A violência praticada pelos bandeirantes na destruição
das reduções, contra índios cristãos, “acabou com a mentira, tantas vezes
repetida, de que os portugueses vieram ao Brasil para converter os índios à fé
cristã.”
Nas Missões do Tape o bandeirante aprisionou cerca de
1.500 homens e mulheres e os levou a pé até São Paulo, junto com dois padres
jesuítas aprisionados com os índios.
“A entrada de Jesus Maria, no rio Pardo, já em águas da
Lagoa dos Patos, qual a descreve Montoya, dará ideia resumida dos processos
empregados nestas expedições: ‘No dia de São Francisco Xavier (3 de dezembro de
1637), estando celebrando a festa com missa e sermão, 140 paulistas com 150
tupis, todos muito bem armados de escopetas, vestidos de escupis que são ao
modo de dalmáticas estofadas de algodão, com que vestido o soldado dos pés à
cabeça peleja seguro das flechas, a som de caixa, bandeira tendida e ordem
militar, entraram pelo povoado, e sem aguardar razões, acometendo a igreja,
disparando seus mosquetes. Pelejaram seis horas, desde as 8 da manhã até as 2
da tarde.
Visto pelo inimigo o valor dos cercados e que os
mortos seus eram muitos, determinou queimar a igreja, onde se acolhera a gente.
Por três vezes tocaram-lhe fogo que foi apagado, mas à quarta começou a palha a
arder, e os refugiados viram-se obrigados a sair. Abriram um buraco e saindo
por ele a modo de rebanho de ovelhas que sai do curral para pasto, com espadas,
machetes[1]
e alfanjes lhes derribavam cabeças, truncavam braços, cortavam pernas,
atravessavam corpos. Provavam os aços de seus alfanjes[2]
em rachar os meninos em duas partes, abrir-lhe as cabeças e despedaçar-lhes os
membros.’
Compensará tais horrores a consideração de que por
favor dos bandeirantes pertencem agora ao Brasil as terras devastadas?” (ABREU,
Capistrano de. Capítulos de História Colonial. UNb, 1963, p. 125-6)
REFERÊNCIA
PREZIA, Benedito; HOORNAERT, Eduardo. Esta terra tinha
dono. 4. Ed. São Paulo: FTD, 1995. P. 88-92.
2 sabre de lâmina curta e larga, com o fio no
lado convexo da curva.
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