quarta-feira, 16 de setembro de 2015

COMBATE DO BARRO VERMELHO
... e sua relação com o Hino Rio-Grandense
                Ocorrida entre 1835 e 1845, a Revolução Farroupilha foi consequência da insatisfação de lideranças gaúchas com o Governo Imperial, que nomeava os principais governantes, favorecia a importação do charque produzido na região platina e taxava o sal indispensável para a fabricação do charque gaúcho.
                As lutas se estenderam por 10 anos e abalaram a economia em toda a Província. Nesta época, Rio Pardo era importante entreposto comercial e sofreu sérios prejuízos.
                Aconteceram vários combates em Rio Pardo. Em julho de 1836 Antônio Joaquim da Silva, o conhecido corsário “Menino Diabo”, atacou e saqueou a vila, sendo expulso somente em setembro daquele ano, pelas tropas legalistas do Tenente-Coronel Medeiros Costa. Em 1837 os farrapos tomaram novamente a vila, sendo expulsos pelos legalistas cerca de um mês depois.
O último ataque farroupilha aconteceu em 30 de abril de 1838, com 2.500 soldados sob o comando de Davi Canabarro e Souza Neto, que derrotaram as tropas legalistas comandadas pelo Marechal-de-Campo Sebastião Barreto Pereira Pinto, que tentaram conter o ataque, sem sucesso.
O combate aconteceu na coxilha do Barro Vermelho, ao romper do dia, durando cerca de 70 minutos, terminando com a derrota do exército legalista. Quase no final do combate, foi aprisionada a banda de música completa do 2º Batalhão de Fuzileiros Imperiais, da qual era maestro o mineiro Joaquim José de Mendanha. Os componentes da banda foram tratados com respeito pelos vencedores, pois houve recomendação dos chefes farroupilhas para que fosse assim. Para os farroupilhas a banda era uma presa preciosa: não havia banda de música nas suas fileiras, e eles sabiam da importância de ter um hino que motivasse as tropas.
Em 1887 o advogado rio-pardense José Gabriel Teixeira descreveu assim a cena que ocorreu ao final do combate:
“Poucas horas depois do combate já a música de Mendanha, em completa liberdade, tocando lindas peças musicais, puxara em triunfo as tropas vencedoras, que formadas entravam na Vila, percorrendo as ruas então chamadas de Santo Ângelo (atual Andrade Neves) e Ladeira indo formar em parada na praça da Matriz, onde foram dados vivas ao exército vencedor, à República Rio-Grandense, aos chefes vitoriosos...”
Convencido pelos líderes farroupilhas, o Maestro Mendanha compôs a música do Hino que hoje representa o nosso Estado. A letra do Hino Rio-Grandense foi composta por Francisco Pinto da Fontoura, guerreiro Farroupilha. Nosso Hino foi oficializado pela Lei nº 5.213, de 5 de janeiro de 1966.
A 25 de novembro de 1839 o Major legalista Francisco Pinto de Abreu atacou e retomou a vila. Os farroupilhastentaram evitar que a banda do Maestro Mendanha fosse libertada, mas não conseguiram. Depois deste combate, Rio Pardo foi dominada pelos legalistas até o final da Revolução Farroupilha.

REFERÊNCIAS
Rio Pardo: berço do Hino Farroupilha – Biagio Tarantino (não publicado)

Rio Pardo: histórias, recordações e lendas – Marina de Quadros Rezende

Nenhum comentário:

Postar um comentário