terça-feira, 27 de agosto de 2019

INSTITUTO EDUCACIONAL DE MENORES = ABRIGO DE MENORES


História de Vida de Rio- pardense

Conversando com um ex – aluno do Abrigo de Menores consegui alguns dados sobre a vivência de sua infância.
O aluno chamava-se João Erli da Costa natural de Rio Pardo, nascido no ano de 1945.
João Erli coloca que foi parar no Abrigo por vontade própria, pois era um garoto muito rebelde e saiu da sua casa aos 13 anos, por desavenças entre familiares e irmãos. Após andar encontrou abrigo neste local onde ficou por dois anos, isto foi em 1958.  O Abrigo localizava-se na Boa Vista, na Avenida dos Amarais, hoje ao lado da Igreja Santo Amaro. Depois de um tempo, dois anos de interno, descobriram que ele tinha família e que não era carente. Foram atrás da família e mandaram o aluno para casa, na Vila Bom Fim, próximo do Cemitério Municipal.  João Erli falou que seus pais eram o Sr. Manoel Luiz da Costa e Ernestina dos Santos Costa (Nina), e seis irmãos, trabalharam na Cooperativa Agrícola de Rio Pardo. Seus pais tinham um bom pedaço de terra entre o Cemitério e a Ferroviária pegando um pedaço das terras no Loteamento Higino Leitão.
João conta um pouco da história no Abrigo: Fala que não sabe bem como era chamada a pessoa responsável pelo abrigo que parece que era o Sr. Ernesto Wunderlich, Diretor e que tinha um casal responsável pelos alunos e um soldado e durante o dia tinha uma professora muito boa, humanitária, a D. Leonida Frantz, eram mais ou menos 50 jovens, que ficavam ali internos sem poder sair. Eram órfãos ou filhos de mães solteiras (meretriz). Relata que os cuidadores eram desqualificados e maus e judiavam das crianças. Quando alguém fazia alguma coisa errada eram presos numa dispensa onde ficavam de noite e tinha tantos ratos que não conseguiam dormir de medo e porque os ratos passavam por todos os lados e por cima deles, era um horror. A dispensa virava cadeia de memores. Diz que numa ocasião um aluno apanhou muito de cinta e o seu Luiz se meteu para acudir o amigo e apanhou junto. Este aluno era filho de uma meretriz o cuidador mandava o menino repetir “sou filho de uma meretriz” parecia que era um castigo...
Seu João fala que ele sempre foi curioso e que ali no abrigo funcionava uma gráfica Saraiva e que ele foi se chegando e conseguiu aprender o ofício de tipógrafo. Neste lugar funcionava uma Escola Isolada assim chamada na época. Também brincavam, jogavam bola, estudavam e tinham muitos momentos bons. Ajudavam na horta, cuidavam dos porcos, galinhas e havia uma oficina de telas (fazer telas).
 O aluno, hoje um senhor de 74 anos coloca que sempre se achou uma pessoa diferente rebelde, mas que gostava de estudar, ler e aprender era metido.
Na sua adolescência teve muitos amigos em Rio Pardo, foi jogador do Esporte Clube Avenida de Santa Cruz e jogou na cidade com o Carrasco, Renato Zim, Valter Guinther, Paulo França, Tenório e tantos outros rio-pardenses.
Os anos passaram, consegui me organizar como pessoa, valorizando a vida e o trabalho. Fui bombeiro, e cheguei a 1º Sargento dos bombeiros, e Comandante dos Bombeiros de Gravataí, hoje sou aposentado, mas continuo a prestar serviço na comunidade. Após ter me aposentado fui convidado a trabalhar no Fórum em Cachoeirinha com responsabilidade sempre pontual fui convidado pela juíza a prestar serviço no Segundo Cartório da Juíza o que muito me honrou.
Fui coordenador da Escola Aberta, coordenado pela ONU por três anos, conselheiro Escolar EMEM Sta. Rita de Cássia, Coordenador de Banda Marcial e Acadêmico de História, ULBRA.
Sempre que venho a Rio Pardo recordo os bons tempos vividos por aqui, não tenho tempo que chegue para conversar com um e outro que encontro na rua, pois os amigos são muitos.
Hoje relembro o passado, valorizando o que consegui levar de bom da infância e adolescência transformando em conhecimento para a VIDA.
Estou em atividade ainda, estudando História, pois precisamos ocupar o tempo e sempre aprender. Tive de parar um semestre por causa de ter de ajudar um filho que adoeceu, mas no ano que vem vou se Deus quiser me formar no Curso de História com muito prazer aos 75 anos.

FONTE: Entrevista da Prof. Neuza com Sr. João Erli. AHMRP, 2019







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