quinta-feira, 18 de junho de 2020

ARQUITETURA DE RIO PARDO: SÉCULO XIX


Os exemplares arquitetônicos remanescentes do século XIX, em sua maioria, apresentam características de tendência neoclássica – influência tardia exercida pela produção arquitetônica no centro do país.
A arquitetura Neoclássica, trazida ao Brasil ainda colônia por D. João VI, altera formal e esteticamente a arquitetura portuguesa até então dominante em toda a vasta colônia brasileira.
Ex - Museu Barão de Santo Ângelo
Com a intenção de modernizar as principais cidades brasileiras, principalmente o Rio de Janeiro – residência da Corte – o rei trouxe ao Brasil artistas e técnicos franceses, cujo trabalho aqui por muitos anos veio a produzir resultados significativos para a vida brasileira, no campo das artes plásticas, arquitetura, urbanismo, engenharia e saneamento.
Assim a vinda dos técnicos e artistas franceses recebeu o nome de “Missão Francesa”. E o Brasil ganhava a Escola Nacional de Belas Artes, o Jardim Botânico, palácios, palacetes, jardins, avenidas e, aos poucos, uma nova fisionomia. A Missão Francesa foi formando técnicos e artistas brasileiros em suas primeiras escolas técnicas e superiores. Dentre tantos técnicos e artistas brasileiros contamos com o artista plástico e arquiteto rio-pardense Barão de Santo Ângelo, aluno e discípulo do arquiteto francês Grandjean de Montigny, membro da Missão Francesa.
  Manoel Araújo Porto Alegre- Barão do Triumfo
As novas concepções artísticas e arquitetônicas trazidas se alastraram pelas províncias brasileiras. Artesãos e construtores aprendizes diretos e indiretos da Missão levaram ao interior do país o Estilo Neoclássico de Napoleão.
Desta forma na pequena cidade de Rio Pardo, situada na distante província de São Pedro do Rio Grande do Sul, as velhas casas portuguesas começaram a ganhar roupagem nova, aliando o gosto francês de D. João VI ao modo simples de ser do homem sulino tão distante do Brasil central.
Então, nossa arquitetura ganha gradis de ferro, vidro nas janelas, platibandas com balaustres de cimento, cimalhas, cornijas, profunda simetria de fisionomia oficial, frontispícios nos portais e arcos plenos. Enfim, as rudimentares fachadas coloniais portuguesas locais se revestem com a fidalguia da corte brasileira.
Na grande maioria das nossas construções urbanas o “Estilo Neoclássico” se apresenta apenas nas fachadas frontais. É o que chamamos de “Neoclássico de Fachada”, pois a estrutura construtiva destas edificações ainda é a mesma da arquitetura colonial. Rudimentar tanto na concepção funcional, quanto no uso de materiais e mão de obra escrava, sem técnicos qualificados.
Muitas destas edificações já existentes sofreram apenas reformas externas, para se adequar à moda da corte, que tardiamente chegava ao sul da colônia.
1- Antiga Escola Militar -CR CULTURA RIO PARDO
São muitos os imóveis urbanos de Rio Pardo que apresentam tais características. Dentre eles destacamos os seguintes:

1 – Antiga Escola Militar. Prédio já construído conforme técnicas mais “modernas”, uma vez que foi projetado por engenheiro europeu, de passagem pela cidade
2 – Sobrado da Família Cruzeiro
3 – Sobrado das Águias
3 - Parte superior do Sobrado das Águias
4- Clube Literário e Recreativo
4 – Clube Literário














5 –  Solar Raupp
6- Sobrado Silveiras - Centro
6 – Sobrado da Família Silveira
7 – Inúmeras casas térreas de porão alto
São poucas as edificações que hoje guardam características da arquitetura colonial portuguesa em Rio Pardo. A grande maioria, embora estruturalmente construída segundo suas características, transformou-se no final do século XIX, recebendo uma fachada com evidentes características neoclássicas.

REFERÊNCIA: SCHULTZE, Vera Lúcia. Arquitetura de Rio Pardo: século XIX. Rio Pardo, 14 de março de 2002. (Texto avulso)

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