domingo, 5 de junho de 2016

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
3 – A criação e organização do povoado que daria origem à Vila de Rio Pardo
O Quartel do Rio Pardo foi ampliado convenientemente sob as vistas do General Gomes Freire de Andrade, em 1752. Devido ao estado de agitação dos índios contra os portugueses e espanhóis na Fronteira, foi grande, desde o início,  o movimento de tropas vindas de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, para de Rio Pardo seguirem aos campos de batalha.
                Depois de instaladas as tropas nos quartéis, construídos ao redor do Alto da Fortaleza e criadas as enfermarias e outros prédios nas imediações dos primeiros, foram procuradas acomodações para as famílias dos oficiais e subalternos ao longo das vias de comunicação para o interior da Praça, denominada dos Quartéis, e de saída para a Fronteira, de maneira a serem observadas as formalidades exigidas pelo governo de Portugal, de dar sempre os  núcleos militares, ou de povoadores civis criados, a feição de Povoação nova, com suas ruas, Praças e lugares para Igreja, cemitério e outros estabelecimentos públicos.
                Desta observância e da necessidade urgente de construções fora do grande quadro dos quartéis, foram levados os engenheiros militares a demarcar as ruas; para o qual fim traçaram duas linhas quase paralelas, com direção Sul – Norte; e partindo uma do canto Nordeste do grande quadro, foi encontrar o vão, ou Passo, sobre o Rio Pardo, no lugar aonde havia sido construída uma ponte de madeira, a qual deu origem ao nome de Rua da Ponte – hoje General Auto.
                A outra linha ou rua, denominada Direita – hoje Julio de Castilhos, teve princípio sobre a lateral Norte da Praça dos Quartéis, no canto Noroeste da mesma, e seguiu ao alto divisor das águas, com caídas para Sul ao rio Jacuí, e com caídas ao Norte para o rio Pardo; em o qual lugar teve início mais tarde a antiga rua Santo Ângelo , hoje General Andrade Neves.
                Entre as duas primeiras ruas, à uma quadra aproximadamente distante da lateral Norte da Praça dos Quartéis, foi deixado um espaço, suficientemente grande, para Capela ou Igreja, em frente a qual ficou também delimitado o terreno para uma Praça, ou Largo, denominado da Igreja, hoje Floriano Peixoto.
                A Oeste deste princípio de Povoação foram abertos valos profundos, com direção Sul-Norte a partir da margem esquerda do rio Jacuí, e indo a esquerda do rio Pardo, pouco abaixo do Passo de trânsito para Fronteira.
                O terreno recluso entre estes valos e o rio Pardo, em uma extensa volta que o mesmo rio dá para Oeste, serviu por longos anos de Potreiro, destinado ao uso dos Quartéis, com aproveitamento do campo e tiragem de madeiras e outros materiais de construção, tais como tijolos e telhas de barro. Findas as lutas contra as invasões espanholas, foi este Potreiro doado, de 1790 a 1798, pelo Governo de Portugal e sob cláusula de usufruto, à Igreja de Nossa Senhora do Rosário do Rio Pardo; razão porque é conhecido até hoje pelo nome de Potreiro de Nossa Senhora. 
                Ao mesmo tempo que se desenvolvia o Povoado para Norte e Oeste do grande quadro dos Quartéis, as exigências de acomodações nas imediações destes fazia com que fosse ocupado o terreno no lado Leste, lado da entrada para o reduto; tendo assim origem as ruas do Carvalinho, conhecida até hoje por este nome, e a rua da Ferraria depois Pau da Bandeira, e atualmente 13 de Maio.
                Em vista de documentos antigos devemos admitir ter sido rápido o desenvolvimento do Quartel do Rio Pardo e Fronteira, de 1752 a 1780, término das invasões espanholas e quando teve início, para a Tranqueira do Rio Pardo, assim cognominada pelos invasores, a transição de uma vida essencialmente militar para uma vida comercial em grande escala; isso devido meramente à cessação das operações de guerra nas nossas fronteiras de Sul e Oeste, a formação das Estâncias e subseqüente aparecimento de novos povoados.
                Entre os documentos antigos, de muito valor histórico, conhecemos o mapa original do levantamento da vila do Rio Pardo em 1829, procedido a mandado da então Câmara Municipal, pelo engenheiro alemão João Martinho Buff.
                Posteriormente, desaparecendo o forte Jesus, Maria e José, situado na altaneira frente do Alto da Fortaleza, foi surgido aos pés deste o Porto do Rio Pardo sobre o Jacuí o qual tornou a desaparecida Tranqueira  um centro comercial de primeira ordem, verdadeiro empório do comércio da Fronteira e Cima da Serra; e assim conservou-se até começarem, nas próprias ruas do Rio Pardo, então vila, os tumultos sangrentos, prenúncios da grande revolução de 1835.
               
PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
Respostas aos quesitos formulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o fim do Serviço Nacional de Recenseamento.

Documento disponível (cópia carbono datilografada) no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo

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