3 – MENDANHA
E O GENERAL NETO
Rio
Pardo estava ocupada pelas forças imperiais sob o comando do Marechal Sebastião
Barreto Pereira Pinto e do Brigadeiro Francisco Xavier da Cunha. Figuravam,
também, entre estas forças oito companhias do 1º Batalhão de Caçadores, dois
corpos de cavalaria, um esquadrão independente, três peças de artilharia e
cinqüenta praças de infantaria, o depois Brigadeiro Bonifácio Isás Calderon e o depois Barão do Triunfo José
Joaquim de Andrade Neves. Na madrugada de 30 de abril de 1839 foram atacados,
não de surpresa, pois já tinham conhecimento da marcha dos farroupilhas, e
completamente derrotados. As tropas
farroupilhas compunham-se das forças de João Antônio Silveira, David Canabarro
e Antônio de Souza Neto, que assumira o comando em chefe da operação.
Ao
final do combate, ficaram em campo 370 mortos, a maioria imperiais, muitos
feridos e grande número de prisioneiros. Segundo Coruja Rilho, entre estes,
estava “o pardo Joaquim José de Mendanha, chefe da banda de música dos
imperialistas que, tendo conseguido fugir, foi preso pelo Capitão Prudêncio.
Mendanha foi apresentado com
toda a banda de música ao General Neto. O valente chefe republicano declarou ao
mestre de música e aos seus companheiros que podiam ficar tranqüilos, pois nada
sofreriam. Animado com o acolhimento do General Neto, Mendanha deu um passo à
frente e disse que desejava pedir-lhe um favor.
- O que queres, retrucou Neto.
-
Saberá V. Exa. – respondeu Mendanha -, que no combate faleceu o bravo coronel
mineiro,
Guilherme José Lisboa. Esse herói poderia salvar
sua vida, pois que os republicanos o intimaram a que se rendesse, que nada lhe
aconteceria. Ele assim não quis, e, ainda mesmo depois de ter sido ferido por
bala e lança, continuou a pelejar. Afinal morreu e lá está o seu corpo atirado
atrás da igreja... Queria enterrá-lo – concluiu Mendanha, comovido.
- É justo o seu pedido – disse
Neto, e imediatamente deu providências nesse sentido.
Horas
depois, o Coronel Lisboa era enterrado, e junto à sepultura apresentaram-se
Neto e
todos os oficiais superiores do Exército
Republicano, que assim vinham prestar uma homenagem ao soldado inimigo que
soubera morrer com honra. Esse fato me foi referido por um dos raros
sobrevivente do combate do Rio Pardo, o velho Chico Pedro, hoje empregado dos
prados da Capital.”[1]
FONTE:
Revolução Farroupilha
– Walter Spalding – Petroquímica Triunfo, 1987. p. 147-8.
[1]
CORUJA FILHO, Dr. Debatião Leão. Datas rio-grandenses. Divisão de Cultura da
Secretaria de Educação e Cultura do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Editora Globo, 1962. P. 108.
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