domingo, 17 de janeiro de 2016

AÇORIANOS

                Pelo Tratado de 1750 deveriam os povos de Missões passar à coroa portuguesa, em troca da Colônia do Sacramento. Para povoá-los vieram das ilhas muitos casais que ficaram no Rio Grande, na mais cruel das misérias. Somente com a chegada de Gomes Freire foram esses infelizes destinados ao Porto do Dorneles, posteriormente Porto dos Casais (Porto Alegre). À proporção da penetração que a demarcação de limites possibilitou eram estes e outros casais que chegavam, continuamente, designados para povoarem novos postos ocupados pelos portugueses. Passados todos pelo Rio Grande, em 1752, estabeleciam-se em Porto Alegre; em 1755 os destinados às Missões estacionaram em Rio Pardo; em 1757, são arranchados em Santo Amaro. Com a invasão espanhola em Rio Grande, são os daquela vila internados pelo Continente. O Porto dos Casais recebe grande incremento de novos povoadores. Os primeiros retirantes vão-se estabelecer no Estreito, em 1763; Triunfo em 1764, Taquari, em 1766, recebem fundadores açorianos. Só mais tarde, em 1772, funda-se Santana das Lombas, perto de Porto Alegre, que tem vida efêmera; e no ano seguinte os livros de Batismo de Santo Antônio da Patrulha e de Mostardas acusam a existência de casais açorianos.
                De Rio Pardo eles se espalham pela Encruzilhada e Cachoeira, mas já não são lavradores. Estendem-se em largas sesmarias de campos e criam gados. Pequeno número se destina à lavoura e esse pequeno número consegue realizar o milagre de uma intensiva produção de trigo que opulenta a campanha nos fins do século XVIII.


FONTE: PORTO, Aurélio. História das Missões Orientais do Uruguai, p. 390, in: LAYTANO, Dante de. A cidade e o comércio – Memória documental das origens da economia citadina do antigo município do Rio Grande do Sul ao tempo da colônia e monarquia. Separata dos Anais da Faculdade Católica de Filosofia. Porto Alegre: Livraria Continente, 1948.  p. 219.

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