Um tema interessante para ser desenvolvido pelos biógrafos ou romancistas históricos. Há, de fato, muitos episódios inéditos. Entre eles, os que mais me atraem, são os que se desenrolaram em torno do MENINO DIABO, quer como figura secundária daquele movimento; quer como principal ator, nos entreveres e dos saques. Qual era o seu verdadeiro nome de batismo? Eu, que apenas me tenho abeberado da história gaúcha por curiosidade, digo que só lhe conhecia a autonomasia: Menino Diabo. Sei que foi o terror das povoações, vilas e cidades daquele tempo e o demônio excomungado dos lares da campanha. Hoje sei que se chamava Antonio Joaquim da Silva e era portuguê.
Algumas proezas:
Logo depois da Revolução a capital da província, que se achava cercada pelas forças de Bento Gonçalves, estava na maior penúria, e os legalistas viam-se na contingência de capitular, se não aparecessem recursos. Mas Bento Manoel acode a capital e suspende o cerco, promovendo os legalistas festas por toda a parte.
Em Rio Pardo o júbilo entre os legalistas foi imenso, mas... durou pouco... Entregavam-se eles aos festejos populares por esse acontecimento, quando, repentinamente, no meio da alegria popular, surgiu o Fantástico Menino Diabo, à frente de sua força, debandando os legalistas e assenhorando-se da vila, onde fez rica presa de guerra, procedendo ao saque.
Descera o Menino Diabo, Jacuí abaixo, silenciosamente, em chatas e canoas e surgira assim inesperadamente em Rio Pardo, a 26 de julho de 1836. Ao chegar a notícia da tomada da vila pelos farrapos e, sabedor á capital da Província, Bento Manoel, comandante em chefe das forças imperiais, destacou o Tenente Coronel Medeiros para bate-los. Pouco abaixo do Rio Pardo fica o passo das Pombas, onde Medeiros conseguiu prender duas sentinelas do Menino Diabo, enquanto outras fugiam. Este, sabedor do ocorrido, intimou, por ofício, ao Coronel Medeiros para que soltasse os seus vedetas, sob pena de exterminar as famílias de todos os legalistas moradores em Rio Pardo. Imagine-se o terror causado nos lares legais com tal notícia. Medeiros, ao receber tal intimação, teve ímpetos de mandar fuzilar os prisioneiros, mas o Tenente Osório pediu-lhe que os soltasse, a fim de evitar o massacre de pobres inocentes, que dissessem a seu chefe que a resposta lhe seria dada pessoalmente.
( Parte nº 1, cont.)
FONTE: Episódios e Perfis de 35, De Paranhos Antunes, Porto Alegre. AHMRP
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