sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ORAÇÃO A BANDEIRA BRASILEIRA



Salve, pendão sagrada da terra brasileira! Beneméritos os que impuseram teu culto à mocidade, para que desde o albor da vida conheça o cidadão o valor desta bandeira, o seu simbolismo, a soma de sacrifícios, que a Pátria impõe a seus filhos, e o amor que a ela devemos.
A bandeira nacional é de fato o símbolo augusto da nação, que é a grande família, e é por isso o lábaro da união fraternal, intima e indissolúvel, sobre que assentam a prosperidade e a grandeza do nosso futuro.
Onde quer que flutue este auriverde pendão, está ali a lembrança dos nossos maiores, ali está ali o carinho de nossas mães, o amor de nossos filhos, o afeto dos nossos irmãos e amigos. Quando ele se desfralda nos campos da guerra, freme e estua o coração generoso do soldado; quando ele se desdobra nos campos felizes da paz, palpita de entusiasmo o coração do patriota; é sempre um símbolo de amor, é sempre uma estrela condutora a apontar-nos o caminho da honra, do dever, da virtude, do devotamento e da glória.
Vede-o, contemple-o! Ele tem as cores da esperança, que nos alenta a vida, e do ouro, que é a riqueza do solo abençoado, onde o nosso trabalho frutifica. Na esfera cerúlea, da cor do Céu, para onde voam jubilosas as almas dos justos, cintila o brilhante Cruzeiro do Sul, que também é símbolo sagrado erguido pela mão de Deus para ditar-nos outra lição de amor e sacrifício. Ao há no mundo conjunto mais belo, mais eloquente e mais expressivo: o amor, que é a união, das almas, a esperança que é o santelmo da vida, e o trabalho que é a união das forças para conquistarmos a felicidade e a glória na auspiciosa e grande terra americana, em que nascemos.
 Crede mocidade, que de vos todo o futuro depende, para que está bandeira querida se mantenha com honra e lustre no mapa das nações. Amai o trabalho, sede escravos da honra e da lei, cultivai no mais alto grau, ao lado de todas as virtudes particulares, a grande virtude do amor da Pátria, e a soberania da nossa amada bandeira só avultarão no tempo, merecendo os louvores da humanidade e as bênçãos de Deus.
Quando por ventura paixões políticas quiserem perturbara tranquilidade interna da sociedade brasileira e o jogo funesto dos interesses locais puser em risco a paz e a concórdia, que são os alicerces da prosperidade comum, olhai para a santa Bandeira, e hauri nela os sentimentos puros e generosos que consolidam a unidade nacional.
Quando acaso perclitar de qualquer forma a segurança do território ante agressões de inimigos, ou forem ofendidos os brios da nacionalidade, erguei a santa Bandeira, e legiões patrióticas segui-la-ão ovantes caminho do desagravo e do triunfo.
Barão Ramiz Galvão- rio-pardense
Quando as agruras da estrada da vida e o desalento vos entibiarem as forças, quando sentirdes os espinhos da dor a sangrar-vos o coração, esquecei as contingências da sorte e, levantando os olhos para a santa Bandeira, recobrais coragem para a luta, porque nesse emblema refulge um ideal superior.
Em um palavra, na paz e na guerra, nas horas do prazer e nos dias de luto, na aurora como no zênite como no ocaso da vida, seja este santo estandarte uma estrela mágica, que nos conduza ao desejado porto: a grandeza da Pátria que ele simboliza, a prosperidade da Pátria que o Cruzeiro ampara. Viva o Brasil!

 FONTE: Ramiz Galvão, Benjamin Franklin. Teatro Educativo. Rio de Janeiro – Academia Brasileira de Letras, 1938 AHMRP



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