Cont. II
A resposta prometida não se fez esperar. Passada a força para a margem
esquerda do Jacuí, no Passo das Pombas, foi tomar posição do passo do Couto, onde
encontrou o inimigo. A força legal era constituída pela terceira Brigada,
Companhias de Taquari e Santo Amaro e partidas do Serro do Roque e Pederneiras,
enquanto a do Menino Diabo compunha–se de 270 homens aproximadamente.
No dia 11 de setembro de 1836, deu-se o encontro das duas forças, do
qual resultou a completa derrota do Menino Diabo, que deixou no campo de batalha
dois oficiais e 35 soldados mortos, três oficiais e 42 soldados prisioneiros,
além da presa de guerra que constou de três bandeiras, três bocas de fogo, 150
tiros de metralha, clavinas, armas, espadas, pistolas e lanças, farinha de
guerra, fumo e bebidas. Os legalistas tiveram feridos três oficiais, dois cabos
e 13 soldados, sem nenhum morto.
O inimigo achava-se muito bem entrincheirado nas proximidades do passo,
mas não pode resistir ao embate das forças do Tenente Coronel Medeiros que, ao
toque de avançar, foram de uma heroicidade sem par.
Os habitantes de Rio Pardo saíram ao encontro dos vencedores “produzindo
um espetáculo até então nunca visto naquelas paragens, saudando com delírio
aqueles que acabavam de liberta-los da horda do Menino Diabo”.
Agora a Lenda: Corre até hoje no seio do povo de Rio Pardo que o Menino
Diabo vendo infalível a derrota, deixou uma enorme fortuna, enterrada, no Barro
Vermelho.
Inúmeras buscas e escavações já
foram feitas nas adjacências, porém, ao que parece, infrutíferas. O que há de
verdade nessa lenda é difícil dizer-se;
o que é certo, no entanto, é que ela vem de longe, do passado, transmitindo-se de Boca
em Boca, de Geração em Geração.
...Sei agora o verdadeiro nome
desse personagem....O Menino Diabo legendário de 35 chama-se Antônio Joaquim da
Silva e era português e não rio-grandense nato como afirma o signatário da
epístola em questão.( nota de Aurélio Porto, pg .433, vol. 29, Arquivo Nacional
), onde contem o resto do processo. ...foi como comandante de uma força de
trezentos homens pouco mais ou menos agredir a Vila de Rio Pardo onde fez
grande saque, etc.(pg.70). Diz mais a referida testemunha, que os rebeldes
consumiram em seu proveito o produto do saque; que roubaram duzentos e tantos
contos de réis em moeda de cobre; e que até o cofre dos Órfãos daquela vila foi
saqueado. Manoel Lobo Ferreira Barreto, coletor da vila, depõe: “Menino Diabo,
ladrão público na Vila de Rio Pardo”.
Luiz Osório na História do General Osório, a pag. 313, assim se
expressa: ”apresentou-se na Vila o audaz revolucionário apelidado Menino Diabo, à frente de tropas, dela tomou conta, obrigou a fugir a pouca gente armada que
a guarnecia, e procedeu ao saque”. ...Escrevi em um pequeno texto ser Menino
Diabo: “tão malvado que mais tarde tiveram os chefes rebeldes de mandar
fuzila-lo”....Segundo sr. Adão Adolfo Schimidt, revelou-me o seguinte: "que em
1838 o tal Menino Diabo mandou dizer aos colonos que quando chegasse ali mandava cortar as cabeças dos colonos e mandava pregar as
mulheres e filhas nas janelas, etc,".( pg. 73).
A morte do Menino Diabo para mim
era uma incógnita e muitas dúvidas, mas consegui preciosas informações pelo sr.
Adão A. Schimidt, residente em Hamburgo Velho, depois de muitas leituras consegui
distinguir o autor da morte do Menino Diabo, foi o colono chamado HORN, que era
caçador e muito bom atirador e que pertencia a um grupo chefiado por outro
colono de nome Mombach. Nestes tempos viviam em permanentes hostilidades,
sobressaltadas por continuas represálias. Foi levado para a picada dos Dois
Irmãos e depois martirizado pelos colonos, aos quais tanto mal fizera, exalou
seu ultimo alento, enterrado nos fundos de uma casa, que hoje pertence ao sr. Felipe Schneider na
colônia nº 35.( pg.77).
CASA EM IVOTI |
ARMAS DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA |
FONTE: Episódios e Perfis, de Paranhos de
Antunes, 1935. Porto Alegre. AHMRP