A Fortaleza Jesus Maria José, construída sobre um
promontório na confluência dos rios Jacuí e Pardo, no início da segunda metade
do século XVIII, é característica das defesas que utilizaram elevações de terreno
sem a existência de núcleo urbano próximo.
A parte sul, voltada para a margem do Jacuí,
dispensou o fosso tendo apenas uma saída (Q), em escadaria, até a linha d’água.
Era guarnecida por dois corpos de guarda avançados (F) com seus próprios fossos.
Também defendido por fosso próprio era o curral (P) “onde recolhem-se os
cavalos e reses”. A maior área do traçado irregular é, como dissemos, parte ao
norte defendida pela própria caída do terreno contra a margem do rio, e parte
por fossos irregulares ligando-se às áreas citadas (F) e (P), que têm seus
próprios fossos. Dentro da área maior as construções destinam-se a: casa do
governo (B), casa da pólvora (G), anexo para reabastecimento (H), armazém d’El
Rei (I), quartel dos soldados (L), trem das munições (M), igreja (C), sacristia
(D), cemitério (E), esgoto das águas (N), casa dos moradores (O), praças baixas
(R), praças altas (S), pau da bandeira (T).
Construções baixas, com certeza de faxina, torrões
de terra em paralelepípedos e cobertas de capim, os quartéis, depósitos e
alojamentos, dispunham-se em torno da Praça das Armas (A) para assegurar o
funcionamento das operações gerais. Na praça baixa (R) desenvolviam-se as
funções rotineiras, na praça alta (S) a atividade propriamente de defesa.
Grandes alojamentos (L) reuniam os soldados e outros de iguais proporções (O)
os moradores permanentes ou os que eram recolhidos por ocasião de perigo
iminente.
Este era o tipo comum de defesa durável e completa
em terrenos daquela natureza. Semelhante a ele é o forte de Santa Tecla (Bagé),
construído pelos espanhóis e tomado pelos portugueses em 1776.”
Arquitetura
Luso-Brasileira, Francisco Riopardense de Macedo. In: A arquitetura no Rio
Grande do Sul, Gunter Weimer (Org.) Porto Alegre, Mercado Aberto, Série Documenta
Vol. 15, 1983.