domingo, 17 de abril de 2016

3 – MENDANHA E O GENERAL NETO

                Rio Pardo estava ocupada pelas forças imperiais sob o comando do Marechal Sebastião Barreto Pereira Pinto e do Brigadeiro Francisco Xavier da Cunha. Figuravam, também, entre estas forças oito companhias do 1º Batalhão de Caçadores, dois corpos de cavalaria, um esquadrão independente, três peças de artilharia e cinqüenta praças de infantaria, o depois Brigadeiro Bonifácio Isás  Calderon e o depois Barão do Triunfo José Joaquim de Andrade Neves. Na madrugada de 30 de abril de 1839 foram atacados, não de surpresa, pois já tinham conhecimento da marcha dos farroupilhas, e completamente derrotados.  As tropas farroupilhas compunham-se das forças de João Antônio Silveira, David Canabarro e Antônio de Souza Neto, que assumira o comando em chefe da operação.
                Ao final do combate, ficaram em campo 370 mortos, a maioria imperiais, muitos feridos e grande número de prisioneiros. Segundo Coruja Rilho, entre estes, estava “o pardo Joaquim José de Mendanha, chefe da banda de música dos imperialistas que, tendo conseguido fugir, foi preso pelo Capitão Prudêncio.
Mendanha foi apresentado com toda a banda de música ao General Neto. O valente chefe republicano declarou ao mestre de música e aos seus companheiros que podiam ficar tranqüilos, pois nada sofreriam. Animado com o acolhimento do General Neto, Mendanha deu um passo à frente e disse que desejava pedir-lhe um favor.
- O que queres, retrucou Neto.
- Saberá V. Exa. – respondeu Mendanha -, que no combate faleceu o bravo coronel mineiro,
Guilherme José Lisboa. Esse herói poderia salvar sua vida, pois que os republicanos o intimaram a que se rendesse, que nada lhe aconteceria. Ele assim não quis, e, ainda mesmo depois de ter sido ferido por bala e lança, continuou a pelejar. Afinal morreu e lá está o seu corpo atirado atrás da igreja... Queria enterrá-lo – concluiu Mendanha, comovido.
- É justo o seu pedido – disse Neto, e imediatamente deu providências nesse sentido.
Horas depois, o Coronel Lisboa era enterrado, e junto à sepultura apresentaram-se Neto e
todos os oficiais superiores do Exército Republicano, que assim vinham prestar uma homenagem ao soldado inimigo que soubera morrer com honra. Esse fato me foi referido por um dos raros sobrevivente do combate do Rio Pardo, o velho Chico Pedro, hoje empregado dos prados da Capital.”[1]

FONTE:  
Revolução Farroupilha – Walter Spalding – Petroquímica Triunfo, 1987. p. 147-8.



[1] CORUJA FILHO, Dr. Debatião Leão. Datas rio-grandenses. Divisão de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Globo, 1962. P. 108.

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