quarta-feira, 25 de maio de 2016

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
O AUTOR EXPLICA SUAS FONTES:  “(...) devo declarar que meus estudos sobre as tradições históricas de minha terra natal, foram sempre baseados no pleno conhecimento que tenho do local, nos informes certos, positivos de velhos moradores, que desapareceram há muito na voragem do tempo e finalmente no histórico de dois documentos antigos que se referem ao caso: o primeiro documento se encontra publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, correspondente ao 1º trimestre de 1937, de páginas 75 a páginas 94, sob o título – A expedição de Gomes Freire. Foi fornecido ao Instituto pelo falecido Coronel J. C. Rego Monteiro, em cópia extraída de II – 35 – 36 – 25 na Bca.Nal.Rio. O segundo documento se encontra hoje recolhido ao Arquivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul, e contém o traslado do testamento de Cosme da Silveira Ávila, em apenso aos autos do inventário procedido por morte do mesmo Cosme, mas já esfacelados – com falta da maior parte das folhas.”

1 – Cosme Da Silveira Ávila e a Fazenda Nossa Senhora da Boa Esperança (1ª parte)   
                Conta a tradição histórica, que a primeira penetração em terras sobre o Rio Pardo aconteceu de 1750[1] a 1751[2], quando[3] foi portada no [4]Passo do Rio Pardo-, sob o comando do Tenente de Dragões Francisco Pinto Bandeira, uma Guarda contra as invasões dos índios vindos das Missões, em depredações aos fazendeiros já existentes sobre a margem esquerda do rio Jacuí a jusante do Rio Pardo.
                Entre estas grandes fazendas de criação de gado vacum e cavalar e lanígeros, devemos contar a grande Fazenda de Nossa Senhora da Boa Esperança, compreendida entre os atuais arroios do Couto e Diogo Trilha e pertencente à Cosme da Silveira Ávila, aí falecido em princípio de 1764, deixando seu testamento público feito no mesmo lugar de sua habitação aos 23 de Novembro de 1763.
                Cosme da Silveira Ávila era ilhéu português, que esteve em Viamão durante alguns anos, até que saiu de lá em fins de 1763, conjuntamente com Francisco Pinto Bandeira e Sebastião Francisco Chaves, acompanhando as forças do Coronel Cristóvão Pereira de Abreu, em sua marcha para o Rio Grande.
                Com a entrada pela barra do Rio Grande, a formação do Presídio do mesmo nome pelo invicto General José da Silva Paes, em 19 de fevereiro de 1737, foram logo em seguida nomeados: Cosme da Silveira Ávila para Maioral da Fazenda Real do Bojurú, Francisco Pinto Bandeira, para Tenente dos Dragões e Sebastião Francisco Chaves para Tenente de uma Companhia de Ordenanças, também criada pelo mesmo General Silva Paes.
                Durante o Governo deste, Cosme conservou-se no Bojurú, que progrediu muito; mas logo em seguida se desouve com o Coronel André Ribeiro Coutinho, substituto de Silva Paes no Comando do Presídio, e em 1739 estava demitido desaparecendo seu nome do cenário político.
                Reapareceu finalmente aos 23 de novembro de 1763, em um testamento público feito na casa de sua residência, situada no interior de sua grande Fazenda denominada, como já dissemos, de Nossa Senhora da Boa Esperança, contendo então para mais de cinco mil rezes, com várias centenas de animais cavalares e lanígeros e onde haviam extensos cercados de plantação, em que trabalhava a numerosa escravatura do rico proprietário, cuja residência devia estar situada no lugar conhecido até hoje pelo nome de Rua Velha, a dez quilômetros aproximadamente para leste de Rio Pardo.
                Podemos informar com segurança que o primeiro terreno escolhido para uma ocupação permanente, foi no interior do grande território compreendido entre o rio Jacuí e a Serra Geral, ao Sul e Norte respectivamente, e entre Rio Pardo a Oeste e arroio do Couto a Leste; território este reconhecido, desde a primeira penetração na zona do Jacuí, em 1715, como sendo necessário para fins militares, pelo que foi deixado como realengo[5], sob a denominação de Rincão Del Rei, que conserva até hoje. Em seu recanto ocidental, sobre as margens esquerdas dos rios Jacuí e Pardo foi aonde colocaram a Guarda, à que nos referimos no quesito anterior, cujo paradeiro devia ser o  Alto da Fortaleza, assim denominado pela extensão de sua visual e por ser situado sobre a Praça dos Quartéis, que foram construídos posteriormente, em 1752, com a chegada das tropas que acompanharam o Governador do Rio de Janeiro, Capitão General Gomes Freire de Andrade, em sua ida para as Missões. (continua...)

PESQUISAS HISTÓRICAS DE PEDRO CASTELO SACCARELLO
Respostas aos quesitos formulados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, para o fim do Serviço Nacional de Recenseamento.
Documento disponível (cópia carbono datilografada) no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo




[1] Riscada a lápis na cópia carbono.
[2] Alterada para 1753, a caneta vermelha, na cópia carbono.
[3] Anotado em preto, acima das palavras: “Quando foi”, a palavra “fevereiro”.
[4] Anotado em vermelho: “1º com o Furriel de DRAGÕES, Francisco Manoel de Souza e Távora.”
[5] Próprio do rei; real; régio.

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