Conforme Guilhermino César em
sua obra História do Rio Grande do Sul - Período Colonial (p. 146),
referindo-se às ações do Conde de Bobadela em Rio Pardo, no cumprimento da sua
missão de demarcar as fronteiras estabelecidas pelo Tratado de Madri “providência
militar de maior importância, fez construir no passo do Jacuí, dando origem à
atual cidade de Rio Pardo, um pequeno forte, ou tranqueira, como se denominava, sob a invocação de Jesus-Maria-José
(o mesmo nome dado por Silva Paes à primeira fortificação erguida no Rio
Grande).” (César, 1970, p. 146).
Assim, de abril a maio de 1752, “no alto de um penhasco
sobranceiro ao rio Jacuí, dominando a várzea fronteira ao Sul e olhando altiva
os coxilhões de Capivari ao Norte, foi construída a Fortaleza Jesus-Maria-José
II, do Rio Pardo, inicialmente sob a forma de uma estacada.”
O plano da estacada[1] foi delineado pelo
engenheiro João Gomes de Mello e a sua construção foi realizada, em dois meses,
por contingentes dos Dragões do Rio Grande, comandados pelo Tenente Coronel
Thomaz Luiz Osorio, mais 60 aventureiros de Via-mão[2], ao comando de um tenente
de Dragões, o lagunista Francisco Pinto Bandeira, pai do, mais tarde, famoso
guerrilheiro gaúcho Major Rafael Pinto Bandeira.
Francisco Pinto Bandeira foi o comandante da 1ª
companhia organizada do Regimento de Dragões do Rio Grande. Alguns de seu
bravos e ilustres descendentes se encontram sepultados na Igreja São Francisco
em Rio Pardo, defronte à praça onde se encontra sepultado o General Andrade
Neves, Barão do Triunfo.
O delineamento da fortaleza mereceu reparos de um
assessor do General Gomes Freire, o Engenheiro Militar Brigadeiro José
Fernandes Pinto Alpoim. A construção teve que prosseguir, na iminência de um
ataque indígena (Bento, Giorgis, 2005, p. 37).
Conforme Guilhermino César: “Entre as maiores figuras da
engenharia militar portuguesa [...] contava-se o Brigadeiro José Fernandes
Pinto Alpoim, natural da Colônia do Sacramento [...]. Sob sua direção foi
cons-truído o forte de Rio Pardo, entre 1754 e 1755, conforme ofício de Gomes
Freire (de 18 Fev 1755) ao Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da
Marinha e Domínios Ultramarinos” (Cesar, 1970, p. 160).
Em função disso, Gomes Freire confirma Rio Pardo para
local de concentração das tropas que seguiriam para os Sete Povos das Missões
para o cumprimento das disposições do Tratado de Madri.
Em 1754, ainda durante a construção da Fortaleza, aquela
autoridade determina a transferência de parte dos Dragões de Rio Grande para
Rio Pardo, origem dos Dragões de Rio Pardo, o que aumentou a presença militar
na região.
Os Dragões de Rio
Grande se originaram, por sua vez, dos Dragões D’El Rei das Minas Gerais, tropa
portuguesa chegada ao Brasil em 1719 e sediada em Vila Rica, hoje Ouro Preto.
Em
função destes imperativos, pressupostos e circunstâncias, conforme o Guia
Histórico de Rio Pardo: “Estava fundada a cidade de Rio Pardo, que se chamou, por
muito tempo, quartel de Rio Pardo, em vista da sua importância militar. O forte
Jesus, Maria, José, repeliu as investidas dos indígenas e não permitiu, mais
tarde, que as tropas castelhanas passassem. A fortaleza foi um obstáculo
intransponível. E a resistência de Rio Pardo consolidou a conquista e a
colonização dos portugueses no sul do Brasil. Até hoje o lugar onde se
encontrava a fortaleza é denominado Alto da Fortaleza.” (Laytano, 1979, p.
86)
GIORGIS, Luiz Ernani
Caminha. Rio Pardo e a defesa das fronteiras. 1ª Edição. Porto Alegre: Copystar
– Gráfica Expressa Porto Alegre, 2018. P.24-8.
[1]
Local cercado e protegido por estacas ou paliçadas.
[2]Conforme o site da Prefeitura de Viamão (http://www.viamao.rs.gov.br/portal/cidade/1/Hist%C3%B3ria)
a povoação foi elevada à categoria de freguesia em 1747. Em 1880 desmembrou-se
de Porto Alegre para tornar-se vila e sede do município. Viamão foi o primeiro
município do RS.
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