quinta-feira, 31 de outubro de 2019

ERVA - MATE ALDEIA DE SÃO NICOLAU


2ª Parte      


O requerimento das mesmas havia sido feito ainda na época em que o conde da Figueira governava a capitania (1818-1821). Mas, entre 1834 e 1835, Elautério Rodrigues Lima  requereu uma medição e demarcação do terreno dos ervais, “vindo ele ficar Sr. de todos eles, porque se lhes mediram três léguas de matos que abrangeram todos aqueles ervais e até o mesmo que se lhe havia comprado para essa aldeia em 1825”. Havia a justificativa de que os cofres provinciais e mesmo os índios, não dispunham de recursos para pagar as despesas feitas com os engenheiros que mediam os terrenos. Apesar disso, a medição acabou sendo efetuada e os índios trabalharam nos ervais por cerca de três anos, sem que Elautério Rodrigues Lima se opusesse. Quando ele requereu a posse e o uso daquelas terras apenas para si, o vice-presidente da província mandou proceder a reivindicação daqueles ervais por meios judiciais, através da promotoria pública. Isto embargou o trabalho dos índios e atrasou a produção “por falta de meios para semelhantes despesas, e por este motivo, não se tem feito erva alguma”.
No entanto, a medição das terras dos ervais não era a única dificuldade que eles enfrentavam para manter as atividades de produção da erva-mate. Tentativas de arrendar outras terras para continuar com a produção foram frustradas, motivo pelo qual, “veem-se os naturais do Brasil, primários e senhores de tão grandes matas sem terras onde fabriquem uma arroba de erva-mate para seu consumo”, de acordo com o diretor do aldeamento. À medida que as terras  dos ervais eram vendidas ou apropriadas por particulares, políticos e militares, como veremos adiante, as condições dos guaranis de São Nicolau do Rio Pardo ficavam mais difíceis. As tentativas  de tomada de suas terras foram muitas e causaram confusões envolvendo a posse das mesmas pelos índios. Por outro lado, parecia haver outras maneiras de continuar nas atividades com a erva-mate, como nos dá indícios o relato do padre Ambros Schupp, escrito no ano de 1875 (SCHUPP,2004, p. 106). Segundo ele, a zona de planalto, ao norte de um dos afluentes do Rio Pardo, era “povoada por brasileiros, ocupado-se do cultivo de ervais(erva do Paraguai)e a fabricação da erva-mate. São conhecidos como ervateiros ou carijeiros, e o produto de seu trabalho é a erva-mate… A zona de planicie, ao sul, se mostrava prospera, pois era ocupada por alemães. O padre fez uso do clima e da geografia do terreno para estabelecer diferenças étnicas e nacionais entre pessoas com diferenças culturais, um discurso típico para uma época em que a experiência humana podia ser compreendida a partir de escalas evolucionistas ligadas a uma seleção que a própria natureza era capaz de fazer do seres humanos, daí a relação entre clima e cultura. Uma diferença entre brasileiros/ ervateiros/ carijeiros e alemães foi estabelecida tendo como parâmetro o produto da atividade agrícola `a qual se dedicavam naquele território. O uso do termo carijeiros é interessante quando levamos em conta outros usos já feitos do etnônimo carijó no passado( MONTEIRO, 1994,p. 165):
Originalmente, desde meados do século XVI, o etnônimo carijó referia-se aos guarani em geral, objeto principal tanto dos paulistas apresadores de escravos, quanto dos missionários  franciscanos  e jesuítas da América espanhola e portuguesa. Até 1640, a sociedade paulista foi marcada profundamente pela chegada de um fluxo constante de cativos guarani, provenientes sobre tudo do sertão dos Patos e do Guairá.
 Segundo John Manuel Monteiro, a introdução do termo carijó no século XVI pode estar relacionada com estratégias de padronização  de populações a partir do modelo do cativo guarani.Tais padronizações vinculadas ao uso de uma categoria étnica refletem táticas políticas e “ um processo histórico envolvendo a transformação de índios em escravos” (MONTEIRO,1994, p. 166).É claro que o contexto onde o padre Schupp fez uso do termo carijeiros era bem diferente, entretanto, pode ser que as terminologias de carijeiros e ervateiros também apontassem para a reconstituição de uma identidade indígena. Este contexto em que os índios foram vistos como “mestiços” ou “misturados” coincide com o momento em que a sua extinção e a de seus aldeamentos era tomada como inevitável, além de imprescindível para que pudesse haver o loteamento das terras para outros grupos sociais. Na pluma do padre Ambros Schupp, na zona habitada por alemães, reinavam o trabalho e o “empenho em promover a cultura”. Em contrapartida, na área habitada por indígenas, as pessoas viviam em choupanas miseráveis”(SCHUPP,2004, p. 107):
Comem quando tem alguma coisa e sabem passar fome quando de nada dispõem. Divertem-se com as carreiras e os fandangos. Em sociedade circulam a cuia e a bomba com chimarrão fervente. Não sentem necessidades religiosas, suas capelas não passam de choupanas de tábuas, através das quais assobia o vento.
A presença de guaranis no vale do Rio Pardo e o processo histórico de construção das suas identidades estiveram ligados à produção de erva-mate e a presença dos alemães. Além disso, mesmo de maneira enviesada, os índios aparecem como lavradores no cultivo da erva-ervateiros, no relato do pároco. Todavia, os guaranis se relacionaram não apenas com colonos alemães, mas como outros indígenas, como os Coroados. A zona alta à qual o padre se refere é a região da serra do Botucaraí. A picada do mesmo nome ligava a cidade de Rio Pardo à região de Passo Fundo, onde ficavam os aldeamentos de Nonoai e Guarita. Diversos tipos de contato aconteciam entre esses aldeamentos. Em 1850, por exemplo, o diretor de Nonoai e Guarita informaram ao presidente da Província que conhecia bem as vantagens que se poderia tirar dos ditos aldeamentos. Afirmou que não seriam a Companhia de Pedestres ou a de polícia que iriam impor “respeito aos índios”, mas sim quem os ensinasse “a trabalhar na lavoura e fábrica de erva-mate”. Ou seja, indígenas Coroados aprendiam a cultivar a erva justamente no momento em que as disputas de terra em São Nicolau do Rio Pardo ficaram acirradas e os guaranis praticamente haviam perdido os ervais, possibilitando contatos e trocas e saberes entre os índios de Guarita, Nonoai e São Nicolau do Rio Pardo.
Ponto importante a ser observado na formação das identidades étnicas nesse período é que grande parte das ações dos índios guaranis indicam que a reivindicação de seus direitos tenha sido feita com base no acionamento de uma identidade coletiva, a de índios aldeados (ALMEIDA, 2005, p.237). Os usos que fizeram dos espaços dos aldeamentos podem ter sido muito variados. Neste caso específico, a própria condição de “índio aldeado” pode ter se apresentado como uma possibilidade de continuar com as atividades ligadas ao cultivo e à produção da erva-mate. Tal condição pode ter sido acionada em momentos críticos como algo representativo de sua própria identidade, já que dela prescindiam para serem diferenciados dos demais “nacionais”, estrangeiros e indígenas. O que quero sugerir é que, num momento em que suas terras estavam sendo usurpadas e, por vários motivos, os índios estavam sendo impedidos de prosseguir nas atividades com a erva-mate, a condição de aldeados pode ter se apresentado como uma alternativa viável, mesmo que implicasse na ida provisória de guaranis para um aldeamento de caroados. Esses contatos não eram exatamente o que se pode chamar de uma novidade para os índios. De acordo com Jean Batista, “povoados missionais foram compostos por uma diversidade de grupos étnicos significativos na geração, desenvolvimento e complexidade daquela experiência”. (BAPTISTA, 2009, p.226).
É necessário reconhecer, ainda de acordo com o autor, a “diversidade como característica fundamental daquele processo em conjunto à avaliação de significativas transformações identitárias oriundas do contexto” (BAPTISTA, 2009, p.226).

Pés de erva com flores

FONTE: Na Fronteira do Império, política e sociedade na Rio Pardo oitocentista. Melo Karina Moreira Ribeiro da Silva e. EDUNISC, 2018, p.15/19.

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

EU AMO RIO PARDO - CIDADE HISTÓRICA


 Restaurante Flutuante Costaneira, em Rio Pardo serve o melhor peixe da Região. Novo Mirante  à beira do Rio Jacuí,
Restaurante, no Rio cheio
lugar lindo para passar um fim de tarde e junto tomar um chimarrão.


Mirante a beira do Rio Jacuí
Vista do Restaurante e Mirante, no Rio Jacuí

COLÉGIO DR. APOLINÁRIO DE BORBA - COLÉGIO COMERCIAL


HISTÓRICO

Coordenador Geral: José Gomes Lisbôa     Diretor Comercial: Norberto Figueiras

 ANO: I      Rio Pardo – Maio de 1963      Nº 01   ** Em 09 de julho de 1960 foi fundado em Rio Pardo o Setor Municipal de Educandários Gratuitos, ficando sua diretoria assim constituída:

Presidente: Ernesto Protásio Wunderlich
Organização dos Estudantes
Vice- Presidente: Romualdo Mânica
1º Secretário: Fredolino Limberger
2º Secretário: Carlos J. Pereira
Tesoureiro: Arno Oscar Henn
 Aos três de abril de 1961, as 17 horas na Escola Normal “Ernesto Alves”, realizou-se  a instalação da Escola Técnica de Comércio Dr. Apolinário de Borba, com a presença de Autoridade, professores e alunos.
De então pra cá, o, agora, Colégio Comercial teve os seguintes diretores: Dr. Luiz Magalhães Ferraz, Dr. Ary Marcola, Dr. Elly Bender.
 E, é atualmente seu Diretor o Dr. Cléo Freitas.
O seu corpo docente é assim constituído: Sr. Zilmar Rocha, Sr. Fabiano Scultze, Dr. Elly Bender, Dr. Cléo Freitas, Dr. Roberto G. C. Silva, Dr. Fernando Bandeira Wunderlich, Dr. Léo Roberto F. Wunderlich, Sr. Albino T. Braunn, Sr. Erny S. da Chagas, Professora Adir Azeredo, Sr. Antônio C. D’ávila, Dr. Enio Gomes Aquino e Sr. Cecílio Corrêa Lima.
A atual diretoria do Setor Municipal da CNEG, escolhida a 8 de março de 1968 é composta pelos seguintes elementos: Presidente Dr. Fernando Bandeira Wunderlich, Vice-Presidente:Nelson Rodembusch,  Secretário Léo Sigal, Tesoureiro Gustavo Gerhardt.

PATRONO DO COLÉGIO 
Dr. Apolinário Francisco de Borba nasceu nesta cidade, aos 23 dias do mês de julho de 1885.
Sues pais foram Francisco Antônio de Borba Filho e Ana Josefina de Brito Borba, que tiveram 13 filhos, estando vivos apenas 3: Manuel Borba, func. Público estadual, Joaquim de Brito Borba func. Da Viação Férrea e Maurícia de Borba Figueiredo, viúva.
Apolinário Francisco iniciou seus estudos em Santa Cruz do Sul, no Colégio Sinodal, terminando em Porto Alegre.
 Formou-se advogado pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio Grande do Sul, em novembro de 1907.
 Advogou, aqui, em Rio Pardo durante 46 anos, estendendo seu trabalho por Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul e outras cidades vizinhas.
Pelo período de 43 anos foi Consultor da Prefeitura de nossa cidade e isto gratuitamente.
A modéstia, virtude dos grandes homens, era atributo seu. Jamais fez questões de honras.
Sendo colega de turma do Dr. Getúlio Vargas, este quando no poder, várias vezes o convidou para assumir cargos no Governo Federal, sempre declinou dos convites, permanecendo como simples advogado.
Morreu em 17 de outubro de 1953, deixando 3 filhos; 2 advogados e uma filha professora, hoje aposentada.
Sua vida foi serena e honrada como a dos simples, podendo servir de exemplo para nossa mocidade.
 MARIA FETZNER

MENSAGEM AO PROFESSOR GENEGISTA
Nas convulsões de um mundo que se repele e se arma e se agride; nas convulsões de uma época em que forças potenciais se digladiam, fazendo pairar corpos e algumas, a sombra dos cogumelos atômicos, o fantasma de um cataclismo poderá fazer da Terra apenas uma enorme e fumegante sepultura; nas convulsões do pavor e da incerteza do amanhã, quando tudo parece integrar-se nesse desmantelamento de todas as edificações do homem, baseadas na Paz, Igualdade e Fraternidade humana, ainda há os que se preocupam com a única forma de evolução racional- a Educação. E, entre esses, um punhado de brasileiros, vanguardeiros deum movimento sem par - a CAMPANHA NACIONAL DE EDUCANDÁRIOS GRATUITOS O PROFESSOR CENEGISTA é, antes de tudo um patriota. Não ensina como se deve empunhar um fuzil, nem como acionar botões para disparos de mísseis balísticos, nem como destruir seus semelhantes.  No seu laboratório anônimo, ensina como o homem deve empunhar a si mesmo na luta pelo progresso e na defesa de sua própria sobrevivência.
E, num amanhã radiante de Paz, Igualdade, e Fraternidade, sem fronteiras, sem quaisquer discriminações, quando não mais houver os dois piores males do homem – a ignorância e a fome, é possível que um monumento seja erguido ao PROFESSOR CENEGISTA que nele se escreva apenas uma pequena frase – IMORTALIZOU-SE PORQUE EDUCOU. OUT.62 “O CENEGISTA”.

O QUE É CNEG?
É, segundo Raquel Queiróz, “ uma das entidades mais sérias deste país”. (O CRUZEIRO 10/2/1962)
Sua finalidade é a fundação e manutenção de educandários gratuitos no Brasil, sendo reconhecida como de utilidade pública pelo Governo Federal.
Aceita a ajuda do Poder Público, mas conta, principalmente, com a contribuição de particulares.
Não admite discriminação de ordem econômica, social, religiosa ou racional.
A Campanha Nacional de Educandários Gratuitos tem sua sede no Rio de Janeiro, mas seu campo de ação abrange todo o país, acendendo novas luzes que sem isso ficariam nas trevas da ignorância.
Devemos nosso apoio à CNEG, e estaremos, como patriotas, ajudando a soerguer o Brasil.

ORIGEM DA CNEG
Felipe Tiago Gomes, ao ler o Drama da América Latina, de John Gunther, ficou impressionado com a experiência de Haya de La Torre. Este líder peruano criara, em seu país, escolas de alfabetização para os índios, tendo como professores, estudantes que lecionavam gratuitamente.
Se o Peru fora possível a criação de cursos primá-gratuitos, então também, seria possível, aqui no Brasil, a criança de cursos secundários nas mesmas condições. Assim raciocinou Felipe Tiago Gomes.
E, partindo dessa ideia, conseguiu mobilizar, a custo de muita tenacidade, a opinião pública. Venceu óbice que a muitos parecia loucura querer vencer e´ hoje, a CNEG conta com mais de quinhentos educandários espalhados por todo o Brasil, entre eles podemos citar, para orgulho nosso, o Colégio Comercial Dr. Apolinário Francisco de Borba, desta cidade, funcionando provisoriamente no prédio da Escola Normal Ernesto Alves.

FONTE: REPORTAGEM DO JORNAL “O APOLINÁRIO", AHMRP.
Material que foi doado da Antiga Escola 


 



terça-feira, 29 de outubro de 2019

ALDEIA DE SÃO NICOLAU DO RIO PARDO


1ª parte
Antiga Igreja São Nicolau

... A ERVA – MATE

Em 1823, o índio Miguel Guaraci saiu da Aldeia de São Nicolau, onde era capitão, para ir à Rio Pardo encaminhar à presidência da Província um documento no qual manifestava a preocupação de indígenas Guarani com o futuro de suas terras e atividades comerciais e agrícolas. Através de um requerimento, ele solicitou que o privilégio da extração da erva- mate fosse mantido. Ao alegar que o privilégio havia sido concedido há mais de cinquenta anos por ordem do governador que atuava naquela época, José Marcelino de Figueiredo, Miguel demonstrou que os índios pensavam sobre o futuro e conheciam sobre seu passado. O governador havia se preocupado com a fuga dos índios e índias e era consciente dos fluxos e dos paradeiros deles. Tentou reunir índios dispersos no aldeamento de São Nicolau de Rio Pardo concedendo aos aldeados o monopólio do Plantio, colheita e comercialização da Erva-mate. Assim, quando o despacho dado pelo governador era infringido por aqueles que, nas palavras de Miguel, “não pertencem à sua classe”, a erva-mate era apreendida. De acordo com ele, o privilégio outrora concedido era necessário para a manutenção das despesas dos índios. A menção de pertencimento a uma “classe” que era entendida como “sua” por parte do capitão da Aldeia é interessante, visto que ele estava acompanhado por “lavradores” de acordo com o título do requerimento. As relações de produção das quais os índios participavam e o tipo de trabalho que realizavam foi levado em conta quando se organizaram para fazer o requerimento. O cultivo e o comércio da erva-mate foram atividades de destacada importância econômica da Província. É importante levar em conta que a erva era um produto que (Garavaglia, 1983, p. 37)

en un momento determinado de La vida de La sociedad indígena era consumido casi exclusivamente com fines ceremoniales y religiosos y que debia estar,por ló tanto, rodeado de um cierto halo prestigioso, AL cortarse muchos de lós primitivos lazos culturales que limitaban su utilización ritual, era medicina mágic expande rápidamente su consumo em amplios sectores indígenas e inmediatamente mestizos.

Durante o século XVIII e XIX, o consumo de erva-mate se estendeu por praticamente todo o território da Província e o costume indígena se tornou um hábito cultural entre os demais habitantes, como mencionou o viajante francês Augusto Saint-hilaire em várias passagens do seu diário de viagem. A erva-mate estava amplamente difundida entre aqueles que não eram guaranis. Mas a aura de prestígio e os laços culturais ligados aos seus costumes se transformaram. As ervas de melhor qualidade costumavam ser exportadas para Buenos Aires, onde os membros da elite se diferenciavam dos demais consumidores através do material de que eram feitas suas bombas e cuias, entre eles o ouro e a prata (Garavaglia, 1983, p.37). Contudo, relações sociais que envolviam posições de prestígio e privilégio continuaram a fazer parte dos novos rituais de consumo da bebida e do processo de fabricação. De acordo com Avé-Lallemant, outro viajante que passou pela vila algumas décadas depois, o lugar mais agitado de Rio Pardo era uma grande fábrica de mate, onde um grande número de arrobas eram diariamente preparadas para a venda em Beunos Aires(AVÉ-LALLEMANT,)1980,p.167).
O senso comum que costuma vincular os índios à inaptidão para o trabalho e ao atraso ainda está presente em alguns livros de história. Porém, os indígenas de São Nicolau do Rio Pardo não pareciam estar tão afastados do que era tido como o progresso da região. Afinal, o monopólio do plantio, colheita e comércio da erva- mate foi um privilégio concedido e a eles ainda no século XVIII e continuou sendo uma das principais atividades comerciais de Rio Pardo ao longo do século XIX. Eles usaram estratégias variadas para garantir a exclusividade no trabalho com a mesma. De acordo com Miguel Guaraci, as terras na terras na serra geral, onde guaranis cultivavam a erva mate, estavam sendo divididas em lotes dados ou vendidos a diversas pessoas. Os índios de São Nicolau do Rio Pardo sentiram na prática os efeitos da lei de 1822, com a qual “extingue-se a doação de sesmarias no Brasil e intensifica-se, dessa forma, a posse desordenada e a aglutinação de terras por particulares” (KLIEMANN, 1986, p.18). Miguel reivindicou o privilégio sobre a produção e o comércio da erva-mate e, ao mesmo tempo, requereu o controle e a posse sobre as terras do aldeamento. Tal controle se tornava possível através do acionamento dos diferenciais que garantiam a eles privilégios e direitos. A s referencias feita por Miguel aos pretéritos e o conhecimento que ele possuía sobre as experiências coletivas pelas quais o aldeamento havia passado o ajudou a atuar na administração daquele território, contribuindo para que a aldeia permanecesse sendo um espaço utilizado por índios guaranis ao longo dos três primeiros quartéis do Oitocentos. Ressaltamos que, se São Nicolau do Rio Pardo foi um espaço eminentemente indígena no decorrer do século XIX, isso também se deu graças ao acionamento de uma identidade coletiva. As vendas e as apropriações das terras e das propriedades tidas como patrimônio do aldeamento começaram a ocorrer, sobretudo, após 1820, conforme as fontes consultadas. Em 1823, Miguel também questionou se os demais “nacionais” poderiam utilizar as terras da serra, onde estavam suas plantações, para a finalidade de comercializar a erva-mate, já que o monopólio pertencia aos índios. Nesse período, grande parte das disputas pela posse de terras e territórios de Rio Pardo se dava entre os índios e os “nacionais”.
 Em 1825, os guaranis de São Nicolau do Rio Pardo conseguiram a posse das terras onde havia plantações de erva-mate. Pelo que as fontes indicam, essas terras eram parte de um território maior de onde os guaranis já extraíam a erva...

Doc. AHM sobre a Aldeia São Nicolau-1849
FONTE: Na Fronteira do Império, política e sociedade na Rio Pardo oitocentista. Melo,Karina Moreira Ribeiro da Silva e . EDUNISC, 2018.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                        
      

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

PRAÇA DR. PEDRO BORBA


Imagens de pessoas Ilustres de Rio Pardo na praça mais conhecida como Praça da São Francisco, em frente a Igreja.Monumento do Barão do Triunfo, 1926.

Monumento ao Barão do Triunfo 1926
Fonte: Imagens do face do falecido Rogério Goulart. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

RUA VELHA- TROCA TROCA E PORTO DAS MESAS


RUA VELHA – PORTO DAS MESAS
 ENTRADA da Rua Velha "TROCA TROCA", tipo de um mercado.

A Rua Velha lembra colonização Açoriana. Borges Fortes coloca no seu livro “Casais”, que nestas terras foram eles,  os açorianos arranchados nestas terras situadas entre dois arroios, um que veio a denominar-se do Couto e outro Diogo Trilha, próximos da margem do Rio Jacuí.
Eram casais de Ilhéus, que logo após 1754, Gomes Freire de Andrade, VINDO da campanha da demarcação de limites e fazendo de Rio Pardo sede de seu comando e governo, determina ao Capitão de Dragões, Francisco Barreto Pereira Pinto, que escolhesse, na vizinhança da nova povoação, terras para eles, açorianos.
Tais pessoas muito mais tarde, em 1782, foram, aliás, como outros de diversos lugares, alguns também de Rio Pardo, vítimas de uma ação de despejo por parte daqueles que se diziam proprietários das sesmarias onde eles estavam.
Primeiros povoadores açorianos da Rua Velha: José Gonçalves de Souza, Domingos Pereira Henrique, Pascoal da Silveira, Ignácio Rodrigues Paes, Manoel Gularte, Mateus Pereira, Manoel Vicente Rodrigues, Inácio de Morais, Francisco Antônio de Menezes e Manoel de Azevedo.
A Rua Velha fica no município de Rio Pardo, entre Couto e João Rodrigues.
Pesquisando no AHMRP, encontrei um documento no códice geral nº 54, pag. 359
                                                                   Ilmo. Snres.

Dando cumprimento ao qto. VV.SSas. determinaram em oficio de 13 do corrente; passei eu e um Cidadão, a examinar o passo denominado = rua Velha = nele achei ser preciso alguma compostura; e esta ser de deis a doze  carradas de pedras, e alguma escavação, q. tudo calculemos em oitenta mil reis de despesa: E por outra forma, no lugar q. deve ser posta a pedra, moirões grossos. Que calculamos em secenta e quatro mil reis; assim como passando eu na mesma ocasião pelo Passo denominado= do Ferrão = achei precisar alguma compostura, tanto de um lado, como do outro; e logo mais adiante, como distante meia quadra, á outro passo, que cujo se acha intransitável, muito principalmente para carretas; é o quanto tenho a informar a VV. SS.  ...Distrito do Couto 26 de julho de 1859.  Ilmos. Snres.  Vereadores
 Francisco Antonio da Silveira Fiscal
                

FONTE: Dante de Laytano Guia Histórico de Rio Pardo, 1979 2ª edição. AHMRP Neuza Quadros
Arroio do Couto

Rio Jacuí - Porto das Mesas

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

BANCOS ANTIGOS NA PRAÇA - PEDRA

Rua Senhor dos Passos, local  onde restam os bancos de pedra, a praça Barão de Santo Ângelo.
Casa Juca


AUTO RIO PARDO LTDA REVENDEDORES - FORD

FONTE: Fotos Neuza Quadros

CURTUME EM RIO PARDO


Nos anos de 1960 , havia uma grande indústria de couro(curtume) no Trevo.Com o frigorífico abatendo o gado, surgem  produtos que foram aproveitados como os couros, para fazer cintos, sapatos chapéus, etc.
                          Curtume no trevo , no lugar onde hoje é o Dia e o Posto de Gasolina.




JOSÉ MARTINS DA CRUZ JOBIM RIO-PARDENSE


DEFENSOR  DO BEM ESTAR DOS MENOS FAVORECIDOS

José da Cruz Jobim nasceu na cidade de RIO PARDO, na então Província do Rio Grande do Sul, em 26 de fevereiro de 1802, faleceu a 23 de agosto de 1878, aos 76 anos, no Rio de Janeiro. Era filho de José Martins da Cruz e Eugênia Fortes Jobim. Casado em 1830 com Maria Amélia Marcondes, era pai de Teófilo Clemente Jobim (1828-1868), também médico formado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 1851, sendo este o primeiro cirurgião do Corpo de Saúde do Exército. Em 1952, o Departamento dos Correios e telégrafos emitiu um selo comemorativo aos 150º aniversário de nascimento de José Martins da Cruz Jobim. Foi homenageado, também, com uma rua com seu nome, a Rua Cruz Jobim, no bairro de Irajá no Rio de Janeiro.
Cruz Jobim viajou para a Europa, em 1821 estudou na Faculdade de Medicina de Montpellier, transferindo-se mais tarde para Faculdade de Paris. Ao retornar ao Brasil 1828, foi admitido como médico no Hospital da Santa Casa no Rio. Foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro em 1829, participou de várias comissões na Câmara dos deputados do Império.
 Em 1831, foi nomeado por José Bonifácio de Andrade e Silva, como responsável por zelar pela saúde dos filhos de D. Pedro I, que naquela ocasião havia renúncia ao trono. Dispensaram cuidados médicos a princesa D. Paula Mariana, que veio a falecer de varíola aos 10 anos, e escreveu posteriormente um relatório sobre o ocorrido, intitulado “Relatório da moléstia de sua alteza a Sereníssima Princesa D. Paula Mariana”. Foi médico efetivo da Imperial Câmara (1840), relator da Comissão de Salubridade da Sociedade Medicina do Rio de Janeiro, designada para examinar a situação das prisões, hospitais, casa de expostos e hospícios, protestou contra as péssimas condições e a forma desumana de tratamento a que eram submetidos os alienados do Rio de Janeiro.
Foi nomeado o Primeiro médico pela mesa administrativa do Hospício de Pedro II com fins de visitar, prescrever e formular tratamento aos alienados recolhidos. Médico e diretor da Casa de Saúde de Saco do Alferes, inaugurado 1849, no Rio Janeiro. Foi Médico da comitiva do Imperador na sua primeira visita às províncias do Sul. Cruz Jobim exerceu a função de deputado na 7ª e 8ª legislatura, na província do Rio Grande do Sul.
Nos anos de 1849/51, senador do Império pela província do Espírito Santo até sua morte. Foi médico, professor e político brasileiro do século XIX.

 FONTE: Texto com base nos dados da Inernet . Neuza Quadros, AHMRP. http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/pdf/jobimjmcr.pdf


terça-feira, 15 de outubro de 2019

PAULINHO FRANÇA - EX-ALUNO DO ABRIGO DE MENORES


Um rio-pardense que fez e faz a diferença na comunidade desportiva de Rio Pardo.

Paulo Valdemar França nasceu em Rio Pardo a 14 de março de 1949, no Bairro do Rosário.
Sua mãe era  Edelmira França.
Paulo se casou com Clair Terezinha de Matos França tendo como filhos Paulo Ricardo, Tiago e Mateus.  E como neto Paulo Vinícius.
Sua escolaridade iniciou em 1960, com o Ensino Primário no Instituto Educacional de Menores (Antigo Abrigo de Menores, na Boa Vista).  Em 1963 passou a estudar na E E Dr. Pedro Alexandrino de Borba. Ao terminar o ensino primário prestou Admissão ao Ginásio, com aprovação passou a estudar no Ginásio Padre Broggi.
 No Instituto Educacional de Menores foi interno quando menino pela necessidade de sua mãe criá-lo. Pois tinha ficado só, com filhos após a morte de seu pai, eram muito pobres. No abrigo de Menores, Paulinho contou que ele era um aluno calmo sem problemas de disciplina e que foi aluno de D Leonida Frantz, muito dedicada aos alunos que ali estudavam, muito aprendeu,  para dar VALOR à vida.  Conseguiu vencer muitos obstáculos e dedicou-se principalmente ao Esporte de Rio Pardo mesmo que muitas vezes incompreendido.
 Na sua trajetória de vida e trabalho prestou e presta relevantes trabalhos para a comunidade rio-pardense  desportistas.
 Nestes longos anos de Experiências, desenvolveu inúmeras funções, projetou agremiações deu destaques a atletas, foi presidente do Pampeiro, atleta do Olaria FC, por 15 anos sendo seu treinador, secretário e presidente; foi treinador da União Pastoril e G. E. São Jorge; foi atleta do G.E. Operário; membro do Conselho de Desportos CMD por mais de 12 anos. Foi arbitro de futebol (futsal, futebol praiano, futebol sete, futebol de campo por 25 anos de atividades); Treinador, no campeonato Infantil Sul americano, com a Escolinha de Desportos Craque no Balneário Comburiu SC; Prestou serviço ao Departamento de Esportes Municipal;
Fundou a liga Rio-pardense de futebol Regional e foi presidente; delegado da Federação Gaúcha de Futebol; Cônsul do Sport Club Internacional (2000-2002); Coordenador e presidente da Associação Atlética Amigos; Coordenador do Núcleo de Rio Pardo do Projeto Genoma Clorado, Esporte & Cidadania do Sport Club Internacional; Integrante da diretoria da Escolinha de Desportos Craque, sendo por vários anos seu presidente, projeto de inclusão social; Fez parte da Associação Rio-pardense de categorias de base da Agremiação.
 Fez parte da Administração Pública, na Secretaria de Turismo, Indústria e Comércio, ajudou na organização da Festa do Peixe, Encenação da Paixão de Cristo. Organizou praiano, criou competições na areia mirim, infantil, feminino e veteranos.  Foi diretor, presidente, fundador da Sociedade Esportista e Recreativa dos
Embaixadores do Ritmo. Fundou  a Escola Samba Farrapos. Foi sempre um incentivador do esporte em várias modalidades vôlei, bolão, capoeira, atletismo, etc.
 Paulinho França integrou na Imprensa Escrita e Falada do Jornal de Rio Pardo, Gazeta do Sul, Jornal a Folha, Rádio Rio Pardo por mais ou menos 28 anos. Em sua longa trajetória de trabalho recebeu muitas homenagens Cidadão Emérito de Rio Pardo, da Liga Rio-pardense, destaque 2005, em pesquisa como repórter Esportivo pela Rádio Rio Pardo.
Também trabalhou no Engenho de arroz de Milton L. Miguel, Brasília Obras Públicas, cooperativa agrícola.
Em 2002 aposentou-se por tempo de contribuição no INSS. Hoje ainda trabalho com o futebol rio-pardense mesmo depois de aposentado, pois esporte é vida, liberdade e Saúde.
                                          
 FONTE: Biografia do Paulo França, relatos Orais. Texto prof. Neuza Quadros


domingo, 13 de outubro de 2019

REDUÇÃO DE SANTO ÂNGELO

Igreja da Redução de Santo Ângelo
Jardim do Museu

Peças do Museu





Entrada da praça Pinheiro Machado S Ângelo
FONTE: Passeio nas Missões, Neuza Quadros

FAZENDA DE DOM FELICIANO PRATES


Dom Feliciano José Rodrigues Prates nasceu na Aldeia dos Anjos em 1781 e morreu em Porto Alegre a 1858. Ordenado sacerdote em 1804,nomeado em 1852, por Bula Pontifícia, 1º Bispo do Rio Grande do Sul. Sua estancia, no Rio Pardo, agora pertence pelo menos grande parte, a Tácito de Quadros, e ali ainda existem restos do pequeno prédio da Capela.
Dom Feliciano iniciou sua careira como capitão do Exército, servindo, entre outros corpos, no Regimento de Dragões do Rio Pardo. Fez as campanhas do Marquês do Alegrete. Foi condecorado. Deixou o exército para ser cura de Encruzilhada.

FONTE: Dante de Laytano, 82. Almanaque de Rio Pardo. Internet


Foi residencia oficial de Dom Feliciano Rodrigues Prates, primeiro Bispo do Rio Grande do Sul. A casa foi construída em estilo colonial português durante a Revolução Farroupilha e o Bispo permaneceu nela até 1853, quando foi nomeado Bispo Metropolitano e transferido para Porto Alegre.

domingo, 6 de outubro de 2019

PARQUE DE EVENTOS - ANTIGO FORNO DE CAL

Escada e banheiros que nada existem mais.

Cenário Danificado


Casas que serviriam para uso de Artesanato

F
FONTE; Neuza Quadros

O RIO GRANDE DO SUL NA VISÃO DE UM EUROPEU


É digno de lástima que todas essas belas planícies baixas do Jacuí e de outros rios estejam expostas à inundações frequentes; isto é um obstáculo até agora sem solução para a sua cultura e ao mesmo tempo obriga os habitantes das proximidades que possuem animais, a ter grandes extensões de terreno a fim de os poder retirar para as elevações no tempo das inundações.
Este inconveniente prejudica ao mesmo tempo a agricultura e a população.
E como a ambição dos estancieiros consiste em possuir grandes rebanhos, de cinco, dez e trinta mil cabeças de gado, resulta que procuram possuir a maior extensão possível de campo; deste modo não é raro ver-se estâncias, sobretudo nas Missões e na parte vizinha da Banda Oriental, de dez, vinte e trinta léguas ou mais de extensão.
E se não obtêm todos esses vastos terrenos a título de concessão de parte do governo, compram de seus vizinhos pobres as terras que os rodeiam e se livram assim de qualquer concorrência inoportuna.
Conclui-se, facilmente, que essa repartição de uma grande extensão da região nas mãos de um só indivíduo ou de uma só família deve retardar consideravelmente o progresso da população.
Responderão talvez a isso que as grandes propriedades se dividirão necessariamente pela divisão das famílias; mas quantos séculos seriam necessários para povoar como uma província dos Estados Unidos, por exemplo, as quinze mil léguas quadradas que pode ter a província do Rio Grande?...
Pois não tem senão sessenta mil almas, depois de mais de duzentos anos de fundação!
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O governo brasileiro quis de alguma maneira, remediar esse grave inconveniente (para não dizer abuso), fazendo uma lei proibindo a concessão ao mesmo indivíduo de mais de uma sesmaria; a sesmaria foi fixada em três léguas em todos os sentidos, mas parece que não se cumpre rigorosamente, além do que, como despojar de seus direitos, sem injustiça flagrante, os grandes proprietários que adquiriram e ainda adquirem terras?
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Por todas essas razões, uma grande quantidade de sítios encantadores, terrenos muito férteis, muito próprios para a cultura de cereais, algodão, cana de açúcar, café e mandioca, ficarão ainda por muito tempo sem outros habitantes a não ser bois, carneiros, mulas e cavalos.
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O pouco de cultura que se faz nas chácaras, fazendas e em redor das estâncias, consiste unicamente em plantar mandioca, semear milho, feijão, arroz e alguns legumes, o suficiente para as necessidades da família e sem se dar muito trabalho.
O jardim, ou campo cultivado, acha-se mais comumente colocado no meio de um mato a fim de preservá-lo da invasão do gado; é o que se chama roça ou roçado.
Por isto se contentam em derrubar grandes árvores no meio dos matos, queimar o pé para destruir as raízes e revolver em seguida ligeiramente a terra; a natureza, essa excelente e previdente mãe, faz o resto.
Todos os trabalhos de agricultura se limitam mais ou menos a isso na província do Rio Grande e também nas outras províncias do rico e fértil Brasil.
No entanto notei exceções; encontram-se alguns roçados melhor cuidados do que outros e cultivados à maneira das nossas hortas; mas é necessário confessar que isso é raro e que não se vê senão em casas de europeus.
Se os animais fazem insignificante destruição no cercado, há o inconveniente dos pássaros, dos papagaios sobretudo, dos macacos e outros animais, o que é muito difícil de remediar; por outra parte, ocupam-se pouco nisto.


REFERÊNCIA:
ISABELLE, Arsène. Viagem do Rio Grande do Sul. (1833-1834). Porto Alegre: Martins Livreiro-Editor, 1983. p. 42-44.