Por ser um dos principais
centros do Rio Grande do Sul na época da Revolução Farroupilha Rio Pardo foi
bastante atingida. Uma estatística de 1814 mostrava que Rio Pardo era a vila
mais populosa da Província, com 10.445 habitantes, enquanto Porto Alegre tinha
6.111 e Rio Grande 3.590 habitantes.
Em 1835 Rio Pardo acolhia em
sua sociedade a elite do povo rio-grandense e suas ruas viviam cheias do mais
intenso movimento como entreposto que era entre a capital e as localidades da
fronteira.
No Jacuí navios, lanchas e
chatas, num vai-vem contínuo, carregavam e descarregavam, e carretas tiradas a
seis, oito juntas de bois, partiam para diversos pontos da fronteira atulhadas
de fazendas, gêneros e mercadorias de menor valor. Era, por assim dizer, o
centro comercial do Rio Grande.
Centro de tanta importância,
não podia permanecer impassível aos azares da política, e liberais e caramurus[1]
enfrentavam-se sem tréguas. Da parte dos liberais destacavam-se a família dos
Amarais, e como líderes dos caramurus sobressaía José Joaquim de Andrade Neves
(mais tarde Barão do Triunfo).
O programa do partido
liberal era sustentar a revolução de 7 de abril que depôs D. Pedro I; de manter
a constituição jurada em 1824 e efetuar as reformas necessárias nas
instituições com prudência e patriotismo.
Já o partido caramuru era conservador e não escondia os seus desejos de
promover a volta de D. Pedro I ao Brasil. O primeiro fundou no Rio a Sociedade
Defensora da Independência, que teve quatro filiais no Rio Grande do Sul, em
Rio Grande, Pelotas, Jaguarão e Rio Pardo.
Em 1831 começaram a surgir
os sucessos trágicos de que foi cenário a vila de Rio Pardo na Revolução
Farroupilha. Os liberais de Rio Pardo reuniram-se e criaram a sua Sociedade
Defensora, com bases maçônicas, inaugurada em 7 de abril de 1835, presidida por
um dos membros da família Amaral.
Pouco antes, nos dias 28, 29
e 30 de janeiro de 1835, tinham-se dado violentas escaramuças nas ruas da vila,
tal a exaltação dos ânimos. Em virtude desses distúrbios, prosseguia um
processo contra os liberais por perturbação da ordem pública. O juiz deste caso
foi assassinado por um grupo de mascarados que pretendia roubar os autos do
processo.
Fatos como esses aconteciam
por toda a Província, até que em 20 de setembro de 1835 Bento Gonçalves
expulsou o presidente Fernandes Braga, que fugiu para Rio Grande deixando a
capital em poder dos revolucionários.
Alguns dias depois o General
Andrade Neves, liderando seus correligionários, levantou-se em Rio Pardo,
tentando subjugar os rebelados. Os liberais rio-pardenses, advertidos a tempo,
saíram da vila, efetuando o seu cerco. Foram socorridos por reforço de duzentos
guardas nacionais vindos de Cachoeira e cercaram os caramurus no Passo do
Couto, na várzea do rio Pardo e na margem direita do Jacuí. Assim estiveram
alguns dias as duas forças se defrontando, até que Bento Gonçalves interferiu entre os adversários, e os
caramurus capitularam.
REFERÊNCIA:
ANTUNES, de Paranhos. História de Rio
Pardo – Subsídio para a história do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Livraria
do Globo, 1933. p. 24-30.
[1]
CARAMURUS (Restauradores): conservadores, queriam
retorno D. Pedro I e regime monárquico centralizado. Formado por
comerciantes portugueses, burocratas e militares.
LIBERAIS
(Chimangos): moderados, não queriam um regime absolutista, mas sim capaz de defender
interesses elite
agro-exportadora (elite nacional)
Aristocracia centro-sul; Farroupilhas: exaltados, mais
autonomia para província; pequenos comerciantes e homens livres de posses, os
mais extremados queriam República
Nenhum comentário:
Postar um comentário