domingo, 15 de março de 2020

O RIO GRANDE DO SUL NA ÉPOCA COLONIAL (1737-1822)


O Rio Grande do Sul foi militarmente conquistado pelos portugueses. Nas disputas com os espanhóis, era indispensável uma permanente “vigília das armas.“ Todos os governantes do período colonial eram militares e os gaúchos aprenderam muito cedo a colocar o sentimento do dever para com seu chefe mais próximo, delegado do rei ou do príncipe,  acima de tudo. Assim, o papel dos militares portugueses foi decisivo para a formação da mentalidade coletiva do gaúcho.
Muitos dos homens que governaram o Rio Grande do Sul naquele período tinham ideias iluministas que ligavam a paz social ao progresso material, preconizavam o império da razão, o desenvolvimento do comércio, na igualdade entre os homens. 
Tanto os militares como os civis tinham de obedecer aos rigores da disciplina. Na vida comunal, nas relações entre o senhor e o escravo, no comércio nascente, em tudo ela se fez sentir, apesar da vastidão do território. Até o contrabando de gado ou da prata se ativou muitas vezes em nome das necessidades militares, por imperiosas razões de Estado. Milicianos eram todos os homens válidos, e, ainda que retirados da caserna, transformados em estancieiros ou comerciantes, continuavam atuando como forças militares da reserva. Bastava um aceno do capitão-general e logo atuavam na vanguarda, colocando sua experiência de veteranos à disposição da autoridade realenga.
“Em nenhum ponto do país o civil e o militar viveram tão próximos um do outro e tão identificados afetivamente”.
Quanto à atuação da Igreja, o Papa Inocêncio XI criou em 1676 o Bispado do Rio de Janeiro, com jurisdição desde a capitania do Espírito Santo até o rio da Prata. Porém, o Bispado do Rio de Janeiro praticamente não exerceu ação no Rio Grande do Sul “por falta de populações estáveis”, o que só começou em 1737 e até a vinda dos açorianos. Só a partir de 1754 os povoados começam a receber a elevação à freguesia.
No quesito instrução, a situação era bastante precária. No período colonial, o ensino estava a cargo dos padres jesuítas, que no início só ensinaram índios. Quando os padres foram expulsos do Brasil, desapareceram as únicas escolas que existiam, administradas por eles. Só em 14 de janeiro de 1820 é que foram criadas as primeiras escolas públicas da Capitania, chamadas de aulas régias, em Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Bom Jesus do Triunfo, Rio Grande e Pelotas. Mas os cargos não foram todos providos; os professores nomeados para ocupa-los foram apenas 4, em Porto Alegre e Rio Pardo, um para a cadeira de Latim, um para a de Filosofia e apenas dois para o ensino das primeiras letras. O sistema era falho: aulas eram isoladas e dispersas, não havia um plano sistemático de estudos. Mestres leigos davam aulas sem conhecimento sobre o que deviam ensinar e sem nenhum senso pedagógico. Para complicar, o salário era muito baixo. As famílias mais ricas contratavam professores particulares, mas também era difícil conseguir alguém que pudesse ensinar. Na Campanha surgiu o Mestre Itinerante, que ia de estância em estância, ensinando crianças e adultos. Até 1820 também não havia escola de nível secundário.

REFERÊNCIA: CESAR, Guilhermino. História do RS – Período Colonial. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 274-283)

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