História de Vida de Rio- pardense
Conversando com um ex – aluno do Abrigo de Menores consegui
alguns dados sobre a vivência de sua infância.
O aluno chamava-se João Erli da Costa natural de Rio Pardo, nascido
no ano de 1945.

João conta um pouco da história no Abrigo: Fala que não sabe
bem como era chamada a pessoa responsável pelo abrigo que parece que era o Sr.
Ernesto Wunderlich, Diretor e que tinha um casal responsável pelos alunos e um
soldado e durante o dia tinha uma professora muito boa, humanitária, a D.
Leonida Frantz, eram mais ou menos 50 jovens, que ficavam ali internos sem
poder sair. Eram órfãos ou filhos de mães solteiras (meretriz). Relata que os
cuidadores eram desqualificados e maus e judiavam das crianças. Quando alguém fazia
alguma coisa errada eram presos numa dispensa onde ficavam de noite e tinha
tantos ratos que não conseguiam dormir de medo e porque os ratos passavam por
todos os lados e por cima deles, era um horror. A dispensa virava cadeia de
memores. Diz que numa ocasião um aluno apanhou muito de cinta e o seu Luiz se
meteu para acudir o amigo e apanhou junto. Este aluno era filho de uma meretriz
o cuidador mandava o menino repetir “sou filho de uma meretriz” parecia que era
um castigo...
Seu João fala que ele sempre foi curioso e que ali no abrigo
funcionava uma gráfica Saraiva e que ele foi se chegando e conseguiu aprender o
ofício de tipógrafo. Neste lugar funcionava uma Escola Isolada assim chamada na
época. Também brincavam, jogavam bola, estudavam e tinham muitos momentos bons.
Ajudavam na horta, cuidavam dos porcos, galinhas e havia uma oficina de telas (fazer
telas).
O aluno, hoje um
senhor de 74 anos coloca que sempre se achou uma pessoa diferente rebelde, mas
que gostava de estudar, ler e aprender era metido.
Na sua adolescência teve muitos amigos em Rio Pardo, foi
jogador do Esporte Clube Avenida de Santa Cruz e jogou na cidade com o
Carrasco, Renato Zim, Valter Guinther, Paulo França, Tenório e tantos outros
rio-pardenses.
Os anos passaram, consegui me organizar como pessoa, valorizando
a vida e o trabalho. Fui bombeiro, e cheguei a 1º Sargento dos bombeiros, e
Comandante dos Bombeiros de Gravataí, hoje sou aposentado, mas continuo a
prestar serviço na comunidade. Após ter me aposentado fui convidado a trabalhar
no Fórum em Cachoeirinha com responsabilidade sempre pontual fui convidado pela
juíza a prestar serviço no Segundo Cartório da Juíza o que muito me honrou.
Fui coordenador da Escola Aberta, coordenado pela ONU por
três anos, conselheiro Escolar EMEM Sta. Rita de Cássia, Coordenador de Banda
Marcial e Acadêmico de História, ULBRA.
Sempre que venho a Rio Pardo recordo os bons tempos vividos
por aqui, não tenho tempo que chegue para conversar com um e outro que encontro
na rua, pois os amigos são muitos.
Hoje relembro o passado, valorizando o que consegui levar de
bom da infância e adolescência transformando em conhecimento para a VIDA.
Estou em atividade ainda, estudando História, pois
precisamos ocupar o tempo e sempre aprender. Tive de parar um semestre por
causa de ter de ajudar um filho que adoeceu, mas no ano que vem vou se Deus
quiser me formar no Curso de História com muito prazer aos 75 anos.
FONTE: Entrevista da Prof. Neuza com Sr. João Erli. AHMRP, 2019
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