sexta-feira, 6 de março de 2020

FORTALEZA DE JESUS MARIA JOSÉ (RIO PARDO) (II) João Maia e Dante de Laytano


O Forte Jesus Maria José era uma simples “tranqueira”, construída numa elevação de terreno, utilizando o sistema de paliçadas e fossos.
Inicialmente deveria servir apenas como ponto de irradiação às tropas portuguesas comandadas por Gomes Freire de Andrade e encarregadas das demarcações do Tratado de Madri. Porém, a resistência dos índios missioneiros mudou a situação e ele acabou por se transformar na “Tranqueira Invicta”, responsável pela expansão e manutenção das fronteiras portuguesas no extremo sul da América.
Em 1774, já anulado o Tratado de Madri, os espanhóis atacavam o Rio Grande, planejando “internar-se pela campanha, penetrar na fronteira do Rio Pardo e apoderar-se de Viamão.
Sob o comando do General Vertiz, o inimigo acampou a uma légua do Forte Jesus Maria José. Aguardando novos recursos para levar um ataque decisivo à posição portuguesa. E foi então que ocorreu a Manobra Salvadora:
“Socorreu-se José Marcellino de um hábil estratagema, que veiu tiral-o das aperturas em que se achava.
O Governador, simulando chegar da capital, fez espalhar os soldados, vibrar os clarins, rufar os tambores e troar em successivas salvas a artilharia da Fortaleza, que, embandeirada e armada com flammulas e galhardetes, apresentava um duplo aspecto de festa e de força, destinado a infundir terror ao inimigo.
De facto, possuiu-se este de invencível pânico, em face de tanta ostentação de pujança e de esplendor, em contraste com a idéia que fazia da posição portugueza de Rio Pardo estava desmantelada e com as peças encravadas.
A realidade, porém, que Vertiz felizmente ignorava, era que a trovejante artilharia, que tanto o impressionou, não passava de umas pobres peças de ferro.
O exército hespanhol tomava as ultimas providencias para levantar acampamento quando, na manhã seguinte á supposta chegada, o Governador José Marcellino mandou fazer cumprimentos ao General Vertiz, que os correspondeu affectuosamente.
Não tardou muito que chegasse à Fortaleza um expresso de parte do chefe inimigo, com um officio para José Marcellino. Vertiz despedia-se do Governador portuguez, visto ‘achar-se completa a diligencia de visitar o território pertencente a El-Rei seu amo’.
Estava mallograda a empreza conquistadora lançada pelo Governador das Provincias do rio da Prata.
E si o Rio Grande, que até então continuava quase abandonado e desprovido de meios de defeza, não caiu em poder do exercito invasor, deve-o principalmente ao heroísmo e ao patriotismo de seus filhos desvelados, conduzidos às pelejas pelo valente Capitão Raphael Pinto Bandeira.”

História do Rio Grande do Sul para o Ensino Cívico, João Maia, Globo, POA, 1920, p. 20-2;
Guia Histórico do Rio Pardo – Dante de Laytano, 2ª edição, p. 115

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