terça-feira, 20 de agosto de 2019

OLARIA SANTO ANTONIO - OTOCAR SOUZA


Construtores da História de Rio Pardo

 SR. OTOCAR SOUZA
Imagem da família Souza

 Conversando com o Sr. Otocar, na casa da sua filha Cleonice, na companhia dos filhos Jair e Glaci, contava-me que iniciou a trabalhar por volta de 1932, aos oito anos na olaria do tio Olinto Meurer, no Camargo. Trabalhou até mais ou menos 1950. Depois desta época veio morar na cidade trabalhando não mais em Olaria e sim de empregado (pedreiro) com o construtor Manoel João Ferreira e Manoel Bastos.
Com o tempo, com experiência em construções de casas, resolveu a trabalhar por conta na construção civil.
 Ele comentou: ”fui de empregado a construtor”. O tempo foi passando e eu já casado, com filhos, havia adquirido alguns bens. Surge então a oportunidade da compra de uma Olaria chamada Santo Antonio na vila “Progresso”, Boa Vista, que era do Sr. Rui Gomes. 
Olaria como era...
Quando soube da venda pensei que seria um bom negócio, então resolvi enfrentar o desafio e fui em busca, mas um pouco receoso, pois para realizar o negócio teria de ter um bom dinheiro e eu não tinha, apenas bens e teria de vendê-los, mas não tinha, apenas bens e teria de vendê-los, mas não me intimidei. Fiz o negócio, acertei tudo e só então fui arrumar o dinheiro. Hoje digo, "que ao mesmo tempo em que foi difícil foi fácil”.Voltei a trabalhar em Olaria, agora como proprietário. Com a ajuda dos filhos fomos vencendo as dificuldades e a produzir  telhas e tijolos, com sucesso. Tivemos muitos trabalhadores dos quais os carreteiros que vinham de fora da cidade, para acompanhar na olaria e buscar o barro nas barreiras próximos ao rio Jacuí em minhas terras. No verão era época de maior trabalho, pois tinham de fazer depósito de barro, para toda a produção do inverno, porque as terras ficavam alagadas com as enchentes... 
 O Sr. Otocar colocou-me que em apenas três anos de trabalho comprou uma FUBICA FORD 29, colocou a criançada e foram passear na Olaria, mas para sua surpresa na volta do passeio, apareceu um menino na sua frente o que lhe deu um susto muito grande. Imaginem que gritaria de 12 piás, mas não chegou acontecer nada foi só o susto.
Ele diz: que a produção era muito boa e que vendia seu material na própria cidade para as construções de casas e apartamentos e que seu engenheiro era o Sr.Paulo Cezar Begnis, comentou ainda que as encomendas eram pagas adiantadas. Disse-me que entre os seus trabalhadores havia os que eram artistas, modelavam com perfeição, muitos animais e objetos em barro, que depois de queimados eram levados como enfeites de suas casas.
Comentando ainda sobre a olaria, havia alguns medos, muitas prateleiras para colocar tijolos a secar e no meio de uma, tinha um tronco seco de árvore, alguns viam assombrações, ruídos, barulhos diferentes tendo um certo receio. Os trabalhadores gostavam de aportar algumas, colocavam graxa de máquinas nos sapatos dos colegas só para fazer gracinha uns com os outros o que os incomodava.
Parte do Galpão da Olaria na época do trabalho 2007
 Trabalhei 38 anos, de 1958 a 1996. Parei de trabalhar em olaria porque a procura havia diminuído com o surgimento do brasilite, os encargos eram muitos e a necessidade da contratação de um geólogo encarecia muito e diminuía o lucro.

Consegui parar com o trabalho na olaria sem passar por dificuldades devido a ter plantado anos atrás cem mil pés de eucalipto em minha propriedade, o que hoje me ajuda a viver com dignidade, pois meus filhos já haviam estudado casados e construídos suas famílias.  
Data de 31/8/07, 07/9/07 JRP

FONTE: Trabalho feito pela equipe do  AHMRP, 2007. Jornal Rio Pardo

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