*A Carta de Alforria consistia num documento que o proprietário de terra concedia ao seu escravo depois de receber certa quantia por ele. Era uma espécie de atestado de liberdade do escravo, onde o patrão abria mão da posse do escravo. Existiam as cartas GRATUITAS, mas estas abdicavam a posse do escravo em troca de ele ser agora um trabalhador do seu senhor, dessa vez assalariado e com horários pré-definidos.
Observando a rica documentação do AHMRP, me deparei com uma Carta de Alforria que, me chamou atenção, Liberdade à um escravo menor, mas só apos seus donos falecer . Um documento que poderá servir para quem estuda a escravidão no Brasil.
Registro de huma Carta de Alforria de hum Mulato por nome
Antonio Escravo que foi de Joze Vicente Rodrigues
Digo eu Joze Vicente Rodrigues que entre os mais bens que
possuo he bem assim hum escravo Mulato de menor idade por nome Antonio aquém concedo de hoje
em diante a sua liberdade como Liberto esta, com a condição de que so poderá gozar
da mesma depois de meu falecimento, e de minha mulher Angelica Francisca Roza no valor de cincoenta mil
reis, e por ser verdade o referido, e para que naquele tempo goze os privilégios
de Liberto concedido pelas Leis de Sua
Magestade Imperial pedi e requery a Feliciano Joze Coelho que este por mim
fizesse e como testemunha assinasse, por eu não saber ler nem Escrever, e? assigney
com o sinal, que uso, que hé huma Cruze na presença de duas testemunhas abaixo
assinadas. Rio Pardo doze de Dezembro de mil oito centos e vinte três sinal de
Joze Vicente Rodrigues,/a cravasse hua cruz entremeio de dito nome/ Feliciano JozeCoelho=
Anacleto Nunes Neto=Reconheço verdadeiro o sinal retro por ser feito em minha
presença e as firmas retro do que dou fé. Rio Pardo desaseis de Dezembro de mil
oitocentos e vinte e três =Estava o signal publico e Claro? em testemunho de
verdade o Tabelião Duarte Silveira Gomes= O Capitão Thomas de Aquino Figueiredo
Neves, juiz de fora pela ley e das cizas? Nesta Vila e seu Termo=Faço saber que
Joze Vicente Rodrigues morador no Serro do Roque deu Liberdade a hum seu Escravo
de nome Antonio de menor de idade pela quantia de de sincoenta mil reis de que
pagou de Ciza dois mil e quinhentos reis que ficão carregado ao Thesoureiro da
mesma denominado? Goarda-mor Manoel
Pereira Guimaraes no Livro competente, e de como recebeo assignou com o dito
Juiz. Rio Pardo vinte e três de Março de mil oito centos e vinte e quatro, eu
Feliciano Joze Coelho Escrivão da Camara
que o Escrevy e assignei= Figueiredo= Manoel Antonio Pereira Guimaraes=
Feliciano Joze Coelho. E não contenha
mais Cousa alguma em dita Carta que a quis fielmente registrey aqual nada
farto?. Rio Pardo vinte e quatro de Março de mil oito centos evinte e quatro,
Eu Escrivão da Camara o Escrevy e assigney= Feliciano Joze Coelho.
Obs.: caligrafia conforme a época, a ?? são quando não tive certeza da escrita.
FONTE: LIVRO DE REGISTRO GERAL( LRGC) Nº 12 1824/25, nº antigo 297, Pg. 59 e 59v. e pesquisa internet.
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