Os exemplares arquitetônicos remanescentes do
século XIX, em sua maioria, apresentam características de tendência neoclássica
– influência tardia exercida pela produção arquitetônica no centro do país.
A arquitetura Neoclássica, trazida ao Brasil ainda
colônia por D. João VI, altera formal e esteticamente a arquitetura portuguesa
até então dominante em toda a vasta colônia brasileira.
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Ex - Museu Barão de Santo Ângelo |
Com a intenção de modernizar as principais cidades
brasileiras, principalmente o Rio de Janeiro – residência da Corte – o rei
trouxe ao Brasil artistas e técnicos franceses, cujo trabalho aqui por muitos
anos veio a produzir resultados significativos para a vida brasileira, no campo
das artes plásticas, arquitetura, urbanismo, engenharia e saneamento.
Assim a vinda dos técnicos e artistas franceses
recebeu o nome de “Missão Francesa”. E o Brasil ganhava a Escola Nacional de
Belas Artes, o Jardim Botânico, palácios, palacetes, jardins, avenidas e, aos
poucos, uma nova fisionomia. A Missão Francesa foi formando técnicos e artistas
brasileiros em suas primeiras escolas técnicas e superiores. Dentre tantos
técnicos e artistas brasileiros contamos com o artista plástico e arquiteto
rio-pardense Barão de Santo Ângelo, aluno e discípulo do arquiteto francês
Grandjean de Montigny, membro da Missão Francesa.
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Manoel Araújo Porto Alegre- Barão do Triumfo |
As novas concepções artísticas e arquitetônicas
trazidas se alastraram pelas províncias brasileiras. Artesãos e construtores
aprendizes diretos e indiretos da Missão levaram ao interior do país o Estilo
Neoclássico de Napoleão.
Desta forma na pequena cidade de Rio Pardo, situada
na distante província de São Pedro do Rio Grande do Sul, as velhas casas
portuguesas começaram a ganhar roupagem nova, aliando o gosto francês de D.
João VI ao modo simples de ser do homem sulino tão distante do Brasil central.
Então, nossa arquitetura ganha gradis de ferro,
vidro nas janelas, platibandas com balaustres de cimento, cimalhas, cornijas,
profunda simetria de fisionomia oficial, frontispícios nos portais e arcos
plenos. Enfim, as rudimentares fachadas coloniais portuguesas locais se
revestem com a fidalguia da corte brasileira.
Na grande maioria das nossas construções urbanas o
“Estilo Neoclássico” se apresenta apenas nas fachadas frontais. É o que
chamamos de “Neoclássico de Fachada”, pois a estrutura construtiva destas
edificações ainda é a mesma da arquitetura colonial. Rudimentar tanto na
concepção funcional, quanto no uso de materiais e mão de obra escrava, sem
técnicos qualificados.
Muitas destas edificações já existentes sofreram
apenas reformas externas, para se adequar à moda da corte, que tardiamente
chegava ao sul da colônia.
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1- Antiga Escola Militar -CR CULTURA RIO PARDO |
São muitos os imóveis urbanos de Rio Pardo que
apresentam tais características. Dentre eles destacamos os seguintes:
1 – Antiga Escola Militar. Prédio já construído
conforme técnicas mais “modernas”, uma vez que foi projetado por engenheiro
europeu, de passagem pela cidade
2 – Sobrado da Família Cruzeiro
3 – Sobrado das Águias
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3 - Parte superior do Sobrado das Águias |
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4- Clube Literário e Recreativo |
4 – Clube Literário
5 – Solar Raupp
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6- Sobrado Silveiras - Centro |
6 – Sobrado da Família Silveira
7 – Inúmeras casas térreas de porão alto
São poucas as edificações que hoje guardam
características da arquitetura colonial portuguesa em Rio Pardo. A grande
maioria, embora estruturalmente construída segundo suas características,
transformou-se no final do século XIX, recebendo uma fachada com evidentes
características neoclássicas.
REFERÊNCIA:
SCHULTZE, Vera Lúcia. Arquitetura de Rio Pardo: século XIX. Rio Pardo, 14 de
março de 2002. (Texto avulso)