quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

BLOCO CARNAVALESCO DE 1945 - CONVITE

Sociedade Carnavalesca de Rio Pardo
Convite da nova sede Carnavalesca rio-pardenses aos seus Associados.
 O meu sogro Walter Kraemer de Quadros era componente deste bloco "Tem Gente AÍ"  e este convite esta guardado em seus pertences quando ainda era um dos foliões. Após seu falecimento encontrei está relíquia em seus pertences e guardei. Em Rio Pardo inicialmente havia dois blocos carnavalescos importantes que se reuniam no Clube Literário e Recreativo  e em algumas vezes brigavam no carnaval, se desentendiam daí então resolveram construir uma nova sede que ficava a poucos metros do Clube, na esquina da rua General Osório, próximo do antigo Cinema ( hoje Câmara de Vereadores).





Estas fotos foram feitas por amadores

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

COMÉRCIO DE RIO PARDO NO INÍCIO DO SÉCULO XIX

Acordaram: que se proíbe a compra e venda de gêneros comestíveis dentro da vila, que vierem por terra ou pelo rio, trazidas por atravessadores. De maneira que os donos dos sobreditos gêneros que os conduzirem os exponham à venda pública na praça do pelourinho, e por isso se proíbe que até as nove horas no verão, e as dez no inverno, pessoa alguma atravesse os ditos gêneros, porque até as ditas horas serão expostos à venda pública, e se, fora das horas ditas, e pelo decurso do dia venham algumas carretas de gêneros, serão obrigados a colocá-los a venda pública três horas depois das quais poderão vender a quem lhes comprar. 
Encerrando, o dono do gênero que vender a atravessador antes das horas destinadas, e fora da Praça, assinalada em dois mil réis de condenação contra o atravessador que comprar os gêneros, incorrendo na pena de seis mil réis tudo aplicado para o Conselho, e trinta dias de cadeia, e sendo soldado o atravessador se dará parte ao seu chefe.

LIVRO DE REGISTROS DAS POSTURAS MUNICIPAIS-LRPM DO ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL DE RIO PARDO

Livro nº 02, 1811-1824 – artigo 18, p. 7 verso.

domingo, 14 de janeiro de 2018

EU MENINO

Marcos Faerman
Era a cidadezinha antiga, eu e meu pai nas suas ruas pequenas nós agora estamos subindo eu as calças curtas subindo uma elevação verde, uma montanha em meus olhos meninos. Montanha em meus olhos meninos naquele sol forte amarelo na velha fortaleza destruída o forte de Jesus Maria José de minha infância o forte onde bombardeamos, nós da gloriosa Rio Pardo, bombardeamos todos os navios espanhóis que desafiavam a nossa bravura.
E eu morto de raiva de estar ali apenas caminhando com aquele rapaz e meu pai e não de ser um bravo de bota lutando contra os espanhóis lutando naqueles navios feitos de velas movidos a vento.
Navios na tempestade. Aqueles navios velhos que nem navio de filme de pirata que eu via aos domingos no cinema Coliseu, bem na primeira fila eu arrumadinho por minha mãe na primeira fila, caminhando muito por todo o cinema e vendo aquele filme amarelo de piratas.
E tinha aquela história triste que meu pai contava jovem naquela sala escura, as velas, tinha velas. As velas perto da cara moça de meu pai, minha mãe, tomara que nunca morram meus irmãos também na sala escura.
E a história do peixinho. O peixinho ia longe de casa, tubarão comia. Mãe do peixinho chorava (eu chorava), pai de peixinho salvava o peixinho, dava purgante para o tubarão que cagava o peixinho.  Eu chorava no meio daquelas velas olhando a cara grande de meu pai: como era de gostar.
E aí aprendi – eu menino aprendi – que era Judeu, que matei Cristo Nosso Senhor Criador, filho de Deus. Eu, um menino judeu em Rio Pardo. E fui correndo para casa, chorei como depois correria, chorando na calçada da rua João Pessoa, vendo a nossa casa, a loja de meu pai queimar.  Eu vi. Meu pai sentado na frente de nossa casa, tudo queimando, e as pessoas todas vendo o judeu chorar, o judeu que bem podia ter posto fogo na loja, só para ganhar o seguro – estes estrangeiros são capazes de tudo, não é?
Eu, menino, a freirinha, cara branca, roupa branca, tão branca Meu Deus, Mãe, não senhora, não quero ser católico. O que é que iam dizer lá em casa, a senhora entende, não é?  Minha mãe não entendeu quando um ano depois ela soube que eu dizia no Colégio que era Católico minha mãe não sabia o que era ficar sentado, olhando para as paredes, enquanto todos os meninos de jardim da infância, do Grupo Escolar Ernesto Alves, um colégio grande amarelo, do Ginásio Nossa Senhora Auxiliadora, onde Getúlio estudou ali naquela sala, vejam,  do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, vejam, todos os meninos estão rezando estão olhando para a minha cara de grande filho da puta (assassino do Cristo deles).
A doida visão
Eu
Queimando
No meio das chamas
Do inferno
A doida visão eu aprendendo nas aulas de minha infância que eu matei nosso senhor Jesus Cristo deus de todas aquelas crianças. Eu matei o Deus delas, eu, meu pai, da loja para todos, minha mãe, todos nós; elas querem me matar? Vou rezar à noite, escondidinho de minha mãe. Sem eles saberem de nada, não serei mais judeu, não. Vou rezar à noite, a cara cheia de medo, vou acordar no meio da noite, vou me ajoelhar e enganar todos eles, até Ele. Ele no meio da noite como Ele vai saber que sou apenas uma criança judia fingindo de Cristão rezando de Cristão sentado na cama do meio da noite? Por isso estou rezando naquele quarto que depois iria queimar no meio da noite estou rezando e inda há os fantasmas eu meio menino chorando em minha cama chorando no meio dos  fantasmas. Os mortos estão comigo (é meia-noite, ouvi direitinho as doze batidas do relógio) e os mortos passeiam na grande casa colonial.  Se eu colocar os pés fora da cama coitadinho de mim, eles colocam a mão gelada em meus pés, eles puxam os meus pés, quem me contou foi dona Odósia, a cozinheira e ela sabe de tudo isto ela mora bem pertinho do cemitério.
Dona Odósia contava tudo para mim: na cozinha, na grande casa colonial, na cozinha que dava para a grande figueira, para um grande mato. Ela sabia. Ela apontava com sua grande unha que nem sei se existiu mas que para mim existiu ela apontava para o pátio e mostrava com sua grande unha suja uma parede e ali estava enterrado um escravo morto talvez sepultado vivo com seus gritos com sua pele preta com suas  correntes. Foi enterrado bem ali naquela pedra grande. (Na rua era escuro e nunca fui à noite naquele pátio escuro sujo lindo onde brincava quando dia.) À noite até a grande figueira conversava com as outras árvores, seu corpo vivo. Eu ouvia aquela figueira, seu imenso corpo movimentado pelo vento seus braços seu tronco sua voz
Vento na noite
Fantasmas soltos no mato
O velho escravo
Sepultado na laje imensa,
Perto de uma fossa.
E os fantasmas que viviam no porão, o imenso porão de minha infância cheio de morcegos que fumavam cheio de fantasmas de velhas caixas de brinquedos de crianças mortas roupas velhas das gentes que tinham morrido aquele imenso porão cheio de caras escondidas – caras de mortos – cheio de brinquedos escondidos, aquele imenso porão feito de tijolos vermelhos e de memórias, o sol que se infiltrava no meio de suas paredes grandes cheias de memórias e onde estavam sepultados os risos de todas aquelas crianças como seus brinquedos a perna de uma boneca a cabeça cortada um pouco de algodão de um velho elefante gordo um tesouro e espelho quebrado onde alguém colocou sua cara viva  –  agora só cruzes? E os fantasmas colocavam suas mãos geladas em nossos pés no meio da noite.
E na casa do lado? Está vendo aquele porão, apontava aquela unha suja, comprida, quebrada: naquele porão morreu de suicídio, a moça que ia casar. Briga de enxoval. Ela ia casar, deu briga de enxoval com a irmã.  O fantasma da moça agora vem sempre aí.

Marcos Faerman nasceu em Rio Pardo em 5 de abril de 1943 e morreu em São Paulo em 12 de fevereiro de 1999. No final dos anos 1950 transferiu-se para Porto Alegre e em 1968 foi para São Paulo. Foi jornalista de renome nacional. Ele se definia como “repórter, judeu, gaúcho, gremista e marxista”


REFERÊNCIA:  Anuário de Jornalismo: Revista da Coordenadoria do Curso de Jornalismo  – Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero – Ano 1 – No 1, 1999, pp. 135-138.

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

HISTÓRICO DO MUNICÍPIO

Os primeiros habitantes europeus de Rio Pardo foram padres jesuítas espanhóis, que por volta de 1633 implantaram em seu território três reduções: Jesus Maria (1633), São Joaquim (1633) e São Cristóvão (1634). A partir de 1636 todas elas foram arrasadas pelos bandeirantes e a região ficou novamente abandonada por quase cem anos.
Em meados do século XVIII, colonizadores portugueses começaram a sair da Vila de Laguna e muitos se dirigiram ao continente de São Pedro do Rio Grande, a procura de jazidas minerais e lugares seguros para futuras povoações.
Após o Tratado de Madri (1750), a necessidade de traçar o novo limite entre terras de Portugal e Espanha na América, fez surgir vários acampamentos militares e fortes no Rio Grande do Sul. Em 1751 existia, em um passo sobre o Rio Pardo, pouco acima de sua foz no Rio Jacuí, uma guarda portuguesa de 60 homens, sob o comando do Tenente dos Dragões Francisco Pinto Bandeira. Nas proximidades deste local, no atual alto da Fortaleza, foi iniciada a construção do Forte Jesus Maria José (1752), quartel-general e depósito de munições e víveres de Gomes Freire de Andrade, comandante das tropas portuguesas de demarcação.
Portanto, a cidade nasceu numa colina, junto à confluência dos rios Jacuí e Pardo, que serviam de barreira natural, em ótima posição estratégica que tornou a Fortaleza obstáculo intransponível às investidas espanholas provenientes do rio da Prata.
EVOLUÇÃO DA CIDADE
Criada por necessidade estritamente militar, a cidade de Rio Pardo manteve esta característica até 1754. Os únicos civis eram familiares dos soldados, em pequeno número. A população era flutuante, visto ser a região ponto de partida para expedições militares de demarcação. Em 1754 a situação começou a mudar com a chegada de casais açorianos, que aglutinaram-se entre os arroios Couto e Diogo Trilha, na Rua Velha, próximo a um destacamento dos dragões, e aos poucos espalharam-se, formando os povoados de Ramiz Galvão, Rincão Del Rei, Capivarita, João Rodrigues, São José do Taquari e Nossa Senhora da Conceição de Cachoeira. A população passou a ser fixa, instalando-se em ranchos de barro, no terreno do antigo quartel. O comércio supria as necessidades das tropas em marcha.
Os colonos açorianos influenciaram a vida urbana de Rio Pardo e a sua atividade econômica. Sua vinda e o término das invasões espanholas mudaram, aos poucos, o aspecto predominantemente militar, que foi dando lugar à característica comercial, a ponto de em 1787 a região ser uma das principais produtoras de trigo e, em 1820, o trigo e o couro predominarem no movimento de exportação do porto da cidade.
Simultaneamente, conforme a população crescia, Rio Pardo foi se estendendo, subindo colina acima no sentido norte, pela atual rua Júlio de Castilhos (Ladeira). Alcançada esta crista, a cidade passou a se desenvolver na extensão da mesma, no sentido da atual rua General Andrade Neves.
Entre 1819 e 1820, Saint-Hilaire assim descrevia a cidade: “Sobre a crista de elevada colina, corre a principal rua, ficando as demais nos flancos dessa e de outras colinas adjacentes. A maior parte das ruas não se comunicam diretamente umas com as outras; por assim dizer, não passam de grupos de casas, atiradas aqui e ali, entremeadas de gramados, terrenos baldios e de cercados plantados com laranjeiras: conjunto variado e agradável a vista. A praça pública é pequena. A igreja paroquial forma um de seus lados e não está ainda acabada, o mesmo acontecendo a duas outras pequenas igrejas existentes na cidade (...). A rua principal é, em parte calçada e as demais ainda não o são.”
Anos mais tarde outro viajante, Arsène Isabelle, visitou e descreveu nossa cidade: “Ocupavam-se do calçamento e alinhamento das ruas; as novas teem cômodas calçadas. Há três igrejas construídas no mesmo plano de todas as do Brasil, quer dizer, com muita simplicidade. Rio Pardo conta 5 a 6 mil habitantes; o número das casas parecia comportar mais; mas não há comumente senão uma só família em cada casa, o que dá muita extensão à cidade. O comércio é próspero, porque este ponto é o armazém de abastecimento das cidades e vilas do norte e oeste; dali partem continuamente tropas de mulas e carretas para todas as povoações do interior. As comunicações com Porto Alegre são muito rápidas; o transporte de mercadorias pesadas é feito por barcos de coberta, com vinte toneladas; as mercadorias leves e de pequeno volume, e os viajantes são transportados em grandes pirogas armadas em barcos.”
Em 8 de maio de 1769 foi criada a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Rio Pardo. Neste ano, seu imenso território compreendia desde a margem direita do rio Taquari até a fronteira e tinha por limite, ao sul, o rio Jacuí. Com esta divisão, a Vila de Rio Pardo passou a ser ponto de comércio intenso, que dela se irradiava para a serra do noroeste, o Uruguai e as coxilhas do sul (Caçapava, Cachoeira e São Gabriel). Sua economia baseava-se no comércio, na produção agro-pecuária e na exploração da cal.
Em 1846, Rio Pardo foi elevada à condição de cidade. Continuava o desenvolvimento entre o porto do Jacuí e as duas saídas terrestres, uma a leste (para Santa Cruz, colônia alemão ali fundada em 1848) e a outra ao norte (para Cachoeira).
Melhoramentos nas ruas, posturas municipais adequadas, ruas e casas emplacadas, a existência da Escola Militar e a de linha fluvial regular, mantiveram o grau de progresso até cerca de 1865.
Posteriormente, vários fatos se somaram e influíram desfavoravelmente: uma epidemia de cólera-morbus, a perda da Escola Militar e o progresso cada vez maior de Santa Cruz; mas o fator culminante se deu com a inauguração em 1885 da ferrovia Porto Alegre – Santa Maria.
Esta ferrovia terminou com o transporte fluvial que trazia a carga de Porto Alegre para ser escoada por carretas e carroças das regiões circunvizinhas, e tirou da cidade a função de “porto de pouso” dos viajantes que se dirigiam para a serra e a campanha. No traçado urbano, este fato influiu no sentido de danificar a ligação porto-centro ativo no alto-estação ferroviária. Mas a vida da cidade passou a estagnar.
Rio Pardo hoje é uma cidade de tradição histórica, por sua participação em vários fatos importantes da formação portuguesa do Rio Grande do Sul, da qual dão testemunho muitos prédios antigos, de primorosa arquitetura. Este é um aspecto pouco explorado, que poderia dar ótimos resultados econômicos se o turismo fosse organizado.


REFERÊNCIA: PANATIERI, Raimundo Tarantino. Estudos preliminares sobre o “Sobrado do seu Cazuca”. Rio Pardo: Movimento Preservacionista S.O.S. – Rio Pardo, 1988. (Não publicado). 

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

FÁBRICA DE ADUBOS & PONTE DO RIO JACUÍ

A FARKO S.A. DESEJA CONSTRUIR UMA FÁBRICA DE ADUBOS – inversão de 17 milhões de cruzeiros
Ninguém mais tem dúvida de que Rio Pardo, dentro de alguns anos, se tornará uma das potências industriais de maior importância no Rio Grande do Sul. Para isso, contribui a sua privilegiada posição geográfica e ótima localização, dentro do sistema do transporte no Estado.
Na tarde de sexta-feira última, encontramos o nosso velho conhecido, Sr. Arnaldo Scatrut, que há muitos anos andava no norte do País (Recife). Atualmente S.S. é gerente comercial da Nacibra S.A. Companhia Nacional de Planificação e Investimento do Brasil e está organizando a filial da firma no Estado do Rio Grande do Sul. O senhor Scatrut entrou  em entendimento com o Sr. Prefeito a fim de transmitir a proposta de uma importante firma nacional que deseja investir no Rio Grande a importância de 17 milhões de cruzeiros, na instalação de uma fábrica de adubos e farinha de osso.
A firma é a FASKO S.A. que possui uma grande fábrica do mesmo gênero no Estado do Ceará, além de outra potente fábrica de outros produtos no Rio de Janeiro. A firma deseja apenas a doação de um terreno e isenção de impostos por 10 anos. As autoridades locais, pelo menos, deverão tentar trazer para Rio Pardo esta firma, pois que, juntamente com o futuro Matadouro Frigorífico, dará um grande incremento na formação do nosso parque industrial.

GOVERNO DO ESTADO OBTÉM UM EMPRÉSTIMO DE CEM MILHÕES DE CRUZEIROS     
Assegurada a execução do plano rodoviário organizado pelo DAER, inclusive a construção da Ponte sobre o rio Jacuí
“Porto Alegre, 8-7 (B.T.) – O General Ernesto Dorneles, dd. Governador do Estado e o Sr. Norival Paranaguá de Andrade, dd. Diretor-Presidente da Caixa Econômica do Rio Grande do Sul, num ato solene, assinaram importante documento, pelo qual aquele conceituado Estabelecimento de Crédito, que é um orgulho dos gaúchos, concede ao Governo do Estado um empréstimo de cem milhões de cruzeiros para fazer face às despesas com o Plano Rodoviário organizado pelo DAER e aprovado pela egrégia Assembléia Legislativa do Estado, por proposta do Governador.
Para Rio Pardo, esta vultosa transação é de suma importância, pois que, no empréstimo ora concedido, está incluída a verba necessária para despesas com a Ponte sobre o rio Jacuí, para cuja construção foi aberta concorrência pública, na qual, dentro do prazo estabelecido, quatro conceituadas firmas apresentaram seis propostas.


REFERÊNCIA: Jornal de Rio Pardo de 12 de julho de 1953, página 1. (Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo)

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

MONUMENTO AOS DRAGÕES DE RIO PARDO (uma sugestão do sr. Emilio Mas)

O Sr. Emilio Mas é uma dessas pessoas que está sempre pronta a cooperar em tudo que diz respeito ao interesse de um terra. Há pouco chegou a Rio Pardo, instalando no populoso arrabalde de Ramiz Galvão, o cine-teatro Guarani. A sua ação não se restringe somente a cuidar daquele estabelecimento de diversões, S.S. procura colaborar com a sociedade daquela localidade, naquilo que ela necessita para o seu conforto e bem estar. Como exemplo do que afirmamos, salientamos a sua resolução de por a disposição do povo as dependências do cine-teatro para servir de estação rodoviária, já que a população se ressentia de um local onde pudesse se resguardar das intempéries e do sol, quando esperava condução.
Estamos nos preparando para comemorar o Bi-Centenário dos Dragões em Rio Pardo e o Sr. Emilio Mas, como sempre, vem dar uma de suas colaborações – sugere que a comissão dos festejos inclua, no programa, a construção de um grandioso monumento dedicado aos inolvidáveis Dragões de Rio Pardo, de forma a perpetuar no granito os heróicos feitos daqueles que, de espada em punho, opuseram  uma barreira intransponível à invasão dos inimigos, fazendo-os retroceder ante o ímpeto de coragem e bravura dos integrantes do legendário Regimento.
O principal da sugestão não está na construção, mas na forma de se obter os meios necessário para sua concretização – cada soldado do Brasil, cada militar, contribuiria com apenas um cruzeiro.
Construído deste modo, o monumento teria uma significação mais ampla, seria uma consagração nacional, seria uma homenagem prestada por todas forças militares do País, quer de terra, mar e ar.
Afora esta magnífica demonstração de veneração aos tradicionais Dragões de Rio Pardo, reverenciado pela gloriosa força militar brasileira, temos ainda a considerar o que representará este movimento para a propaganda dos festejos que aqui se realizarão, no próximo ano. Os militares espalhados por todos os recantos do Brasil, ao dar sua contribuição, ficarão cientes de que no Rio Grande do Sul, numa pequena cidade, outrora considerada a “Tranqueira Invicta”, num determinado dia do ano de 1954, o Brasil inteiro volverá sua atenção para prestar sua homenagem a essa terra que foi o berço da primeira força militar regular organizada no sul do País.

É evidente que a sugestão do senhor Emílio Mas será tomada na devida consideração pelos membros da Comissão dos festejos, e, sem qualquer sombra de dúvidas, constituirá numa das mais importantes e significativas realização das comemorações.

REFERÊNCIA: Jornal de Rio Pardo de 12 de julho de 1953, página 1. (Acervo do Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo)