Em 1837, torna ao Rio. É nomeado professor da
Academia de Belas Artes. Em 1838, no dia 14 de outubro, desposa Ana Paulina
Delamare, de quem terá oito filhos. O terceiro a nascer, a menina Carlota,
tornar-se-ia esposa de Pedro Américo de Figueiredo, pintor de fama, prosador e
poeta.
Aproxima-se de João Caetano, cujos antiquados
cenários atualiza, para quem traduz inúmeras peças e presta mais obséquios, em
troca de ingratidões.
Em 1848, desgostoso com a Academia, pede o nomeiem
como substituto da cadeira de desenho da Escola Militar. Nos lazeres desta
ocupação começa a compor o seu “Colombo”.
Urbanista – virtude sua que não se faz conhecida do
povo ledor – revela-se hábil. Insta com a Câmara Municipal do Rio de Janeiro no
sentido de fazer levantar a carta geral da cidade, elabora projetos
inteligentes para melhorar, embelezar e sanear a capital brasileira.
Em 1854 é nomeado Porto Alegre para dirigir a Academia
de Belas Artes. Três anos passados, porém, entra em desentendimentos e deixa o
cargo.
Em 1859 é nomeado nosso cônsul em Berlim, de onde
requer, em 1867, transferência para o Consulado de Lisboa. Em 1847, ainda como
nosso representante junto ao governo português, é agraciado com o título de
Barão de Santo Ângelo.
Em 1876 presta um belo serviço à cultura
brasileira: obtém da Torre do Tombo preciosa cópia da “Carta de Pero Vaz de
Caminha” e a envia à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.
Em 1877 sucedem-lhe dois ataques de congestão
cerebral, que o deixam paralítico e sem fala. Muito não há de resistir o velho
Barão. No dia 29 de dezembro de 1879, em seu Consulado de Lisboa, exala o
último suspiro.
Em maio de 1922, passados quase 43 anos de sua morte,
são repatriados seus restos mortais. Ao seu torrão natal, porém – que é Rio
Pardo – só em 1930, se não nos falham as informações, é que chega, para o
definitivo repouso, o corpo embalsamado do grande brasileiro. De sua autoria
nos ficaram muitíssimos trabalhos, quer de artes plásticas, quer de arte
literária.
Como pintor, aproveitou motivos históricos,
utilizou passagens da Paixão de Cristo, fez o próprio retrato e o de amigos e
protetores, incluindo-se D. Pedro I. Seu grande painel da “Coroação”, infelizmente
inacabado, é tido como obra preciosíssima.
Em arquitetura, urbanismo, escultura e cenografia,
sua contribuição é menos numerosa, mas nunca desprezível.
No que se prende às letras, fundou revistas, deixou
trabalhos vários nas páginas da Revista do Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro, fez traduções, escreveu peças de teatro, duas óperas líricas e
poesia. Deixou-nos, ainda, notas auto-biográficas, em que se baseiam seus
biógrafos.
De seus dramas e comédias, há os que se perderam.
Chegaram até nós: Angélica e Firmino (1845), Estátua Amazônica (1848), Os
Voluntários da Pátria (1877), O Prestígio da Lei (1859), Os Judas (1858), Os
Lobisomens (1863), A Escrava (1863).
Em poesia, pode-se resumir sua obra em Brasilianas
(1863) e Colombo (1866).
Foi membro da Academia Brasileira de Letras,
ocupada depois por Ramiz Galvão, também rio-pardense, e por Viriato Correia.
REFERÊNCIA: Catálogo e Programa das Comemorações do
Sesquicentenário do Nascimento de
MANUEL DE ARAUJO PORTO ALEGRE BARÃO DE SANTO ÂNGELO), com notas biográficas de
José Julio Barros. Porto Alegre/Rio Pardo, novembro de 1956.
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