quinta-feira, 27 de setembro de 2018

TIA INÁCIA EX-ESCRAVA DE RIO PARDO 1825


Uma Testemunha da história

Em 1954, o jornalista Francisco J. Frantz realizou uma entrevista com Inácia Garcia de Souza, popularmente conhecida como Tia Inácia.  Ela estava, então, prestes a comemorar o seu 129º aniversário. Morava em uma humilde choupana na periferia da cidade de Santa Cruz do Sul.
 Tia Inácia nascera em Rio Pardo em 24 de junho de 1825. Durante boa parte de sua vida havia sido escrava. Contou ao jornalista que a maioria de seus senhores havia sido bons com ela, nada tendo que se queixar deles. Lembrava especialmente de dona Jacintha, uma boa senhora que havia deixado uma valiosa fazenda para usufruto de seus escravos e descendentes.
Mas as histórias sobre a escravidão não paravam por aí. Ela contou que também existiam senhores ruins com os seus cativos. Referiu-se a um velho Mathias, proprietário de muitos escravos, que inclusive teria morrido de raiva com a notícia da lei de libertação.  Relatou, ainda que os malcriados, morenos ou pretos, eram punidos com enforcamento no chamado “Pau da Bandeira”, onde estava construída a forca. “Com a corda no pescoço eram obrigados a cantar para dar respeito ao povo que assistia aos enforcamentos. Eu mesmo assisti a dois enforcamentos, mas não gostava disso porque era judiaria. Os condenados eram obrigados a cantar”. E Tia Inácia cantou:

            Quem tiver filhos
            Que lhes dê educação
             Para depois não darem
             Dor no coração.

                           Se a minha mãe me desse surra
                           Quando merecia
                           Hoje não estaria
                           Nesta agonia.

             Sexta – feira
             Hora de missa
            Aperta carrasco
            Para entregar à justiça.

Na hora do “aperta carrasco”, este pulava nas costa do condenado decretando o seu rápido fim. 

FONTE: 200 ANOS - Uma Luz para a História do Rio Grande nº 12, 2009, AHMRP.

 Tia Inácia- foto de jornal

quarta-feira, 26 de setembro de 2018

PONTE DO COUTO RIO PARDO


Um dos pontos turísticos  de nossa Cidade 

 Ponte de Arcos Romanos é de 1848, do engenheiro João Martinho Buff, e construção de Antonio Luiz da Costa Esteves, em torno da qual existe uma lenda do “Tesouro do Menino Diabo”. Importante por ligar a zona colonial com a Cidade. A estrada atravessa a várzea e arroio do Couto. No Distrito do Couto localizava-se um Destacamento dos Dragões que, no século XVIII, protegia esta passagem estratégica que dava acesso por terra ao Alto da Fortaleza, onde se concentrava o grosso das tropas. 

FONTE: Dante de Laytano,pg. 66, 1979.
 
Ponte de Arcos de 1848

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

PALESTRA SOBRE PONTOS TURÍSTICOS


Palestra sobre os pontos turísticos feita pela professora responsável pelo AHMRP(Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo). No CTG Rodeio da Saudade, a pedido da patronagem.




QUEM FOI ANA AURORA DO AMARAL LISBOA ?



Texto de Fábia Belling e Ianaê Linhares.


Da união de Joaquim Pedro da Silva Lisboa (comerciante, comandante da Guarda Nacional do Rio Pardo e Agente dos Correios) e Maria Carlota do Amaral Sarmento Mena (irmã de Farroupilhas), surge a família Amaral Lisboa.
Este Casal teve quatorze filhos, dos quais sobreviveram onze. Dentre estes, Ana Aurora do Amaral Lisboa, que nasceu em 24 de setembro de 1860.
 Em 1881, esta recebeu o diploma de professora pela Escola Normal de Porto Alegre, com distinção em todos as matérias, recebendo certas vantagens, segundo o regulamento da Instrução Pública da época.
 Até o momento, a informação é de que foi a primeira mulher rio-pardense a se formar. Iniciou sua carreira como professora pública em 1883, em João Rodrigues na cadeira do sexo masculino.
 A família Amaral Lisboa, com exceção do filho mais velho ( que era delegado nesta cidade), eram  simpatizantes da ideologia liberal, e, mesmo não adeptos à Monarquia, pertenciam  ao grupo daqueles que queriam  a República, mas só após a morte de D. Pedro II.
 Em consequência do posicionamento político de sua família, a atuação da professora era considerada uma afronta ao Partido Republicano e as perseguições políticas fez Ana Aurora exonerar-se de seu cargo público, entrando nas fileiras revolucionárias do Partido Federalista e sendo militante ativa da Guerra Federalista no Rio Grande do Sul em 1893.
Deste momento em diante dedicou-se ao magistério particular, e com o auxílio das irmãs Zamira e Carlota fundou o Colégio Particular Amaral Lisboa dirigindo-o de 1893 a 1924.
Foi colaboradora do Jornal ”A Reforma” órgão do Partido Federalista chefiado por Gaspar Silveira Martins. Colaborou também em vários outros jornais políticos, como “O Canabarro” de Santana do Livramento, “Gaspar Martins” de Santa Maria, e outros.
A sua atuação e colaboração na imprensa e suas publicações, além de trazer um cunho educacional e apelos em auxílio ao desenvolvimento de sua terra natal, era o instrumento que utilizava para expressar suas ideias políticas.
Foi também poetiza, teatróloga, e escritora, entre suas obras publicadas destacou-se “Minha Defesa” publicada no ano de 1895. Pertenceu a Sociedade Feminista Sempre-Viva e ao Grêmio Rio-pardense de Letras, ambos em Rio Pardo.
Exerceu o magistério aproximadamente 55 anos, sendo que em 1915, criou o curso de Ensino noturno gratuito para adultos. (Muito antes de ser adotado o Curso de Ensino Supletivo em 1931).
Com a idade avançada, Ana Aurora e sua Irmã Zamira, em uma situação bastante humilde, viviam em uma pensão concedida pelo Governo Estadual. Ana Aurora faleceu em 22 de abril de 1951.

 FONTE: Texto conforme pesquisa em documentos, no AHMRP, Neuza Quadros.
Busto  em  sua homenagem na praça Barão de Santo Ângelo, Rio Pardo
A

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

LINHA DE TEMPO – REVOLUÇÃO FARROUPILHA


 – No dia 20 de setembro de 1835, tem início a Revolução com a tomada de Porto Alegre pelos Farroupilhas.
- 09 de outubro de 1835, farrapos tomam Rio Pardo pela primeira vez. Sarmento Xavier do Amaral Sarmento Mena era o líder.
- 11 de Novembro de 1836, acontece o Combate da Ponte do Couto. No mesmo ano Porto Alegre, que estava há meses cercada pelos Farroupilhas, foi salva pelas forças imperiais do coronel Bento M. Ribeiro. Partidários do Império comemoram em Rio Pardo. Durante os festejos o português Antonio Joaquim da Silva, o Menino Diabo, e seus seguidores derrotaram os legalistas e se apoderaram da Vila. Consta que saquearam Rio Pardo em 26 de julho de 1836.Para socorrer a população, tropas imperiais foram enviadas. O confronto se deu em 11 de novembro de 1836 e a tropa do Menino-Diabo foi derrotada.
-10de janeiro de 1837, farrapos conquistam Rio Pardo depois de confronto com as tropas imperiais, comandadas por José Joaquim de Andrade Neves. Um mês depois, em 13 de fevereiro de 1837, Rio Pardo voltaria às mãos dos imperiais.
-30 de abril de 1838, Combate do Barro Vermelho. Novo confronto entre farroupilhas e imperiais. Essa foi considerada a pior derrota dos legalistas na Revolução.
- 25 de Novembro de 1839, imperiais retomam a Vila de Rio Pardo, após esse combate ficam no poder até o fim da Revolução, e, 1845.
- 28 de fevereiro de1845, é assinada a Paz de Poncho Verde e termina a Revolução.

FONTE: Rio Pardo 200 anos, 2010






RIO PARDO: FARROUPILHAS E IMPERIAIS



Os dois lados em Rio Pardo. Na Vila de Rio Pardo predominavam os adeptos do Império, que controlavam a Câmara Municipal. Andrade Neves era o Presidente da Câmara, cargo que equivaleria hoje ao prefeito.
 FARROUPILHAS: Também chamados de republicanos e liberais. Entre os rio-pardenses se destacaram os membros da família Amaral, dentre os quais o poeta Sebastião Xavier e Francisco de Paula do Amaral Sarmento Mena, Manoel Lobo Ferreira Barreto, Cândido de Azambuja e Simeão Gomes Barreto.
IMPERIAIS: Defendiam o governo imperial brasileiro e a manutenção da Província nas mãos do Império. Também chamados de legalistas ou caramurus. Entre os rio-pardenses se destacaram, entre outros, José Joaquim de Andrade Neves, que depois viria a ser o Barão do Triunfo, João da Silva Barbosa, Manoel Alves de Oliveira, José Ferreira de Azevedo e Paulo Nunes da Silva Jardim.

FONTE: Rio Pardo 200 anos, 2010

ERNESTO ALVES: CONTRA O IMPÉRIO



Um dos principais líderes republicanos do Rio Grande do Sul é o rio-pardense Ernesto Alves de Oliveira. Nascido em 21 de abril de 1862, viveu parte da infância na fazenda de seus pais, Manoel Alves de Oliveira e Rafaela Azambuja de Oliveira, a cinco quilometro do centro da cidade.
Com onze anos o garoto foi estudar em Porto Alegre, inicialmente no Colégio Gomes e depois no Souza Lobo. Ainda jovem demonstrou ser um grande orador, habilidade que o encaminhou para a Faculdade de Direito de São Paulo – junto com outros gaúchos como Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros, Assis Brasil e Pinheiro Machado.
 Em São Paulo, integrou o Centro 20 de Setembro, que reunia a mocidade acadêmica republicana. O grupo era formado, principalmente, por jovens gaúchos que defendiam o fim da monarquia e a abolição dos escravos. Formado advogado com 21 anos, Alves retornou a Porto Alegre, onde se dedicou à advocacia e à causa Republicana.
Em Rio Pardo, Ernesto fundou o Clube Republicano e organizou, em 1889, a Conferência Republicana.
 Ernesto Alves de Oliveira faleceu em Porto Alegre, em 21 de agosto de 1891, no mesmo ano em que o Rio Grande do Sul o elegeu deputado federal constituinte. Morreu sem ter completado  trinta anos, como homem do Direito, do jornalismo e da política.

FONTE: RIO PARDO 200 anos   Cultura, Arte e Memória  2010.
 Doação de documentos da família sobre seu Patrono- Ernesto Alves de Oliveira

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

RUA DO JACUY - VILA DE RIO PARDO


 A Câmara Municipal da Vila de Rio Pardo resolveu enviar oficio ao Comandante da Guarnição da Vila sentindo a necessidade urgente de proceder e concluir a obra da Rua do Jacuy( acreditamos ser hoje, a Rua General Câmara), por achar-se em estado ruinoso e ter de, por ali passar,  a Sua Majestade o Imperador D. Pedro II. Pede lançar mão da pedra solta que se acha nos Quartéis Velhos, para concluir a obra do calçamento.
Este pedido foi levado ao Presidente da Província para aprovação, assim como a solicitação de alguma quantia do Cofre Provincial, para poder concluir a referida obra. 

FONTE: AHMRP, Atas n º 07/ 321 pg. 132 Ano:  1842/47   

terça-feira, 11 de setembro de 2018

IMAGENS DA CAPELA SÃO FRANCISCO RIO PARDO RS


A Igreja São Francisco foi iniciada sua construção em 1802 e inaugurada em 1812.
IMAGENS RARAS EM TAMANHO NATURAL DE CRISTO NA CRUZ
IMAGEM DE N. Sr. da BOA MORTE"
Sinos Centenários








RIO PARDO BERÇO DO HINO RIOGRANDENSE


                     
São três as versões do Hino Rio-grandense, desde a Guerra dos Farrapos.
A primeira versão começa com a tomada da então Vila de Rio Pardo, pelas forças revolucionárias Farroupilhas. Foram aprisionados uma unidade do exército Imperial, o 2º Batalhão, inclusive com a sua banda de música. E o mestre dessa banda musical, Joaquim José de Mendanha, mineiro de nascimento, que também foi feito prisioneiro, era um músico muito famoso e considerado um grande compositor. Após a prisão, Mendanha teria sido convencido a compor uma peça musical que homenageasse a vitória das forças farroupilhas, ou seja, a brilhante vitória de 30 de abril de 1838, no celebre “Combate de Rio Pardo. ”
Mendanha, diante das circunstâncias, resolveu compor uma música (talvez um plagio da valsa de Strauss), era apenas musicada. Então, o capitão Serafim José de Alencastro, pertencente as forças farrapas e que também era versado em música e poesia, resolveu escrever uma letra para aquela música, alusiva á tomada de Rio Pardo.
 A segunda versão demorou um ano após a primeira. Foi composta uma nova letra e cantada como Hino Nacional, o autor deste hino é desconhecido. O jornal “O Povo”, considerado jornal da República Rio-grandense, em sua edição de 4 de maio de 1839, chamou-o de ‘O Hino da Nação”.
 A terceira versão surgiu após o término do movimento; o autor foi Francisco Pinto da Fontoura, vulgo “Chiquinho da Vovó”. Essa terceira versão foi a que mais caiu no agrado da alma popular.
Letra: Francisco Pinto da Fontoura
Música: Comendador Maestro Joaquim José de Mendanha
Harmonização: Antônio Corte Real

 FONTE: Texto da E.E.E.M. Fortaleza, Rio Pardo RS


domingo, 9 de setembro de 2018

MATEUS SIMÕES PIRES


Mateus Simões Pires, filho de Manoel Simões e Maria da Conceição, nascido em 1724 na Freguesia de São Sebastião, na Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores, chegou ao Rio Grande do Sul nas primeiras levas de açorianos, vindos das ilhas para povoar o território das Missões. Estabeleceu-se por volta de 1754 em Rio Pardo.
Foi ativo comerciante, negociando artigos de importação que buscava na região do Rio da Prata e no Rio de Janeiro. Tropeou mulas e potros para a feira de Sorocaba, em São Paulo, e dedicou-se também à atividades na agricultura e na pecuária.
Foi membro ativo da comunidade rio-pardense, colaborando para o desenvolvimento da região. Prova disto foi o oferecimento que fez, em 1806, juntamente com Manoel de Macedo Brum, para financiar a construção da capela-mor da Igreja de São Francisco de Rio Pardo, que foi inaugurada em 1812.
Por duas vezes, pelo menos, viu-se envolvido em acontecimentos históricos. A
primeira, em 1763, por ocasião da tomada da Vila de Rio Grande pelos espanhóis.
Quando voltava de uma de suas viagens ao Prata, com carretas de
suprimentos para sua loja em Rio Pardo, foi assaltado e teve toda sua mercadoria roubada. A
segunda vez, em 1777, quando se encontrava na Ilha de Santa Catarina por causa de
seus negócios e aconteceu a invasão espanhola da região pelas tropas de Cevallos. Nesta ocasião foi preso e enviado para o Vice-Reino do Chile. Conseguiu libertar-se, possivelmente por suas relações como negociante, e voltou a Rio Pardo, onde encontrou seus negócios em grande progresso graças à administração do filho Antônio.
Em 1790 (provável ano do seu retorno) pediu e ganhou sesmaria nas Palmas (Bagé), como indenização pela carga que perdera em 1777.
Mateus Simões Pires morreu em Rio Pardo, por consequência do tifo, em 1819, com 95 anos de idade.
                                                                                           
REFERÊNCIA
http;//familiasimoespires2011.blogspot.com/2010/11/os-simoes-pires-e-os-fortes.html
MACEDO, Francisco Riopardense de. Rio Pardo – a arquitetura fala da História. Porto Alegre: Sulina, 1972.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018


INCÊNDIO DA CAPELA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS

                A Câmara Municipal desta Cidade em sessão de hoje deliberou levar ao conhecimento de V. Exa que a huma hora da tarde pouco mais ou menos do dia 28 do corrente manifestou-se incêndio da Capella Mor da Capella de S. Francisco aliás Capella da Ordem Terceira de S. Francisco, e sendo prestado o socorro que em casos taes se costuma não foi possível evitar a intensidade do referido incêndio, que deixou-a em total ruína, perecendo victima delle o Orago da Ordem, e varias imagens ali collocadas: salvarão-se das chamas onze Imagens e algumas alfaias e paramentos do Culto, concorrendo muito para isto os esforços inauditos de toda a população em geral. Hontem pelas cinco horas da tarde reunida toda a população nas ruínas da referida Ordem teve lugar a transladação das Imagens em Procissão Sollenne da penitencia, para a Igreja Matriz. Esta catastofre tem compungido a população pelo estado decadente em que se acha de  não poder reparar na actualidade tão desastroso acontecimento – Deos Guarde a V. Exa. Paço da Camara Municipal da Cidade de Rio Pardo 30 de novembro de 1853 – Ilmo e Exmo. snr Doutor João Lins Vieira Cansansão de Sinimbu, Presidente da Província = Bernardo Gomes Souto = Francisco Antonio de Borba = Rodrigo José de Figueiredo Neves = Venancio José Chaves = Joaquim José de Oliveira Lima = Antonio José Landim = José Lourenço da Silva Lisboa. O secretario Feliciano J. Coelho

REFERÊNCIA: Livro de Registro Geral da Câmara 34A. Ano: 1852-1858 – Registro de um ofício dirigido ao Presidente da Província

sábado, 1 de setembro de 2018

CEMITÉRIO NO MOINHOS DE VENTO



No século XVIII, deu-se a ocupação militar do Rio Grande do Sul a administração era muito complicada. Só haviam autoridades militares e a igreja auxiliava o governo português, fazendo o controle de nascimentos e mortes da população. Em Rio Pardo os únicos cemitérios existentes eram os das igrejas, onde eram enterradas as pessoas que pertenciam às várias Irmandades da Vila.
Mas, com o tempo, a população aumentou e nem todos pertenciam as Irmandades, motivo pelo qual era necessária a construção de um Cemitério Municipal. Assim, em 06 de outubro de 1847 o vigário Zeferino Dias Lopes oficiava à Câmara de Vereadores, relatando o seguinte:” Tendo uma das obrigações dos Párocos zelar  lugar onde devem descansar os corpos dos fiéis, que por mandado Criador são chamados à sua soberana presença; por isso deliberei me dirigira Vossas Senhorias como principal órgão deste município, a fim de que dignem-se levar ao conhecimento do Corpo Legislativo Provincial a necessidade que há nesta cidade de um com quanto Cemitério, para que se sirva decretar quantia para sua fatura. Ora, com quanto no lugar denominado Moinhos de Vento existe um, todavia não posso conformar-me com o ponto em que se acha colocado; porque sendo o terreno bastante pedregoso, e alheio, e de órfão segundo me consta: além deste defeito, se acha aberto por todos os lados; coberto de mato, e expostos os corpos a serem exumados pelos cães, servindo esse terreno de pasto e refúgio a quantos animais por ali vagam. Espetáculo este de horror, que extingue n’alma o sagrado respeito aos mortos, e que tanto como a vista, ofende a moral e aos costumes! Avista do que é da palpável necessidade de fundar-se um edifício capaz e próprio para tão justo quanto santo fim, apuro que Vossas Senhorias diligenciarão a respeito; confiando eu pois que serão realizados meus desejos, a fim de não continuar com bastante mágoa de meu coração e não pequeno escrúpulo a dar-se sepultura aos corpos de nossos irmãos neste lugar e a despeito das leis eclesiásticas. ”
Mais tarde esse local-Moinhos de Vento- foi usado como Cemitério dos coléricos, durante a epidemia que assolou a Cidade. E o Cemitério Municipal, tão desejado pelo vigário Vicente, foi construído em 1860.

FONTE: Registros Gerais da Câmara nº 38 pg. 354. AHMRP