domingo, 26 de fevereiro de 2017

O CARNAVAL EM RIO PARDO ENTRE 1920 E 1945

O Clube Literário e Recreativo foi, em Rio Pardo, o centro do Carnaval de uma parte da população. Dos encontros das famílias rio-pardenses nasceu o momento maior do carnaval local. No período de 1920 a 1945, a história do Carnaval é cheia de acontecimentos marcantes, de luxo, alegria e festa.
De assalto em assalto, da fazenda à residência na cidade, as brincadeiras que antecediam o Carnaval uniam os jovens. O clima era de alegria e os componentes dos cordões garantiam o sucesso da festa.
O corso, a rainha, a cavalaria, a corte, os cordões com fantasias multicoloridas, faziam do Carnaval a festa popular mais importante de Rio Pardo.
Buscando registrar este período, o Núcleo de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura elaborou um projeto, tendo como fontes de informação pessoas que fizeram parte dos acontecimentos. Este é o primeiro resultado de um trabalho de pesquisa que prossegue.
Nascidos nos salões do Clube Literário e Recreativo, dois cordões carnavalescos animavam a cidade em meados dos anos 30: “Tem Gente Ahi” e “Olha o Grupo”.
A animação não se limitava ao interior do Clube. Os dois cordões se encarregavam de agitar a cidade, realizando “assaltos” às fazendas rio-pardenses, que os recebiam com bebidas, salgados apetitosos e doces caseiros. Eram feitos depois do baile da escolha da rainha, que acontecia em 31 de dezembro, e se prolongavam até os dias de Carnaval.
Com muita animação, os cordões participavam do “corso”, que consistia em um desfile de automóveis realizado antes do Carnaval. Usavam confetes, serpentinas e lança-perfume em profusão.
Na ânsia de ser o melhor, cada cordão caprichava ao máximo, tanto nas fantasias como na animação. Era muito intensa a rivalidade entre os dois, levando-os a um atrito que resultou na retirada do “Tem Gente Ahi” do Clube Literário e Recreativo. A partir da separação, a rivalidade chegou ao fanatismo: os rivais cortavam relações quando chegava o Carnaval e numa ocasião houve bailes que se prolongaram até às 10 horas da manhã nos dois clubes, sendo necessária a interferência de médicos locais para encerrá-los.
Em torno das rainhas dos cordões girava toda a estrutura do Carnaval. Suas fantasias tinham um estilo, que determinava a ornamentação dos clubes e as fantasias dos seus cordões. Eram elas quem animavam os foliões, com sua beleza e sua alegria. Cercadas pela corte e protegidas pela cavalaria, desfilavam pelas ruas da cidade e, ao entrarem nos salões dos clubes, explodia a alegria que animava os foliões até a madrugada.
No Clube Literário e Recreativo, repleto de foliões, os clarins soavam e a rainha do “Olha o Grupo”, soberanamente, precedida pela corte, desfilava diante de seus súditos. Iniciava-se, assim, seu reinado, que se prolongaria por quatro noites de beleza, de cor e de euforia.
PREFEITURA MUNICIPAL DE RIO PARDO/NÚCLEO DE CULTURA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA/ 03/12/1991
FONTES – A produção desse texto baseou-se nos depoimentos das seguintes pessoas:
Edite Silva Schultze (03/12/1990)
Georgina Tarantino da Silva (03/12/1990)
Zilda Tarantino Comassetto (04/12/1990)
Flora Wunderlich Cintra (10/12/1990)
Joana Elisa Wunderlich Pellegrini (19/12/1990)
Maria Ferreira (20/12/1990)
Ilza Herzog Schultze (18/06/1991)

Em 1990 as entrevistas foram realizadas por Eneiva da Graça Lima Müller e Silvia Maria Wigner de Barros. A partir de 1991, contamos com a colaboração de Lurdes Eloisa Wunderlich da Rocha.

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