Ana Aurora diplomada com distinção em
todas as matérias, isto é 10, o que segundo o então regulamento da Instrução
Pública lhe dava certas vantagens, sendo uma delas requerer aula e ser nomeada
independente de concurso...
Recebido o diploma em bela cerimônia no
salão nobre da Escola Normal, regressou dona Ana Aurora para sua terra natal,
Rio Pardo, onde grandes homenagens lhe foram prestadas pela brilhante conclusão
do curso. Era a primeira mulher rio-pardense que se formava. Seu diploma corria
de mão em mão, como legítimo troféu de vitória. E, com ele, o exemplar
magnífico de “Os Lusíadas”.
Entretanto, não foi tão fácil, surge
uma vaga na aldeia de São Nicolau, Ana Aurora seria a contemplada, mas como
conta Ana, seu pai não quis que ela assumisse, pois surge outra pretendente e
ela acaba assumindo em João Rodrigues, imensamente longe do centro urbano de
Rio Pardo.
Apaixonada pelo magistério, apesar da
resistência dos seus, porque era longe e ela deveria morar lá, sozinha, Ana Aurora requereu a
cadeira que lhe foi imediatamente concedida, assumindo, logo depois, a regência
da escola.
E lá, ficou até 1888, indo visitar os
pais só num feriado ou dia santo em sábado, seu pai falava “para não correr o risco de faltar algum dia
à sua obrigação”.
Seu pai ficou gravemente enfermo e
vem a falecer, em 1884, mas dizia sempre à filha “cumpra com o seu dever; não
abuse nunca”.
Finalmente, por portaria de 09 de
novembro de 1888, firmada pelo presidente da Província, era dona Ana Aurora promovida “para a
primeira cadeira do segundo grau, do mesmo sexo (masculino) da cidade de Rio
Pardo.
Proclamada a República, o ensino
sofre diversas modificações. A ilustre professora, embora discordando da
orientação positivista dada pelo governo à administração pública, foi
conservada em seu posto. Em 1891 consegue permuta de aula e passa a ter
exercício na cadeira do sexo feminino de Rio Pardo.
FONTE: Spalding Walter; A Grande Mestra, pag. 29/30.
AHMRP
Biágio Soares Tarantino
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