No século XVIII, quando deu-se a ocupação militar do Rio Grande do
Sul, a administração era muito complicada. Só haviam autoridades militares e a
igreja auxiliava o governo português, fazendo o controle de nascimentos e
mortes da população. Em Rio Pardo os únicos cemitérios existentes eram os das
igrejas, onde eram enterradas as pessoas que pertenciam às várias Irmandades da
Vila.
Mas, com o tempo, a população aumentou e nem todos
pertenciam às Irmandades, motivo pelo qual era necessária a construção de um
Cemitério Municipal. Assim, em 06 de outubro de 1847 o vigário Zeferino Dias
Lopes oficiava à Câmara de Vereadores, relatando o seguinte: "Sendo uma das
obrigações dos Párocos zelar por um lugar onde
devem descansar os corpos dos fiéis, que por mandado Criador são chamados à sua
soberana presença; por isso deliberei me dirigir a Vossas Senhorias como
principal órgão deste município, a fim de que dignem-se levar ao conhecimento
do Corpo Legislativo Provincial a necessidade que há nesta cidade de um com
quanto Cemitério, para que se sirva decretar quantia para sua fatura. Ora, com
quanto no lugar denominado Moinhos de Vento existe um, todavia não posso
conformar-me com o ponto em que se acha colocado; porque sendo o terreno bastante
pedregoso, e alheio, e de órfão segundo me consta: além deste defeito, se acha
aberto por todos os lados; coberto de mato, e expostos os corpos a serem
exumados pelos cães, servindo esse terreno de pasto e refúgio a quantos animais
por ali vagam. Espetáculo este de horror, que extingue n’alma o sagrado
respeito aos mortos, e que tanto como a vista, ofende a moral e aos costumes! Avista
do que é da palpável necessidade de fundar-se um edifício capaz e próprio para
tão justo quanto santo fim, apuro que Vossas Senhorias diligenciarão a
respeito; confiando eu pois que serão realizados meus desejos, a fim de não continuar
com bastante mágoa de meu coração e não pequeno escrúpulo a dar-se sepultura
aos corpos de nossos irmãos neste lugar e a despeito das leis eclesiásticas.”
Mais tarde esse local -Moinhos de Vento- foi usado como
Cemitério dos COLÉRICOS, durante a epidemia que assolou a Cidade. E o Cemitério
Municipal, tão desejado pelo vigário Vicente, foi construído em 1860.
FONTE: Registros Gerais da Câmara nº 38 p. 354. AHMRP
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