sábado, 13 de julho de 2019

A FÚRIA BANDEIRANTE (DESTRUIÇÃO DA REDUÇÃO JESUS MARIA NO RIO PARDO)


A violência praticada pelos bandeirantes na destruição das reduções, contra índios cristãos, “acabou com a mentira, tantas vezes repetida, de que os portugueses vieram ao Brasil para converter os índios à fé cristã.”

Nas Missões do Tape o bandeirante aprisionou cerca de 1.500 homens e mulheres e os levou a pé até São Paulo, junto com dois padres jesuítas aprisionados com os índios.

“A entrada de Jesus Maria, no rio Pardo, já em águas da Lagoa dos Patos, qual a descreve Montoya, dará ideia resumida dos processos empregados nestas expedições: ‘No dia de São Francisco Xavier (3 de dezembro de 1637), estando celebrando a festa com missa e sermão, 140 paulistas com 150 tupis, todos muito bem armados de escopetas, vestidos de escupis que são ao modo de dalmáticas estofadas de algodão, com que vestido o soldado dos pés à cabeça peleja seguro das flechas, a som de caixa, bandeira tendida e ordem militar, entraram pelo povoado, e sem aguardar razões, acometendo a igreja, disparando seus mosquetes. Pelejaram seis horas, desde as 8 da manhã até as 2 da tarde.

Visto pelo inimigo o valor dos cercados e que os mortos seus eram muitos, determinou queimar a igreja, onde se acolhera a gente. Por três vezes tocaram-lhe fogo que foi apagado, mas à quarta começou a palha a arder, e os refugiados viram-se obrigados a sair. Abriram um buraco e saindo por ele a modo de rebanho de ovelhas que sai do curral para pasto, com espadas, machetes[1] e alfanjes lhes derribavam cabeças, truncavam braços, cortavam pernas, atravessavam corpos. Provavam os aços de seus alfanjes[2] em rachar os meninos em duas partes, abrir-lhe as cabeças e despedaçar-lhes os membros.’

Compensará tais horrores a consideração de que por favor dos bandeirantes pertencem agora ao Brasil as terras devastadas?” (ABREU, Capistrano de. Capítulos de História Colonial. UNb, 1963, p. 125-6)

REFERÊNCIA
PREZIA, Benedito; HOORNAERT, Eduardo. Esta terra tinha dono. 4. Ed. São Paulo: FTD, 1995. P. 88-92. 



1 Sabre de dois gumes, reto e curto; faca grande, facão.
2 sabre de lâmina curta e larga, com o fio no lado convexo da curva.

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