sexta-feira, 29 de maio de 2020

ÁREA DE LAZER NA PRAIA INGAZEIROS



Desde a criação da nossa cidade este local foi de grande importância, pois por ali chegava todas as mercadorias vindas da Capital para ser distribuídas para as Missões e interior do RS, era um lugar de grande movimentação de barcos, canoas e comerciantes. Com o tempo deixou de ser o local principal para o transporte de mercadorias principalmente por ter chegado as Ferrovias, mas como Área de Lazer sempre foi um lugar lindo para o veraneio no verão  dos rio - pardenses.
Na confluência dos rios Pardo e Jacuí temos uma grande área de lazer, uma praia. Neste local  são realizados muitos eventos Turísticos como a Festa do Peixe, dos Navegantes, de Iemanjá, desfiles de Garota Verão, Campeonato Praiano e muitos outros eventos importantes para a nossa Cidade Histórica.

Praia do Jacuí  e o Comércio de areia, peixe.



Rampa do Jacuí para descarregar mercadorias- 1846
Mirante de madeira antigo
Construção de um mirante novo


Mirante novo

Entrada praia Ingazeiro

quinta-feira, 28 de maio de 2020

FORTE JESUS, MARIA E JOSÉ (RIO PARDO) (V) Coronel Annibal Barreto


RIO GRANDE DO SUL – Resumo Histórico
Fora da linha do Tratado de Tordesilhas, o Rio Grande do Sul não ficou compreendido na divisão do Brasil em 1534, em Capitanias hereditárias.
Em 1680, temendo a invasão dos espanhóis, a Corte Portuguesa deliberou fundar a Colônia do Sacramento e colonizar a extensa região que ia de Santa Catarina àquela Colônia.
Colonos e Jesuítas, partido aqueles de São Paulo e de Santa Catarina, em 1715 foram os primeiros exploradores das desconhecidas regiões do Rio Grande do Sul.
O paulista Domingos de Brito Peixoto, de São Vicente, fundador de Laguna, tomou parte efetiva na exploração do Rio Grande do Sul.
Em 19/2/1737 foi fundada a cidade do Rio Grande pelo Brigadeiro José da Silva Paes, iniciando este as primeiras obras de fortificações nessa Capitania.
Em 1738 a então Capitania d’Rei, hoje Rio Grande do Sul, foi separada de São Paulo, ficando subordinada ao governo do Rio de Janeiro.
Em 1763 foi a Capitania atacada por D. Pedro Ceballos.
Dessa época em diante, foram aceleradas as construções de obras de fortificações no Rio Grande do Sul (...).
FORTE JESUS, MARIA E JOSÉ (RIO PARDO)
Esse Forte foi construído, em 1752, nas margens do Jacuí, próximo à confluência do Rio Pardo, local hoje conhecido por Alto da Fortaleza.
Em 1773, quando da invasão dos espanhóis, estava sob o comando do Sargento-mor Pinto Bandeira, que conseguiu deter a marcha dos invasores.
O heroísmo dos defensores desse Forte é bem conhecido quando das investidas do índio Sepé Tiaraju, que, com forças numerosas, atacando o forte, foi derrotado e feito prisioneiro.

REFERÊNCIAS: Fortificações do Brasil, Coronel Annibal Barreto. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1958.

terça-feira, 26 de maio de 2020

RIOS: FONTES NATURAIS DE VIDA


RIOS JACUÍ E RIO PARDO


Rio Jacuí e a seca

Rio Jacuí cheio - enchente
O Rio Jacuí e a seca na rampa construída em 1846








O rio Pardo e a seca de 2020
Rio Pardo no entroncamento do Jacuí quase seco
A ponte e a lamparina centenária e a cheia do rio

segunda-feira, 25 de maio de 2020

A IMPORTÂNCIA HISTÓRICA DA FERROVIA EM RIO PARDO


A Estação Férrea surge por volta de 1883, inicialmente propriedade da RFFSA(Rede Ferroviária Federal S/A) depois da concessionária ALL(America Latina  Logística), do município e  hoje é de responsabilidade do DNIT(Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte).
Uma da fotos mais antigas
A Estação Ferroviária tem um valor histórico cultural e uma  tradição para a Cidade. Neste local era vendido os Sonhos e o Peixe frito de Rio Pardo aos passageiros que por ali passavam, paravam saboreavam e continuavam a viagem.
Depósito 

Estação total como era inteira com o Depósito visto ao alto
Estação Férrea (parte do prédio) ainda em uso
Estação em chamas 2020

Parte do Depósito após a queima e o incêndio da Estação

FONTE: Neuza Quadros- AHMRP

domingo, 24 de maio de 2020

SOL NASCENTE E POENTE NO INTERIOR


No Interior tudo é observado por nós. A beleza das coisas simples, animais, flores,plantas, o nascer e o por do Sol. Tudo é diferente e só quando não temos o movimento, o barulho da Cidade, a Luz é que podemos viver e sentir realmente esses momentos ...

Aurora em pederneira

o nascer do sol 
Por do Sol Pederneira


Por sol pederneira


Propriedade "abandonada"  êxodo rural
Viver numa chácara é muito gostoso ver as sementes crescer, dar frutos e poder comer coisas naturais tudo isso não tem preço, mas com a idade avançando e a saúde abalada também tudo vai se modificando e a vida começa a mudar.
Por sol na chácara
As vezes não entendemos porque saindo, passeando  no interior vimos tantas chácaras "abandonadas", pensamos isto mas quando vivemos e sentimos com nós mesmos é que entendemos o porquê isto acontece com tantas famílias virem embora para a Cidade em busca de mais recurso e um final de vida mais " tranquila".
Campo com gado pederneira
Êxodo Rural  dá pra entender que são momentos e momentos que cada um tem na sua vida as vezes não é como
Sanga com arvores e areia

FONTE: Fotos e texto Neuza Quadros
esperamos, mas como  tem que ser assim pela necessidade do momento. 

quinta-feira, 21 de maio de 2020

INCÊNDIO DA CAPELA SÃO FRANCISCO - PRESIDENTE DA PROVÍNCIA


OFÍCIO AO PRESIDENTE DA PROVÍNCIA

Ilmo. e  Exmo. Snr. Doutor JOÃO  LINS  VIEIRA CANSANSÃO DE  SINIMBU
Capela São Francisco

A Câmara Municipal desta Cidade em sessão de 30 de novembro de 1853,deliberou levar ao conhecimento de V. Exª que a huma hora  da pouco mais,ou menos do dia 28 do corrente manifestou-se incendio na Capella Mor da Capela São Francisco aliás da Capella da Ordem Terceira de São Francisco, e sendo prestado o socorro que em casos taes se costuma não foi possível evitar a intensidade do referido incendio, que deixou -a em total ruína, perecendo victima dell o Orago de Ordem, e varias Imagens ali collocadas: salvarão-se das chamas onze Imagens e algumas alfaias e paramentos do Culto, concorrendo muito para isto os esforços inauditos de todos de a população em geral. Hontem pelas cinco horas da tarde reunida"toda a população" nas ruínas da referida Ordem tem, lugar a transladação das Imagens em Procissão Sollenne de Penitência, para a Igreja Matriz. Esta Catastrofe tem compengido a população pelo estado decadente em que se acha de não poder reparar na actualidade tão desastroso acontecimento = deos Guarde a V. Exa.= Paço da CamaraMunicipal da Cidade de Rio Pardo. Bernardo Gomes Souto= Francisco A. Borba= Rodrigo José de Figueiredo Neves= Venancio José Chaves=Joaquim José de Oliveira Lima = Antonio José Landim= José Lourenço da Silva Lisboa. O secretario Feliciano Jose Coelho.
Frade de pedra

Obs.: O Texto esta escrito conforme o documento original.

FONTE: AHMRP - LRGC 32,1852/58. Neuza Quadros
Imagens de Cristo em tamanho natural
Imagem Sino

Sinos centenários

domingo, 17 de maio de 2020

CARTA DE ALEXANDRINO DE ALENCAR


A carta de Alexandrino, reproduzida a seguir, foi redigida seis dias após o combate de Passo Fundo. Ante o revés sofrido pelas forças federalistas, as perspectivas da revolução são desanimadoras. Seu filho, Armando, com 8 anos de idade, está sendo criado, em Rio Pardo, pela sua irmã Evangelina e seu cunhado, João Carlos Leitão da Rocha, fazendeiro e chefe político no município.
Alexandrino escreve em tom de despedida, pois receia  morrer a qualquer momento. Faz, por isso, um pedido ao filho; outro, ao cunhado e à irmã. Envia-lhes, também, a resposta à ordem do dia, do chefe da esquadra legalista, relativamente ao comportamento, seu e da guarnição do Aquidaban, quando do torpedeamento do navio – documento que tornará público quando chegar a Montevidéu.

Vila da Soledade, 3 de julho de 1894
Meu querido filho Armando,
Meu cunhado e minha irmã:
A fatalidade dos acontecimentos revolucionários me aproximou de vocês: entretanto, não posso chegar até Rio Pardo! Como se cobre de tristeza minha alma, já cansada pelos sofrimentos morais e físicos que vêm de longe!
Meu filho: quanto sinto não poder te abraçar; talvez, nestes meus últimos dias de vida! Se assim for, procura, por todos os meios, localizar meu cadáver e conduzir meus ossos para o túmulo da mamãe[1], no Rio de Janeiro, de modo que ainda possa juntar-me a ela pela matéria, já que a alma deve evolar-se para regiões desconhecidas. Envio-te, bem como a meu cunhado, uma resposta ao miserável chefe da esquadra[2] do tirano[3], relativamente ao último episódio do Aquidaban (navio que comandei no período revolucionário da Esquadra Libertadora), justificando, perante a História, o comportamento de sua guarnição e o meu, na emergência difícil em que nos achávamos.
Para isso, declaro que os escravos do tirano são infames duas vezes, porque mentem como lacaios para receber as graças do Senhor, adulterando os fatos e caluniando aqueles que, sem ambição, lutam pela liberdade de sua Pátria. Quero que esta minha justificação seja publicada em ocasião oportuna, de modo a poder desmascarar a ordem do dia daquele infame chefe, que nos atirou o labéu[4] de covardes, mas que fugiu do local, onde se deu a surpresa – comprada pela traição.
Como simples cidadão, estou combatendo em terra, depois de ter me batido  no mar durante sete meses. Acabo de participar, no dia 27 de junho, do grande combate de Passo Fundo, carregando com a cavalaria sobre o inimigo. Deus me protegeu de tal modo que só tive o meu cavalo fora de combate. Dizem os revolucionários que este foi o encontro mais sangrento havido até hoje em solo rio-grandense.
Assim, filho querido, tenho cumprido o meu dever duplamente, lutando contra as forças de um tirano que, pelo dinheiro e pela corrupção, tenta esmagar os caracteres dos homens de nossa Pátria.
Se vier a  morrer nesta luta, meu querido filho, deixo um nome puro e sem mácula. Nela lancei-me porque entendi que se impunha sacrificar o bem-estar da família pelo futuro do Brasil. Se o futuro não corresponder à expectativa, eu pelo perdão de ficares tão pobre, porém Deus saberá proteger-te. Não imaginas a dor profunda que sinto ao lembrar-me de tuas duas irmãs – sem mãe e, talvez sem pai muito breve. Trago os retratos de vocês junto ao meu coração, dentro da camisa, e isso tem sido meu talismã nos combates. Assim, quem sabe, Deus queira me dar ainda a dita de abraçar e beijá-los em breve.
Estou nas forças do General Prestes[5] porque o ambiente é bem brasileiro; o outro, em que vivi dois meses[6], nada me agradou sob todos os pontos de vista; mais tarde poderei explicar as razões.
Adeus, meu querido filho, recebe a minha bênção e o meu coração. Transmite às tuas irmãs, Evangelina e Amália, a minha alma, cheia de saudades e tranzida de dor.
Meu cunhado e minha irmã: façam de meu filho um bom cidadão, um bom amigos e um bom republicano.
(a)    Alexandrino

REFERÊNCIA: ALENCAR, Carlos Ramos de. Alexandrino, o grande marinheiro (1848/1926): a vida do Almirante Alexandrino de Alencar à luz de documentos históricos e de outros inéditos, pertencentes ao arquivo particular da família. Rio de Janeiro: Serviço de Documentação Geral da Marinha, 1989.


[1] Ana Ubaldina Faria de Alencar. Faleceu no Rio de Janeiro em 2 de março de 1894, durante a Revolta da Armada.
[2] Almirante Jerônimo Gonçalves
[3] Marechal Floriano Peixoto
[4] Desonra
[5] General Prestes Guimarães
[6] General Gumercindo Saraiva

quarta-feira, 13 de maio de 2020

RUA DIREITA, LADEIRA, IMPERADOR, JÚLIO DE CASTILHOS



Sobrado dos Panatieri, local onde se hospedou D Pedro II, em Rio Pardo, 1865. Sua localização é na esquina da Rua da Ladeira com a Rua Andrade Neves.


Calçamento em pedras irregulares 1813


Ladeira em época mais antiga
Esta foto nos mostra a Rua da Ladeira de cima, da Andrade Neves para o lado da Fortaleza, observando a Igreja Matriz, Praça, e ao fundo a Usina Elétrica. Neste mesmo local foi antigamente a praça dos Quartéis.
Rua da Ladeira
FONTE: Texto  Neuza   AHMRP

RUA DA LADEIRA 1898


RUA DA LADEIRA 1898

A Rua Júlio de Castilho(a Ladeira) era chamada inicialmente de Rua Direita, do Imperador e Silveira Martins. Esta Rua foi uma das primeiras e uma das principais Ruas da Vila de Rio Pardo. Serviu para ligar o alto da Fortaleza ,com a parte residencial e comercial. A zona comercial se desenvolveu próximo da praia e ruas vizinhas. Nesta Rua moraram muitos militares entre eles Vasco Pereira Dutra, Bibiano José Ferreira, tenente Antônio José Coelho Leal, Capitão Jacinto de Almeida e alguns eclesiásticos,Padre Antônio Coelho, dizia-se que a Ladeira era a rua de quase um quartel ou de comunicação com ele e a Rua da Matriz. Ali na praça da Matriz havia o Império do Espírito Santo, na parte norte da citada praça,Hoje o pequeno templo já não mais existe.

Alto da Fortaleza a Rua Direita- Ladeira 1898
Esta foto foi tirada em 1898, observando a mesma dá pra ver que foi tirada do final da Rua para o lado do centro da Cidade, a Rua Andrade Neves. Vimos que a Rua do inicio da foto haviam pedras e terra e sem calçamento, é o inicio da Rua General Câmara, hoje que vai até a praia. A Rua da Ladeira já estava calçada pois seu calçamento data por volta de 1813, conforme livro de Marina Q. Rezende.

FONTE: Texto com base no Guia Histórico de Dante de Laytano,1979 e Marina Rezende. AHMRP. Neuza Quadros

terça-feira, 12 de maio de 2020

CHOLERA MORBUS EM RIO PARDO



Em Rio Pardo, por volta de 1855 houve casos de cólera morbus. Governantes e a Igreja preocuparam-se em atender os doentes e combater a epidemia de cólera morbus.
Transcrição de alguns documentos que se encontram no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo, mostrando as preocupações já ocorridas em diversas épocas no mundo e que hoje estamos vivendo com a pandemia do CORANA VÍRUS, no mundo.

1. O delegado de polícia comunica ao Dr. Antonio Ferreira de Andrade Neves que tem aparecido nesta localidade alguns casos de cólera. Pede tomar providencias, antes que tal moléstia tome maiores proporções...  

2. O Vigário João Batista Velloso, comunica os senhores vereadores, por circular de 18 do corrente do Exmo. Sr. Bispo, fui autorizado a benzer o terreno que serve de jazigo aos choléricos, e a invocar os sentimentos de piedade  e religião de VV. SSas.
 Para que com a urgência possível se dignem mandar cercar de modo mais, conveniente o terreno de que se trata, e avisar-me em tempo oportuno.

3.Pesquisando sobre a cólera morbus encontrei no Guia Histórico do Historiador Dante de Laytano que em 1867, Rio Pardo foi dizimado pela cóleras-morbus.

4. Em Rio Pardo o cemitério dos choléricos localizava-se no moinho de ventos, local alto próximo da Igreja Matriz e do Forte Jesus Maria José. Hoje neste local não existe mais nada que  marque  que ali havia um cemitério "O Cemitério dos Choléricos".

FONTE: Documentos do AHMRP - CG 62    P.94/125, 1867. Guia Histórico do Historiador Dante de Laytano p.127. Neuza Quadros



segunda-feira, 11 de maio de 2020

CÂMARA MUNICIPAL 1855 – COMISSÃO PARA CONSERVAR ASSEIO DA CIDADE



UM OFFICIO PEDINDO PROVIDÊNCIAS, PARA IMPEDIR UMA EPIDEMIA
Conselho da Câmara 1811 Rua Andrade Neves


Nesta Cidade foi  nomeada uma Comissão pela Câmara  Municipal para emitir o seu parecer a cerca das providencias  a tomar, a fim de conservar o asseio da Cidade, e  povoações conforme as atuais  circunstancias, para prevenir a invasão da epidemia, que infelizmente reina em algumas províncias  do Norte  do Império, vem submeter a consideração da Câmara o que lhe parece mais urgente, em atenção aos meios  disponíveis de que a Câmara Municipal pode lançar mão . A Comissão  entende que com base nas Posturas Municipais, para evitar, não só o aparecimento da epidemia de cólera morbus que flagela parte do Império, que lavem roupas, acima da Ponte do Rio Pardo, em ambas as margens, e proibindo-se tomar água do JacUY.  carroças que abastecem a Cidade as quais deverão prover-se dela no Rio Pardo acima  da Ponte, compreendendo também esta proibição, as escravas que carregam água em barris.
As lavadeiras no rio Pardo
A Comissão entende que a Câmara para fiscalizar o cumprimento de suas posturas relativas ao asseio de saúde dos habitantes da Cidade e do Município não deve descansar só no zelo dos seus empregados subalternos, também deve empenhar o zelo e esforços dos empregados da polícia, e não deixar por considerações pessoas de fazer visitas domiciliares, para inspecionar o asseio do interior das casas, pátios, áreas e quintais, se a Câmara Municipal, tivesse meios em que pudesse rasgar a rua que segue do canto da Rua Direita e soteia de Jose Walter a calçada  que conduz á rampa do Jacuy, e pudesse por esse lado dar esgoto as águas que entretem e conservam um charco lodoso em frente ao Quartel do Destacamento, seria o parecer da Comissão que por ahi se encaminhassem as águas, ainda que fosse nesse lugar  dada maior largura afastando o paredão para dentro dos terrenos, para maior cômodo dos carros que transitam  e que necessitam atravessar a Ladeira para mais facilmente subirem. Mas atendendo-a Comissão que muito demorará ainda esta obra, não obstante os meios que para realizá-las ministre S. Exca. O Sr. Presidente da Província, lembra  a Comissão um meio pronto e que lhe parece eficaz para enxugar  o lodaçal da Rua  Direita, com o que se evitará o desenvolvimento de miasmas, e exalações pestilentos, que muito bem podem infeccionar o Quartel, em que se acham aglomerados as praças do destacamento, o meio que julga dever em pregar-se é a abertura de um valo na parte inferir do paredão que toma a entrada do Beco da Pascoinha na Rua Direita, e na parte superior pela Rua Direita seguindo da Praça da Matriz


Rua Direita- Ladeira hoje, Igreja Matriz e a praça
pelo lado do passeio ao correr do muro da propriedade do Marechal Gaspar Menna Barreto, cortando-se um rego que profunde gradualmente até os bueiros do paredão, em modo que os descubra todas, para por eles descerem as águas e escoarem pelo valo, que as dirige para o Beco da Pascoinha. A existência de outro charco no terreno do canto do referido Beco e Rua da Ponte, parece contrariar a opinião da Comissão, de esgotar-se por esse lado as águas do lodaçal da Rua Direita, mas desde que se refletir na facilidade de se dar escoamento á esse charco, rebaixando-se a calçada que atravessa a Rua da Ponte na frente desse Beco, a objeção desaparece. Os quintais das casas da rua da Ponte com frente ao Oeste cumpre serem esgotados da água estagnada que neles se conserva, e o meio está na maior profundidade que devem ter os regos ou canos de escoamento dela para o córrego do referido Beco.
Com pouco trabalho, e dispêndio que a Comissão  não pode calcular, e menos indicar, a humidade da Rua do Açougue, pode muito diminuir, esgotando-se parte da água que a humedece pela travessa do Açougue á Rua Direita suportando uma fiada de pedra, ou rampa e a terra para não ser escavada pela água, no fundo do terreno do finado Cirurgião Vicente se pode aproveitar  o córrego de escoamento ahi existente, fazendo conseguir por meio de encanamento, ou de valos á um cano, que nessa altura atravesse a Rua do Açougue e sobra da água da Cisterna  Pública , e a que mana da coxilha, e casa  do Major Antonio Prudente da Fonseca, que deverá ser considerado á dar livre esgoto as águas que humedecer o seu prédio, cumprindo com a obrigação que lhe impõem as posturas municipais, com o que muito melhorará a Praça da Matriz,
Praça da Matriz, hoje
encharcada também pela humidade que conserva a sombra da casa arruinada de Orlando Coelho da Silva, que deve ser compelido á reparar o prédio, ou aliás demoli-lo para evitar o foco de miasmas que a comissão observou nessa casa arruinada...    
 ( Este officio continua...) 
Obs.  Rua Direita é a mesma Rua da Ladeira e hoje é a Júlio de Castilhos, calçada com pedras irregulares por volta de 1813.

FONTE: Registros Gerais da Câmara - RG nº 50 p. 299/302, 1855. AHMRP Neuza Quadros, 2020



ANALISE DA ARQUITETURA DE PRÉDIOS HISTÓRICOS - HOJE QUASE DESAPARECIDOS




PRÉDIO DA ANTIGA PREFEITURA E SOLAR PANATIERI

 Prefeitura Velha Andrade Neves


Seguindo ao longo da Rua General Andrades Neves, encontram-se dois sobrados do início do século XIX, localizados na esquina com a Rua da Ladeira. Estas casas são hoje guardiões, imóveis e silenciosos, de uma das mais antigas ruas de Rio Pardo e que, em outros tempos, ligava porto à parte alta da cidade. O prédio do situado à esquerda era um estabelecimento comercial conhecido como Hotel Brasil e que sediava também em uma das suas dependências as reuniões do Clube Republicano. No mesmo prédio existia também uma Loja Maçônica conhecida como Loja Philantropia Rio-Pardense. Já no início do século XX, a partir de 1904, o prédio passou a abrigar a Prefeitura Municipal de Rio Pardo, permanecendo este nome para denominar a edificação. Como no Fórum, embora em menor escala, houve complementações arquitetônicas. A marcação do acesso principal pela Rua General Andrade Neves recebeu um pequeno frontão colocado na platibanda. Também ali se pode ver no seu tímpano o brasão da Republica em alto relevo. E destaca-se ainda a colocação e duas pilastras que reforçam a porta de acesso principal, sobre o qual existem grandes janelas com sacadas e grades de ferro. Mas na lateral da edificação, do lado da Rua da Ladeira, não existe platibanda e o telhado, de quatro águas, projeta-se ainda formando um beirado, como nos antigos casarões portugueses. Da mesma forma percebe-se que foi mantida a unidade entre as esquadrias dos dois pavimentos. São todas de arco abatido apresentando grande riqueza nas ornamentações com janelas em duas folhas e tampos de madeira que abrem para o interior da casa.

Prefeitura Velha ao lado, na Rua da Ladeira

Na outra esquina, à direita está localizado o sobrado da família Panatieri, proprietária do imóvel desde 1930. A residência, construída em final do século XVIII, inicio do século XIX, é típica da arquitetura colonial portuguesa. No primeiro pavimento eram desenvolvidas atividades comerciais, existindo também um espaço destinado à senzala. O acesso principal da Rua General Andrade Neves conduz a uma escadaria que leva ao segundo pavimento, onde estão localizadas as salas e os dormitórios. O sobrado teve poucas alterações. As janelas em arco abatido apresentam grades de ferro no segundo pavimento, tenho sido preservadas quase em sua totalidade. Dos elementos arquitetônicos não originais destaca-se a platibanda colocada posteriormente.
Este sobrado, quando de propriedade do Juiz Abílio Álvaro, recebeu em 1865 a visita de D. Pedro II, que esteve de passagem por Rio Pardo para assistir à rendição das forças de Lopez durante a Guerra do Paraguai.

Antigo Sobrado Andrade Neves
Escada do Sobrado
Reforma do Sobrado

Porão do Sobrado Panatieri na Rua Ladeira

Obs.:“Hoje, em maio de 2020 o nosso prédio histórico está em péssimo estado de conservação sendo colocado a venda pela família. Passando outro dia, pela Rua Andrade Neves observei que foram tirado as placas de vende e que já foi vendido, havendo então uma grande esperança de mais um prédio ser reconstruído em nossa Cidade”.

 FONTE: Rio Pardo, Evolução Urbana e Patrimônio Arquitetônico- Urbanístico, p. 77, 2005.Luiz Carlos Schneider.
 Projeto Memória Viva, 2000. Neuza Quadros, 2020

sábado, 9 de maio de 2020

JOÃO CÂNDIDO RELEMBRA RIO PARDO


Quando esteve na Inglaterra, acompanhando a construção do navio “Minas Gerais”, o marinheiro João Cândido mandou pintar um perfil a carvão do Presidente Nilo Peçanha. Graças à interferência do Almirante Alexandrino de Alencar, Ministro da Marinha, cuja família em Rio Pardo muito o protegeu na infância, João Cândido foi o único marinheiro em toda a história do Brasil a conseguir uma audiência com o Presidente da República. Entregou o quadro e, em  nome de milhares de marinheiros,  aproveitou a oportunidade para pedir a abolição do uso da chibata na Armada. A audiência aconteceu em maio de 1910. Nada foi feito para mudar a situação e em 22 novembro de 1910 João Cândido liderou a Revolta da Chibata, prontamente reprimida pelas autoridades militares, com prisão dos marinheiros envolvidos.
Durante seu julgamento, João Cândido relatou: “Sou filho de João Cândido Velho e Ignácia Cândido Velho. Peço que fique consignada uma retificação. Não sou argentino, conforme foi dito e escreveram. Sou brasileiro”. Relatou ter nascido na “vila de Encruzilhada, no Rio Pardo, no Rio Grande do Sul.”
Cumprida sua pena, “desligado da Marinha, à qual serviu 19 anos, João Cândido saiu da prisão com os pulmões avariados pela tuberculose, sem roupa, com um par de botinas, enfim: um trapo humano. Os seus irmãos, em número de 8, estavam espalhados pelo mundo. Pensou em voltar para a sua terra natal, a cidade de Rio Pardo. Chegou a escrever uma carta para um antigo companheiro de infância, relatando a sua situação de penúria.”
Ele relembrou esta tentativa de contato: “Era o Protásio, um rapaz criado junto comigo pela família do Almirante Alexandrino de Alencar, que protegeu meus pais e irmãos. A casa dos Alencar era toda branca, com um sobradinho e construída numa pequena elevação. O Protásio ganhou dinheiro e comprou umas terras no Arroio do Couto.”
Teve ímpeto de embarcar num navio qualquer e desembarcar em Porto Alegre, onde poderia conseguir um emprego numa das companhias de navegação que exploram o transporte fluvial entre a capital gaúcha e Rio Pardo. Seus minúsculos portos, às margens do Jacuí, eram seus velhos conhecidos, desde o tempo de infância, principalmente o das Pombas, destinado exclusivamente ao embarque do arroz, e o Pederneiras, escoadouro de rica zona da pecuária e agricultura.
Durante um mês esperou, em vão, pela resposta da carta. Escreveu para Vicente Lameirão, cria da família do Barão de Ramiz Galvão, que então brilhava  nas letras, no Rio de Janeiro.
Rio Pardo não era clima para João Cândido, ignorado pela sua população. Cidade de Barões e Viscondes, célula morta da decadente aristocracia rural, seus colegas de infância eram quase todos criados e peões das famílias mais poderosas da terra, como a do General José Joaquim de Andrade Neves, o Barão do Triunfo, cujos netinhos já nasciam generais; Frutuoso Borges da Fontoura, Tenente-Coronel da República farrapa; Marechal João de Deus Mena Barreto, Visconde de São Gabriel; Antônio Manoel Correia da Câmara, o Visconde de Pelotas; Afonso José de Almeida Corte Real, Comandante Superior da Guarda Nacional de Rio Pardo; General Bento Correia da Câmara, o “Herói de Taquarembó” e, por fim, Felisberto Pinto Bandeira, Ministro da Ordem Terceira de São Francisco... .
Chegou a embarcar no patacho “Antonico”, viajando até São Francisco, em Santa Catarina e foi timoneiro daí até a Lagoa dos Patos.
Aproveitou a estada do barco no sul e ensaiou uma viagem a Porto Alegre, de onde daria um pulo até Rio Pardo, que não via há muito tempo. No Cemitério do Potreiro de Nossa Senhora deveria estar o túmulo dos seus pais. Na Matriz, sua velha conhecida e, no altar de Nossa Senhora do Rosário, sua santa de devoção, padroeira da cidade e dos negros, a mesma ordem que custeou a sua defesa, acenderia uma vela, promessa feita no calabouço, na trágica noite de Natal de 1910[1].
A casa do Marechal-de-Campo João de Castro e Canto e Melo, marechal por obra e graça de sua irmã, a irrequieta Marquesa de Santos, estaria ainda de pé? Nada daquilo lhe interessava. Ele só queria ver o sobradinho dos Alencar, na Rua General Osório, ao lado do teatro, parte de sua infância. Ali ele descansava das longas caminhadas pelos sertões, em companhia do pai.
Mas o plano não foi executado: houve um contratempo e a viagem fracassou...

REFERÊNCIAS:
MOREL, Edmar. A Revolta da Chibata. Rio de Janeiro: Editora Letras e Artes, 1963. 2. Ed.


[1] Foi preso em 13 de Dezembro no quartel do exército, e transferido no dia de natal (24 de dezembro de 1910) para uma masmorra na Ilha das Cobras, onde 16 de seus 17 companheiros de cela morreram asfixiados