segunda-feira, 25 de abril de 2016

4 – MENDANHA E O DUQUE DE CAXIAS

A respeito do enterro do Coronel Lisboa, episódio verdadeiramente comovedor, escreveu Caxias em ofício datado de Caçapava, 15 de setembro de 1844, ao Ministro do Império enviando um requerimento de Mendanha:
                “Remetendo a V. Exa. O requerimento do Inspetor Geral de todo o instrumental do exército Joaquim José de Mendanha, cumpre-me informar a V. Exa. Para levar ao conhecimento de S. M. o Imperador, que é verdade tudo quanto alega o suplicante, e que alguns fatos de sua vida militar que o tornam muito recomendável, ele deixou por modéstia de mencionar, sendo um deles o que praticou este insigne mestre de música, no dia 30 de abril de 1838 no desastroso combate do Rio Pardo, em que ele, abandonando os instrumentos de sua profissão, logo que principiou o combate, armou a todos os seus companheiros e com eles combateu ao lado do seu digno e bravo chefe o Coronel Guilherme José Lisboa, até que tendo sucumbido o dito coronel, e decidindo-se a vitória por parte dos rebeldes, quando os oficiais e soldados tinham acabado de entregar as suas armas e que estavam sendo insultados pelos rebeldes os cadáveres dos oficiais do Exército Imperial que jaziam sobre o campo do combate, ele teve a audácia de se dirigir diretamente ao general rebelde, e de lhe pedir licença para enterrar o seu chefe, com todas as honras fúnebres que correspondiam a sua patente e valor, e foi tal o desembaraço com que isto praticou que os mesmos rebeldes, como admirados, de tanta audácia, consentiram, ele com sua banda de música, e a sua custa fez o enterro de seu chefe com todas as formalidades da Igreja, e conservando-se ainda por mais de um ano prisioneiro, sem que nunca quisesse, como os mais tomar o serviço rebelde, teve a constância de desenterrar os ossos de seu chefe, e deles não se esquecer no momento em que foi resgatado pelas forças imperiais, na mesma Vila do Rio Pardo. Este procedimento, a sua ilibada conduta civil e militar, seus atos de valor em todas as ocasiões de perigo, e seus longos serviços de campanha, unido a um talento pouco vulgar para composições de músicas, o tem tornado digno da estimação de todo o exército.” (Barão de Caxias).

FONTE:
Revolução Farroupilha – Walter Spalding – Petroquímica Triunfo, 1987. p. 148-9.



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