“O
Forte Jesus Maria José era uma simples “tranqueira”, construída numa elevação
de terreno, utilizando o sistema de paliçadas e fossos.
Inicialmente deveria servir apenas como
ponto de irradiação às tropas portuguesas comandadas por Gomes Freire de
Andrade e encarregadas das demarcações do Tratado de Madri. Porém, a
resistência dos índios missioneiros mudou a situação e ele acabou por se
transformar na “Tranqueira Invicta”, responsável pela expansão e manutenção das
fronteiras portuguesas no extremo sul da América.
Em 1774, já anulado o Tratado de Madri, os
espanhóis atacavam o Rio Grande, planejando “internar-se pela campanha,
penetrar na fronteira do Rio Pardo e apoderar-se de Viamão.
Sob o comando do General Vertiz, o inimigo
acampou a uma légua do Forte Jesus Maria José. Aguardando novos recursos para
levar um ataque decisivo à posição portuguesa. E foi então que ocorreu a
Manobra Salvadora:
“Socorreu-se
José Marcellino de um hábil estratagema, que veiu tiral-o das aperturas em que
se achava.
O Governador, simulando chegar da capital,
fez espalhar os soldados, vibrar os clarins, rufar os tambores e troar em
successivas salvas a artilharia da Fortaleza, que, embandeirada e armada com
flammulas e galhardetes, apresentava um duplo aspecto de festa e de força,
destinado a infundir terror ao inimigo.
De facto, possuiu-se este de invencível
pânico, em face de tanta ostentação de pujança e de esplendor, em contraste com
a idéia que fazia da posição portugueza de Rio Pardo estava desmantelada e com
as peças encravadas.
A realidade, porém, que Vertiz felizmente
ignorava, era que a trovejante artilharia, que tanto o impressionou, não
passava de umas pobres peças de ferro.
O exército hespanhol tomava as ultimas
providencias para levantar acampamento quando, na manhã seguinte á supposta
chegada, o Governador José Marcellino mandou fazer cumprimentos ao General
Vertiz, que os correspondeu affectuosamente.
Não tardou muito que chegasse à Fortaleza
um expresso de parte do chefe inimigo, com um officio para José Marcellino.
Vertiz despedia-se do Governador portuguez, visto ‘achar-se completa a
diligencia de visitar o território pertencente a El-Rei seu amo’.
Estava mallograda a empreza conquistadora
lançada pelo Governador das Provincias do rio da Prata.
E si o Rio Grande, que até então continuava
quase abandonado e desprovido de meios de defeza, não caiu em poder do exercito
invasor, deve-o principalmente ao heroísmo e ao patriotismo de seus filhos
desvelados, conduzidos às pelejas pelo valente Capitão Raphael Pinto Bandeira. “
REFERÊNCIAS
História do Rio
Grande do Sul para o Ensino Cívico, João Maia, Globo, POA, 1920, p. 20-2.
Guia Histórico do Rio
Pardo – Dante de Laytano, 2ª edição, p. 115.
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