(3)FINAL
... a Fazenda Abelina
Na época havia problemas com as variedades de uva
cultivadas no Rio Grande do Sul, o que causava uma série de problemas,
resultando num vinho de má qualidade. Porém, a produção da Abelina era exceção:
“deve-se porém notar com satisfação o nome de um agricultor e industrial-modelo
residente neste município: Augusto Hannemann, que procura, como todo o
município sabe, com seus incansáveis esforços, aclimatar neste município a
indústria vinhateira e cerícula. Hannemann é o único dos proprietários que
melhor vinho tem fabricado, desenvolvendo-se no cultivo da vinha e
aperfeiçoamento da indústria (...). (Idem, p. 27v.)
Os contemporâneos de Hannemann reconheciam aquelas
qualidades que já haviam dado a ele o reconhecimento do pioneirismo na
apicultura: seus conhecimentos científicos, associados à curiosidade e à
experiência na busca de um produto de melhor qualidade. Habilidades que
tornavam seus produtos conhecidos não só no município: “tem exportado em pipas,
barris e engarrafado para o interior da campanha, e algumas caixas têm ido para
o Rio de Janeiro, de um vinho branco, qualidade sumamente apreciada”. (Idem, p.
27v.)
Os vereadores destacavam ainda a posição de
destaque da Abelina na economia local: “pela sua posição de fortuna pode
conseguir montar um estabelecimento em boa ordem, único que temos visto reunir
as condições exigidas para o bom fabrico do vinho: local apropriado, boas
adegas, excelente prensa para extrair o suco da uva” (Idem, p. 27v.)
A produção de mel da Abelina também se tornou
conhecida fora do município. Em 1881 Hannemann se fez presente na primeira
mostra industrial da Província, realizada em Porto Alegre. Foram expostas
“peneiras e pequenas cadeias para separar abelhas na primavera, visando maior
produtividade, mel e fotos da Fazenda Abelina” (Flores, citada por Alves, 1996,
p. 66)
O próprio Governo Imperial reconheceu a importante
contribuição desse colono alemão para a província gaúcha, em 1884,
concedendo-lhe a mercê de Cavaleiro da Ordem da Rosa.
Para os rio-pardenses nada disso era novidade.
Hannemann era um homem agradável e muito sociável, e adorava receber visitas,
tanto de Rio Pardo quanto de outros municípios. A Abelina era ponto de parada
para os carreteiros que faziam o intenso tráfico comercial para a Serra,
Missões ou Fronteira.
“A população rio-pardense, quase toda, aos
domingos, nas mais variadas conduções, passava o dia nos alegres piqueniques,
saboreando suculentos churrascos, cafés com as famosas cucas e milho-broto com
o néctar das abelhas e os saborosos vinhos por ele elaborados, tanto de uva
como de mel, este uma espécie de champanha que denominava Hidromel. Também
valsas e polcas eram dançadas ao bom gosto germânico, pois tanto Hannemann como
os filhos executavam instrumentos musicais.” (O Apicultor, 1967, p. 7-8)
(Profª Silvia Barros
– Texto produzido em setembro de 2003 para a Associação de Apicultores de Rio
Pardo)
REFERÊNCIAS
DOCUMENTAÇÃO DO
ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL
* Pasta contendo
documentação relativa à Associação Rio-pardense de Apicultores, 1967.
* Coleção de Jornais:
- A Folha, 25/5/1969
– p. 2
- Jornal de Rio
Pardo, 10/1/1954 – p. 5-6
- Jornal de Rio
Pardo, 17/1/1954, p. 5
* Códices:
- Livro nº 346 –
Juramento dos estrangeiros e naturalizados, a partir de 1860
- Livro nº 355 –
Registros de casamento de religiões diferentes da professada pelo Estado –
1863-188, p. 11, 11v, 12v-13v, 18v-19v
- Livro nº 62 –
Secretaria – 1867, p. 218
- Livro nº 375 –
Registro de ofícios e editais da Câmara Municipal – 1871 -1880, p. 27-28
- Livro nº 81 –
Secretaria – 1884, p. 116
* Bibliografia
disponível na Biblioteca Pública Municipal
MUXFELDT, Prof. Hugo. Hannemann e Schenk. In: ALMANAQUE CORREIO DO POVO. Porto Alegre: Cia. Caldas Júnior, 1977.
P. 250-251.
FLORES, Hilda Agnes Hübner.
A exposição de 1881. In: ALVES, Francisco das Neves; TORRES, Luiz Henrique
(org.). Ensaios de História do Rio Grande do Sul. Rio Grande: Universidade de
Rio Grande, 1996.
PORTO, Aurélio et al.
Diccionario Enciclopédico do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Minuano
Ltda, 1936. Fascículo II, Iº Vol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário