Dados Biográficos:
ANTÓNIO GOMES
FREIRE DE ANDRADE (Juromenha, 1685 — Rio
de Janeiro, 1 de Janeiro de 1763) foi um nobre militar e
administrador colonial português. Foi feito
primeiro conde de Bobadela por carta de 20 de dezembro de 1758.
Filho de Bernardino
Freire de Andrade e
de D. Joana Vicência de Meneses, foi moço fidalgo com exercício, acrescentado a
fidalgo escudeiro, do Conselho do rei D. João V de
Portugal e
do rei D. José I de
Portugal.
Estudou no
Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, período em que assentou praça,
progredindo na carreira militar durante a Guerra
de Sucessão da Espanha. Diz "Nobreza
de Portugal", tomo II, página 420: "Sendo estudante em
Coimbra, assentou praça e de tal forma se houve na Guerra
de Sucessão da Espanha que
conquistou alto posto." Provido
de comando superior, terminada a campanha, teve o encargo de comissões importantes
e, em 1733 foi
nomeado Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, tomando posse do cargo
em 26 de julho.
Comissário e
primeiro plenipotenciário de Portugal nas conferências sobre os limites da
fronteira ou parte meridional do Estado do Brasil com as colônias
espanholas da América do Sul,
que alcançava desde Castilhos Grandes até a foz do rio Jauru. General da
Divisão portuguesa e depois comandante em chefe das tropas auxiliares de
Espanha e Portugal que foram ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai, Buenos Aires e Colônia do
Sacramento, sujeitar os
índios rebeldes instigados contra o domínio português e espanhol, pelo
predomínio dos jesuítas, apoiados na influência do governo inglês, que desde1740 perscrutava
a maneira de assentar o domínio da Inglaterra no rio da Prata,
dominar toda a América do Sul e acabar para Portugal o domínio do Estado do
Brasil.
Em 1735 recebeu
o encargo de administrar também as Minas Gerais,
e em 1748, havendo
aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso,
incumbido de administrar as duas novas capitanias que se fundaram. Assim,
enviado ao Brasil para ser governador da Capitania do Rio
de Janeiro, acumulando sob seu comando os territórios de Minas Gerais,
São Paulo, Mato Grosso e sul do Brasil.
No Rio de
Janeiro, junto ao sargento-mor José
Fernandes Pinto Alpoim, realizou obras
como o Aqueduto da
Carioca, a Casa dos Governadores terminada em 1743, e o chafariz
ou fonte pública da praça do Carmo. Incentivou também a construção de
importantes obras religiosas, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da
Ajuda (demolido).
Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia,
criada no Rio de Janeiro em 1747 por Antônio Isidoro
da Fonseca, mas que teve de ser fechada por ordem do governo
português. Incentivou a cultura também pela criação de academias de
intelectuais: a Academia
dos Felizes (1736) e a Academia dos
Seletos (1752), ainda que
nenhuma teve vida longa.
Depois da
atuação notável como governador, uma vez denunciadas ao governador em 1744 pelo
guarda-mor J. R. Froes as riquezas do distrito diamantino de Paracatu, cuidou logo de
explorar os terrenos. Agiu para o aproveitamento das minas de Paracatu, recém
descobertas, esforçando-se para tentar acabar com a falta de controle da
circulação do ouro e a desorganização da coleta dos quintos. Reprimiu o
contrabando, articulado a partir do Rio, estabeleceu um sistema de taxas sobre
o ouro de Minas, determinou a imposição de um contrato sobre os diamantes do
Tijuco, distrito que Portugal mantinha rigorosamente fechado, supervisionou a
renovação urbana do Ribeirão do Carmo rebatizada Cidade Mariana em
homenagem à Rainha D. Maria Ana de Áustria. Atuou intensamente em favor da
cultura e instrução na colônia.
Em decorrência
do Tratado de Madrid (1750), o governador
deslocou-se em 1752 junto
com Fernandes Alpoim à região sul para delimitar as fronteiras com as colônias
espanholas. Comandou as tropas
luso-espanholas que venceram os índios guaranis durante a Guerra Guaranítica (1754-1756), em que lutou contra o líder guarani Sepé Tiaraju.
Ao mesmo tempo
que prestava atenção aos interesses materiais do país sujeito a seu domínio,
atendia à instrução e ao amor pela literatura,
empregando os meios possíveis para o seu desenvolvimento. A ele se deve o
estabelecimento da oficina tipográfica do Rio, de que foi proprietário Antônio
Isidoro da Fonseca. A tipografia durou pouco,
porque a iniciativa desagradou ao governo da metrópole, temeroso da demasiada
ilustração dos colonos, que censurou muito que o capitão general concedesse
autorização para que se fundasse e ainda não satisfeito com a censura, ordenou
que se fechasse.
Os primeiros
escritos impressos foram:
·
« Relação
da entrada que fez o exmo e revmo senhor Dom Frei Antônio
do Desterro Malheiros, bispo do Rio
de Janeiro, em 1.º do ano de 1747, havendo sido seis anos bispo de Angola,
d'onde por nomeação de Sua Majestade e bula pontificia foi promovido para esta
diocese», composta pelo doutor Luís Antônio Rousado da Cunha, juiz de fora,
etc.
·
«Em aplauso do
exmo e revmo sr D. Frei Antônio
do Desterro Malheiros, dignissimo
bispo d'esta cidade», romance heróico in
folio;
·
«Coleção de 11
epigramas e 1 soneto, aqueles em latim, êste em português, sobre idêntico
assunto.»
Tais composições
não têm grande valor, porém são muito apreciadas no Brasil por serem os
primeiros trabalhos tipográficos no Rio de Janeiro.
Foi ainda
durante seu governo que se fundaram duas academias, a dos Felizes e a dos
Seletos. Auxiliava os que se dedicavam ao estudo e entre os muitos que mandou
educar no seminário de São José esteve José Basílio da
Gama que,
depois de concluir sua educação à Europa, reconhecido à sua memoria, escreveu o
poema «Uruguai» ou «O Uraguai», cujo herói é Gomes Freire, publicado em
Lisboa em 1769.
Como militar,
distinguiu-se na guerra do Rio Grande do Sul contra os
índios, de 1750 em
diante, derrotando em menos de seis meses os inimigos que os jesuítas dirigiam
ocultamente.
Foi responsável
por grandes contribuições para a tecnologia militar, destacando a criação, em
1762, da “Casa do Trem da
Província do Rio de Janeiro”, local
destinado ao abrigo e reparo do equipamento de Artilharia do Exército
Colonial. A Casa do Trem é o marco de origem das atividades da indústria bélica
no Brasil Colônia, além de ser a precursora dos atuais Arsenais de Guerra do Exército
Brasileiro.
Depois do Pacto
de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro de Cevallos tomar a cidade
do Sacramento,
que arrasou e à qual nunca chegaram socorros do Rio de Janeiro. Diz-se que este
fato lhe causou tão poderosa impressão que recebeu a notícia em dezembro de 1762 e
adoeceu gravemente, morrendo em 1 de janeiro seguinte.
Está sepultado na capela do convento de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Deixou
em testamento um valiosíssimo morgado em favor do irmão, José
António Freire de Andrade, pois não se
casou nem teve filhos.
FONTE: wikipedia.org/wiki/Gomes_Freire_de_Andrade,_1.º_Conde_de_Bobadela - AHMRP
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