Construtores da História de Rio Pardo
SR. OTOCAR
SOUZA
Imagem da família Souza |
Conversando com o Sr. Otocar, na casa da sua
filha Cleonice, na companhia dos filhos Jair e Glaci, contava-me que iniciou a
trabalhar por volta de 1932, aos oito anos na olaria do tio Olinto Meurer, no
Camargo. Trabalhou até mais ou menos 1950. Depois desta época veio morar na
cidade trabalhando não mais em Olaria e sim de empregado (pedreiro) com o
construtor Manoel João Ferreira e Manoel Bastos.
Com o tempo, com experiência
em construções de casas, resolveu a trabalhar por conta na construção civil.
Ele comentou: ”fui de empregado a construtor”.
O tempo foi passando e eu já casado, com filhos, havia adquirido alguns bens.
Surge então a oportunidade da compra de uma Olaria chamada Santo Antonio na
vila “Progresso”, Boa Vista, que era do Sr. Rui Gomes.
Olaria como era... |
Quando soube da venda
pensei que seria um bom negócio, então resolvi enfrentar o desafio e fui em
busca, mas um pouco receoso, pois para realizar o negócio teria de ter um bom
dinheiro e eu não tinha, apenas bens e teria de vendê-los, mas não tinha,
apenas bens e teria de vendê-los, mas não me intimidei. Fiz o negócio, acertei
tudo e só então fui arrumar o dinheiro. Hoje digo, "que ao mesmo tempo em que
foi difícil foi fácil”.Voltei a trabalhar em Olaria, agora como proprietário.
Com a ajuda dos filhos fomos vencendo as dificuldades e a produzir telhas e tijolos, com sucesso. Tivemos muitos
trabalhadores dos quais os carreteiros que vinham de fora da cidade, para
acompanhar na olaria e buscar o barro nas barreiras próximos ao rio Jacuí em
minhas terras. No verão era época de maior trabalho, pois tinham de fazer
depósito de barro, para toda a produção do inverno, porque as terras ficavam
alagadas com as enchentes...
O Sr. Otocar colocou-me
que em apenas três anos de trabalho comprou uma FUBICA FORD 29, colocou a
criançada e foram passear na Olaria, mas para sua surpresa na volta do passeio,
apareceu um menino na sua frente o que lhe deu um susto muito grande. Imaginem
que gritaria de 12 piás, mas não chegou acontecer nada foi só o susto.
Ele diz: que a produção era
muito boa e que vendia seu material na própria cidade para as construções de
casas e apartamentos e que seu engenheiro era o Sr.Paulo Cezar Begnis, comentou
ainda que as encomendas eram pagas adiantadas. Disse-me que entre os seus
trabalhadores havia os que eram artistas, modelavam com perfeição, muitos
animais e objetos em barro, que depois de queimados eram levados como enfeites
de suas casas.
Comentando ainda sobre a
olaria, havia alguns medos, muitas prateleiras para colocar tijolos a secar e
no meio de uma, tinha um tronco seco de árvore, alguns viam assombrações,
ruídos, barulhos diferentes tendo um certo receio. Os trabalhadores gostavam de
aportar algumas, colocavam graxa de máquinas nos sapatos dos colegas só para
fazer gracinha uns com os outros o que os incomodava.
Parte do Galpão da Olaria na época do trabalho 2007 |
Trabalhei 38 anos, de 1958 a 1996. Parei de
trabalhar em olaria porque a procura havia diminuído com o surgimento do
brasilite, os encargos eram muitos e a necessidade da contratação de um geólogo
encarecia muito e diminuía o lucro.
Consegui parar com o trabalho
na olaria sem passar por dificuldades devido a ter plantado anos atrás cem mil
pés de eucalipto em minha propriedade, o que hoje me ajuda a viver com
dignidade, pois meus filhos já haviam estudado casados e construídos suas
famílias.
Data de 31/8/07, 07/9/07 JRP
FONTE: Trabalho feito pela equipe do AHMRP, 2007. Jornal Rio Pardo
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