(3)final
Relatório de
Sebastião Pinto do Rego, Vigário de Rio Pardo, para Dr. Joze Marcellino da
Rocha Cabral, encarregado da Estatística da Província – Rio Pardo, 22 de janeiro de 1835
“Há mais uma capela antiguíssima, e muito
arruinada, sita na Aldeia de São Nicolau, e distante desta Vila meia légua. Em
outro tempo os aborígenes, seus habitantes, tiveram Cura, pago pelos mesmos;
porém a falta de meios dissolveu o trato, e os fez paroquianos da Matriz da
Vila; terá 100 pessoas.”
“A Paróquia da Vila foi ereta no mesmo
lugar, onde existia a outra assaz pequena, no ano de 1801, época exarada na
verga da porta principal, e não no livro do Tombo (...)”
“Além da Matriz existem nesta Vila duas Capelas;
a saber a do Senhor Bom Jesus dos Passos; e a de São Francisco de Assis. Da
primeira levantando-se mais 4 palmos o corpo; e dourando-se o altar-mor, único
que existe, ficará um edifício completo, e decente. Espero conseguir este
complemento da devota Irmandade, que ali venera a Imagem do Senhor dos Passos,
e assiduamente cuida do ornato do seu Templo, como há pouco, praticou
aformozeando-o exteriormente com frontispício e branqueação. Da segunda, este
edifício tem boa Capela-mor, mas o corpo é pequeno, mal construído, e sem forma
exterior: se a intitulada Ordem 3ª completá-lo, ficará excelente até pelo lugar
em que está situado, pois é o mais elevado da Vila; tem altar-mor não dourado,
e no corpo 6 nichos, onde estão colocadas 5 imagens do Senhor em diferente
passos; e uma da Senhora da Porciúncula. A Matriz desta Vila, como disse, teve
princípio em 1801; sua construção progredia com passos agigantados, e grande
fervor; todavia o gênio do mal apareceu entra a seara do Senhor, e influindo
nos corações dos operários do Dono do Altíssimo fez paralisá-lo, ficando
somente o corpo levantado, lugares para tribunas, sem torres, frontispício, em
cujo cima esteja colocado o sinal da Redenção, e indique ser ali o Santuário do
Autor do dia; existe até hoje a mesma capela-mor que havia no primeiro templo;
ela acha-se quase toda arruinada, e é muito pequena em proporção do corpo, que
parece acéfalo. Foi este o estado em que achei o Templo, quando dele tomei
posse; e ainda que hoje já tenha portas novas, púlpitos, coro, Sacrário
magnífico, assoalho reparado, todas as Imagens encarnadas de novo, e
envidraçadas, e outros arranjos; contudo não se poderá conseguir o seu
ultimatum, do que está muito longe; e por haverem muitas dificuldades a
superar: por exemplo, alçando eu do ex-presidente Galvão cento e vinte mil réis
para as obras da Igreja, empreguei com quase igual quantia do meu bolso em
tablado para as tribunas; porém não havendo mais dinheiro, nem quem ofereça,
como conseguir-se-á sua ultimação, não havendo meio de pagar a mão de obra das
mesmas? Todavia, se eu alcançar algum ajutório pecuniário do Presidente da
Província, e os devotos concorrerem com suas esmolas, e concluir-se o
douramento dos altares do Espírito Santo, Parto e Dores, este Templo, cujas
primeiras foram traçadas pelo erudito Rossis, ocupará o primeiro lugar entre os
melhores da Província. Ia olvidando-me do melhor, e é que só a poderosa mão do
Governo facultará o desejado fim, que o Templo exige: além dos 3 altares
referidos tem mais a Matriz o Mor; o de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos; o
de São Miguel; e o de São Francisco de Paula, que são dourados, e mui decentes.
Da Matriz, e nos dois Templos existem algumas alfaias preciosas, e os
competentes ornamentos. Nos limites da Paróquia existem os Oratórios seguintes:
do Padre Feliciano José Roiz em Capivari; é muito decente, e separado da casa
de moradia; de Manoel José Machado; de Bibiano José Carneiro; de Francisco
Pinto Porto; de Paulo Nunes da Silva Jardim; de Gaspar Pinto Bandeira; de
Manoel Veloso Rebelo; também são decentes.” * Ao relacionar cemitérios indica igrejas da época (1835): o da Matriz; o do Senhor dos Passos; as catacumbas da Ordem 3ª de São Francisco; o da Aldeia de São Nicolau.
REFERÊNCIA: documento do Arquivo Histórico de Rio Pardo, transcrito por Raimundo Panatieri (linguagem adaptada)
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