terça-feira, 26 de janeiro de 2016

A EVOLUÇÃO DO ENTREPOSTO COMERCIAL

                No início do século XIX Rio Pardo era um importante centro comercial para onde convergiam militares, comerciantes e caixeiros[1]. O transporte era precário, feito a cavalo, e para as mercadorias utilizavam-se grandes carroças puxadas por juntas de bois. Como fator importante para o desenvolvimento da economia havia os rios Jacuí e Pardo, que asseguravam o melhor meio de transporte para pessoas e mercadorias, feito em canoas e barcos maiores e interligando a cidade e região a Porto Alegre, e daí a Rio Grande e ao mar. Na primeira década do século XIX Rio Pardo era centro comercial da Capitania e seu porto no rio Jacuí tinha grande movimento. Aí atracavam continuamente as embarcações que traziam mercadorias de Porto Alegre, para serem conduzidas, por carroças e carretas, a outros locais, principalmente à serra e à fronteira.
Havia em Rio Pardo inúmeras casas comerciais especializadas em serviços, tais como açougues, casas de pasto[2], ourives, padarias, tavernas[3]. Em 1826 eram as seguintes as atividades econômicas desenvolvidas em Rio Pardo, além do comércio realizado em pelo menos 20 estabelecimentos urbanos e da produção pecuária: plantio de milho, feijão, mandioca e trigo em pequena quantidade; prática da pesca e venda de peixes em bancas de feiras e mercados públicos; curtumes de couros, tecidos ordinários de lã e algodão, engenhos de água, produção de vinho em inúmeras quintas nos arredores da vila.
                Nesta época havia falta de dinheiro vivo para realização dos negócios e de bancos para agilizar os negócios, o gado era muito utilizado como pronta solução para realização dos negócios e os comerciantes que possuíam moeda corrente faziam empréstimos a quem precisasse.  
                Criava-se toda uma rede de relações comerciais a partir do núcleo de Rio Pardo, consolidando-se a sua referência como ponto de abastecimento e de trocas. O transporte fluvial e as estradas para o interior eram fundamentais para o desenvolvimento comercial da vila, um entreposto por onde chegavam e saíam as mercadorias em direção a outras povoações e regiões do estado.
               
FONTE: SCHNEIDER, Luiz Carlos. Rio Pardo: evolução urbana e patrimônio arquitetônico-urbanístico. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2005. p. 125-7.



[1] Nome antigo para vendedor; empregado que atende no balcão de uma casa comercial. Sinônimo de mascate.
[2] Estabelecimentos que serviam refeições, mistura de taverna e restaurante.
[3] Estabelecimento onde se vendiam bebidas alcoólicas; botequim.

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