quinta-feira, 14 de abril de 2016

2 – A COMPOSIÇÃO DA MÚSICA DO HINO RIO-GRANDENSE

                É bem curiosa a história da composição desse Hino da República Rio-Grandense (Revolução Farroupilha), escrito por Mendanha, sendo prisioneiro e monarquista. Foi composto semanas após o combate do Rio Pardo, em que fora preso com sua banda. Há, entretanto, quem diga ter esse hino sido posterior, e que o primeiro composto foi o Hino de Rio Pardo, que o mesmo farroupilha José Gabriel Teixeira teria conservado e tocado muitas vezes em festividades levadas a efeito em Rio Pardo. O que entretanto se sabe ao certo, é que foi pela primeira vez executado em público, como Hino da República, em 1839, conforme se lê no órgão oficial da República, nº 46, de 6 de março daquele ano: “No dia 24 (de fevereiro) as cinco horas da tarde, o Exmo. Presidente, acompanhado do seu Estado-Maior e das autoridades locais foi reunir-se ao Governo para assim fazer sua entrada solene na vila, o que efetuou depois de ter cumprimentado a S. Exa. O Sr. Ministro da Fazenda, os Magistrados e mais empregados de todas as repartições. Vinha escoltando o Trem de Guerra e o Material das Oficinas públicas, uma força das três armas comandada pelo valoroso Tenente-Coronel Moraes. A banda militar dirigida pelo hábil Professor Mendanha a precedia tocando o Hino Nacional.” Várias letras foram escritas para ele: uma de Serafim de Alencastre; outra de Francisco Pinto da Fontoura, poeta popular conhecido por Chiquinho da Vovó que viveu até a República e impingiu a sua letra como a oficial do hino, e finalmente a letra oficial, que não é nenhuma das duas, mas um arranjo com partes de uma e de outra, publicado em O Povo, nº 63, de 4 de maio de 1839, e em que relata a realização de um grande baile, aberto com a execução e canto do Hino Nacional, que reproduz integralmente, antes de reproduzir esta letra. Parece que esta foi a primeira vez que o hino foi publicamente cantado. Diz a notícia: “Antes que elas (as danças) principiassem, postos de pé em torno do Pavilhão, todos os cidadãos e senhoras convidados, cantou-se, acompanhado da Música, o Hino da Nação.”
                Foi esta música, por se ter conservado, que deu celebridade a Joaquim José de Mendanha. Não fosse isso, em virtude de sua modéstia, talvez jamais seu nome fosse recordado pois tudo quanto compôs se perdeu ou perdeu sua identidade ao cair em domínio público, passando para o campo do folclore. Será que um dia conseguiremos identificar alguma composição de Mendanha em nosso rico folclore?

FONTE:
Revolução Farroupilha – Walter Spalding – Petroquímica Triunfo, 1987. p.146-7.



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