terça-feira, 31 de maio de 2016

A PROFESSORA PÚBLICA ANA AURORA DO AMARAL LISBOA

Ana Aurora diplomada com distinção em todas as matérias, isto é 10, o que segundo o então regulamento da Instrução Pública lhe dava certas vantagens, sendo uma delas requerer aula e ser nomeada independente de concurso...
Recebido o diploma em bela cerimônia no salão nobre da Escola Normal, regressou dona Ana Aurora para sua terra natal, Rio Pardo, onde grandes homenagens lhe foram prestadas pela brilhante conclusão do curso. Era a primeira mulher rio-pardense que se formava. Seu diploma corria de mão em mão, como legítimo troféu de vitória. E, com ele, o exemplar magnífico de “Os Lusíadas”.
Entretanto, não foi tão fácil, surge uma vaga na aldeia de São Nicolau, Ana Aurora seria a contemplada, mas como conta Ana, seu pai não quis que ela assumisse, pois surge outra pretendente e ela acaba assumindo em João Rodrigues, imensamente longe do centro urbano de Rio Pardo.
Apaixonada pelo magistério, apesar da resistência dos seus, porque era longe e ela deveria  morar lá, sozinha, Ana Aurora requereu a cadeira que lhe foi imediatamente concedida, assumindo, logo depois, a regência da escola.
E lá, ficou até 1888, indo visitar os pais só num feriado ou dia santo em sábado, seu pai falava  “para não correr o risco de faltar algum dia à sua obrigação”.
Seu pai ficou gravemente enfermo e vem a falecer, em 1884, mas dizia sempre à filha “cumpra com o seu dever; não abuse nunca”.
Finalmente, por portaria de 09 de novembro de 1888, firmada pelo presidente da Província,  era dona Ana Aurora promovida “para a primeira cadeira do segundo grau, do mesmo sexo (masculino) da cidade de Rio Pardo.
Proclamada a República, o ensino sofre diversas modificações. A ilustre professora, embora discordando da orientação positivista dada pelo governo à administração pública, foi conservada em seu posto. Em 1891 consegue permuta de aula e passa a ter exercício na cadeira do sexo feminino de Rio Pardo.
FONTE: Spalding Walter; A Grande Mestra, pag. 29/30.
            AHMRP Biágio  Soares Tarantino

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