Ana Aurora estava apta para continuar
seu magistério, agora como mestra de meninas,
no novo regime político do Brasil. Pouco tempo entretanto, duraria esta
situação. Acontecimentos político-sociais iriam traçar fundo sulco entre o
governo estadual e a eximia professora.
O golpe de Estado de Deodoro da
Fonseca seria o principio do incêndio que por longos cinco anos traria o Rio
Grande do Sul numa roda viva. A princípio, a queda de Júlio de Castilhos e o
retorno de Castilhos. A Revolução Federalista, violenta, dividindo por completa
a família gaúcha, lançando uns contra os outros membros. Os Amaral Lisboa
consideravam uma ingratidão exilar D. Pedro II já às portas da morte,
voltaram-se contra a situação. Dona Ana Aurora se mantinha serena, a irmã
Carlota eximia poetisa, escrevia versos contra os republicanos, elevando a
personalidade de Gumercindo Saraiva. Entretanto, não publicava esses versos,
mas acabaram públicos e a intriga chegou a tal ponto que Júlio de Castilhos,
sem dar maiores explicações, resolveu transferir Dona Ana Aurora, que nada
tinha com isso, para Vila Rica, terra natal de Castilhos.
Em carta de 1937 ao Dr. Getúlio
Vargas conta Ana Aurora: Exerci o magistério 10 anos, sendo 6 em distrito rural
e 4 nesta cidade como professora do 2º grau por acesso. Em 1893 fui removida
para Vila Rica, sem explicação alguma dos motivos. Ofendida em meus sentimentos
de professora estritamente cumpridora de meus deveres. Renunciei ao magistério
público e abri no mesmo ano o “Colégio Amaral Lisboa” associada à minha irmã
Zamira, que já lecionava particularmente.
Houve um movimento de protesto
por assim dizer coletivo, pois até as autoridades escolares se manifestaram,
mas em vão, pois não voltaria atrás.
A carta que então dirigiu ao Dr.
Júlio de Castilhos declara que não aceita a sua remoção e que nesta data apresenta
a sua demissão, exonera-se do cargo do magistério...
...Prestava serviço ao seu país e
não a vós ou ao partido que vos sustenta; vós, porém, entendeis o contrário, e punis
com uma remoção injusta... não há de servir de alvo de intrigas e vinganças
mesquinhas.
Quando o Rio Grande voltar ao
regime da Lei, voltará também a demissionária a ocupar o honroso posto de que é
hoje arrancada, com violação da Lei. (10/06/1893).
FONTE: Spalding, Walter - A
Grande Mestra – ed. Sulina,1953
AHMRP Biágio Soares Tarantino
Nenhum comentário:
Postar um comentário