Em sua viagem pela Província do Rio Grande de São
Pedro do Sul, Nicolau Dreys, comerciante francês que se radicou no Brasil,
escreveu o livro ”Notícia descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do
Sul” publicado em 1839.
De sua passagem por Rio Pardo, falou sobre a produção
de alimentos, o comércio e o transporte:
“A vila do Rio Pardo está longe de desfrutar a
fartura que se observa em Porto Alegre; os trabalhos agrícolas de seus próprios cidadãos, ou de seus vizinhos satisfazem uma
parte de sua precisões, mas em geral ela recebe de Porto Alegre, além das
fazendas e de todos os mais produtos da indústria europeia, os víveres, que lhe
faltam, maiormente os vinhos, os espíritos, os açúcares, e todos os mais
gêneros alimentícios que o território
não fornece, menos talvez por falta de propriedade do que por
insuficiência de trabalhadores; o trânsito dos objetos importados efetua-se
pelo rio Jacuí, por meio de canoas bastante grandes, e às vezes maiores que
alguns dos iates que navegam no Rio Grande e nas Lagoas. As mesmas embarcações
carregam, na volta, os efeitos, com os quais Rio Pardo paga uma parte das
importações, e entre eles figura a erva mate
geralmente de boa qualidade, verdadeira congonha, procedida, como já o temos notado, da mesma serrania que produz a erva do Paraguai. Todavia, essa navegação, que é sem perigo, não é sem inconvenientes, sendo o maior deles a necessária lentidão com que a canoa navega na ida para o Rio Pardo, obrigada, como está, a vencer a correnteza do rio, agarrando-se penosamente os marinheiros, quando lhes falta o vento, às árvores que crescem pelas margens, e isso quando a navegação é praticável, o que, segundo nossas indicações antecedentes, não acontece em toda a extensão do ano por causa da seca que deixa surgir as cachoeiras acima do nível das águas; nestas ocasiões a navegação fica reduzida a algumas canoas pequenas de voga, as quais anda mais ligeiras com menos dificuldades, mas cuja capacidade não chega, às vezes, para livrar totalmente o Rio Pardo de privações momentâneas.
geralmente de boa qualidade, verdadeira congonha, procedida, como já o temos notado, da mesma serrania que produz a erva do Paraguai. Todavia, essa navegação, que é sem perigo, não é sem inconvenientes, sendo o maior deles a necessária lentidão com que a canoa navega na ida para o Rio Pardo, obrigada, como está, a vencer a correnteza do rio, agarrando-se penosamente os marinheiros, quando lhes falta o vento, às árvores que crescem pelas margens, e isso quando a navegação é praticável, o que, segundo nossas indicações antecedentes, não acontece em toda a extensão do ano por causa da seca que deixa surgir as cachoeiras acima do nível das águas; nestas ocasiões a navegação fica reduzida a algumas canoas pequenas de voga, as quais anda mais ligeiras com menos dificuldades, mas cuja capacidade não chega, às vezes, para livrar totalmente o Rio Pardo de privações momentâneas.
As expedições de Porto Alegre para o Rio Pardo são
tanto mais importantes, que a vila de Rio Pardo é uma espécie de depósito,
donde as fazendas seguem para as povoações mais afastadas ao Sul e a Oeste, a
navegação cessa ordinariamente, e em todos os tempos, para as canoas de carga,
no Rio Pardo, e daí continua o transporte por terra até o Ibicuí-Guaçu, e mesmo
até o Arapeí de um lado, e até o Uruguai de outro lado, por meio de carros grandes
puxados por três, quatro e mais juntas de bois. É desse modo, e por esse
caminho, que penetram no vasto território das Missões quase todas as fazendas,
gêneros comestíveis e líquidos, que ali se consomem; é de presumir que uma
parte dos mesmos efeitos se ponham em concorrência pelo Uruguai: porém, há de
ser forçosamente uma quantidade muito diminuta, vista a extraordinária dilação
da viagem e as despesas consecutivas a que tem de ocorrer o importador.”
REFERÊNCIA:
DREYS, Nicolau.
Notícia Descritiva da Província do Rio Grande de São Pedro do Sul. 4ª ed. Porto
Alegre: Nova Dimensão/EDIPUCRS, 1990. p. 70-71.
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