sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

RIO PARDO EM 1835 (Início da Revolução Farroupilha)



Por ser um dos principais centros do Rio Grande do Sul na época da Revolução Farroupilha Rio Pardo foi bastante atingida. Uma estatística de 1814 mostrava que Rio Pardo era a vila mais populosa da Província, com 10.445 habitantes, enquanto Porto Alegre tinha 6.111 e Rio Grande 3.590 habitantes.
Em 1835 Rio Pardo acolhia em sua sociedade a elite do povo rio-grandense e suas ruas viviam cheias do mais intenso movimento como entreposto que era entre a capital e as localidades da fronteira.
No Jacuí navios, lanchas e chatas, num vai-vem contínuo, carregavam e descarregavam, e carretas tiradas a seis, oito juntas de bois, partiam para diversos pontos da fronteira atulhadas de fazendas, gêneros e mercadorias de menor valor. Era, por assim dizer, o centro comercial do Rio Grande.
Centro de tanta importância, não podia permanecer impassível aos azares da política, e liberais e caramurus[1] enfrentavam-se sem tréguas. Da parte dos liberais destacavam-se a família dos Amarais, e como líderes dos caramurus sobressaía José Joaquim de Andrade Neves (mais tarde Barão do Triunfo).
O programa do partido liberal era sustentar a revolução de 7 de abril que depôs D. Pedro I; de manter a constituição jurada em 1824 e efetuar as reformas necessárias nas instituições com  prudência e patriotismo. Já o partido caramuru era conservador e não escondia os seus desejos de promover a volta de D. Pedro I ao Brasil. O primeiro fundou no Rio a Sociedade Defensora da Independência, que teve quatro filiais no Rio Grande do Sul, em Rio Grande, Pelotas, Jaguarão e Rio Pardo.
Em 1831 começaram a surgir os sucessos trágicos de que foi cenário a vila de Rio Pardo na Revolução Farroupilha. Os liberais de Rio Pardo reuniram-se e criaram a sua Sociedade Defensora, com bases maçônicas, inaugurada em 7 de abril de 1835, presidida por um dos membros da família Amaral.
Pouco antes, nos dias 28, 29 e 30 de janeiro de 1835, tinham-se dado violentas escaramuças nas ruas da vila, tal a exaltação dos ânimos. Em virtude desses distúrbios, prosseguia um processo contra os liberais por perturbação da ordem pública. O juiz deste caso foi assassinado por um grupo de mascarados que pretendia roubar os autos do processo.
Fatos como esses aconteciam por toda a Província, até que em 20 de setembro de 1835 Bento Gonçalves expulsou o presidente Fernandes Braga, que fugiu para Rio Grande deixando a capital em poder dos revolucionários.
Alguns dias depois o General Andrade Neves, liderando seus correligionários, levantou-se em Rio Pardo, tentando subjugar os rebelados. Os liberais rio-pardenses, advertidos a tempo, saíram da vila, efetuando o seu cerco. Foram socorridos por reforço de duzentos guardas nacionais vindos de Cachoeira e cercaram os caramurus no Passo do Couto, na várzea do rio Pardo e na margem direita do Jacuí. Assim estiveram alguns dias as duas forças se defrontando, até que                Bento Gonçalves interferiu entre os adversários, e os caramurus capitularam.
REFERÊNCIA:
ANTUNES, de Paranhos. História de Rio Pardo – Subsídio para a história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria do Globo, 1933. p. 24-30.


[1] CARAMURUS (Restauradores): conservadores, queriam retorno D. Pedro I e regime monárquico centralizado. Formado por
comerciantes portugueses, burocratas  e militares.
   LIBERAIS (Chimangos): moderados, não queriam um regime absolutista, mas sim capaz de defender interesses np sim um  s capitularam. (elite agro-exportadora (elite nacional)
Aristocracia centro-sul; Farroupilhas: exaltados, mais autonomia para província; pequenos comerciantes e homens livres de posses, os mais extremados queriam República




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