanhol tomava as ultimas providencias para levantar acampamento quando, na manhã seguinte á supposta chegada, o Governador José Marcellino mandou fazer cumprimentos ao General Vertiz, que os correspondeu affectuosamente.
Não tardou muito que chegasse à Fortaleza um expresso de parte do chefe inimigo, com um officio para José Marcellino. Vertiz despedia-se do Governador portuguez, visto ‘achar-se completa a diligencia de visitar o território pertencente a El-Rei seu amo’.
Estava mallograda a empreza conquistadora lançada pelo Governador das Provincias do rio da Prata.
E si o Rio Grande, que até então continuava quase abandonado e desprovido de meios de defeza, não caiu em poder do exercito invasor, deve-o principalmente ao heroísmo e ao patriotismo de seus filhos desvelados, conduzidos às pelejas pelo valente Capitão Raphael Pinto Bandeira.

REFERÊNCIAS
História do Rio Grande do Sul para o Ensino Cívico, João Maia, Globo, POA, 1920, p. 20-2.
Guia Histórico do Rio Pardo – Dante de Laytano, 2ª edição, p. 115.