quinta-feira, 29 de agosto de 2019

LINGUAJAR VERDE-OLIVA ESCOLA MILITAR



ARATACA 



Tem algum(a) arataca aí? De onde provém esse termo? Qual é o significado original?
Segundo Agenor Lopes de Oliveira (apud CORREIA, Jonas. 1961, p. 43), arataca vem do tupi 'ara tác', colher batendo com estrépito (ruidosamente).
Na gíria dos caçadores, é a armadilha usada para aves ou caça miúda, tal como "arapuca".
Na gíria militar, referia-se à "mala destinada à guarda de objetos e de roupas, usada nos alojamentos dos soldados, nos quartéis, os quais, por analogia (semelhança), apelidavam-na de arataca, pelo fato de a tampa desse móvel fazer ruído, estalando ao abrir e fechar".
Além desse significado e, talvez até por ele, o termo também era usada para referir-se ao militar proveniente do norte e ao cearense na Academia Militar do Realengo. Provavelmente, por esse militar usar sempre a mala em questão.
 
De certa forma, o Gen Jonas Correias não explica, como ou por qual razão "arataca" passou a ser usado para referir-se ao militar oriundo do Nordeste do Brasil.
 

FONTE: CORREIA, Jonas. Introdução ao vocabulário de gíria militar. Rio de Janeiro: MEC. 1962)

MARCAS DAS ESCOLAS MILITARES- RIO PARDO

Antiga Escola Militar- Hoje Centro Regional de Cultura

 A Escola Militar deixou, em Rio Pardo, saudades sentidas ainda, após 56 anos!
Alunos escritores e poetas (e havia um punhado d’eles) traziam a sociedade em alegre atividade, sendo que as garotas, em constante “sobressalto” como grata recordação daquela época, seus remanescentes fazem publicar os versos do então aluno Polidoro Barbosa, hoje coronel, soldado patriota que, por muitos anos, fez parte da Comissão Rondon e Serviços de Fronteira. A homenagem aqui prestada prende-se às afetuosas expressões do poeta quando nos dedicou.
                           Adeus, Rio Pardo! 

As rio-pardenses, moçoilas casadouras,
Recambiam os olhares cadetais;        
As rio-pardenses, moçoilas casadouras,
Sonhos de Rio Pardo
Conseguem entender o namorico.

Os cadetes se enfeitam com o garance
E na pracinha vão fazer figuras
E as garotas nem siquer suspeitam
Que um deles e o rei dos Caraduras.

Nas suas acolhidas querençosas,
Elas pealam o cadete arisco
E consagrados e com muitos sonhos
Conseguem entender o namorico.

Com o Amor elas formam equações:
Mais ou menos, feliz ou infeliz.
Alguns cadetes, cabras escovados,
Simulam não saber achar o X.

                                                   Sob a Luz de lampiões a querozene,
Lampião Antigo
Há lindas juras de amor sempre leal
E algumas, descuidados, ficam presos
 Nos elos da atração universal.

Desnorteada fica uma donzela,
Assim como as bolas sem manica,
Quando o cadete sai do Rio Pardo
E sobre o casamento não se explica.

A partida, para gosar as férias,
Té parece o estouro da boiada:
Por todos os rincões do Rio Grande
Espalha-se a alegre cadetada.

                           Alguns aqui não mais regressarão
                           E deixam Rio Pardo com pesar.
                           No fim do sueto, no Rio eles irão
                           Dourada lagartixa conquistar.

Os cadetes, assim como andorinhas,
Aratacas - mala de madeira

Em outro pouso vão fazer verões.
Levam nas aratacas suas tralhas
E o Rio Pardo nos seus corações.

 Remetente: Sr. Cap. Ten. Victor Caminha Caxambu, Minas Gerais.
O autor com mais ou menos de 75 anos de idade.

FONTE:  Victor Caminha, documento solto, 02/12/1901. Caixa 27 Azul. AHMRP




            

terça-feira, 27 de agosto de 2019

INSTITUTO EDUCACIONAL DE MENORES = ABRIGO DE MENORES


História de Vida de Rio- pardense

Conversando com um ex – aluno do Abrigo de Menores consegui alguns dados sobre a vivência de sua infância.
O aluno chamava-se João Erli da Costa natural de Rio Pardo, nascido no ano de 1945.
João Erli coloca que foi parar no Abrigo por vontade própria, pois era um garoto muito rebelde e saiu da sua casa aos 13 anos, por desavenças entre familiares e irmãos. Após andar encontrou abrigo neste local onde ficou por dois anos, isto foi em 1958.  O Abrigo localizava-se na Boa Vista, na Avenida dos Amarais, hoje ao lado da Igreja Santo Amaro. Depois de um tempo, dois anos de interno, descobriram que ele tinha família e que não era carente. Foram atrás da família e mandaram o aluno para casa, na Vila Bom Fim, próximo do Cemitério Municipal.  João Erli falou que seus pais eram o Sr. Manoel Luiz da Costa e Ernestina dos Santos Costa (Nina), e seis irmãos, trabalharam na Cooperativa Agrícola de Rio Pardo. Seus pais tinham um bom pedaço de terra entre o Cemitério e a Ferroviária pegando um pedaço das terras no Loteamento Higino Leitão.
João conta um pouco da história no Abrigo: Fala que não sabe bem como era chamada a pessoa responsável pelo abrigo que parece que era o Sr. Ernesto Wunderlich, Diretor e que tinha um casal responsável pelos alunos e um soldado e durante o dia tinha uma professora muito boa, humanitária, a D. Leonida Frantz, eram mais ou menos 50 jovens, que ficavam ali internos sem poder sair. Eram órfãos ou filhos de mães solteiras (meretriz). Relata que os cuidadores eram desqualificados e maus e judiavam das crianças. Quando alguém fazia alguma coisa errada eram presos numa dispensa onde ficavam de noite e tinha tantos ratos que não conseguiam dormir de medo e porque os ratos passavam por todos os lados e por cima deles, era um horror. A dispensa virava cadeia de memores. Diz que numa ocasião um aluno apanhou muito de cinta e o seu Luiz se meteu para acudir o amigo e apanhou junto. Este aluno era filho de uma meretriz o cuidador mandava o menino repetir “sou filho de uma meretriz” parecia que era um castigo...
Seu João fala que ele sempre foi curioso e que ali no abrigo funcionava uma gráfica Saraiva e que ele foi se chegando e conseguiu aprender o ofício de tipógrafo. Neste lugar funcionava uma Escola Isolada assim chamada na época. Também brincavam, jogavam bola, estudavam e tinham muitos momentos bons. Ajudavam na horta, cuidavam dos porcos, galinhas e havia uma oficina de telas (fazer telas).
 O aluno, hoje um senhor de 74 anos coloca que sempre se achou uma pessoa diferente rebelde, mas que gostava de estudar, ler e aprender era metido.
Na sua adolescência teve muitos amigos em Rio Pardo, foi jogador do Esporte Clube Avenida de Santa Cruz e jogou na cidade com o Carrasco, Renato Zim, Valter Guinther, Paulo França, Tenório e tantos outros rio-pardenses.
Os anos passaram, consegui me organizar como pessoa, valorizando a vida e o trabalho. Fui bombeiro, e cheguei a 1º Sargento dos bombeiros, e Comandante dos Bombeiros de Gravataí, hoje sou aposentado, mas continuo a prestar serviço na comunidade. Após ter me aposentado fui convidado a trabalhar no Fórum em Cachoeirinha com responsabilidade sempre pontual fui convidado pela juíza a prestar serviço no Segundo Cartório da Juíza o que muito me honrou.
Fui coordenador da Escola Aberta, coordenado pela ONU por três anos, conselheiro Escolar EMEM Sta. Rita de Cássia, Coordenador de Banda Marcial e Acadêmico de História, ULBRA.
Sempre que venho a Rio Pardo recordo os bons tempos vividos por aqui, não tenho tempo que chegue para conversar com um e outro que encontro na rua, pois os amigos são muitos.
Hoje relembro o passado, valorizando o que consegui levar de bom da infância e adolescência transformando em conhecimento para a VIDA.
Estou em atividade ainda, estudando História, pois precisamos ocupar o tempo e sempre aprender. Tive de parar um semestre por causa de ter de ajudar um filho que adoeceu, mas no ano que vem vou se Deus quiser me formar no Curso de História com muito prazer aos 75 anos.

FONTE: Entrevista da Prof. Neuza com Sr. João Erli. AHMRP, 2019







quinta-feira, 22 de agosto de 2019

OLARIA ANTONIO OLINTO MEURER


HISTÓRIAS PASSADAS
 Entrevista com a  Srª Erna Catarina Meurer Rocha


Erna Meurer
Casa da Família
Meu pai comprou a Olaria por volta de 1930, do Sr. Pascoalote e do Sr. Faustino de Souza Batista. Eram duas olarias pequenas na localidade do Camargo.Fabricávamos tijolos e telhas manualmente, pois não havia no local energia elétrica. Dona Erna fala com muita propriedade como eram feitas as telhas: colocavam o barro nos tanques grandes de mais ou menos 5 m por 5 m de comprimento e de 3 m de altura, o preparo de medidas era feito por tantas carretas de terra, barro, areia, em proporções iguais e água. A água que usávamos era encanada de uma vertente próxima. Esta mistura era trabalhada por vários dias, depois tirada dos tanques em carros de mão para levar ao tonel tocado a gasogênio (carvão) ou óleo. O barro era amassado e cortado em tamanhos de tijolos e amassado novamente no tonel para ficar bem sovado e liso tirando assim todas as impurezas que por ventura ainda ficassem, pois estas impurezas no barro poderiam quebrar a telha quando secassem.
Chaminé da Olaria e Galpão já desativado ,mas com máquinas dentro.
Com o barro na forma as telhas eram levadas para prensar. A prensa era limpa com querosene e parafina quente usando um pano para passar e não se queimar. Colocava uma chapa na forma para prensar (prensa a mão) puxavam a prensa e colocavam num tabuleiro de madeira. Depois de prensada, virava em cima de uma tabuleta de madeira onde se limpavam as barbelas (sobras).
Forma manual telha  canoa
Outro funcionário colocava, nas prateleiras de baixo, pois não podia pegar muito ar (vento) nas telhas porque arrebentavam. Ainda tinha de fazer o retoque nos encaixes para não ficar empenada na colocação das casas e não dar goteiras, e este serviço eram feito mais por mulheres. Após três dias, as telhas já secas eram arriadas e levadas ao forno para queimar. O forno devia estar em aquecimento leve, após mais quente e por último o arrocho para o término da queimada. Para abrir o forno Dona Erna disse que teria de ser na temperatura certa, para tirar as telhas com as mãos e usando tamancos de madeira nos pés porque eram grossos e não teria perigo de se queimar. Na olaria haviam muitos empregados, mas para alguns serviços eram pessoas especializadas, para a queima era o queimador e auxiliares.
Estera para assar os tijolos
Forno para queimar os tijolos
Depois da queima tinha o trabalho de classificação, primeira, segunda e até terceira usada para galpões. Algumas telhas saiam com problemas, trincadas ou empenadas. Para a classificação tínhamos um funcionário especializado que conhecia pelo som, a qualidade da telha, com apenas um toque de madeira sabia em que classe deveria ser classificada.
A venda do produto era feita em Rio Pardo e nas cidades vizinhas.
A família morou um bom tempo junto da Olaria e lá nasceram quase todos os meus irmãos, foi formando uma quase vila com as famílias dos empregados que eram muitos. Com o tempo, papai sentiu a necessidade de criar uma escola municipal e construiu uma sala para ali ser ministrada aula para os filhos dos empregados porque ficava longe de outras escolas e no inverno dava muito transtorno a saída das crianças para estudar. A Professora era a senhora Polinia Panta Meurer. Falou-nos que os filhos também ajudavam os pais na Olaria.Disse éramos quase uma família, patrões e empregados.Quando necessário, eram levados para a cidade de carro para receberem assistência médica. Nas datas comemorativas as famílias eram presenteadas com doces, cucas feitas por mim, refrigerantes e um corte de tecido para os empregados e sua família. Na pequena vila do Camargo havia também uma enfermaria pequena para atendermos os doentes e trata-los após serem medicados ficavam de repouso, tínhamos dois quartos com camas disponíveis para as necessidades, eu ajudava nos cuidados, até fazia injeções. Éramos uma comunidade bastante unida, a família Meurer ajudava em tudo, até em batizados e casamentos dos empregados da Olaria. Conversando com a senhora Erna para despedirmos, agradecidas pela sua atenção, ela comentou que “algumas pessoas dizem”: Aí... como era boa a vida antigamente, e eu digo “só se era pra ti, porque pra mim não era nada fácil, cortar lenha de machado e até carregar água da fonte e coar”... Acho que hoje as coisas são bem mais fáceis.

Carrinho máquina para carregar tijolos
Forma de madeira para tijolos maciços





Ventilador, resfriador da máquina


FONTE: Projeto"O Barro ocupa seu espaço", AHMRP, 2007.


Jornal RP 12 e 19/10/2007.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

OLARIA SANTO ANTONIO - OTOCAR SOUZA


Construtores da História de Rio Pardo

 SR. OTOCAR SOUZA
Imagem da família Souza

 Conversando com o Sr. Otocar, na casa da sua filha Cleonice, na companhia dos filhos Jair e Glaci, contava-me que iniciou a trabalhar por volta de 1932, aos oito anos na olaria do tio Olinto Meurer, no Camargo. Trabalhou até mais ou menos 1950. Depois desta época veio morar na cidade trabalhando não mais em Olaria e sim de empregado (pedreiro) com o construtor Manoel João Ferreira e Manoel Bastos.
Com o tempo, com experiência em construções de casas, resolveu a trabalhar por conta na construção civil.
 Ele comentou: ”fui de empregado a construtor”. O tempo foi passando e eu já casado, com filhos, havia adquirido alguns bens. Surge então a oportunidade da compra de uma Olaria chamada Santo Antonio na vila “Progresso”, Boa Vista, que era do Sr. Rui Gomes. 
Olaria como era...
Quando soube da venda pensei que seria um bom negócio, então resolvi enfrentar o desafio e fui em busca, mas um pouco receoso, pois para realizar o negócio teria de ter um bom dinheiro e eu não tinha, apenas bens e teria de vendê-los, mas não tinha, apenas bens e teria de vendê-los, mas não me intimidei. Fiz o negócio, acertei tudo e só então fui arrumar o dinheiro. Hoje digo, "que ao mesmo tempo em que foi difícil foi fácil”.Voltei a trabalhar em Olaria, agora como proprietário. Com a ajuda dos filhos fomos vencendo as dificuldades e a produzir  telhas e tijolos, com sucesso. Tivemos muitos trabalhadores dos quais os carreteiros que vinham de fora da cidade, para acompanhar na olaria e buscar o barro nas barreiras próximos ao rio Jacuí em minhas terras. No verão era época de maior trabalho, pois tinham de fazer depósito de barro, para toda a produção do inverno, porque as terras ficavam alagadas com as enchentes... 
 O Sr. Otocar colocou-me que em apenas três anos de trabalho comprou uma FUBICA FORD 29, colocou a criançada e foram passear na Olaria, mas para sua surpresa na volta do passeio, apareceu um menino na sua frente o que lhe deu um susto muito grande. Imaginem que gritaria de 12 piás, mas não chegou acontecer nada foi só o susto.
Ele diz: que a produção era muito boa e que vendia seu material na própria cidade para as construções de casas e apartamentos e que seu engenheiro era o Sr.Paulo Cezar Begnis, comentou ainda que as encomendas eram pagas adiantadas. Disse-me que entre os seus trabalhadores havia os que eram artistas, modelavam com perfeição, muitos animais e objetos em barro, que depois de queimados eram levados como enfeites de suas casas.
Comentando ainda sobre a olaria, havia alguns medos, muitas prateleiras para colocar tijolos a secar e no meio de uma, tinha um tronco seco de árvore, alguns viam assombrações, ruídos, barulhos diferentes tendo um certo receio. Os trabalhadores gostavam de aportar algumas, colocavam graxa de máquinas nos sapatos dos colegas só para fazer gracinha uns com os outros o que os incomodava.
Parte do Galpão da Olaria na época do trabalho 2007
 Trabalhei 38 anos, de 1958 a 1996. Parei de trabalhar em olaria porque a procura havia diminuído com o surgimento do brasilite, os encargos eram muitos e a necessidade da contratação de um geólogo encarecia muito e diminuía o lucro.

Consegui parar com o trabalho na olaria sem passar por dificuldades devido a ter plantado anos atrás cem mil pés de eucalipto em minha propriedade, o que hoje me ajuda a viver com dignidade, pois meus filhos já haviam estudado casados e construídos suas famílias.  
Data de 31/8/07, 07/9/07 JRP

FONTE: Trabalho feito pela equipe do  AHMRP, 2007. Jornal Rio Pardo

domingo, 18 de agosto de 2019

FOTOS DA PONTE CENTENÁRIA DE RIO PARDO RS

PONTE SOBRE O RIO PARDO
Ponte iniciada por volta de 1813. Contam algumas pessoas mais velhas que no meio da Ponte havia uma parte móvel para ser retirada à noite por causa dos inimigos invasores.
Pedras centenárias nos pilares da Ponte


Ponte no rio Pardo, origem do nome da Cidade de Rio Pardo.
Platanas centenárias na Antiga Estação Férrea

sexta-feira, 16 de agosto de 2019

PROJETO OLARIA -O BARRO OCUPA SEU ESPAÇO


História das Olarias I
Os primitivos moravam em cavernas mais tarde ocas de barro, passando a desenvolver suas habilidades começando a usar amarras de paus roliços com taquara, cipós, barro e cobertura de capim (taipa).

Com um desenvolvimento cada vez maior, foi surgindo a necessidade de olarias, que facilitou a construção das paredes externas as quais os tijolos eram usados junto com as pedras para amarrar a construção.
Iniciando-se também a fabricação de telhas, como as de canoa, que segundo algumas informações populares eram feitas por escravos, ou em madeiras roliças para dar a forma de canoa, com a constante evolução e tecnologia foram se aprimorando modernas telhas e construções neste mundo globalizado que é o nosso.
Algumas Olarias de Rio Pardo:
A Olaria Kipper Fundada em 1947 pelo Sr. Beno Almiro Kipper.
Oque restou de uma grande Olaria em R Pardo.

Família do Sr. Beno  em 1955. O Sr. Beno Kipper casou-se com Olinda. Desta união nasceram 4 filhos:  Cilon, Danilo, Eti e Guilherme. 

Quando fizemos o estudo já haviam parado com o trabalho.
FONTE: Trabalho do Arquivo Histórico com Secretaria de Turismo e Cultura e Ceni Fontoura, 2007
Família Kipper
 

HINO AO BARÃO DO TRIUNFO


Este Hino foi composto por dois rio-pardenses atuantes na comunidade, para homenagear o Centenário da Morte do José Joaquim de Andrade Neves o Barão do Triunfo. 
Neste ano de 2019 houve também uma grande homenagem ao SESQUICENTENÁRIO DA MORTE DE JOSÉ JOAQUIM DE ANDRADE NEVE - BARÃO DO TRIUNFO - COMANDO MILITAR DO SUL.
Homenagem, junto ao monumento do Barão, na praça São Francisco

Agosto/ 2019

                  Letra de Guilherme Barroso
                  Música de Raul Silveira

Ao grande Barão do Triunfo,
 Ao mais bravo dos guerreiros,
Trazemos flores e louros,
Porque somos brasileiros.
                                                       Coro:
                                      O seu nome uma bandeira,
                                      De bravura, de heroísmo!
                                      Honrar a Pátria é imitá-lo
                                      Nos atos de patriotismo.
     Servir-nos-ão, de farol,
    Da vida na trajetória,
    Os atos daquele herói
     Que não nos sai da memória.

                                        Prestemos ardente culto
                                        Ao general destemido,
                                        Ao inexcedível patriota,
                                        Nas lutas jamais vencido.
   
      Rendamos esta homenagem
      Ao eleito dos eleitos,
      Ao que merece da Pátria
      Os mais elevados preitos.

                                        Letra de Guilherme Barroso
                                        Música de Raul Silveira

FONTE: Jornal a Folha 05/01/1969 AHMRP


quarta-feira, 14 de agosto de 2019

NICOLAU DREYS DESCREVE O CLIMA GAÚCHO E UMA CHUVA DE PEDRA EM RIO PARDO


Em 1839 o francês Nicolau Dreys publicou um livro no Rio de Janeiro, narrando suas experiências e vivências como comerciante no extremo sul. A obra aborda o período da Guerra Civil no Rio Grande do Sul, com descrição do meio geográfico, dos núcleos urbanos e da população, destacando o caráter e os costumes dos habitantes, com amplas informações sobre a economia.
Ao descrever o clima, diz que: “Há chuvas, é verdade, porém locais e rápidas, e quase nunca acompanhadas daquela perseverança que torna a vizinhança dos Trópicos tão enfadonha e pestífera. Em compensação, se as chuvas são acidentais e de pouca duração, os ventos acometem o Rio Grande com uma regularidade que poucas modificações admite em sua permanência e força. Já fizemos ver a  natural influência que exerce sobre a exsicação[1]local esse poderoso agente auxiliar, sempre em atividade; é possível que sua ação prejudicasse também a multiplicação das searas, desfazendo continuadamente os vapores aquosos; todavia, é tão útil à salubridade, tão proveitoso para a indústria, que, apesar daquele efeito contrário, ainda problemático, deve-se considerar o vento como um dos mais ativos benfeitores do país.
São raras nas planícies meridionais do Rio Grande as cristalizações pluviais. Mas, nas partes setentrionais, esse meteoro é mais ordinário; presenciamos no Rio Pardo uma tremenda chuva de pedras, e também foi esse um dos mais furiosos furacões que temos visto nos dois hemisférios. Num instante, a vila  não ofereceu senão montões de ruínas; todas as vidraças e grande parte dos telhados caíram quebrados; paredes inteiras foram derrubadas, e outras crivadas como pela metralha; todas as árvores das quintas ficaram quase reduzidas ao tronco principal, e muito gado  morreu no campo adjacente. Citamos esse exemplo, não para que se conclua ser esse o estado habitual do país, mas sim, para insistirmos sobre a diferença que sempre existe entre as temperaturas do Norte e do Sul da província, sendo as chuvas alguma coisa mais frequentes ao Norte, e por isso mais expostas aos acidentes de congelação, que determinam nas camadas superiores da atmosfera os eflúvios de frio vindos do Sul.”

REFERÊNCIA:
DREYS, Nicolau. Notícia Descritiva da Província do Rio Grande de S. Pedro do Sul. Quarta edição. Porto Alegre: Nova Dimensão/EDIPUCRS, 1990. p. 54-55.


[1] Privação de umidade

terça-feira, 13 de agosto de 2019

CARRETAS FIZERAM HISTÓRIAS RIO PARDO PANTANO GRANDE


Acarreta de boi deixou um grande legado na história do transporte de mercadorias na região e no país. Era movida a tração animal, puxada por juntas de bois e, para a sua plena fabricação, necessitava-se de 102 peças de madeira especial. Os materiais geralmente utilizados para a fabricação de uma carreta eram:dois metros e vinte e dois centímetros de ferro e setenta e seis centímetros de madeira. A primeira carreta foi fabricada com madeira vinda de Portugal. Os carpinteiros que construíram também vieram de lá,trazidos pelo Brigadeiro da Silva Pais. O navio atracou no porto de Rio Grande de São Pedro em 12 de fevereiro de 1737. A carreta foi o primeiro veículo de transporte do Exército Brasileiro, passando mais tarde, a ser o veículo nacional. Em 1864, foi descoberta, no Rio Grande do Sul, a primeira jazida de pedras que serviram para a produção de cal. E foi na Várzea do Capivarita que surgiu a principal fonte de extração da matéria-prima, esta que era transportada por carretas até os primeiros fornos na cidade de Rio Pardo. Estas carretas, na volta de Rio Pardo, traziam mercadorias para o comércio interior. Havia um grande número de carreta viajando pelas estradas pantanosas, onde hoje fica situado o município de Pantano Grande. Esta é a história que conta como era feito o transporte de mercadorias das fábricas para o comércio em geral. Feito por carretas puxadas por bois em meados de 1800. O transporte de mercadorias por carretas acabou com a chegada de caminhões a região. Com certeza, as carretas de bois são mais uma história de nossa terra.

FONTE: Relembrando a história de Nossa Terra Pantano Grande, Olívio Soares, 2010, pg. 90.
Partes do carro de boi
·         canga: peça em que se prende o cabeçalho ou o cambão e que é colocada sobre o pescoço de dois bois, responsável pela transferência de energia mecânica ao cabeçalho.
·         canzil: Peças em forma de estacas trabalhadas que atravessam a canga de cima para baixo em quatro pontos, de modo que o pescoço de cada boi fique entre duas dessas estacas;
·         arreia: suportes que atravessam transversalmente o cabeçalho, sobre os quais se apoiam as tábuas da mesa;
·         cabeçalho: a longa trave que liga o corpo do carro à canga, que se atrela aos bois;
·         cantadeira: parte do eixo que fica em contato com a parte inferior do chumaço. O contato entre eles produz o som característico do carro;
·         cheda: Prancha lateral do leito do carro de bois, na qual se metem os fueiros;
·         cocão: Cada uma das partes fixadas por baixo das chedas, que servem para fixar, duas de cada lado do carro, cada um dos chumaços;
·         fueiro: cada uma das estacas de madeira que servem para prender a carga ao carro;
·         mesa: a superfície onde se coloca a carga;
·         Recavém, ou requevém, é a parte traseira da mesa.
·         tambueiro: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve para prender o cabeçalho ou o cambão à canga;
·         brocha: Tira de couro cru, curtido e torcido, que serve para prender um canzil ao outro passando por baixo do pescoço do boi.
·         Roda: feita de madeira nobre (Jacarandá), constituí de três pranchas unidas por travas de madeira(cambota)colocadas internamente nas pranchas por furos retangulares, estas fixadas por grampos e chapas de ferro. A circunferência é coberta com chapa de aço fixada à madeira com grampos de aço cuja forma arredondada deixa um rastro característico.
placa de carreta
·         palmatora: partes laterais do cabeçalho na parte anterior da mesa do carro de boi.



FONTE: pt.wikipedia.org/wiki/Carro_de_boi

quinta-feira, 8 de agosto de 2019

PADRE BROGGI

PADRE BROGGI

O Padre Carlos Thomaz Broggi, o rigoroso Broggi, nascido na SICÍLIA (Itália) em 1877, é um dos personagens mais marcantes da História do nosso Munic´pio.
 Em 1914, foi nomeado Vigário da Paróquia Nossa Senhora do Rosário. Chegando a Rio Pardo neste mesmo ano, acompanhado de um Fox Paulistinha, chamado Joli,trazendo uma pequena mala e uma bola de futebol.
 Sua Chegada coincidiu com um momento de crise na igreja da localidade por divergências com a Maçonaria, materialismo, corrupção moral, em que as almas mais puras eram arrastadas por um turbilhão de incertezas, se não: seduzidas levadas nos torvelinhos das ideias. Broggi atuou como um anjo protetor sobre essa terra de tão bela tradição.
Padre Broggi, logo fez amigos e conquistou a simpatia da criançada. Costumava ir para a frente da igreja Matriz com o cãozinho e a bola, onde conversava e jogava com a gurizada. Visitava as famílias e era convidado nos casamentos e aniversários. Dessa forma, gradativamente, foi conquistando a comunidade.
Tiveram os rio-pardenses, seu guia espiritual, a conduzi-los pelo caminho retilíneo dos sãos ensinamentos de Cristo, um padre e um amigo- TOMAZ BROGGI!
Não somente um sacerdote enclausurado em sua batina, à espera  de que os homens procurassem a mansão divina que o chamassem para cumprir a sua sublime missão de curador das almas. Mas, um padre compenetrado no seu dever, que procurava os homens e as crenças, indicando-lhes a estrada iluminada, traçada pelo Evangelho.
E mais que um Pároco, um amigo, que viveu com o povo de Rio Pardo os seus momentos de alegria e felicidade, o que sentiu com o povo da nossa terra as suas horas dolorosas de pesar e infortúnio.
 Filho da Itália veio para o Brasil bem moço ainda, elegendo a nossa terra por Pátria e a cidade de Rio Pardo por berço. Tendo tomado posse a 8 de novembro  de 1914, em cujo ministério atuo até 1955, ocasião em que por motivo de doença, recolheu-se ao Hospital da cidade, onde faleceu em 1959.
Seu corpo foi transportado para a Igreja Matriz, onde foi velado. Espalhada a notícia na cidade, o povo acorreu ao templo, manifestando sua tristeza e levando sua visita ao zeloso e santo sacerdote.
Aos atos fúnebres, refletiram mais uma vez, o quanto era querido e amado pelo povo Rio-pardense.
Pia Batismal usada pelo Pe. Broggi

FONTE: Texto da profª Ceni Fontoura (Uma Luz para a História do Rio Grande, Rio Pardo 200 anos, Editora  Gazeta do Sul,2010, Rio Pardo Cidade Monumento, De Paranhos de Antunes, Guia Histórico de Rio Pardo, Dante de Laytano 1979).

UM GIGANTE DAS CARRETAS RIO PARDO


HOJE, PANTANO GRANDE

Sr. Miguel Guterres da Luz nasceu 29 de setembro de 1920. Foi um grande herói carreteiro que, aos 8 anos de idade, começou a enfrentar as estradas passando por muitas dificuldades como frio, chuvas, atoleiros, calor, tempestades de ventos, as quais muitas vezes impedia-o de chegar aos seus destino. Andava com suas carretas dia e noite. À noite ia guiado pelo clarão da lua. As viagens, ida e volta, tinham duração de até uma semana. Na época, eram usados três tipos de carretas; carretinha de uma junta de boi para serviços caseiros, carreta ¾ com três juntas de bois, e carretão, que levava 100 arrobas ou 1.500 quilos. Esta última era utilizada por Miguel. Porém, para maior sacrifício do carreteiro, a balança de conferência no destino pesava apenas de dez em dez arrobas, Sendo assim, toda a quantia levada na carreta tinha de ser colocada aos poucos sobre a balança manualmente. O locais marcados pelos carreteiros  para pousadas e paradas para descansos eram de Várzea à Pantano Grande: Alto do Açude, propriedade do Senhor Feliciano Pereira de Barros, Alto dos Lagoão, Barro Branco, Aroeiras à Pantano pela Estrada da Divisa, Areia do Pão, Descida  do Mata pulga, Capão da Fonte.  De Pantano à Rio Pardo: Barro Preto, Boa Vista, Pastagem Nova, Dona Alice, Volta Grande e Santa Vitória. A travessia das carretas pelo Rio Jacuí para chegarem até Rio Pardo era feito por balsa, sendo esta comandada pelo senhor Gomercindo Salão Trindade. Os valores dos fretes variavam entre 15 e 25 mil réis. Porém, quando se fazia bons negócios, podia-se receber até 30 mil réis, para a felicidade do carreteiro, que voltava para casa com a guaiaca cheia.
Esta é mais uma história de nossa terra.


FONTE: Relembrando História de Nossa Terra, pg. 89,2010. Olívio Soares - AHMRP

terça-feira, 6 de agosto de 2019

CASA 800- 60 ANOS DE COMÉRCIO


BALDUINO POERSCH
 Fundador da Casa 800
Trajetória de uma vida e de uma empresa ligadas à história de Rio Pardo.
 Chegados da Prússia no ano de 1862, desembarcaram no Brasil o casal Jhames Pörsch e Catarina Ody.
Estabelecidos no Rio  Grande do Sul, em Nova Petrópolis, tiveram numerosa prole, entre os quais Felipe Poersch. Felipe apaixona-se por Bárbara Rohden, que por ser de família de camponeses humildes não foi aceita na família tendo o casal ido estabelecer-se em Taquari longe dos familiares. Desta união nasceu Balduino que, aos 20 anos de idade vêm à Rio Pardo em busca de trabalho e aqui se estabelece trabalhando no  comércio do Sr. Fortunato Roque Sad. Mais tarde foi convidado a trabalhar para o Sr. Luiz Roosenfield proprietário da Loja Americana, na Rua Dr. João Pessoa, onde hoje está instalada as Lojas Obino.
Tendo o Sr. Rosenfield ido embora da cidade, Balduino forma sociedade com Raphael Werba e adquire o negócio que continuou a chamar-se Loja  Americana . Casa-se então com Edite Sacarello, filha do ilustre rio-pardense Pedro Castello Sacarello. Dois anos mais tarde, em 1944, rompe-se a sociedade com Raphael Werba e Balduino adquire a parte de seu sócio e funda a firma Balduino Poersch.
 Durante a guerra, para evitar problemas, devido a sua origem germânica, muda de sua loja para Casa Bandeira Branca. Em 1954, constói o prédio na Dr. João Pessoa, nº 800, tendo subsídio até os dias atuais, atualmente sob direção de Gilberto Sacarello Poersch, filho de Balduino.
Balduino faleceu em 1989 tendo dedicado 60 anos de sua vida profícua ao crescimento e progresso desta Terra, Rio Pardo.

FONTE: Recorte de jornal - AHMRP  Capa verde

  

BILIOTECA MUNICIPAL INFANTIL MARINA DE QUADROS REZENDE


Contação de Histórias na Biblioteca no CRC
Já existia a Biblioteca Pública Municipal que integrava o Conjunto Cultural junto com o Museu e o Arquivo Histórico, criado pela iniciativa do historiador Biágio Soares Tarantino em 1939, regulamentado em 1940, pelo então Prefeito Ernesto Protásio Wunderlich em homenagem e reconhecimento ao incentivo dado á estruturação desse espaço literário.
A biblioteca sempre disponibilizou um pequeno espaço dedicado ás crianças. Com o aumento da procura por obras infantis, foi inaugurada A BIBLIOTECA INFANTIL com a colaboração da comunidade através de doações de livros e objetos de decoração. A Biblioteca Infantil foi criada com o propósito de despertar o gosto pela leitura, incentivar o hábito de ler e de disponibilizar um ambiente agradável e acolhedor, com espaço para leitura no local e empréstimo de livros e revistas, audição de histórias infantis para as crianças de até 5 anos de idade. Objetivando ampliar o conhecimento dos seus frequentadores, a fim de contribuir para a construção de um cotidiano mais humano e feliz para as crianças na formação da sua personalidade. Primeiramente, esteve situada junto ao antigo prédio da Camara de Vereadores, na Rua Andrade Neves, centro. Atualmente a Biblioteca Infantil está localizada no Centro Regional de Cultura Rio Pardo.  O Decreto Municipal nº 107 de 17/11/2004, designou como Patrona  da Biblioteca Infantil, a professora, pesquisadora, historiadora e poetisa Marina  de Quadros Rezende que , em vida, demonstrou inestimável talento, maestria e dedicação ao magistério e a história deste Município como  autora da letra do Hino de Rio Pardo, Hino à Nossa Senhora do Rosário, Hino de diversos Clubes de Mães, incentivadora de criação da Banda dos Dragões e prestadora de relevante serviços às obras  assistenciais e religiosas e Hinos da várias escolas. Autora dos livros, Rio Pardo- História, Recordações e Lendas, leitura obrigatórias para quem deseja conhecer, de forma agradável, a história de Rio Pardo e Páginas do Coração- poesias. Através do seu trabalho na literatura tomou-se sócia colaboradora do Instituto de História e Tradições do RS. Dona Marina soube desenvolver entre seus alunos o hábito pela leitura e como ninguém, ensinar a história da sua amada terra natal com orgulho de suas raízes rio-pardenses.

FONTE: Jornal de Rio Pardo, 28/29/10/2011 AHMRP