quarta-feira, 25 de setembro de 2019

PROFESSORA LEONIDA FRANTZ - ABRIGO DE MENORES


LEONIDA LIMA FRANTZ  
           
Nasceu em Capivarita, distrito de Rio Pardo em vinte e oito de setembro de mil novecentos e dez.(28/09/1910)
Filha de Antonio Augusto Frantz e de Olímpia de Lima Frantz. Aos oito anos, veio morar na cidade com a família e estudou na Escola Ernesto Alves.
Quando criança, sua brincadeira predileta era “aulinha” e seus alunos eram pauzinhos fincados no chão. Foi uma criança alegre e criativa.
Terminado o primário, estudou na antiga Escola Normal de Porto Alegre, então a única escola normal do estado. Chamava-se Colégio dos Anjos, em regime de internato dirigido por freiras, onde hoje é o Instituto de Educação Emilio Mayer.
Formou-se aos 18 anos e iniciou no Magistério em Caçapava do Sul, no Grupo Escolar da cidade, contratada pelo estado. Lá esteve por nove anos.
Retornando para Rio Pardo foi designada para o Grupo Escolar Ramiz Galvão, onde foi à primeira diretora.
Posteriormente, lecionou na Escola Ernesto Alves, como alfabetizadora. Fez parte do Grupo de professoras na criação do curso normal.
Também lecionava no INSTITUTO EDUCACIONAL DE MENORES (ABRIGO DE MENORES), de 1º ao 5º ano. Além dos conteúdos de aula, ela ensinava o catecismo e, nas tardes de sábado, trabalhava na “Pequena Oficina”, organizada por ela em uma sala do prédio. Os meninos trabalhavam com marcenaria e recebiam encomendas de “chiqueirinhos” para as crianças e placas de anúncios e com o dinheiro, compravam mais materiais.
Com o trabalho na horta, além de ensinar o cultivo de terra, ela iniciava o estudo do sistema métrico, calculando as medidas de áreas.
Este trabalho com os meninos teve um valor muito significativo em sua vida, pois através dele, eles se sentiam valorizados. Este trabalho também significava um resgate da cidadania destes meninos na formação humana. Muitos deles eram órfãos ou estavam em situação de abandono e então a professora era uma referencia de carinho, de disciplina e de incentivo.
Sua maior paixão foi à alfabetização e a natureza... Criou seu próprio método e seus alunos logo aprendiam a ler, escrever e calcular.
O método consistia em uma história que se passava numa chácara, com muito verde, laguinho, animais de estimação como a macaca sapeca, o cachorrinho Totó, a vaca Malhada, patinhos, galinhas, cavalos, entre outros.
Os personagens principais eram o menino Bibi e a menina Zazá, que moravam na chácara. Também tinha o aviador que passava largando cartinhas.
A história era toda desenhada no quadro com giz colorido. As crianças se envolviam com a história e, cada dia, chegavam em casa contando as novidades que aprendiam brincando. Eram alfabetizadas em pouco tempo.
Muitos de seus alunos ainda lembram com carinho daquela época.
Mais tarde, depois de aposentada, adquiriu sua morada no bairro Boa Vista, exatamente como sempre sonhara ... uma linda casinha, lagoa com patinhos e com canoa, um campinho, balanço, horta, pomar, jardim, pertinho do Aeroclube...
 Seu cantinho era uma mistura de encanto e magia...
Sua casa tinha vida! Estava sempre cheia de crianças... Nos domingos as pessoas costumavam visitá-la, para passar momentos agradáveis junto a natureza e para ouvir histórias, contadas por ela.
Leonida, ou tia Nida, está presente na memória de muita gente...
Era uma mulher forte, correta, determinada, criativa, alegre, solidária, religiosa, idealista, e, acima de tudo, ousada para sua época. Conquistou espaços, levantou bandeiras, viveu intensamente.
Costumava repetir uma frase: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. E, em sua vida, serviu de exemplo e modelo para muitos.
Na comunidade da Boa Vista, atuou ativamente, participando voluntariamente de diversas obras assistenciais, culturais e religiosas. Foi vereadora nos anos de 1960 a 1963 em Rio Pardo
Fundou o CTG Flor da Querência; participou do MASA- Movimento Assistencial Santo Amaro; catequista por muitos anos; fundou o Apostolado da Oração; Era voluntária a no CEBEM; Organizou campanhas assistenciais aos flagelados de enchentes; Participou ativamente da Pastoral da Saúde; Integrou o Clube de Mães Joana D’Arc.
Para ela o estudo, a cultura e o trabalho eram valores essenciais.
No inicio dos anos 50, chegava a pagar taxi para que seus sobrinhos e vizinhança que moravam no Morro das Pedras, pudessem vir estudar na cidade.
Incentivava os estudos a acolhida em sua casa meninas e moças do interior que “paravam” com ela para estudar.
Nos aniversários de sobrinhos e vizinhos, costumava presentear com coleções de livros, que eram deixados na estante de sua sala para que todos pudessem ler e pesquisar.
Em sua casa, mais particularmente em sua sala, tinha um tapete  de couro peludo, umas almofadas, uma cadeira de balanço, uma estante com discos de vinil, uma eletrola, livros, gavetas com fotos antigas...
E ali tia Nida, reunia crianças e jovens para ouvir músicas, recitar poesias, contar histórias e anedotas, olhar fotos... Oferecendo um delicioso suco com bolo.
 Este tempo de coisas simples e puras fizeram a diferença na vida de muitas crianças. E a história vai se perpetuando... Pois estas vivências são contadas de pai para filho, através das gerações.
Entender, relembrar e respeitar o passado, valorizando o presente, são formas de construir um futuro com sabedoria.
 
  FONTES: História oral, relatados por Claudia D’Avila Melo - Sobrinha neta - 28 setembro de 2019. AHMRP

                              

Um comentário:

  1. Quanta história que a maioria das pessoas desconhece. Só valorizamos o que conhecemos. Que exemplo de vida desta mulher...

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