segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

RIO PARDO, CENTRO COMERCIAL
Dr. Alvarino F. Marques

               " Muito se tem escrito e falado sobre o papel histórico de Rio Pardo como baluarte militar da nossa formação geográfica e política, mas pouco se tem divulgado a respeito de sua função como entreposto comercial durante esse mesmo período, estabelecendo o elo econômico entre o vasto interior ainda nascente e a capital da Província – Porto Alegre – ou seu único porto marítimo – Rio Grande.
                Antes do advento das ferrovias e, mais tarde, das modernas auto-estradas, contávamos com um único meio de transporte importante, a navegação. As cargas mais pesadas só podiam viajar por água. Os transportes terrestres ficavam limitados a pesos e dimensões compatíveis com a capacidade física dos animais usados, seja para tracionarem os veículos, seja para levarem a carga no lombo.
                Por estas razões, só adquiriram real importância as localidades situadas à beira de água navegáveis, como foi o caso de Rio Pardo.
                Ademais de Fortaleza avançada no interior de uma ‘terra-de-ninguém’, Rio Pardo era um centro para onde convergiam as poucas mercadorias produzidas na zona rural: couros, sebo, erva-mate, cabelos e chifres. O comércio da cidade-forte adquiria os produtos das estâncias e trocava-os por artigos manufaturados indispensáveis e, antes de tudo, por sal. Esta era a mercadoria primordial para a vida de homens e animais.
                Com o progresso e a melhoria de situação dos estancieiros, principalmente com o assentamento de indústrias do charque, foram aumentando e tornando-se mais refinadas as exigências de consumo. As famílias que viveram nas estâncias até a época da Revolução de 93, passaram a mobiliar e arranjar melhor as casas, a vestir com mais apuro, a usar jóias, a consumir iguarias e bebidas importadas e a viajar em carruagens mais confortáveis.
                Todos esses artigos de consumo vinham de fora porque a indústria da Província era insipiente. Provinham do Rio de Janeiro, da Bahia e de outros centros mais adiantados, tanto do País como do estrangeiro.
                As mercadorias importadas chegavam por uma única via, a marítima, e eram distribuídas, do Porto de Rio Grande, para o interior, pela navegação das lagoas e dos rios.
                Rio Pardo foi, por muito tempo, o ponto final das embarcações fluviais. Mais tarde, também Cachoeira passou a ser um centro comercial importante – por localizar-se mais para dentro do interior rio-grandense. De Rio Pardo foi muita gente comerciar em Cachoeira, como os irmãos Antonio Vicente e José Antônio da Fontoura. Antônio Vicente tornou-se, além de comerciante, o menos guerreiro, mas talvez o mais político e negociador de todos os chefes farroupilhas, a grande figura da Paz de Ponche Verde."


FONTE: Recorte de jornal, sem data, local e página. Provavelmente Jornal A Folha.

domingo, 20 de dezembro de 2015

EXPANSÃO TERRITORIAL – CRIAÇÃO DO MUNICÍPIO
                Quando acabaram as invasões dos espanhóis, houve grande expansão em Rio Pardo, trazida pelo desenvolvimento rápido da pecuária e da agricultura, com o povoamento, por elementos portugueses e nativos, ao longo da margem esquerda do Jacuí, entre este e a Serra Geral.
                As concessões de terras foram numerosas, mediante apenas a exig}encia de ocupação imediata, com a construção de casas, mangueiras, plantações, etc.
                Inúmeras famílias retiraram-se do povoado, com seus escravos e empregados, indo habitar as grandes estâncias, obtidas por concessão do governo de Portugal e doadas principalmente a oficiais e praças que serviram no Quartel de Rio Pardo. Essas estâncias tornaram-se a origem da riqueza pastoril do Continente de São Pedro do Rio Grande do Sul.
                A partir de 1780, foram demarcados os terrenos urbanos e concedidos a oficiais, médicos, capelães e inferiores da guarnição do Quartel.
                O trabalho de demarcação das ruas foi realizado, a princípio, por engenheiros militares e, mais tarde, prosseguiu sob a direção de engenheiro civil.
                Oficialmente, Rio Pardo nunca foi capital do Rio Grande do Sul, mas, por várias vezes, serviu de sede de governo, algum tempo, aos Governadores Gomes Freire de Andrade, Francisco Barreto Pereira Pinto e José Marcelino de Figueiredo.
                A importância estratégica e econômica do Rio Grande do Sul, seu grande desenvolvimento, a lealdade dos súditos portugueses que habitavam seu território concorreram para que fosse elevado a capitania. Por decreto de dezenove de setembro de 1807, foi criada a Capitania Geral de São Pedro, sendo seu primeiro governador o Capitão-General D. Diogo de Souza. O Alvará de 27 de abril de 1809 dividiu-a em quatro municípios: Rio Grande, Porto Alegre, Santo Antônio e Rio Pardo.
                O imenso território, que formava o município de Rio Pardo, abrangia uma área de cento e cinquenta e seis mil oitocentos e três quilômetros quadrados, ou seja, mais da metade do território da nova Capitania.
                No ano de 1975, essa área, que já fora ocupada pelo nosso município, compreendia duzentos e sete municípios do Estado e, atualmente, muito mais.


FONTE: REZENDE, Marina de Quadros. Rio Pardo – História, recordações e lendas. 2ª. Ed. Rio Pardo:  s/ed., 1987. p. 41-42.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

UM POUCO DE HISTÓRIA
                Deve Rio Pardo aos fundadores dos Sete Povos das Missões, como muitos outros municípios do Rio Grande do Sul, o primeiro povoamento do seu solo por gente civilizada, pois na sua bela porém árdua tarefa de catequizadores, os missioneiros vieram até essa terra, então habitada por selvagens, plantando no seu seio a primeira semente do marco da civilização, isto por volta mais ou menos do ano de 1633, conforme rezam os anais da história.
                Embora só muito depois fosse fundado, após terem passado sobre seu chão os bandeirantes, desbravadores intrépidos dessa terra virgem, pode-se dizer que datam daí daquela data o início da vida primordial de Rio Pardo.
                Vieram mais tarde os primeiros moradores portugueses, lá pelo ano de 1724, e de simples Taba que era, Rio Pardo foi se fazendo um aldeamento regular, tornando-se logo depois a praça forte das nossas forças, refreando a conquista do Rio Grande do Sul pelos castelhanos, nas suas diversas tentativas de invasão, dentre as quais as façanhas armadas de 1773 e de 1777.
                Fazendo limite, então, com as fronteiras espanholas, Rio Pardo pela sua posição estratégica, cercado de um lado pelo rio Pardinho e do outro pelo rio Jacuí, barreiras naturais, deveria ser um baluarte, em caso de guerra, e realmente o foi.
                Pelo ano de 1750, por ordem de D. João VI, foram demarcados os limites do nosso Estado, pelo tratado entre Portugal e Espanha, sendo Rio Pardo escolhido para centro de depósitos de munições e víveres, em cuja localidade fez o general Gomes Freire de Andrade o seu Quartel-General, e dois anos depois, mandava construir à margem esquerda do rio Jacuí o célebre Forte Jesus-Maria-José, fortaleza essa que serviu de acantonamento ao não menos célebre Regimento dos Dragões, trazido para guarnecer a praça.
                Com a construção desse Forte, do qual ainda hoje existem as suas ruínas nas barrancas do Alto da Fortaleza, como ficou sendo conhecido aquele local, Rio Pardo começou a se desenvolver, datando dessa época a regularidade da sua vida social e comercial.
                O perfil de Rio Pardo foi se delineando, e apesar das lutas daqueles tempos e do troar das bocas de fogo postadas nos pontos estratégicos, o lugar começou a prosperar. O aldeamento aos poucos ia se tornando populoso, transformando-se em lugarejo pitoresco; as ruas iam se formando; o comércio se incrementando; as casas iam aparecendo, e quando a paz com os espanhóis veio trazer a tranqüilidade para as famílias rio-grandenses, já Rio Pardo tinha foros de Vila, com regular movimento e como base de concentração militar, raiando então a alvorada da sua vida áurea, que teria projeções gigantescas através do tempo, contribuindo em todas as campanhas em que o Brasil se viu empenhado, com o sangue dos seus filhos, cuja índole de guerreiros traziam nas veias, transmitida das gerações que forjaram no fogo das batalhas uma raça de bravos.
                Descerrando a cortina do tempo, à sombra da qual ficaram vibrando os feitos de gerações gloriosas, vamos descobrir a nossa velha cidade, primeiramente “Jequi”, depois “Vila do Príncipe” e atualmente Rio Pardo, como vanguardeira das primeiras lutas que sustentou o Brasil na conquista do Rio Grande do Sul, alvo da cobiça dos espanhóis, que esbarravam sempre às margens do rio Jacuí, onde se erguia a fortaleza invencível, que nunca conseguiram transpor!
                Os anos 1754, 1762, 1773 e 1777, foram uma sequência de lutas para o Rio Grande do Sul, e Rio Pardo foi sempre a barreira intransponível, sobre a qual vinha quebrar-se a fúria do inimigo.
                Datam daí, desses anos de incertezas para os destinos do nosso Estado, os feitos gloriosos dos filhos de Rio Pardo. Aparece, primeiramente, pelo ano de 1801, José Borges do Canto, que capitaneando um grupo de guerrilhas, deserta da sua guarnição, para dar combate aos povos das Missões, ao lado de outros companheiros, e tão bem se houve dessa façanha arriscada, que conquistou galões, volvendo vitorioso ao corpo da sua tropa.
                À José Borges do Canto, um dos primeiros grandes rio-pardenses e aos seus companheiros de luta, devemos a conquista da região missioneira, a zona mais rica que possui o nosso Estado.
                Aparece, ainda, por essa mesma época, - 1801, - João de Deus Mena Barreto, esse bravo guerreiro, que como soldado do Regimento dos Dragões se impõe pelo seu destemor ao perigo, nas cruentas pelejas que então se travavam, e de simples soldado, alcança o elevado posto de General e mais tarde o de Visconde de São Gabriel.
                E, como simbolizando as glórias que os filhos de Rio Pardo conquistaram noutros tempo, para nossa Pátria, esses dois rio-pardenses – José Borges do Canto e João de Deus Mena Barreto – abriram o grande livro da nossa história, em cujas páginas vamos descobrir nomes ilustres, que honram as tradições deste chão glorioso, e de cujos feitos as gerações que passam devem se orgulhar!

(ANTUNES, Duminiense Paranhos. Rio Pardo, “Cidade-Monumento”. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1946. p. 29-33)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015


CINE HOTEL (3)

                Continuando nossas pesquisas na coleção de jornais do Arquivo Histórico Municipal, encontramos o seguinte:
NOVA PREFEITURA E PARADOURO TURÍSTICO
PONTO ALTO DA ADMINISTRAÇÃO AZUIL CINTRA
A Câmara indica o local para essa importante obra

                Em recente sessão extraordinária da Câmara Municipal, a Mesa diretora, constituída em comissão especial, apresentou substancioso parecer, recomendado ao Poder Executivo local do chamado Cine Hotel, para construção da nova sede da Prefeitura, entrosado com o Paradouro Turístico, bem como opinando sobre o valor da aquisição. Assinaram o parecer os vereadores Manoel Alfeu de Borba, Thales Colombo e Guinter Werner Mayer. A detalhada exposição mereceu a aprovação unânime do Plenário, com o voto favorável dos sete vereadores presentes: Manoel Alfeu de Borba, Guinter Werner Mayer, Ernesto Protásio Wunderlich, Antônio Olinto Meurer, Juramir Costa, Waldemar d’Ávila e Negus Costa. A obra, que se constituirá na mais importante iniciativa do programa administrativo do Prefeito Azuil Cintra, compreenderá: a sede da Prefeitura, Executivo e Legislativo, Museu e Biblioteca, apartamento para estada de turistas, Paradouro Turístico, com carácter de Centro Cultural Turístico, compreendendo ainda estacionamento, jardim e restaurante. Obra de envergadura, terá função de relevo na vida da cidade e porá Rio Pardo nos roteiros obrigatórios dos turistas, que poderão aqui ser encaminhados ao interesse das potencialidades econômicas do município. Próximas reportagens focarão os diversos aspectos que merecem ser destacados.

FONTE: Jornal “A Folha” de 22 de janeiro de 1967, folha 1

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

TRATADO DE MADRI (2)

                Cada Coroa escolheu dois comissários para efetuar as demarcações, dois para as regiões ao norte e “Portugal nomeou para comissário do Sul o capitão-general do Rio de Janeiro, Minas e São Paulo, Gomes Freire de Andrade, mais tarde conde de Bobadela;  (...). A Espanha designou o marquês de Valdelírios (...). Ao serviço de cada um desses quatro indivíduos foi posta uma comissão de geógrafos e astrônomos, grande número dos quais contratado no estrangeiro.”
                O artigo 16 do Tratado determinava: “Das povoações ou aldeias que cede Sua Majestade Católica na margem oriental do Uruguai, sairão os missionários com todos os móveis e efeitos, levando consigo os índios para aldear em outras terras de Espanha; e os referidos índios poderão levar também todos os seus bens móveis e semoventes, e as armas, pólvora e munições que tiverem; em cuja forma se entregarão as povoações à Coroa de Portugal, com todas as suas casas, igrejas e edifícios, e a propriedade e posse do terreno.”
                Gomes Freire e Valdelírios encontraram-se para sua primeira conferência no campo de Castilhos Grande (1º de setembro de 1752). Prosseguiram as demarcações até à altura dos Sete Povos (julho de 1753). Próximo a Bagé, se depararam com um grave problema: índios armados recusavam-se a abandonar seus territórios. O resultado foi a Guerra Guaranítica. No primeiro semestre de 1756, quando espanhóis e portugueses unidos venceram os índios, a situação ficou clara: os índios não sairiam pacificamente e os portugueses não entregariam Sacramento em troca de área que tivessem ainda que conquistar. O resultado foi a anulação do Tratado de Madri e o retorno à situação de conflito entre as Coroas Ibéricas no sul do Brasil.


(PEDROSO, Antônio de Souza. O Brasil na administração pombalina: economia e política externa. 
2. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1979. (Brasiliana, V. 192). p. 105-111.)

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TRATADO DE MADRI (1)

                Tratado de limites pelo qual Portugal e Espanha “fixavam os respectivos domínios na Ásia e estabeleciam fronteiras para os da América.” Até então vigorara o Tratado de Tordesilhas, que dividira o mundo entre as coroas ibéricas e na época de sua assinatura (1494) a demarcação feita “fora a única possível na primeira hora”, mas não era a mais adequada na prática, pois não “correspondia mais aos respectivos interesses”.
                “O Tratado de 1750 revogava todas as estipulações anteriores sobre a sua matéria, estabelecia o princípio do uti possidetis: ‘cada parte há de ficar com o que atualmente possui’; visava limitar o Brasil por rios, montanhas, em suma, por fronteiras quanto possível naturais. (...) Estipulavam essencialmente os diversos artigos deste documento que a bacia do Prata ficava pertencendo à Espanha, enquanto a do Amazonas permanecia com Portugal. Do lado do Brasil a fronteira devia buscar em linha reta os cumes dos montes, cujas vertentes descessem por uma parte para o oeste, que corre ao norte do regato, no pé do monte de Castilho Grande, ou para a Lagoa Mirim ; e pela outra parte para a costa, que corre do mesmo regato ao sul, ou para o rio da Prata, de sorte que as cumeeiras dos montes servissem de raia dos domínios das duas coroas. Todas as vertentes que descessem para a Lagoa Mirim, ou para o Rio Grande de São Pedro, ficavam para Portugal; e para a Espanha, as que baixassem aos rios tributários do Prata (...).
                A partilha dos rios foi objeto de grande cuidado. À falta de estradas e dos transportes modernos, constituíam as vias de comunicação por excelência. Acordou-se que a sua navegação seria comum no caso das duas potências possuírem estabelecimentos ribeirinhos; seria exclusiva quando ambas as margens pertencessem à mesma nacionalidade.
                Dos dois rios principais, Amazonas e Prata, o primeiro era pertença nossa, o outro tocaria aos castelhanos. Para que lhes ficasse a navegação exclusiva do Prata pactuou-se uma troca de territórios. Dar-nos-iam os Sete Povos das Missões, situados na margem esquerda do rio Uruguai (...). Nós dar-lhe-íamos a Colônia do Sacramento, que possuíamos na margem esquerda do rio da Prata.
                No tratado há dois objetivos atinentes, é certo, ao mesmo fim. O primeiro é o levantamento duma linha de fronteira. O segundo é uma troca de territórios.”
                Tanto portugueses quanto espanhóis, nas suas Cortes, protestaram quanto à troca de territórios. Os espanhóis temiam pelas minas de Potosi, próximas às Missões; já os portugueses protestavam pois para eles a “Colônia de Sacramento era um porto de imensa importância comercial e estratégica. Sob qualquer dos aspectos superior a Buenos Aires”, mesmo sendo o território das Missões bem maior. Porém, a Colônia era dispendiosa para o Governo Português, constantemente atacada pelos espanhóis: valia a pena a troca.
                O Tratado foi ratificado por Portugal em 26 de janeiro de 1750 e pela Espanha em 8 de fevereiro de 1750. Porém, vários atos diplomáticos posteriores, necessários à sua execução, retardaram sua execução, que só de daria a partir do início de 1752.


(PEDROSO, Antônio de Souza. O Brasil na administração pombalina: economia e política externa. 2. ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1979. (Brasiliana, V. 192). P. 105-111.)

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

APROPRIAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO DO TERRITÓRIO NA FRONTEIRA GAÚCHA

“              A disputa pela apropriação do espaço no Extremo-Sul entre portugueses e espanhóis, ao longo dos séculos XVII e XVIII, é bem evidente no avanço e recuo das Missões jesuíticas na alta bacia do rio Uruguai, onde estas implantaram-se como verdadeiro ‘quisto’ entre os territórios controlados pelas duas coroas. Aos poucos a luta se expandiu para as áreas de Pampa, ‘terras de ninguém’, rumo ao estratégico estuário do Prata, verdadeira sentinela geopolítica onde, ainda em 1680, fora estabelecida pelos portugueses a Colônia de Sacramento (...).
                Apesar de terem se expandido por todo o espaço conhecido hoje como Campanha Gaúcha, de Bagé a Rio Pardo, de São Vicente a São Borja, as missões jesuíticas do século XVII foram devastadas com a caça ao índio promovida pelos bandeirantes paulistas e abandonadas em definitivo com a expulsão dos jesuítas dos territórios luso-castelhanos na metade do século XVIII. Apenas em 1801, a região noroeste do atual Rio Grande do Sul seria definitivamente incorporada.
                O verdadeiro ‘deserto’ de dunas e campinas na costa entre Laguna e o Prata retardou a fixação humana na região hoje compreendida pelo Rio Grande do Sul. No interior, à exceção do gado chimarrão (selvagem) deixado à solta após a expulsão dos jesuítas pelos bandeirantes, e dos índios, tomados como escravos, nenhum interesse econômico relevante incentivava a ocupação. Além disso, o próprio clima não era apropriado aos cultivos tropicais que interessavam à economia mercantil européia. Essas condições naturais levariam à constituição de uma verdadeira fronteira aberta em meio às campinas do Pampa, domínio dos índios charruas e minuanos, hábeis cavaleiros caçadores que, apesar de dizimados, legaram importante herança à cultura gaúcha.
                A propósito da herança indígena, é importante lembrar que mesmo nas sociedades primitivas já se delineava uma divisão territorial do trabalho, intimamente relacionada ao meio natural: enquanto nas áreas de mata ao norte e centro do atual estado as etnias Gê (guaianás e caingangues) e tape (depois guaranizados) praticavam a agricultura, na atual faixa fronteiriça de Rio Grande a  São Borja, dominava a caça pelos cavaleiros da nação chaná (minuanos e charruas). É bastante provável que tenha raízes aí o mito, ainda hoje pregado por alguns estancieiros, de que somente as áreas de mata seriam favoráveis ao uso agrícola do solo.
                O vaivém da linha fronteiriça e os freqüentes conflitos armados reforçaram o caráter militar da sociedade gaúcha. Muitos núcleos eram criados e abandonados em curtos espaços de tempo, e outros conseguiam definitivamente se instalar com base em sua condição estratégico-militar: Santa Maria, por exemplo, surgiu de um acampamento militar demarcados de limites (1787-1801), Bagé surgiu com o forte espanhol de Santa Teclar (1773) e Alegrete de um acampamento português (1811).
                Além da conotação tradicional com que a denominação Campanha é reconhecida, não se deve descartar também um significado militar, já que os comandos da governadoria militar do ‘ Continente de São Pedro’, com sedes em Rio Grande e Rio Pardo, eram denominados, no início do século XIX, Comandos de Fronteira ou de Campanha.
                A criação de um forte em Rio Grande (1737), único abrigo portuário no longo e inóspito litoral entre Santa Catarina e o Prata, levou à formação daquele que se tornaria, já no início do século XIX, o centro polarizador da economia e de expansão do povoamento na área da Campanha, que até então se identificava com o próprio espaço da Capitania.”


(COSTA, Rogério Haesbaert da. Latifúndio e identidade regional. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1988. (Série Documenta, 25) 

domingo, 15 de novembro de 2015

A BARCA LIBERAL
                Na edição de 1903 do Almanak Litterario e Estatístico do Rio Grande do Sul, o historiador Alfredo Ferreira Rodrigues, organizador e editor dessa histórica publicação, relata, sob o título “Homens e Fatos do Passado”, a viagem inaugural da “Barca Liberal”,  primeiro barco a vapor a sulcar as águas interiores do Estado.
                Ferreira Rodrigues inicia o texto com a tradução de referência que lera, ainda jovem, num livro do inglês Willian Scully: “Esta província (Rio Grande do Sul) foi a primeira do império que utilizou as vantagens da navegação a vapor. Os empreendedores habitantes de Pelotas, em 1834, fizeram correr uma barca de vapor entre essa cidade e a de São Pedro.” E corrige a informação: “O fato é verdadeiro no que diz respeito ao Rio Grande. Não o é tratando-se do Brasil em geral, pois que, já em 4 de outubro de 1819, o general Felisberto Caldeira Brandt, depois Marquês de Barbacena, inaugurara um pequeno vapor entre a Bahia e Cachoeira. Além disso, há um engano de datas, tendo a barca começado a navegar em 1832 e não em 1834.
                Deveu a província esse progresso a quatro homens empreendedores: Domingos José de Almeida, Antônio José Gonçalves, José Vieira Viana e Bernardino José Marques Canarim, que constituíram uma sociedade por ações, mandando vir dos Estados Unidos uma máquina a vapor para mover a barca, que se estava construindo em Pelotas, nos estaleiros do arroio Santa Bárbara.
                Domingos José de Almeida adiantou, sem juro algum, o dinheiro preciso para ultimar-se o negócio, pois que por fim os outros acionistas abandonaram a empresa.
                A barca, que recebeu o nome de Liberal, desceu do estaleiro em meados de setembro de 1832, fazendo experiência no dia 30 no São Gonçalo, com grande admiração dos espectadores pela velocidade com que rompeu contra o vento e grande correnteza de água.
                As suas viagens começaram a 7 de outubro. O “Noticiador”, do Rio Grande, no dia 11 publicou a seguinte descrição da primeira delas: ‘No dia 7 do corrente, pelas 8 horas da manhã, saiu daquela vila (Pelotas) a barca, conduzindo muitos generosos cidadãos que quiseram ter o gosto de serem os primeiros flutívagos argonautas (...). Às 11 horas já se achava na vila de São José do Norte (...). Ao confrontar com o primeiro edifício desta vila, todas as embarcações e iates içaram a um tempo suas bandeiras, flâmulas e galhardetes e um considerável número de foguetes, subiram imediatamente ao ar (...) . As janelas estavam ocupadas por senhoras e as praias atulhadas de povo, que, com acenos de lenços, gritos e vivas e continuação de fogos, fazia uma bela vista e não punha em dúvida o entusiasmo de que todos estavam possuídos (...). Depois de ancorada a barca unida ao trapiche, desembarcaram muitos passageiros e outros cidadãos subiram à dita barca, cada um com a sua notável curiosidade e interesse, examinando-a atentamente, por ser bem de supor que alguns dos observadores não tivessem visto uma embarcação semelhante. Às 2 horas da tarde partiu, levando talvez mais passageiros que conduzira.
                Não deve passar sem reparo a celeridade, naquela época, fora do comum, da barca, que fez a viagem de Pelotas a São José do Norte em menos de 3 horas. O êxito desta primeira viagem animou os proprietários da barca a mandarem-na, em princípios de novembro a Porto Alegre. Ali se demorou algum tempo, fazendo diversas excursões ao Rio Pardo, vila do Triunfo e colônia de São Leopoldo. Na viagem ao Triunfo, levou mais de 150 passageiros, o que prova não só as suas vastas acomodações, como a predileção do público por esse novo modelo de locomoção. O lucro realizado por essa excursão foi calculado por um jornal da capital em muito mais de dois contos de réis.
                De volta a Pelotas, iniciou carreira regular entre essa vila e o Rio Grande, com escalas pela barra do arroio Pelotas e São José do Norte. De julho de 1833 em diante, as saídas de pelotas foram fixadas em todas as segundas e quartas-feiras, regressando do Rio Grande nas terças e quintas, fazendo excepcionalmente uma ou outra viagem a Porto Alegre.
                Em 1836, foi a barca Liberal transformada pelo governo em navio de guerra. Assim é que, em 2 de junho,sob o comando do Tenente Joaquim Raimundo de Lamare, tomou juntamente com as canhoneiras Oceano e São Pedro, o passo de São Gonçalo, em frente à foz do arroio Pelotas, às forças revolucionárias comandadas pelo major João Manoel de Lima e Silva.”


FONTE: Boletim Informativo do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, nº 2 – set/out/nov. de 1984. P. 5-7.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

CINE-HOTEL (2)

O novo empreendimento sonhado em Rio Pardo na década de 50 localizava-se no prédio da atual Prefeitura Municipal, à Rua Andrade Neves nº 324. Esta obra seria a concretização de um importante Centro Histórico Cultural do Estado, destacando Rio Pardo por sua originalidade histórica.
As obras estavam em pleno andamento, mas no final de 1957 começaram os problemas. Apesar de todos os esforços da Diretoria, inclusive com um empréstimo para que a obra não parasse totalmente, o saldo do capital subscrito não correspondia ao previsto. As consequências logo se fizeram sentir de forma desastrosa para a entidade.
Apesar dos apelos a todos membros do Consórcio, não houve resultado positivo para a continuação da obra. A Diretoria prestou contas do andamento dos trabalhos mas foi maior o desinteresse dos subscritos para o aumento do capital. Logo a Diretoria não tinha recursos suficientes, nem para o término da construção da parte térrea do edifício.  Em setembro de 1957 uma das salas térreas foi alugada à Companhia Rio-grandense de Adubos CRA.
Com a paralisação da construção do edifício não houve mais interesse por parte do público em investir capitais no Consórcio e retraiu ainda mais os subscritores, que já vinham pagando suas cotas com atraso.

REFERÊNCIAS: Coleção de Jornais do Arquivo Histórico Municipal - Jornal de Rio Pardo e Jornal a Folha - 1956-1958.





quarta-feira, 28 de outubro de 2015

CINE HOTEL- UM SONHO NÃO REALIZADO

No ano de 1954 estiveram em Rio Pardo técnicos do Consórcio Brasileiro de Investimento S.A. para realizar um estudo para construção de um grandioso Cine Hotel, obra orçada entre 8 a 10 milhões de cruzeiros. Esta equipe era formada pelos Engenheiros Leoni Sgrilo, Marino Azambuja, Lauro Penteado e Adolfo Kaiser. A ideia foi recebida com grande entusiasmo nos meios sociais para a constituição do Cine-Hotel Consórcio Rio Pardo S.A., presidido por Estevão Araújo Motta.
A planta do futuro empreendimento apresentava características modernas e grandiosas, tendo sito projetada com todos os requisitos de conforto da época. A previsão era de construir,  anexo ao Hotel, um moderno restaurante, uma casa de chá e uma boate. Havia previsão de fomentar o turismo, criando condições de hospedagem de alta classe.
Realizou-se no dia 10 de setembro de 1954, no cartório do Sr. Renato Pellegrini, o ato de assinatura da compra do terreno e de um antigo casarão ali existente, pertencentes ao Sr. Salvador Reina, para a construção do edifício do Cine Hotel. A previsão do início da construção era  março de 1955.
Conforme noticiou o Jornal de Rio Pardo, de 31 de janeiro de 1954, o Dr. Apeles de Quadros afirmou que “houve união dos rio-pardenses para batalhar pelo progresso de sua terra natal”.

REFERÊNCIAS: Coleção de Jornais do Arquivo Histórico Municipal - Jornal de Rio Pardo 1954-1955

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

UM POUCO DE HISTÓRIA...


                “Em 1801, um pequeno bando armado liderado por Manoel dos Santos Pedroso, um soldado-estancieiro, e por José Borges do Canto, um contrabandista e desertor dos Dragões, incorporou as Missões, até então dominadas pelos espanhóis. Consequentemente, houve um avanço da fronteira gaúcha até as barrancas do rio Uruguai dando ao Rio Grande do Sul, grosso modo, os contornos limítrofes atuais. Com a área anexada, os luso-brasileiros apoderaram-se das últimas reservas de campo ainda disponíveis.”

(VOGT, Olgário  Paulo. Formação social e econômica da porção meridional do Vale do Rio Pardo. In: VOGT, O. P.; SILVEIRA, R. L. L. da (org.). Vale do Rio Pardo: (re)conhecendo a região. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2001. p. 88)


  Borges do Canto e sua Tropilha           "A tropilha do Capitão José Borges do Canto"
<www.berega.com.br/obras/Quadros/diversos/diversos.htm>


                E é o próprio Borges do Canto que informa como se realizou tal conquista, “apenas com 44 pessoas, pequeno destacamento para tão enorme empreendimento”:
                “Marchei avançando  a estâncias e segurando tudo quanto encontrava assim cheguei a ter notícias de um acampamento que se estava fazendo porém ainda com poucas forças e como me via com tão boa gente quis experimentar a ventura e como fui feliz e me vi senhor de mais de trezentos índios marchei a investir ao povo e como achei fortificado com artilharia não quis arriscar gente e achei melhor sitiá-lo e com tão grande felicidade que em três dias fizemos capitulação com o senhor Tenente Coronel D. Francisco Rodrigo.”


(LAYTANO, Dante de. O quartel de Rio Pardo, Regimento de Dragões e conquista das Missões. Pequena Memória cronológica de história militar capitaria. 1807 – 1810. Separata dos “Anais” da Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:1949. p. 4.)

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

COMO TUDO COMEÇOU.... (2)

"Para o povoamento, o governo contratou o transporte de famílias açorianas, os "Casais de Número". Quanto às rotas de ligação com as Missões, deixou a cargo de Gomes Freire.

É neste contexto que vão surgir, na subida do Jacuí, os núcleos de Santo Amaro e Rio Pardo, "quase gêmeos" no nascimento."

Gomes Freire embarcou no Rio de Janeiro no dia 19 de fevereiro de 1752, aportou na Ilha de Santa Catarina em 24 de fevereiro e seguiu para Laguna, iniciando a marcha terrestre para Rio Grande, onde chegou em 7 de abril de 1752. Dali, "foi ao encontro da missão espanhola, chefiada pelo Marquês de Valdelírios, e ambos deram início à demarcação a partir de Castilhos Grande, na atual costa norte do Uruguai." Porém, os índios reagiram e impediram os trabalhos, Os portugueses procuram um roteiro militar até as Missões, com seguro apoio de retaguarda para suas tropas. Em novembro de 1753 Gomes Freire "se decide pela subida do Jacuí e ordena a construção de porto fortificado: '[...] resolvi e já mandei se fizesse acima de Viamão, em posto da parte dos Tapes uma fortificação de campanha com capacidade de se lhe por guarnição e artilharia para se armazenar os víveres que determino se transportem por aquele rio nas bastantes embarcações que hei mandado fazer e tenho já prontas; e sendo o dito posto tão próximo às Missões como se afirmam, será sem dúvida o nosso maior socorro.'"

O conflito entre índios missioneiros, portugueses e espanhóis transforma-se na Guerra Guaranítica e os acampamentos que deveriam servir de retaguarda para os portugueses acabam sendo transformados em fortificações. E uma delas, situada na margem esquerda do rio Jacuí deu origem à cidade de Rio Pardo.

(VELLOSO FILHO, René Boeckel. Muralhas lusitanas o Baixo Jacuí - Os primeiros tempos de Santo Amaro e Rio Pardo. Porto Alegre: EST Edições, 2008. p. 12-15.)


segunda-feira, 21 de setembro de 2015

COMO TUDO COMEÇOU

"Na metade do século XVIII, havia competição entre Portugal e Espanha por grande faixa do Cone Sul. No atual Uruguai, os lusos tinham um enclave em frente a Buenos Aires - a Colônia do Sacramento, e os espanhóis dominavam Montevidéu.

No Rio grande do Sul, os portugueses ocupavam o litoral e avançavam para oeste pelo Corredor Central até o rio Taquari. O resto - toda a metade sul a oeste da Lagoa dos Patos - pertencia aos índios guaranis, cujas aldeias ficavam no canto oeste e eram comandadas pelos padres jesuítas. Os Sete Povos repartiam o restante da terra em ervais e fazendas de criação de gado, e seus postos na região central quase contatavam com as terras dos portugueses.

A Colônia do Sacramento já provocara grandes crises bélicas. O grave problema logístico de sua implantação em 1680 - a enorme distância entre ela e as bases de apoio, tinha sido, em parte, corrigido com a criação dos núcleos de Laguna, Viamão e Rio Grande.

Para acertar os limites entre o Brasil e as colônias espanholas, foi assinado o Tratado de Madri em 1750. Por ele, Portugal entregava Sacramento e seu entorno, e recebia os Sete Povos com suas aldeias e campos de cultura. Um acordo que, pelo atual mapa seria quase como dar à Espanha o |Uruguai, e receber o Rio Grande do Sul.

O general Gomes Freire de Andrada, então governador do Rio de Janeiro e Minas Gerais, foi nomeado principal comissário português para a execução do tratado nas divisas sul e oeste, do litoral à subida do rio Paraguai até a foz do Jauru, subdividido o espaço em 3 partidas (na Amazônia, outra comissão definiria a fronteira norte).

Além do serviço de demarcação, outras questões básicas preocupavam as autoridades: o povoamento da área a receber, e a comunicação dela com os núcleos litorâneos."

(VELLOSO FILHO, René Boeckel. Muralhas lusitanas no Baixo Jacuí - Os primeiros tempos de Santo Amaro e Rio Pardo. Porto Alegre: EST Edições, 2008. p. 11)

CONTINUA...


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

COMBATE DO BARRO VERMELHO
... e sua relação com o Hino Rio-Grandense
                Ocorrida entre 1835 e 1845, a Revolução Farroupilha foi consequência da insatisfação de lideranças gaúchas com o Governo Imperial, que nomeava os principais governantes, favorecia a importação do charque produzido na região platina e taxava o sal indispensável para a fabricação do charque gaúcho.
                As lutas se estenderam por 10 anos e abalaram a economia em toda a Província. Nesta época, Rio Pardo era importante entreposto comercial e sofreu sérios prejuízos.
                Aconteceram vários combates em Rio Pardo. Em julho de 1836 Antônio Joaquim da Silva, o conhecido corsário “Menino Diabo”, atacou e saqueou a vila, sendo expulso somente em setembro daquele ano, pelas tropas legalistas do Tenente-Coronel Medeiros Costa. Em 1837 os farrapos tomaram novamente a vila, sendo expulsos pelos legalistas cerca de um mês depois.
O último ataque farroupilha aconteceu em 30 de abril de 1838, com 2.500 soldados sob o comando de Davi Canabarro e Souza Neto, que derrotaram as tropas legalistas comandadas pelo Marechal-de-Campo Sebastião Barreto Pereira Pinto, que tentaram conter o ataque, sem sucesso.
O combate aconteceu na coxilha do Barro Vermelho, ao romper do dia, durando cerca de 70 minutos, terminando com a derrota do exército legalista. Quase no final do combate, foi aprisionada a banda de música completa do 2º Batalhão de Fuzileiros Imperiais, da qual era maestro o mineiro Joaquim José de Mendanha. Os componentes da banda foram tratados com respeito pelos vencedores, pois houve recomendação dos chefes farroupilhas para que fosse assim. Para os farroupilhas a banda era uma presa preciosa: não havia banda de música nas suas fileiras, e eles sabiam da importância de ter um hino que motivasse as tropas.
Em 1887 o advogado rio-pardense José Gabriel Teixeira descreveu assim a cena que ocorreu ao final do combate:
“Poucas horas depois do combate já a música de Mendanha, em completa liberdade, tocando lindas peças musicais, puxara em triunfo as tropas vencedoras, que formadas entravam na Vila, percorrendo as ruas então chamadas de Santo Ângelo (atual Andrade Neves) e Ladeira indo formar em parada na praça da Matriz, onde foram dados vivas ao exército vencedor, à República Rio-Grandense, aos chefes vitoriosos...”
Convencido pelos líderes farroupilhas, o Maestro Mendanha compôs a música do Hino que hoje representa o nosso Estado. A letra do Hino Rio-Grandense foi composta por Francisco Pinto da Fontoura, guerreiro Farroupilha. Nosso Hino foi oficializado pela Lei nº 5.213, de 5 de janeiro de 1966.
A 25 de novembro de 1839 o Major legalista Francisco Pinto de Abreu atacou e retomou a vila. Os farroupilhastentaram evitar que a banda do Maestro Mendanha fosse libertada, mas não conseguiram. Depois deste combate, Rio Pardo foi dominada pelos legalistas até o final da Revolução Farroupilha.

REFERÊNCIAS
Rio Pardo: berço do Hino Farroupilha – Biagio Tarantino (não publicado)

Rio Pardo: histórias, recordações e lendas – Marina de Quadros Rezende

terça-feira, 15 de setembro de 2015





IMAGENS ANTIGAS DE RIO PARDO 
48 - A HIDRÁULICA MUNICIPAL EM 1920 
Foto que mostra como era a antiga Hidráulica de Rio Pardo no ano de 1920. O serviço era administrado pelo senhor João Carlos Strazulas.
1.000 Visões Rio Pardo Rs, a Cidade Histórica Do Rio Grande Do Sul
Disponivel em:
https://www.facebook.com/266492110157813/photos/a.266532863487071.1073741826.266492110157813/644617985678555/?type=1&theater


segunda-feira, 25 de maio de 2015

QUEM SOMOS

Neuza Quadros e Silvia Barros, professoras da rede municipal de ensino de Rio Pardo-RS, com experiência em sala de aula. Apaixonadas pela História de nosso município pretendemos compartilhar as informações obtidas em nossas leituras e pesquisas no Arquivo Histórico Municipal Biágio Soares Tarantino.

ANOITECE EM PEDERNEIRAS, PASSO DA AREIA, 2º DISTRITO DE RIO PARDO

AMANHECE NA LOCALIDADE DE MAX BRUHNS, EM JOÃO RODRIGUES, 6º DISTRITO DE RIO PARDO

FONTE: Professoras de Histórias