Motivos
idênticos, idênticas circunstâncias, impelem a Comissão para recomendar a
construção de outra ponte no Passo da Cavalhada e a estrada que vem do Distrito
da Costa da Serra além de Rio Pardo; e com maior urgência ainda a abertura e
franqueamento da Picada do Botucaraí, que comunica com estes o Distrito de Cima
da Serra. Distrito rico, cheio de proporções para florescer, e que definha a
míngua de uma via porque extraia os seus produtos, ou que dê coragem para
empreender nele trabalhos de maior consequência. Nem é só no interesse do
Distrito da Serra que a Comissão lembra a facilitação deste caminho: por ali é
fácil abrirem-se mais breves e cômodas comunicações com o Município da Cruz
Alta, e por este modo mais uma fonte de prosperidade para o nosso. Essa estrada
porém, necessita com muita urgência uma boa ponte no lugar chamado Estiva,
ponte sem a qual qualquer trabalho será nulo, e que as localidades tornam de
execução facílima.
O que
deixamos apontado sobre este, é no nosso entender igualmente aplicável no
Caminho da Encruzilhada, frequentemente interceptado pelo Capivary, e que
entretanto é um dos canais mais proveitosos para o nosso Comércio, como aquele
um dos Distritos mais produtores e dignos de atenção.
Contudo,
a Comissão entende que ainda maior consideração merece a estrada que leva a
Cachoeira e a construção de uma ponte no Passo do Botucaraí: porém, esta não
pode prescindir de ser muito bem construída, não só pela rapidez e força do rio
como pela importância e continuidade de trânsito que deve suportar. O Passo
debaixo, no entender da Comissão, é o que apresenta mais facilidades para
semelhante fábrica; mas em qualquer dois que se levante, é necessário apoiá-la
por calçadas e cortaduras que façam transitáveis as duas vargens que tem de
ambos os lados. Ainda aqui, a Comissão torna a lembrar que a sua missão pela
nomeação de V. Sas. , é restringir a
simples apontamentos gerais, cuja aplicação carece de maiores e mais miúdas
indagações locais, e de luzes que os seus membros não possuem.
Neste
artigo de pontes e de estradas, não sem desígnio deixou a Comissão para o fim a
Ponte de Rio Pardo. Essa construção, testemunho de coragem e constância dos
nossos antepassados, que com tão poucos meios alcançaram o que hoje nem
arremedar tem podido o resto da Província, é não obstante insuficiente para as
necessidades do Comércio atual. Pessoas entendidas têm julgado que o lançamento
de areias sobre os solidíssimos pilares existentes não seria obra de exagerado
custo, ao mesmo tempo que pouparia os continuados gastos de reparo e as
freqüentes impossibilitações no trânsito, e como em todas as mais, a despesa
feita nesta ponte era mais fácil de repor com um pequeno direito de passagem,
limitado a curto número de anos. Não seria, porém, completa e proveitosa esta
obra, se a vargem não recebesse na mesma ocasião uma boa calçada e sangradouros
para a estação das enchentes, e se simultaneamente não se limpasse o álveo[1]
do rio para lhe dar caixa suficiente quando as chuvas engrossam as suas águas.
Nem tão pouco poderíamos considerar tudo concluído se a rua íngreme e quebrada
que para lá conduz, não fosse calçada e melhor nivelada para poder transitar-se
sem perigo em todo tempo; sendo certo que no seu atual estado é mais antes um
estorvo que uma via.
Em igual
caso se acha o nosso desembarque, e de iguais obras precisa. Não parece que a
nossa Vila seja um lugar de Comércio, um depósito forçado de grande parte da
Campanha, quando vemos tão descuidados os meios e facilidades do Comércio. No
entanto não julgamos que um Cais fosse obra tão tamanha que não pudesse ser
levada a cabo sem grande sacrifício, e a bem disso a Comissão a reputa como
base indispensável para ser calçada sólida e duradouramente a rua chamada da
Praia, e que sem grave prejuízo não pode continuar no estado mísero em que se
acha. Além dessa rua, a do Brasil e as outras que comunicam a Ponte com o
desembarque necessitam ou calçadas totalmente novas, ou reparações importantes
nas que existem; e as despesas que ocasionem são bem fáceis de cobrir com uma
imposição sobre as (cargas?) do tráfego, cuja má construção os torna em grande
parte a ruína das calçadas. Também precisa-se de um concerto análogo na do
Santo Anjo entre o alto do Francês e a Casa da Pólvora. Nada mais arriscado e
dificultoso que passar esse pedaço entre sangas e quebradas profundas ou
atoleiros; ao mesmo tempo que neste ponto se pode considerar que acaba a
estrada vindo da Costa da Serra e Santo Amaro pelo Couto, e a que conduz do
Rincão Nacional e Aldeia de São Nicolau.
Referências:
Documento avulso nº 5 (Caixa Nº 46 – Documentos
Avulsos – 1845) do acervo do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo
[1]
Álveo: leito do rio; sulco; escavação
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