segunda-feira, 11 de maio de 2020

CÂMARA MUNICIPAL 1855 – COMISSÃO PARA CONSERVAR ASSEIO DA CIDADE



UM OFFICIO PEDINDO PROVIDÊNCIAS, PARA IMPEDIR UMA EPIDEMIA
Conselho da Câmara 1811 Rua Andrade Neves


Nesta Cidade foi  nomeada uma Comissão pela Câmara  Municipal para emitir o seu parecer a cerca das providencias  a tomar, a fim de conservar o asseio da Cidade, e  povoações conforme as atuais  circunstancias, para prevenir a invasão da epidemia, que infelizmente reina em algumas províncias  do Norte  do Império, vem submeter a consideração da Câmara o que lhe parece mais urgente, em atenção aos meios  disponíveis de que a Câmara Municipal pode lançar mão . A Comissão  entende que com base nas Posturas Municipais, para evitar, não só o aparecimento da epidemia de cólera morbus que flagela parte do Império, que lavem roupas, acima da Ponte do Rio Pardo, em ambas as margens, e proibindo-se tomar água do JacUY.  carroças que abastecem a Cidade as quais deverão prover-se dela no Rio Pardo acima  da Ponte, compreendendo também esta proibição, as escravas que carregam água em barris.
As lavadeiras no rio Pardo
A Comissão entende que a Câmara para fiscalizar o cumprimento de suas posturas relativas ao asseio de saúde dos habitantes da Cidade e do Município não deve descansar só no zelo dos seus empregados subalternos, também deve empenhar o zelo e esforços dos empregados da polícia, e não deixar por considerações pessoas de fazer visitas domiciliares, para inspecionar o asseio do interior das casas, pátios, áreas e quintais, se a Câmara Municipal, tivesse meios em que pudesse rasgar a rua que segue do canto da Rua Direita e soteia de Jose Walter a calçada  que conduz á rampa do Jacuy, e pudesse por esse lado dar esgoto as águas que entretem e conservam um charco lodoso em frente ao Quartel do Destacamento, seria o parecer da Comissão que por ahi se encaminhassem as águas, ainda que fosse nesse lugar  dada maior largura afastando o paredão para dentro dos terrenos, para maior cômodo dos carros que transitam  e que necessitam atravessar a Ladeira para mais facilmente subirem. Mas atendendo-a Comissão que muito demorará ainda esta obra, não obstante os meios que para realizá-las ministre S. Exca. O Sr. Presidente da Província, lembra  a Comissão um meio pronto e que lhe parece eficaz para enxugar  o lodaçal da Rua  Direita, com o que se evitará o desenvolvimento de miasmas, e exalações pestilentos, que muito bem podem infeccionar o Quartel, em que se acham aglomerados as praças do destacamento, o meio que julga dever em pregar-se é a abertura de um valo na parte inferir do paredão que toma a entrada do Beco da Pascoinha na Rua Direita, e na parte superior pela Rua Direita seguindo da Praça da Matriz


Rua Direita- Ladeira hoje, Igreja Matriz e a praça
pelo lado do passeio ao correr do muro da propriedade do Marechal Gaspar Menna Barreto, cortando-se um rego que profunde gradualmente até os bueiros do paredão, em modo que os descubra todas, para por eles descerem as águas e escoarem pelo valo, que as dirige para o Beco da Pascoinha. A existência de outro charco no terreno do canto do referido Beco e Rua da Ponte, parece contrariar a opinião da Comissão, de esgotar-se por esse lado as águas do lodaçal da Rua Direita, mas desde que se refletir na facilidade de se dar escoamento á esse charco, rebaixando-se a calçada que atravessa a Rua da Ponte na frente desse Beco, a objeção desaparece. Os quintais das casas da rua da Ponte com frente ao Oeste cumpre serem esgotados da água estagnada que neles se conserva, e o meio está na maior profundidade que devem ter os regos ou canos de escoamento dela para o córrego do referido Beco.
Com pouco trabalho, e dispêndio que a Comissão  não pode calcular, e menos indicar, a humidade da Rua do Açougue, pode muito diminuir, esgotando-se parte da água que a humedece pela travessa do Açougue á Rua Direita suportando uma fiada de pedra, ou rampa e a terra para não ser escavada pela água, no fundo do terreno do finado Cirurgião Vicente se pode aproveitar  o córrego de escoamento ahi existente, fazendo conseguir por meio de encanamento, ou de valos á um cano, que nessa altura atravesse a Rua do Açougue e sobra da água da Cisterna  Pública , e a que mana da coxilha, e casa  do Major Antonio Prudente da Fonseca, que deverá ser considerado á dar livre esgoto as águas que humedecer o seu prédio, cumprindo com a obrigação que lhe impõem as posturas municipais, com o que muito melhorará a Praça da Matriz,
Praça da Matriz, hoje
encharcada também pela humidade que conserva a sombra da casa arruinada de Orlando Coelho da Silva, que deve ser compelido á reparar o prédio, ou aliás demoli-lo para evitar o foco de miasmas que a comissão observou nessa casa arruinada...    
 ( Este officio continua...) 
Obs.  Rua Direita é a mesma Rua da Ladeira e hoje é a Júlio de Castilhos, calçada com pedras irregulares por volta de 1813.

FONTE: Registros Gerais da Câmara - RG nº 50 p. 299/302, 1855. AHMRP Neuza Quadros, 2020



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