terça-feira, 28 de março de 2017

MENINO DIABO / FATO HISTÓRICO, QUE VIROU LENDA

      Cont.  II           
   A resposta prometida não se fez esperar. Passada a força para a margem esquerda do Jacuí, no Passo das Pombas, foi tomar posição do passo do Couto, onde encontrou o inimigo. A força legal era constituída pela terceira Brigada, Companhias de Taquari e Santo Amaro e partidas do Serro do Roque e Pederneiras, enquanto a do Menino Diabo compunha–se de 270 homens aproximadamente.
   No dia 11 de setembro de 1836, deu-se o encontro das duas forças, do qual resultou a completa derrota do Menino Diabo, que deixou no campo de batalha dois oficiais e 35 soldados mortos, três oficiais e 42 soldados prisioneiros, além da presa de guerra que constou de três bandeiras, três bocas de fogo, 150 tiros de metralha, clavinas, armas, espadas, pistolas e lanças, farinha de guerra, fumo e bebidas. Os legalistas tiveram feridos três oficiais, dois cabos e 13 soldados, sem nenhum morto.
   O inimigo achava-se muito bem entrincheirado nas proximidades do passo, mas não pode resistir ao embate das forças do Tenente Coronel Medeiros que, ao toque de avançar, foram de uma heroicidade sem par.
   Os habitantes de Rio Pardo saíram ao encontro dos vencedores “produzindo um espetáculo até então nunca visto naquelas paragens, saudando com delírio aqueles que acabavam de liberta-los da horda do Menino Diabo”.
Agora a Lenda: Corre até hoje no seio do povo de Rio Pardo que o Menino Diabo vendo infalível a derrota, deixou uma enorme fortuna, enterrada, no Barro Vermelho.
Inúmeras buscas e escavações já foram feitas nas adjacências, porém, ao que parece, infrutíferas. O que há de verdade nessa lenda é difícil dizer-se; o que é certo, no entanto, é que ela vem de longe, do passado, transmitindo-se de Boca em Boca, de Geração em Geração.

...Sei agora o verdadeiro nome desse personagem....O Menino Diabo legendário de 35 chama-se Antônio Joaquim da Silva e era português e não rio-grandense nato como afirma o signatário da epístola em questão.( nota de Aurélio Porto, pg .433, vol. 29, Arquivo Nacional ), onde contem o resto do processo. ...foi como comandante de uma força de trezentos homens pouco mais ou menos agredir a Vila de Rio Pardo onde fez grande saque, etc.(pg.70). Diz mais a referida testemunha, que os rebeldes consumiram em seu proveito o produto do saque; que roubaram duzentos e tantos contos de réis em moeda de cobre; e que até o cofre dos Órfãos daquela vila foi saqueado. Manoel Lobo Ferreira Barreto, coletor da vila, depõe: “Menino Diabo, ladrão público na Vila de Rio Pardo”.  Luiz Osório na História do General Osório, a pag. 313, assim se expressa: ”apresentou-se na Vila o audaz revolucionário apelidado Menino Diabo, à frente de tropas, dela tomou conta, obrigou a fugir a pouca gente armada que a guarnecia, e procedeu ao saque”. ...Escrevi em um pequeno texto ser Menino Diabo: “tão malvado que mais tarde tiveram os chefes rebeldes de mandar fuzila-lo”....Segundo sr. Adão Adolfo Schimidt, revelou-me o seguinte: "que em 1838 o tal Menino Diabo mandou dizer aos colonos que quando chegasse ali  mandava cortar  as cabeças dos colonos e mandava pregar as mulheres e filhas nas janelas, etc,".( pg. 73).
A morte do Menino Diabo para mim era uma incógnita e muitas dúvidas, mas consegui preciosas informações pelo sr. Adão A. Schimidt, residente em Hamburgo Velho, depois de muitas leituras consegui distinguir o autor da morte do Menino Diabo, foi o colono chamado HORN, que era caçador e muito bom atirador e que pertencia a um grupo chefiado por outro colono de nome Mombach. Nestes tempos viviam em permanentes hostilidades, sobressaltadas por continuas represálias. Foi levado para a picada dos Dois Irmãos e depois martirizado pelos colonos, aos quais tanto mal fizera, exalou seu ultimo alento, enterrado nos fundos de uma casa,  que hoje pertence ao sr. Felipe Schneider na colônia nº 35.( pg.77).

CASA EM  IVOTI

ARMAS DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA


 FONTE: Episódios e Perfis, de Paranhos de Antunes, 1935. Porto Alegre. AHMRP

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