O Rio Grande do Sul foi militarmente conquistado
pelos portugueses. Nas disputas com os espanhóis, era indispensável uma
permanente “vigília das armas.“ Todos os governantes do período colonial eram
militares e os gaúchos aprenderam muito cedo a colocar o sentimento do dever
para com seu chefe mais próximo, delegado do rei ou do príncipe, acima de tudo. Assim, o papel dos militares
portugueses foi decisivo para a formação da mentalidade coletiva do gaúcho.
Muitos dos homens que governaram o Rio Grande do
Sul naquele período tinham ideias iluministas que ligavam a paz social ao
progresso material, preconizavam o império da razão, o desenvolvimento do
comércio, na igualdade entre os homens.
Tanto os militares como os civis tinham de obedecer
aos rigores da disciplina. Na vida comunal, nas relações entre o senhor e o
escravo, no comércio nascente, em tudo ela se fez sentir, apesar da vastidão do
território. Até o contrabando de gado ou da prata se ativou muitas vezes em
nome das necessidades militares, por imperiosas razões de Estado. Milicianos
eram todos os homens válidos, e, ainda que retirados da caserna, transformados
em estancieiros ou comerciantes, continuavam atuando como forças militares da
reserva. Bastava um aceno do capitão-general e logo atuavam na vanguarda,
colocando sua experiência de veteranos à disposição da autoridade realenga.
“Em nenhum ponto do país o civil e o militar
viveram tão próximos um do outro e tão identificados afetivamente”.
Quanto à atuação da Igreja, o Papa Inocêncio XI
criou em 1676 o Bispado do Rio de Janeiro, com jurisdição desde a capitania do
Espírito Santo até o rio da Prata. Porém, o Bispado do Rio de Janeiro
praticamente não exerceu ação no Rio Grande do Sul “por falta de populações
estáveis”, o que só começou em 1737 e até a vinda dos açorianos. Só a partir de
1754 os povoados começam a receber a elevação à freguesia.
No quesito instrução, a situação
era bastante precária. No período colonial, o ensino estava a cargo dos padres
jesuítas, que no início só ensinaram índios. Quando os padres foram expulsos do
Brasil, desapareceram as únicas escolas que existiam, administradas por eles.
Só em 14 de janeiro de 1820 é que foram criadas as primeiras escolas públicas
da Capitania, chamadas de aulas régias, em Porto Alegre, Santo Antônio da
Patrulha, Bom Jesus do Triunfo, Rio Grande e Pelotas. Mas os cargos não foram
todos providos; os professores nomeados para ocupa-los foram apenas 4, em Porto
Alegre e Rio Pardo, um para a cadeira de Latim, um para a de Filosofia e apenas
dois para o ensino das primeiras letras. O sistema era falho: aulas eram
isoladas e dispersas, não havia um plano sistemático de estudos. Mestres leigos
davam aulas sem conhecimento sobre o que deviam ensinar e sem nenhum senso
pedagógico. Para complicar, o salário era muito baixo. As famílias mais ricas
contratavam professores particulares, mas também era difícil conseguir alguém
que pudesse ensinar. Na Campanha surgiu o Mestre Itinerante, que ia de estância
em estância, ensinando crianças e adultos. Até 1820 também não havia escola de
nível secundário.
REFERÊNCIA: CESAR, Guilhermino. História do RS –
Período Colonial. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 274-283)
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