domingo, 22 de março de 2020

A FORTALEZA DE JESUS MARIA JOSÉ (RIO PARDO) (III)


A Fortaleza Jesus Maria José, construída sobre um promontório na confluência dos rios Jacuí e Pardo, no início da segunda metade do século XVIII, é característica das defesas que utilizaram elevações de terreno sem a existência de núcleo urbano próximo.
A parte sul, voltada para a margem do Jacuí, dispensou o fosso tendo apenas uma saída (Q), em escadaria, até a linha d’água. Era guarnecida por dois corpos de guarda avançados (F) com seus próprios fossos. Também defendido por fosso próprio era o curral (P) “onde recolhem-se os cavalos e reses”. A maior área do traçado irregular é, como dissemos, parte ao norte defendida pela própria caída do terreno contra a margem do rio, e parte por fossos irregulares ligando-se às áreas citadas (F) e (P), que têm seus próprios fossos. Dentro da área maior as construções destinam-se a: casa do governo (B), casa da pólvora (G), anexo para reabastecimento (H), armazém d’El Rei (I), quartel dos soldados (L), trem das munições (M), igreja (C), sacristia (D), cemitério (E), esgoto das águas (N), casa dos moradores (O), praças baixas (R), praças altas (S), pau da bandeira (T).
Construções baixas, com certeza de faxina, torrões de terra em paralelepípedos e cobertas de capim, os quartéis, depósitos e alojamentos, dispunham-se em torno da Praça das Armas (A) para assegurar o funcionamento das operações gerais. Na praça baixa (R) desenvolviam-se as funções rotineiras, na praça alta (S) a atividade propriamente de defesa. Grandes alojamentos (L) reuniam os soldados e outros de iguais proporções (O) os moradores permanentes ou os que eram recolhidos por ocasião de perigo iminente.
Este era o tipo comum de defesa durável e completa em terrenos daquela natureza. Semelhante a ele é o forte de Santa Tecla (Bagé), construído pelos espanhóis e tomado pelos portugueses em 1776.”

Arquitetura Luso-Brasileira, Francisco Riopardense de Macedo. In: A arquitetura no Rio Grande do Sul, Gunter Weimer (Org.) Porto Alegre, Mercado Aberto, Série Documenta Vol. 15, 1983.

quarta-feira, 18 de março de 2020

JUÍZES DE PAZ EM RIO PARDO (1828-1850)


JUÍZES DE PAZ
Mestrado - Juíz de Paz

1ª PARTE

Século XIX, seguidamente são feitos estudos voltados à análise da construção do Estado no Brasil. Intenso debate foi feito “entre grupos políticos que pensavam diferentes modelos de implementação de arranjos institucionais.”
Daí surge um novo personagem, o Juiz de Paz, que representaria a justiça e o poder.
Desde 1822, muitas ideias surgiram, com avanços e recuos, havendo a necessidade de uma reorganização política brasileira.
Com a Constituição de 1824, determinou-se a separação dos poderes políticos e estabelecido o poder judicial e as premissas da magistratura nas províncias. Foi reconhecida como independente os juízes e jurados.
Em 1827, foi criado o cargo de Juiz de Paz, sendo que cada freguesia ou paróquia deveria ter o seu Juiz de Paz e o suplente.
Os juízes e os vereadores eram eleitos da mesma maneira e tempo, o cargo era de caráter  leigo e eletivo, os indivíduos não precisavam ter formação profissional eram pessoas da localidade. Houve muitas variações em suas funções até 1840 ampliaram seus poderes sendo desde a conciliação à ordem social e policial.
Dentre suas variadas atribuições ao cargo competia:

”... conciliar as partes de demanda, processar e julgar as causas cíveis cujo valor não excedesse dezesseis mil reis; manter a ordem nos ajuntamentos (reuniões públicas) dissolvendo-os no caso de desordem; pôr em custódio os bêbados durante a bebedice. Corrigi-los por vício e turbulência e as prostitutas escandalosas, obrigando-os a assinar termo de bem viver, com a comunicação de penas; fazer destruir os quilombos; fazer autos de delito; interrogar os delinquentes. Prendê-los; fazer observar as posturas policiais das câmaras; informar desamparados e cautelares suas pessoas e bens, enquanto aquele não providenciasse; vigiar sobre a conservação das matas públicas e obstar nas particulares ao corte de madeiras reservadas por lei; participar ao presidente da província quaisquer descobertas úteis que se fizessem no seu distrito (minas); procurar a composição das contendas e dúvidas sobre caminhos particulares, atravessadouros e passagens de rios ou ribeiros, sobre uso das águas empregadas na agricultura ou na mineração, dos pastos, pescas e caçadas, sobre limites, tapagens e cercados das fazendas e campos, e sobre os danos feitos por familiares ou escravos; dividir o distrito em quarteirões que não contivessem mais de vinte e cinco fogos. No crime, a sua competência para impor penas ia até o máximo de multa de trinta mil réis ou um mês de prisão ou três de correção, havendo casa para isso ou oficinas públicas”.

FONTES: A Magistratura Leiga e Eletiva: Os Juízes de Paz em Rio Pardo (1828-1850) Dissertação de Mestrado, Michele de Oliveira Casali, p. 13/14, 2018. AHMRP

terça-feira, 17 de março de 2020

MULHERES NA HISTÓRIA DE RIO PARDO


MARÇO DIA DAS MULHERES
Parabéns Mulheres que fizeram a Historia de Rio Pardo e Brasil.
Mulheres que venceram preconceitos, Mulheres Educadoras, Políticas, Enfermeiras, Poetisas, Engenheiras, Advogadas, Medicas, Lavadeiras, Cozinheiras,Verdureiras, Benzedeiras, costureiras...

Obs.: Uneama quer dizer que foi a união de ex-alunos  e amigos da Escola Auxiliadora para o Restauro da Escola em CENTRO REGIONAL DE CULTURA RIO PARDO.
                                                                                                                                                                             
1ª Marina Rezende, Maria Kraemer de Quadros a de óculos no meio e Maria Iserardt prof.
Busto Ana Aurora do Amaral Lisboa professora
As lavadeiras no rio Prado
Ana Aurora quando nova

Adir Fanfa Onófrio
Eneiva LMuller



FONTE: Neuza Quadros, AHMRP

RECONSTRUÇÃO DO SOBRADO DOS PANATIERI


SOBRADO DOS PANATIERI

Prédio ainda em condições de uso
O Sobrado localiza-se na Rua da  Ladeira, pertence a família dos Panatieri. Foi construído em 1798 e pertencia à congregação das Irmãs  do Imaculado Coração  de Maria. Na época da visita de D. Pedro II, pela segunda vez em Rio Pardo, em 1865, serviu para hospedagem do Imperador. Era propriedade do juiz Abílio Alvaro Martins e Castro. Depois comprada em 1930 pelo médico Luciano Raul Panatieri. 

PRÉDIO CENTENÁRIO REFORMADO
imagem que ainda está no prédio 
Uma nova esperança na conservação de um prédio histórico de Rio Pardo. Para com certeza ser reutilizado, valorizado e explorado economicamente.Parabéns


                                                  
parte interna em do prédio em reforma



Detalhe antigo e trabalhado na porta centenária

Prédio sem o telhado em reconstrução e ainda lindo

domingo, 15 de março de 2020

O RIO GRANDE DO SUL NA ÉPOCA COLONIAL (1737-1822)


O Rio Grande do Sul foi militarmente conquistado pelos portugueses. Nas disputas com os espanhóis, era indispensável uma permanente “vigília das armas.“ Todos os governantes do período colonial eram militares e os gaúchos aprenderam muito cedo a colocar o sentimento do dever para com seu chefe mais próximo, delegado do rei ou do príncipe,  acima de tudo. Assim, o papel dos militares portugueses foi decisivo para a formação da mentalidade coletiva do gaúcho.
Muitos dos homens que governaram o Rio Grande do Sul naquele período tinham ideias iluministas que ligavam a paz social ao progresso material, preconizavam o império da razão, o desenvolvimento do comércio, na igualdade entre os homens. 
Tanto os militares como os civis tinham de obedecer aos rigores da disciplina. Na vida comunal, nas relações entre o senhor e o escravo, no comércio nascente, em tudo ela se fez sentir, apesar da vastidão do território. Até o contrabando de gado ou da prata se ativou muitas vezes em nome das necessidades militares, por imperiosas razões de Estado. Milicianos eram todos os homens válidos, e, ainda que retirados da caserna, transformados em estancieiros ou comerciantes, continuavam atuando como forças militares da reserva. Bastava um aceno do capitão-general e logo atuavam na vanguarda, colocando sua experiência de veteranos à disposição da autoridade realenga.
“Em nenhum ponto do país o civil e o militar viveram tão próximos um do outro e tão identificados afetivamente”.
Quanto à atuação da Igreja, o Papa Inocêncio XI criou em 1676 o Bispado do Rio de Janeiro, com jurisdição desde a capitania do Espírito Santo até o rio da Prata. Porém, o Bispado do Rio de Janeiro praticamente não exerceu ação no Rio Grande do Sul “por falta de populações estáveis”, o que só começou em 1737 e até a vinda dos açorianos. Só a partir de 1754 os povoados começam a receber a elevação à freguesia.
No quesito instrução, a situação era bastante precária. No período colonial, o ensino estava a cargo dos padres jesuítas, que no início só ensinaram índios. Quando os padres foram expulsos do Brasil, desapareceram as únicas escolas que existiam, administradas por eles. Só em 14 de janeiro de 1820 é que foram criadas as primeiras escolas públicas da Capitania, chamadas de aulas régias, em Porto Alegre, Santo Antônio da Patrulha, Bom Jesus do Triunfo, Rio Grande e Pelotas. Mas os cargos não foram todos providos; os professores nomeados para ocupa-los foram apenas 4, em Porto Alegre e Rio Pardo, um para a cadeira de Latim, um para a de Filosofia e apenas dois para o ensino das primeiras letras. O sistema era falho: aulas eram isoladas e dispersas, não havia um plano sistemático de estudos. Mestres leigos davam aulas sem conhecimento sobre o que deviam ensinar e sem nenhum senso pedagógico. Para complicar, o salário era muito baixo. As famílias mais ricas contratavam professores particulares, mas também era difícil conseguir alguém que pudesse ensinar. Na Campanha surgiu o Mestre Itinerante, que ia de estância em estância, ensinando crianças e adultos. Até 1820 também não havia escola de nível secundário.

REFERÊNCIA: CESAR, Guilhermino. História do RS – Período Colonial. Porto Alegre: Editora Globo, 1970. p. 274-283)

sexta-feira, 6 de março de 2020

FORTALEZA DE JESUS MARIA JOSÉ (RIO PARDO) (II) João Maia e Dante de Laytano


O Forte Jesus Maria José era uma simples “tranqueira”, construída numa elevação de terreno, utilizando o sistema de paliçadas e fossos.
Inicialmente deveria servir apenas como ponto de irradiação às tropas portuguesas comandadas por Gomes Freire de Andrade e encarregadas das demarcações do Tratado de Madri. Porém, a resistência dos índios missioneiros mudou a situação e ele acabou por se transformar na “Tranqueira Invicta”, responsável pela expansão e manutenção das fronteiras portuguesas no extremo sul da América.
Em 1774, já anulado o Tratado de Madri, os espanhóis atacavam o Rio Grande, planejando “internar-se pela campanha, penetrar na fronteira do Rio Pardo e apoderar-se de Viamão.
Sob o comando do General Vertiz, o inimigo acampou a uma légua do Forte Jesus Maria José. Aguardando novos recursos para levar um ataque decisivo à posição portuguesa. E foi então que ocorreu a Manobra Salvadora:
“Socorreu-se José Marcellino de um hábil estratagema, que veiu tiral-o das aperturas em que se achava.
O Governador, simulando chegar da capital, fez espalhar os soldados, vibrar os clarins, rufar os tambores e troar em successivas salvas a artilharia da Fortaleza, que, embandeirada e armada com flammulas e galhardetes, apresentava um duplo aspecto de festa e de força, destinado a infundir terror ao inimigo.
De facto, possuiu-se este de invencível pânico, em face de tanta ostentação de pujança e de esplendor, em contraste com a idéia que fazia da posição portugueza de Rio Pardo estava desmantelada e com as peças encravadas.
A realidade, porém, que Vertiz felizmente ignorava, era que a trovejante artilharia, que tanto o impressionou, não passava de umas pobres peças de ferro.
O exército hespanhol tomava as ultimas providencias para levantar acampamento quando, na manhã seguinte á supposta chegada, o Governador José Marcellino mandou fazer cumprimentos ao General Vertiz, que os correspondeu affectuosamente.
Não tardou muito que chegasse à Fortaleza um expresso de parte do chefe inimigo, com um officio para José Marcellino. Vertiz despedia-se do Governador portuguez, visto ‘achar-se completa a diligencia de visitar o território pertencente a El-Rei seu amo’.
Estava mallograda a empreza conquistadora lançada pelo Governador das Provincias do rio da Prata.
E si o Rio Grande, que até então continuava quase abandonado e desprovido de meios de defeza, não caiu em poder do exercito invasor, deve-o principalmente ao heroísmo e ao patriotismo de seus filhos desvelados, conduzidos às pelejas pelo valente Capitão Raphael Pinto Bandeira.”

História do Rio Grande do Sul para o Ensino Cívico, João Maia, Globo, POA, 1920, p. 20-2;
Guia Histórico do Rio Pardo – Dante de Laytano, 2ª edição, p. 115

quarta-feira, 4 de março de 2020

ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL BIAGIO SOARES TARANTINO


... PALAVRAS DE BIAGIO

..." O IMPORTANTE É UM TRABALHO PERSISTENTE DE CONSCIENTIZAÇÃO EM TODAS AS CAMADAS DA POPULAÇÃO".




VISITE NOSSO ARQUIVO HISTÓRICO TEMOS MUITAS RELÍQUIAS HISTÓRICAS.

 Localizado: Prédio da Prefeitura Municipal, Rio Pardo
 Rua Andrade Neves, 324 centro
 Horário: 8h as 14 h, de segunda a sexta - feira.


 2ª aula  na cidade  1847- CG 38
 Juiz de Paz e fiscal 

Engenheiro João Martinho Buff
Oficio pedindo arrumar a rua do passo do Jacuí - 1847

terça-feira, 3 de março de 2020

ANTÓNIO GOMES FREIRE DE ANDRADE


 Dados Biográficos:
ANTÓNIO GOMES FREIRE DE ANDRADE (Juromenha, 1685  Rio de Janeiro, 1 de Janeiro de 1763) foi um nobre militar e administrador colonial português. Foi feito primeiro conde de Bobadela por carta de 20 de dezembro de 1758.
Filho de Bernardino Freire de Andrade e de D. Joana Vicência de Meneses, foi moço fidalgo com exercício, acrescentado a fidalgo escudeiro, do Conselho do rei D. João V de Portugal e do rei D. José I de Portugal.
Foi governador e capitão-general do Rio de Janeiro durante trinta anos, entre 1733 e 1763.
Estudou no Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, período em que assentou praça, progredindo na carreira militar durante a Guerra de Sucessão da Espanha. Diz "Nobreza de Portugal", tomo II, página 420: "Sendo estudante em Coimbra, assentou praça e de tal forma se houve na Guerra de Sucessão da Espanha que conquistou alto posto." Provido de comando superior, terminada a campanha, teve o encargo de comissões importantes e, em 1733 foi nomeado Capitão-general da Capitania do Rio de Janeiro, tomando posse do cargo em 26 de julho.
Comissário e primeiro plenipotenciário de Portugal nas conferências sobre os limites da fronteira ou parte meridional do Estado do Brasil com as colônias espanholas da América do Sul, que alcançava desde Castilhos Grandes até a foz do rio Jauru. General da Divisão portuguesa e depois comandante em chefe das tropas auxiliares de Espanha e Portugal que foram ao Rio Grande do Sul e ao Uruguai, Buenos Aires e Colônia do Sacramento, sujeitar os índios rebeldes instigados contra o domínio português e espanhol, pelo predomínio dos jesuítas, apoiados na influência do governo inglês, que desde1740 perscrutava a maneira de assentar o domínio da Inglaterra no rio da Prata, dominar toda a América do Sul e acabar para Portugal o domínio do Estado do Brasil.
Em 1735 recebeu o encargo de administrar também as Minas Gerais, e em 1748, havendo aumentado a população de Goiás, Cuiabá e Mato Grosso, incumbido de administrar as duas novas capitanias que se fundaram. Assim, enviado ao Brasil para ser governador da Capitania do Rio de Janeiro, acumulando sob seu comando os territórios de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e sul do Brasil.
No Rio de Janeiro, junto ao sargento-mor José Fernandes Pinto Alpoim, realizou obras como o Aqueduto da Carioca, a Casa dos Governadores terminada em 1743, e o chafariz ou fonte pública da praça do Carmo. Incentivou também a construção de importantes obras religiosas, como o Convento de Santa Teresa e o Convento da Ajuda (demolido). Permitiu a abertura da primeira tipografia da colônia, criada no Rio de Janeiro em 1747 por Antônio Isidoro da Fonseca, mas que teve de ser fechada por ordem do governo português. Incentivou a cultura também pela criação de academias de intelectuais: a Academia dos Felizes (1736) e a Academia dos Seletos (1752), ainda que nenhuma teve vida longa.
Depois da atuação notável como governador, uma vez denunciadas ao governador em 1744 pelo guarda-mor J. R. Froes as riquezas do distrito diamantino de Paracatu, cuidou logo de explorar os terrenos. Agiu para o aproveitamento das minas de Paracatu, recém descobertas, esforçando-se para tentar acabar com a falta de controle da circulação do ouro e a desorganização da coleta dos quintos. Reprimiu o contrabando, articulado a partir do Rio, estabeleceu um sistema de taxas sobre o ouro de Minas, determinou a imposição de um contrato sobre os diamantes do Tijuco, distrito que Portugal mantinha rigorosamente fechado, supervisionou a renovação urbana do Ribeirão do Carmo rebatizada Cidade Mariana em homenagem à Rainha D. Maria Ana de Áustria. Atuou intensamente em favor da cultura e instrução na colônia.
Em decorrência do Tratado de Madrid (1750), o governador deslocou-se em 1752 junto com Fernandes Alpoim à região sul para delimitar as fronteiras com as colônias espanholas. Comandou as tropas luso-espanholas que venceram os índios guaranis durante a Guerra Guaranítica (1754-1756), em que lutou contra o líder guarani Sepé Tiaraju.
Ao mesmo tempo que prestava atenção aos interesses materiais do país sujeito a seu domínio, atendia à instrução e ao amor pela literatura, empregando os meios possíveis para o seu desenvolvimento. A ele se deve o estabelecimento da oficina tipográfica do Rio, de que foi proprietário Antônio Isidoro da Fonseca. A tipografia durou pouco, porque a iniciativa desagradou ao governo da metrópole, temeroso da demasiada ilustração dos colonos, que censurou muito que o capitão general concedesse autorização para que se fundasse e ainda não satisfeito com a censura, ordenou que se fechasse.
Os primeiros escritos impressos foram:
·         « Relação da entrada que fez o exmo e revmo senhor Dom Frei Antônio do Desterro Malheiros, bispo do Rio de Janeiro, em 1.º do ano de 1747, havendo sido seis anos bispo de Angola, d'onde por nomeação de Sua Majestade e bula pontificia foi promovido para esta diocese», composta pelo doutor Luís Antônio Rousado da Cunha, juiz de fora, etc.
·         «Em aplauso do exmo e revmo sr D. Frei Antônio do Desterro Malheiros, dignissimo bispo d'esta cidade», romance heróico in folio;
·         «Coleção de 11 epigramas e 1 soneto, aqueles em latim, êste em português, sobre idêntico assunto.»
Tais composições não têm grande valor, porém são muito apreciadas no Brasil por serem os primeiros trabalhos tipográficos no Rio de Janeiro.
Foi ainda durante seu governo que se fundaram duas academias, a dos Felizes e a dos Seletos. Auxiliava os que se dedicavam ao estudo e entre os muitos que mandou educar no seminário de São José esteve José Basílio da Gama que, depois de concluir sua educação à Europa, reconhecido à sua memoria, escreveu o poema «Uruguai» ou «O Uraguai», cujo herói é Gomes Freire, publicado em Lisboa em 1769.
Como militar, distinguiu-se na guerra do Rio Grande do Sul contra os índios, de 1750 em diante, derrotando em menos de seis meses os inimigos que os jesuítas dirigiam ocultamente.
Foi responsável por grandes contribuições para a tecnologia militar, destacando a criação, em 1762, da “Casa do Trem da Província do Rio de Janeiro”, local destinado ao abrigo e reparo do equipamento de Artilharia do Exército Colonial. A Casa do Trem é o marco de origem das atividades da indústria bélica no Brasil Colônia, além de ser a precursora dos atuais Arsenais de Guerra do Exército Brasileiro.
Depois do Pacto de Família, Portugal declarou guerra à Espanha, de que resultou D. Pedro de Cevallos tomar a cidade do Sacramento, que arrasou e à qual nunca chegaram socorros do Rio de Janeiro. Diz-se que este fato lhe causou tão poderosa impressão que recebeu a notícia em dezembro de 1762 e adoeceu gravemente, morrendo em 1 de janeiro seguinte. Está sepultado na capela do convento de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. Deixou em testamento um valiosíssimo morgado em favor do irmão, José António Freire de Andrade, pois não se casou nem teve filhos.


FONTE: wikipedia.org/wiki/Gomes_Freire_de_Andrade,_1.º_Conde_de_Bobadela - AHMRP