O Clube Literário e
Recreativo foi, em Rio Pardo, o centro do Carnaval de uma parte da população.
Dos encontros das famílias rio-pardenses nasceu o momento maior do carnaval
local. No período de 1920 a 1945, a história do Carnaval é cheia de
acontecimentos marcantes, de luxo, alegria e festa.
De assalto em assalto, da
fazenda à residência na cidade, as brincadeiras que antecediam o Carnaval uniam
os jovens. O clima era de alegria e os componentes dos cordões garantiam o
sucesso da festa.
O corso, a rainha, a
cavalaria, a corte, os cordões com fantasias multicoloridas, faziam do Carnaval
a festa popular mais importante de Rio Pardo.
Buscando registrar este
período, o Núcleo de Cultura da Secretaria Municipal de Educação e Cultura
elaborou um projeto, tendo como fontes de informação pessoas que fizeram parte
dos acontecimentos. Este é o primeiro resultado de um trabalho de pesquisa que
prossegue.
Nascidos nos salões do Clube
Literário e Recreativo, dois cordões carnavalescos animavam a cidade em meados
dos anos 30: “Tem Gente Ahi” e “Olha o Grupo”.
A animação não se limitava
ao interior do Clube. Os dois cordões se encarregavam de agitar a cidade,
realizando “assaltos” às fazendas rio-pardenses, que os recebiam com bebidas,
salgados apetitosos e doces caseiros. Eram feitos depois do baile da escolha da
rainha, que acontecia em 31 de dezembro, e se prolongavam até os dias de
Carnaval.
Com muita animação, os cordões
participavam do “corso”, que consistia em um desfile de automóveis realizado
antes do Carnaval. Usavam confetes, serpentinas e lança-perfume em profusão.
Na ânsia de ser o melhor,
cada cordão caprichava ao máximo, tanto nas fantasias como na animação. Era
muito intensa a rivalidade entre os dois, levando-os a um atrito que resultou
na retirada do “Tem Gente Ahi” do Clube Literário e Recreativo. A partir da
separação, a rivalidade chegou ao fanatismo: os rivais cortavam relações quando
chegava o Carnaval e numa ocasião houve bailes que se prolongaram até às 10
horas da manhã nos dois clubes, sendo necessária a interferência de médicos
locais para encerrá-los.
Em torno das rainhas dos
cordões girava toda a estrutura do Carnaval. Suas fantasias tinham um estilo,
que determinava a ornamentação dos clubes e as fantasias dos seus cordões. Eram
elas quem animavam os foliões, com sua beleza e sua alegria. Cercadas pela
corte e protegidas pela cavalaria, desfilavam pelas ruas da cidade e, ao
entrarem nos salões dos clubes, explodia a alegria que animava os foliões até a
madrugada.
No Clube Literário e
Recreativo, repleto de foliões, os clarins soavam e a rainha do “Olha o Grupo”,
soberanamente, precedida pela corte, desfilava diante de seus súditos.
Iniciava-se, assim, seu reinado, que se prolongaria por quatro noites de
beleza, de cor e de euforia.
PREFEITURA MUNICIPAL
DE RIO PARDO/NÚCLEO DE CULTURA DA SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO E CULTURA/
03/12/1991
FONTES – A produção
desse texto baseou-se nos depoimentos das seguintes pessoas:
Edite Silva Schultze
(03/12/1990)
Georgina Tarantino da
Silva (03/12/1990)
Zilda Tarantino
Comassetto (04/12/1990)
Flora Wunderlich
Cintra (10/12/1990)
Joana Elisa
Wunderlich Pellegrini (19/12/1990)
Maria Ferreira
(20/12/1990)
Ilza Herzog Schultze
(18/06/1991)
Em 1990 as
entrevistas foram realizadas por Eneiva da Graça Lima Müller e Silvia Maria
Wigner de Barros. A partir de 1991, contamos com a colaboração de Lurdes Eloisa
Wunderlich da Rocha.