UMA CELEBRAÇÃO QUE RESISTE AO TEMPO
Os portugueses que fundaram Rio Pardo trouxeram com eles a fé católica. Junto a Fortaleza, erguida para manter e expandir a conquista do território,construíram uma pequena capela. Conforme a Vila se formava, e a população crescia, novos templos surgiram: Igreja Matriz Nª Sª do Rosário, Capela de São Francisco, dos Passos e Capela São João. Muitas eram as devoções dos portugueses, expressas nas suas festas religiosas. Em nossa cidade a Semana Santa sempre se destacou. Os comerciantes tinham por costume, respeito fechar as portas de seus estabelecimentos enquanto a procissão passava, relembrando o sofrimento de Cristo.
Com o passar do tempo, manteve-se a tradição religiosa, mas a festa ganhou uma nova dimensão popular, que aos poucos foi se voltando para a exploração Turística do evento. Essa característica se fortaleceu na década de 60, quando a fé se misturou com a história, e a visão corajosa de Biágio Tarantino projetou Rio Pardo no cenário Nacional. As celebrações começaram a atrair visitantes, que aproveitavam a viagem para conhecer a cidade. Os prédios seculares e a história local maravilhavam a todos.
A Capela de São Francisco de Assis foi o ponto que mais atraiu os visitantes, devido às belas imagens do Cristo adquiridas no início do século XIX: Jesus no horto de Getsêmani recebendo o anjo Cálix da Amargura; Jesus preso e amarrado, já com o rosto machucado por ter caído no riacho; Jesus na coluna da flagelação, depois de açoitado e amarrado, tendo o rosto retorcido de dor; Jesus coroado de espinhos e com um manto púrpura; Jesus de Cana Verde, cana que servia de cetro. São imagens esculpidas em cedro, com expressões fisionômicas e anatômicas de impressionante realismo, que comovem quem as contempla.
Tradicionalmente, a programação religiosa da Semana Santa inclui cerimônias que lembram a paixão, morte e ressurreição de Cristo - Santa Ceia, lava-pés, descida da Cruz,procissões do Senhor Morto. A elas estão sempre associadas atrações que visam atender aos aspectos culturais e turísticos gerados pelo grande número de turistas que
visitavam a cidade na Semana Santa . Assim, realizavam-se feiras artesanais e de artes plásticas e apresentações culturais (concertos, recitais, palestras, peças teatrais, exposições).
Na década de 70, a atração que concentrava um grande número de turistas em Rio Pardo era a Feira de Artes Plásticas, realizada a partir de 1973. Pintores famosos armavam seus cavaletes ao ar livre, em frente aos prédios históricos e às igrejas, misturavam suas tintas e produziam suas obras diante da população local e dos turistas.Compartilhavam experiência com artistas novos, que tinham chance de aperfeiçoar e mostrar seu trabalho.
Depois de alguns anos, a Semana Santa de Rio Pardo perdeu um pouco de sua importância como evento turístico. A celebração religiosa continuou concentrando grande número de fiéis da própria cidade.
Nos anos 90, a encenação da Paixão de Cristo revitalizou as festividades. Os turistas deliciaram-se com os atores locais, que, com muita dedicação, conseguiram recriar ao ar livre toda a história do sacrifício e ressurreição de Cristo.
E assim chegamos a Semana Santa de 2001. Uma programação intensa, que iniciou-se no Domingo de Ramos, com missa na Igreja Matriz, e a abertura de exposições no Solar das Águias , no Espaço Cultural Panatieri e na Sala Açoriana do Museu Histórico Municipal Barão de Santo Ângelo.Na segunda feira, a comunidade riopardense maravilhou-se com o concerto popular da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA), no Ginásio da Escola Auxiliadora.
FONTE: Prof. Silvia Barros, Gazeta do Sul, 2001 AHMRP
Nenhum comentário:
Postar um comentário